Return to Video

O que os corvos nos ensinam sobre a morte

  • 0:01 - 0:06
    Querendo ou não, os seres humanos
    passam bastante tempo pensando na morte.
  • 0:06 - 0:08
    É possível que tenhamos
    começado a fazer isso
  • 0:08 - 0:12
    depois que o "Homo sapiens"
    começou a vagar pelo território.
  • 0:13 - 0:15
    Afinal, estima-se que o primeiro
    enterro humano intencional
  • 0:15 - 0:19
    tenha ocorrido há cerca de 100 mil anos.
  • 0:20 - 0:23
    O que será que aquelas pessoas
    estavam pensando
  • 0:23 - 0:26
    quando dedicaram tempo para cavar a terra,
  • 0:26 - 0:27
    depositar o corpo
  • 0:27 - 0:30
    e cuidadosamente cobrir tudo?
  • 0:30 - 0:33
    Será que tentavam proteger
    o corpo de urubus
  • 0:33 - 0:35
    ou evitar a proliferação de doenças?
  • 0:36 - 0:38
    Será que tentavam homenagear o falecido?
  • 0:38 - 0:42
    Ou simplesmente não queriam
    ter de olhar para um corpo morto?
  • 0:42 - 0:44
    Sem uma máquina do tempo,
  • 0:44 - 0:47
    nunca vamos saber com certeza
    o que elas estavam pensando,
  • 0:48 - 0:50
    mas o que sabemos é que os seres humanos
  • 0:50 - 0:53
    estão longe de serem os únicos
    no que se refere à atenção com os mortos.
  • 0:54 - 0:58
    Assim como as pessoas, alguns animais,
    inclusive a família dos corvídeos,
  • 0:58 - 1:02
    que abriga as gralhas, os corvos,
    as pegas e os gaios,
  • 1:02 - 1:05
    também parecem dar
    atenção especial a seus mortos.
  • 1:05 - 1:07
    Na verdade, os rituais dos corvídeos
  • 1:07 - 1:10
    podem ter sido a inspiração
    para os nossos.
  • 1:10 - 1:12
    Afinal, foi um corvo
  • 1:12 - 1:16
    que Deus enviou para ensinar Caim
    a enterrar seu irmão assassinado Abel.
  • 1:17 - 1:20
    Apesar desse claro reconhecimento
    dos povos ancestrais
  • 1:20 - 1:22
    de que outros animais
    cuidam de seus mortos,
  • 1:22 - 1:27
    só recentemente a ciência começou
    a prestar atenção nesse fenômeno.
  • 1:28 - 1:32
    Na verdade, o nome formal desse campo,
    "tanatologia comparativa",
  • 1:32 - 1:35
    só foi introduzido em 2016.
  • 1:35 - 1:36
    Nesse campo em expansão,
  • 1:36 - 1:41
    estamos começando a ver
    a riqueza do mundo natural
  • 1:41 - 1:44
    em relação a como outros animais
    interagem com seus mortos.
  • 1:44 - 1:46
    É nesse crescente corpo de conhecimento,
  • 1:46 - 1:49
    que aquela máquina do tempo
    para nossos primeiros ancestrais
  • 1:49 - 1:51
    pode ser possível.
  • 1:51 - 1:54
    Então, o que estamos descobrindo
    nesse campo em expansão?
  • 1:55 - 1:59
    Neste momento, podemos dividir
    nosso entendimento em dois grandes grupos.
  • 1:59 - 2:00
    No primeiro, temos animais
  • 2:00 - 2:05
    com comportamentos estereotipados
    e previsíveis com relação aos mortos,
  • 2:05 - 2:09
    e muito do que se sabe sobre eles
    vem de estudos experimentais.
  • 2:10 - 2:13
    Esse grupo inclui animais
    como insetos sociais:
  • 2:13 - 2:15
    abelhas, formigas e cupins.
  • 2:15 - 2:19
    Para esses insetos, a higiene
    da colônia é importantíssima.
  • 2:19 - 2:23
    Em virtude disso, esses animais
    mostram comportamentos rigorosos
  • 2:23 - 2:25
    ao lidar com corpos.
  • 2:25 - 2:29
    Por exemplo, eles podem remover
    fisicamente carcaças da colônia,
  • 2:29 - 2:30
    consumi-las
  • 2:30 - 2:32
    ou até construir túmulos.
  • 2:33 - 2:35
    Vemos reações semelhantes
    guiadas por higiene
  • 2:35 - 2:37
    em alguns mamíferos gregários.
