(Sara) Sou Sara Dewitt, vice-presidente da PBS Kids Digital. Coordeno a produção digital e parcerias com produtores dos programas para desenvolver jogos, vídeo e sites. Toda a produção digital da PBSKids.org, do aplicativo de vídeo e jogos da PBS, e a PBS Kids para Pais é feita pela minha equipe. Pode contar como vocês tornam o conteúdo acessível para crianças com deficiência? Somos muito comprometidos em representarmos a maior parte da audiência possível, e também ser acessível para a maior audiência possível. Para nós, isso com certeza inclui crianças com deficiências. Também pensamos na faixa socioeconômica das crianças, e em como podemos ser acessíveis para o maior número possível de crianças americanas. Então, levamos muito a sério e consideramos muito isto. Queremos que as crianças sintam que podem se enxergar em nossos programas e conteúdo, e que podem brincar, sem restrições, com nosso conteúdo digital de uma forma que elas possam aprender e crescer. Pode dar alguns exemplos de programas ou jogos que são acessíveis e como são acessíveis para diferentes crianças com deficiências? Claro. Algo como nossos programas que você pode ver na TV como O Gato da Cartola Tem de Tudo na Cachola, Peg + Gato, Splash and Bubbles, são programas que têm legendas ocultas, tanto na TV como em nossas plataformas digitais, mas também tem audiodescrição e espanhol como segunda língua na TV. O novo programa que vai estrear na próxima semana, Herói Elementar, também terá todas essas coisas disponíveis quando estrear. Tudo que também for para o streaming, no aplicativo de vídeo da PBS Kids, na versão para Apple TV e também para celular, tudo terá legendas ocultas. Na área dos jogos, alguns exemplos que exploramos mais e tentamos expandir o trabalho em acessibilidade, é um jogo, que acredito ser o melhor exemplo, desenvolvido pelo escritório em Nova York, THIRTEEN WNET, eles fizeram um jogo para o Cyberchase chamado Herói dos Trilhos, em que eles tiveram a intenção em cada parte do jogo de pensar em como poderia ser acessível para a maior parte da população possível. Eles trabalharam com a Bridge Multimedia e incluíram todo tipo de recursos adicionais como redimensionamento do texto, diferentes coisas para contrastar cores, formas de ligar e desligar o som, qualquer coisa que possa causar algum tipo de sobrecarga sensorial. Muitos recursos para crianças com comprometimento físico ou cognitivo. E durante o processo, aprendemos tanto o quanto éramos capazes de expandir para outros jogos e outras oportunidades. Esses são alguns exemplos. Como se certificam de que esses recursos funcionam? Vocês trabalham com algum grupo de crianças para testar? Testamos todos os nossos jogos. Temos o que chamam de programa de teste de jogos, e fazemos parceria com várias escolas para testar com as crianças. Agora que muitas escolas estão fechadas, estamos fazendo testes virtuais. Então, recrutamos famílias e fazemos testes por vídeo ou enviamos uma pesquisa para os pais. Mas tudo que fazemos, mesmo que ainda seja um conceito no papel ou testes alfa e beta, são feitos diante das crianças para termos uma noção. E estamos trabalhando ativamente em parcerias, que é a forma de testarmos com crianças com diferentes habilidades. Umas das maiores parcerias é com o Instituto IDEALS, da Johns Hopkins, estamos trabalhando bastante com eles para fazer testes com as crianças que estão dentro do programa, e conversar com os pais sobre as necessidades que eles podem ter com o conteúdo. Assim, podemos aprender com tudo isto e ver se há formas de melhorarmos todos os nossos jogos. Falamos sobre legendas e audiodescrição, mas também vi que vocês têm conteúdo para crianças com autismo, crianças com déficit de aprendizado e outras deficiências. Pode falar um pouco mais sobre esses tipos de recursos de acessibilidade que oferecem? Acho que para crianças com autismo, pensamos muito sobre coisas sensoriais. Aquilo sobre poder ligar a música ou conseguir abaixar o volume, são coisas nas quais estamos especificamente trabalhando muito. E certamente em jogos em que focam em sentimentos e emoções, conteúdo socioemocional. Os jogos são produzidos para a maior parte da audiência. E o que estamos tentando fazer é pensar em quais degraus podemos construir que podem auxiliar especificamente crianças dentro do espectro autista. Em alguns desses recursos, não é só apresentar o nome de uma emoção e uma imagem do personagem com uma emoção, mas temos o aplicativo do Daniel Tigre em que permitimos a criança tirar uma foto dela mesma para tentar mostrar aquela emoção. Então você tem diferentes representações daquela emoção para a criança ver no jogo. Soubemos por alguns produtores de que o formato do olho e a habilidade do personagem de expressar emoção é refletida nas crianças dentro do espectro autista. Adoraríamos pesquisar mais sobre isso e do que se trata, mas recebemos muitas cartas dos pais contando sobre programas como Dinotrem e como os filhos deles reagem aos elementos daquele programa de formas que não reagiram a outros. Falamos sobre diversidade no geral, e da representatividade de pessoas ou crianças, com deficiências, pode falar um pouco sobre como é representar isso em seus programas? Isto é uma coisa crucial para nós, e algo que levamos muito em consideração é garantir que, como eu disse, as crianças se vejam representadas, e que sejam representações positivas, não estereótipos. Então, há muitos programas que incluem personagens. O novo programa que estreia na próxima semana, Herói Elementar, um dos personagens principais, AJ Gadgets, é uma das quatro crianças principais do programa, ele está no espectro autista e sempre está com fones de ouvido para se desligar das coisas quando precisar. Em Daniel Tigre, temos também a prima do Príncipe Quarta-Feira, Chrissie, ela usa muletas, e há vários episódios em que ela e Daniel conversam sobre ela usar muletas, e quais são as coisas iguais entre os dois e quais são as coisas diferentes entre os dois. Ela não tem uma cauda, e ele tem uma cauda. Ela usa muletas e ele não. É uma tentativa de exemplificar para as crianças, e, pelo que sabemos, as crianças vão perceber que há algo diferente, e exemplificar bem como ter essas conversas sobre como ainda existem muitas coisas iguais entre vocês, embora possam parecer diferentes ou andar de forma diferente. Arthur é um programa que faz um excelente trabalho em representar muitas crianças diferentes. Buster tem asma. Um dos personagens principais de um dos episódios tem... Houve um evento traumático no bairro e ele tem ansiedade. Então, o episódio aborda a ida dele em terapeutas, psicólogos e trabalhando formas de se acalmar quando se sente sobrecarregado e em pânico. E também tem o Carl, que está no espectro autista e aparece em nove episódios. É um personagem recorrente. Estamos incorporando personagens de várias formas. E preciso dizer que não estamos fazendo isso de qualquer jeito. Não é só um roteirista escrevendo em uma sala. Temos todos os tipos de... Os próprios produtores que criam conteúdo estão sempre trabalhando com assessorias e com as comunidades para garantir que estão representando as coisas com precisão. Mas também através da parceria com o Departamento de Educação dos EUA, conseguimos oferecer assessoria adicional para nossos produtores quando estão pensando sobre representar crianças com habilidades diversas.