Recebi o nome de uma rapariga. Uma heroína popular afegã que foi morta numa batalha. Depois de eu nascer, o meu pai pegou na árvore genealógica. Remontava a 300 anos atrás. Mas não constava o nome de uma única rapariga ou mulher. Ele decidiu fazer de mim a primeira. Ele escreveu Malala. Sou eu. Quando a escola do seu pai foi encerrada pelos Talibãs, Malala Yousafzai começou a fazer campanha pelo direito das raparigas de todo o país de irem à escola. Tenho direitos, tenho o direito à educação, tenho o direito de brincar, tenho o direito de cantar, de falar, tenho o direito de ir ao mercado, tenho o direito de falar. Deram-lhe um tiro na cabeça. Ela ainda está em estado crítico. Foi transportada por via aérea para um hospital militar em Peshawar, onde foi operada. Enquanto os cirurgiões lutavam para a salvar, realizaram-se vigílias em todo o mundo. Nesta primeira fotografia divulgada hoje, Malala tem os olhos abertos. Temos boas notícias para dar. Malala Yousafzai saiu hoje pelo próprio pé de um hospital de Londres. Hoje, é uma honra para mim voltar a falar depois de muito tempo. Pensaram que a bala nos iria silenciar. Mas falharam. Em 2014, com 17 anos, Malala Yousafzai tornou-se a pessoa mais jovem a ganhar o Prémio Nobel da Paz. A minha mensagem neste momento é para os jovens. Estamos a viver num mundo em que as coisas não são como queremos. Estamos a ter um sistema, estamos a ter um mundo que é desigual, sexista e racista. Temos sistemas que estão a discriminar as pessoas. O nosso clima, o nosso ambiente está em risco. E há tanto para fazer. Mas espero que os jovens se levantem e ergam a voz, comecem o seu ativismo agora mesmo; que a vossa idade não vos impeça. Muitas vezes dizem-nos que é preciso ter 40 ou 50 anos para mudar o mundo. Não acredito nisso. Penso que pode mudar o mundo neste momento. Se tiver 11, se tiver 16, se tiver 30 ou 40 anos. A mudança é possível em qualquer altura e quero que acredite em si e que torne este mundo mais justo, mais igualitário e um lugar melhor para todos. Novamente, há soluções positivas que podem dar a volta à situação rapidamente. Precisamos de mais mulheres em posições de poder. Em todos os níveis do governo. Chegou a altura de quotas que garantam que as mulheres são igualmente representadas em todos os países. É tempo de tornar as nossas leis iguais, para que todas as mulheres tenham direito a um emprego e a um bilhete de identidade nacional, e a possuir propriedade. As mulheres devem poder viver livres de violência e ter o direito de tomar decisões sobre o seu corpo e a sua vida, especialmente ao escolher se e quando querem casar. Temos de garantir o pleno acesso aos serviços e direitos de saúde sexual e reprodutiva. Temos de dar o dinheiro para colmatar a lacuna na educação das raparigas. São necessárias mudanças importantes para que as mulheres possam ter autonomia económica. Da igualdade de acesso ao financiamento, à eliminação da disparidade salarial entre géneros e à igualdade de acesso ao mundo digital. De contas bancárias móveis a sistemas de pagamento digital e educação digital.