  • 2:37 - 2:39
    Os ratos, por exemplo,
  • 2:39 - 2:43
    enterram cuidadosamente colegas de gaiola
    mortos há mais de 48 horas.
  • 2:44 - 2:45
    No outro grupo, temos animais
  • 2:45 - 2:50
    que mostram comportamentos
    mais variáveis, talvez mais carismáticos,
  • 2:50 - 2:53
    e muito do que se sabe sobre eles
  • 2:53 - 2:57
    vem de casos contados por cientistas
    ou outros observadores.
  • 2:58 - 2:59
    Esses são os animais
  • 2:59 - 3:02
    cujo comportamento na morte
    talvez seja o mais conhecido das pessoas.
  • 3:02 - 3:05
    O grupo inclui organismos como elefantes,
  • 3:05 - 3:08
    famosos pelo cuidado com os mortos,
  • 3:08 - 3:10
    mesmo na cultura popular.
  • 3:10 - 3:13
    Eles são conhecidos por serem atraídos
    pelos ossos de seus falecidos.
  • 3:14 - 3:16
    Isso também inclui animais
    como os primatas,
  • 3:16 - 3:19
    que mostram uma variedade
    de comportamentos com os mortos,
  • 3:19 - 3:21
    desde enfeitá-los
  • 3:21 - 3:25
    até dar uma atenção prolongada a eles,
  • 3:25 - 3:26
    velando-os,
  • 3:26 - 3:29
    até o transporte de filhotes mortos.
  • 3:29 - 3:32
    Na realidade, esse é um comportamento
    que vemos em diversos animais,
  • 3:32 - 3:35
    como os golfinhos, por exemplo.
  • 3:35 - 3:37
    Talvez vocês se lembrem
    da história de Tahlequah,
  • 3:37 - 3:40
    a orca residente do grupo J-Pod,
    do Instituto Puget Sound,
  • 3:40 - 3:42
    que, em 2018, durante o verão
    no hemisfério norte,
  • 3:42 - 3:47
    carregou seu filhote morto
    por inéditos 17 dias.
  • 3:48 - 3:52
    Uma história assim é
    tanto desoladora quanto fascinante,
  • 3:52 - 3:56
    mas suscita muito mais perguntas
    do que respostas.
  • 3:56 - 4:01
    Por exemplo, por que Tahlequah
    carregou seu filhote por tanto tempo?
  • 4:01 - 4:04
    Será que ela estava assim tão enlutada?
  • 4:04 - 4:08
    Será que apenas estava confusa
    com seu bebê inanimado?
  • 4:08 - 4:11
    Ou esse comportamento
    é apenas menos raro em orcas
  • 4:11 - 4:13
    do que temos ciência?
  • 4:14 - 4:19
    No entanto, por diversas razões,
    é difícil fazer certos experimentos
  • 4:19 - 4:22
    em animais como a orca,
    ou em muitos mamíferos enormes,
  • 4:22 - 4:25
    que poderiam elucidar esse tipo de dúvida.
  • 4:25 - 4:29
    Por isso, a ciência tem focado um animal
    cujo comportamento sobre a morte
  • 4:29 - 4:32
    temos observado
    desde antes da era cristã:
  • 4:32 - 4:34
    os corvos.
  • 4:34 - 4:35
    Como insetos e primatas,
  • 4:35 - 4:39
    os corvos parecem prestar
    atenção especial a seus mortos.
  • 4:39 - 4:42
    Normalmente, isso se manifesta
    como um alarme da ave,
  • 4:42 - 4:44
    como podem ver nesta foto,
  • 4:44 - 4:47
    seguido pelo recrutamento
    de outras aves na área
  • 4:47 - 4:49
    para formar o que chamamos
    de "mobilização".
  • 4:49 - 4:52
    Mas também pode se dar de outro modo.
  • 4:52 - 4:55
    Por exemplo, pessoas
    me relataram ter visto
  • 4:55 - 5:00
    prolongadas vigílias silenciosas de corvos
    em reação a corvos mortos ou moribundos.
  • 5:00 - 5:02
    Algumas pessoas até me disseram
  • 5:02 - 5:06
    que testemunharam corvos colocando objetos
    como gravetos e papel de bala
  • 5:06 - 5:09
    sobre o corpo de corvos mortos
    ou ao redor deles.
  • 5:09 - 5:11
    Todas essas observações
  • 5:11 - 5:14
    colocam essas aves em um lugar
    muito importante em nosso esquema,
  • 5:14 - 5:18
    pois elas sugerem, por um lado,
    que eles possam ser como insetos,
  • 5:18 - 5:21
    mostrando comportamentos
    bastante previsíveis,
  • 5:21 - 5:22
    mas, por outro lado,
  • 5:22 - 5:26
    com todas essas observações
    mais difíceis de explicar,
  • 5:26 - 5:28
    que se pareçam mais com o que vemos
  • 5:28 - 5:30
    em alguns mamíferos
    como primatas e elefantes.
  • 5:31 - 5:36
    Como esses animais, o cérebro do corvo
    é proporcionalmente bem grande,
  • 5:36 - 5:38
    e eles possuem uma dinâmica de vida social
  • 5:38 - 5:42
    que pode adicionar mais complexidade
    no modo como eles reagem a seus mortos.
  • 5:42 - 5:46
    Assim, eu queria tentar
    entender o que acontecia
  • 5:46 - 5:49
    quando os corvos encontravam
    um corvo morto,
  • 5:49 - 5:52
    e o que isso poderia nos ensinar
    sobre o papel da morte no mundo deles,
  • 5:52 - 5:55
    e possivelmente no mundo
    de outros animais também,
  • 5:55 - 5:58
    mesmo no mundo daquelas primeiras
    versões de nós mesmos.
  • 5:58 - 6:01
    Há diversas maneiras de se tentar explicar
  • 6:01 - 6:03
    a possível atração dos corvos
    por seus mortos.
  • 6:04 - 6:08
    Por exemplo, talvez seja
    uma oportunidade social,
  • 6:08 - 6:11
    um jeito de explorarem
    por que aquele indivíduo morreu,
  • 6:11 - 6:13
    quem ele era
  • 6:13 - 6:16
    e que impacto isso vai ter
    na vizinhança daí pra frente.
  • 6:17 - 6:18
    Talvez seja uma expressão de dor,
  • 6:18 - 6:21
    como nossos próprios
    rituais de enterro contemporâneos.
  • 6:21 - 6:25
    Ou talvez seja uma maneira de eles
    aprenderem sobre perigos no ambiente.
  • 6:26 - 6:29
    Apesar de valer a pena
    buscar todas essas explicações,
  • 6:29 - 6:31
    e certamente uma não exclui a outra,
  • 6:31 - 6:34
    nem todas são questões
    científicas comprováveis,
  • 6:34 - 6:40
    mas a ideia de que os corvos mortos
    possam servir como pistas de perigo, sim.
  • 6:40 - 6:43
    Daí, como estudante de pós-graduação,
    eu queria explorar essa questão,
  • 6:43 - 6:46
    especificamente com relação a duas ideias.
  • 6:47 - 6:51
    A primeira era descobrir se eles
    conseguiam reconhecer novos predadores,
  • 6:51 - 6:53
    especificamente pessoas,
  • 6:53 - 6:56
    com base em sua associação
    com corvos mortos.
  • 6:56 - 6:58
    E a segunda era se eles
    podiam reconhecer lugares
  • 6:58 - 7:02
    associados com locais onde eles
    encontravam corpos de corvos.
  • 7:03 - 7:07
    Para fazer isso, eu ia
    a uma vizinhança desavisada de Seattle
  • 7:08 - 7:10
    e começava a alimentar um casal de corvos
  • 7:10 - 7:12
    ao longo de três dias.
  • 7:12 - 7:17
    Isso dava uma ideia sobre a rapidez
    com que os corvos iam até o comedouro
  • 7:17 - 7:19
    que, como vão ver daqui a pouco,
    era muito importante.
  • 7:20 - 7:23
    Então, no quarto dia, tínhamos um enterro.
  • 7:24 - 7:25
    Esta é Linda.
  • 7:25 - 7:29
    Linda é uma das sete máscaras
    cujo trabalho era ficar lá por 30 minutos
  • 7:29 - 7:32
    com seu prato de corvo morto
  • 7:32 - 7:34
    enquanto eu documentava o que acontecia.
  • 7:35 - 7:38
    Mas o mais importante é que a tarefa dela
    era voltar após uma semana,
  • 7:38 - 7:40
    agora sem o corvo morto,
  • 7:40 - 7:44
    para vermos se as aves a tratariam
    como uma transeunte qualquer
  • 7:44 - 7:48
    ou se, em vez disso, exibiriam
    comportamentos de gritos de alarme
  • 7:48 - 7:50
    ou sobrevoos de ataque,
  • 7:50 - 7:53
    o que indicariam que eles
    a percebiam como um predador.
  • 7:54 - 7:55
    Dado que já sabíamos
  • 7:55 - 7:59
    que os corvos eram capazes de identificar
    e reconhecer rostos humanos,
  • 7:59 - 8:03
    não foi surpresa alguma
    que a maioria dos corvos em nosso estudo
  • 8:03 - 8:06
    tratassem as máscaras que eles viram
    manuseando corvos mortos
  • 8:06 - 8:07
    como ameaças
  • 8:07 - 8:10
    quando eles as viam ao longo
    das seis semanas seguintes.
  • 8:10 - 8:12
    Se vocês estão aí pensando:
  • 8:12 - 8:14
    "Vamos lá, fala sério!
  • 8:14 - 8:17
    Veja esse rosto; é apavorante.
  • 8:17 - 8:21
    Qualquer um trataria isso como ameaça
    se visse uma coisa dessa andando na rua",
  • 8:21 - 8:23
    vocês não são únicos a pensarem assim.
  • 8:23 - 8:27
    Realizamos esse experimento
    na frente da casa de muitas pessoas,
  • 8:27 - 8:30
    que se sentiram do mesmo jeito,
    mas vamos deixar isso pra depois.
  • 8:31 - 8:34
    Vocês ficarão tranquilos
    ao saberem que controlamos o teste
  • 8:34 - 8:39
    para garantir que os corvos não tivessem
    nosso viés preconcebido contra máscaras,
  • 8:39 - 8:42
    que parecem uma versão feminina
    do personagem de ficção Hannibal Lecter.
  • 8:43 - 8:47
    Além de descobrir que os corvos
    conseguiam fazer associações com pessoas
  • 8:47 - 8:50
    baseados em como elas lidavam
    com os corvos mortos,
  • 8:50 - 8:53
    descobrimos que, nos dias seguintes
    a esses eventos funerários,
  • 8:53 - 8:55
    enquanto continuávamos a alimentá-los,
  • 8:55 - 8:59
    que o desejo deles de ir até o comedouro
    também diminuiu bastante,
  • 8:59 - 9:02
    e não vimos esse tipo de declínio
    em nossos grupos de controle.
  • 9:03 - 9:06
    Isso sugere que, sim, os corvos
    podem fazer associações
  • 9:06 - 9:10
    com lugares específicos
    onde viram corvos mortos.
  • 9:10 - 9:12
    Analisando tudo, isso nos diz
  • 9:12 - 9:16
    que, apesar de não ser o caso
    de descartar as outras explicações,
  • 9:16 - 9:19
    podemos dizer com confiança
    que, para os corvos,
  • 9:19 - 9:21
    a atenção com seus mortos
  • 9:21 - 9:25
    pode ser um modo muito importante
    de essas aves aprenderem sobre o perigo.
  • 9:25 - 9:30
    Trata-se de uma narrativa legal
    e criteriosa na qual podemos nos apoiar.
  • 9:30 - 9:32
    Mas, na vida e na morte,
  • 9:32 - 9:34
    as coisas raramente são tão arrumadinhas,
  • 9:34 - 9:38
    e acabei me deparando com isso
    em um experimento de acompanhamento,
  • 9:38 - 9:41
    no qual estudávamos como os corvos
    reagiam a corvos mortos
  • 9:41 - 9:43
    na ausência de qualquer tipo de predador.
  • 9:44 - 9:47
    É suficiente dizer que descobrimos
    que, nesses casos,
  • 9:47 - 9:50
    os velórios ficam um pouco mais estranhos.
  • 9:51 - 9:54
    Bem, este é o cenário do experimento.
  • 9:54 - 9:56
    Vocês podem ver nosso corvo empalhado
    sozinho na calçada,
  • 9:56 - 10:00
    e ele foi colocado
    no território de um casal.
  • 10:00 - 10:01
    (Grasnado)
  • 10:01 - 10:04
    Este é o alarme dado
    por uma das aves do território,
  • 10:04 - 10:06
    e ela está se aproximando.
  • 10:06 - 10:09
    Logo seu companheiro vai se juntar.
  • 10:09 - 10:11
    (Grasnados)
  • 10:12 - 10:15
    Até aí, isso é muito comum.
  • 10:15 - 10:16
    É isso o que os corvos fazem.
  • 10:16 - 10:19
    Tudo bem, agora vai ficar
    um pouco menos comum.
  • 10:20 - 10:25
    Nem todos aqui devem estar acostumados
    com a vida sexual das aves.
  • 10:25 - 10:28
    Se não estiverem, é assim que funciona.
  • 10:28 - 10:30
    (Grasnados)
  • 10:33 - 10:37
    Basicamente vocês estão vendo
    uma confluência de três comportamentos:
  • 10:37 - 10:41
    alarme, como indicado
    pelo grasnado de alarme;
  • 10:41 - 10:44
    agressão, como indicado
    pelas fortes bicadas,
  • 10:44 - 10:49
    tanto por uma das aves da cópula
    quanto por um dos agitados observadores;
  • 10:50 - 10:51
    e excitação sexual.
  • 10:51 - 10:54
    Claramente, isso é surpreendente,
  • 10:54 - 10:57
    e é interessante pensar
    e falar sobre isso.
  • 10:58 - 11:02
    Mas, se nosso objetivo
    é entender o contexto
  • 11:02 - 11:04
    de como os animais
    interagem com seus mortos,
  • 11:04 - 11:06
    a questão mais importante a ser feita é:
  • 11:06 - 11:11
    "Isso é representativo
    e acontece de modo consistente?"
  • 11:11 - 11:16
    Essa é a razão pela qual é tão valioso
    fazer estudos sistemáticos com corvos,
  • 11:16 - 11:18
    porque, depois de conduzir
    centenas desses testes
  • 11:18 - 11:20
    em que eu colocava
    esses corvos mortos nas calçadas
  • 11:21 - 11:24
    dos territórios de centenas
    de diferentes casais,
  • 11:24 - 11:27
    descobrimos que não, não é.
  • 11:27 - 11:28
    Contato de qualquer tipo,
  • 11:28 - 11:32
    seja sexual, agressivo
    ou mesmo apenas exploratório,
  • 11:32 - 11:35
    apenas ocorria em 30% das vezes.
  • 11:35 - 11:39
    Assim, considerando
    que isso não fosse representativo
  • 11:39 - 11:40
    e fosse a minoria,
  • 11:40 - 11:42
    nos sentimos tentados a ignorar isso
  • 11:42 - 11:46
    como comportamento irrelevante, estranho,
    assustador e esquisito do corvo.
  • 11:46 - 11:48
    Mas vocês podem se surpreender
  • 11:48 - 11:52
    com o fato de que comportamentos
    como agressão ou mesmo excitação sexual
  • 11:52 - 11:53
    não são assim tão raros,
  • 11:53 - 11:56
    e certamente não se restringem
    apenas aos corvos.
  • 11:56 - 12:00
    Porque, enquanto a narrativa popular
    sobre comportamentos de animais na morte
  • 12:00 - 12:03
    tende a focar comportamentos afiliativos,
  • 12:03 - 12:05
    como enfeitar ou velar o corpo,
  • 12:05 - 12:07
    isso está longe da lista completa
  • 12:07 - 12:11
    do que até nossos ancestrais
    mais próximos fazem com seus mortos.
  • 12:12 - 12:18
    De fato, temos documentados comportamentos
    como morder, bater e até fazer sexo,
  • 12:18 - 12:19
    em uma grande gama de animais,
  • 12:19 - 12:22
    inclusive muitos primatas e golfinhos.
  • 12:24 - 12:25
    Assim, onde isso nos coloca
  • 12:25 - 12:29
    em nosso entendimento dos animais
    e de seus rituais funerários?
  • 12:29 - 12:33
    Bem, para os corvos, isso sugere
    que, como os insetos,
  • 12:33 - 12:37
    eles podem ter um forte impulso adaptativo
    no interesse em seus mortos.
  • 12:37 - 12:40
    Nesse caso, pode ser
    um aprendizado sobre o perigo,
  • 12:40 - 12:45
    e isso pode ter agido como uma inspiração
    também para nossos próprios rituais.
  • 12:45 - 12:47
    Mas, quando olhamos mais de perto,
  • 12:47 - 12:50
    vemos que não há uma narrativa simples
  • 12:50 - 12:53
    que possa explicar
    a vasta gama de comportamentos
  • 12:53 - 12:56
    que vemos nos corvos
    e em muitos outros animais.
  • 12:56 - 13:01
    Isso sugere que ainda estamos longe
    de completar aquela máquina do tempo.
  • 13:01 - 13:05
    Mas vai ser uma viagem fascinante.
  • 13:05 - 13:07
    Obrigada.
  • 13:07 - 13:10
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
O que os corvos nos ensinam sobre a morte
Speaker:
Kaeli Swift
Description:

Os rituais para os mortos abarcam muito do mundo natural e são vistos em práticas dos seres humanos, dos elefantes e até das abelhas, dos golfinhos e além. Com charme e de maneira jocosa, Kaeli Swift, estudiosa do comportamento animal, mergulha nos hábitos de vida (e morte) dos corvos e compartilha o que suas reações podem revelar sobre nosso próprio relacionamento com a mortalidade.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
13:24

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions