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Uma câmara que vê ao virar da esquina

  • 0:01 - 0:02
    No futuro,
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    os carros autónomos serão mais seguros
    e mais fiáveis do que os seres humanos.
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    Mas, para que isso aconteça,
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    precisamos de tecnologias que permitam
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    que os carros reajam
    mais depressa que as pessoas,
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    precisamos de algoritmos
    que conduzam melhor do que as pessoas,
  • 0:15 - 0:20
    e precisamos de câmaras que vejam mais
    do que as pessoas veem.
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    Por exemplo, imaginem um carro autónomo
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    prestes a fazer uma viragem
    sem visibilidade
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    e surge um carro,
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    ou talvez uma criança a correr
    em direção à rua.
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    Felizmente, o nosso carro do futuro
    terá um superpoder,
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    uma câmara que vê ao virar da esquina
    para detetar esses possíveis riscos.
  • 0:38 - 0:40
    Nos últimos anos, enquanto doutorando
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    no laboratório da Stanford
    Computational Imaging,
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    estive a trabalhar numa câmara
    que faz isso,
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    uma câmara que permite visualizar
    objetos ao virar da esquina
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    ou que estão bloqueados
    da linha de visão direta.
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    Vou dar-vos um exemplo
    do que a nossa câmara vê.
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    Isto é uma experiência
    que realizámos ao ar livre
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    em que a nossa câmara está a digitalizar
    a fachada do prédio com um "laser",
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    e em que a cena que queremos captar
  • 1:03 - 1:06
    está escondida por detrás daquela cortina.
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    O sistema da nossa câmara
    não pode vê-la diretamente.
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    Mas, de qualquer forma,
  • 1:11 - 1:15
    a nossa câmara consegue captar
    a geometria 3D dessa cena.
  • 1:16 - 1:17
    Como é que fazemos isto?
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    A magia está aqui no sistema da câmara.
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    Imaginem este aparelho como
    um tipo de câmara de alta velocidade.
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    Não como uma câmara que funciona
    a mil imagens por segundo,
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    nem mesmo a um milhão
    de imagens por segundo,
  • 1:30 - 1:33
    mas a um bilião de imagens por segundo.
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    É tão rápida que consegue captar
    o movimento da luz.
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    Para vos dar um exemplo
    da rapidez com que a luz viaja,
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    vamos compará-la com a velocidade
    de um herói muito veloz da banda desenhada
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    que pode mover-se três vezes
    mais depressa do que a velocidade do som.
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    Um raio de luz leva cerca
    de 3300 milionésimos de segundo,
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    ou seja, 3,3 nanossegundos,
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    para percorrer a distância de um metro.
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    Nesse mesmo lapso de tempo,
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    o nosso super-herói
    percorreu uma distância
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    inferior à espessura de um cabelo humano.
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    É extremamente rápido.
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    Mas precisamos de registar
    imagens muito mais rapidamente
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    se quisermos captar a luz
    a mover-se a escalas subcentimétricas.
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    O sistema da nossa câmara
    pode captar fotões
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    em escalas de tempo da ordem
    de 50 biliões de imagens por segundo,
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    ou seja, 50 picossegundos.
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    Então, pegamos nesta câmara
    de ultra-alta-velocidade
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    e sincronizamo-la com um "laser"
    que lança curtos raios de luz.
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    Cada raio viaja até esta parede visível
  • 2:31 - 2:34
    e uma parte da luz é dispersa
    de volta para a nossa câmara,
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    mas também usamos a parede
    para dispersar a luz ao virar da esquina
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    até ao objeto escondido e voltar.
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    Repetimos esta medição muitas vezes
  • 2:42 - 2:44
    para registar o momento
    da chegada de muitos fotões
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    de diferentes lugares na parede.
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    Depois de registarmos
    essas medidas, podemos criar
  • 2:49 - 2:52
    um vídeo da parede com
    um bilião de imagens por segundo.
  • 2:52 - 2:56
    Embora essa parede possa parecer
    vulgar aos nossos olhos,
  • 2:56 - 3:00
    com um bilião de imagens por segundo,
    vemos algo realmente incrível.
  • 3:00 - 3:05
    Podemos ver ondas de luz
    provenientes da cena escondida
  • 3:05 - 3:07
    e que esbarram contra a parede.
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    Cada uma dessas ondas
    transporta informações
  • 3:10 - 3:12
    sobre o objeto escondido que as enviou.
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    Podemos pegar nestas medidas
  • 3:14 - 3:17
    e passá-las por um algoritmo
    de reconstrução
  • 3:17 - 3:21
    para depois recuperar a geometria 3D
    dessa cena escondida.
  • 3:21 - 3:25
    Agora, vou mostrar mais um exemplo
    de uma cena de interior que captámos,
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    desta vez com uma série
    de diferentes objetos escondidos.
  • 3:28 - 3:30
    Esses objetos têm aspetos diferentes
  • 3:30 - 3:33
    e, por isso, refletem a luz
    de modo diferente.
  • 3:33 - 3:36
    Por exemplo, esta estátua brilhante
    de dragão reflete a luz
  • 3:36 - 3:38
    de modo diferente
    do globo de espelhos
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    ou da estátua branca do discóbolo.
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    Podemos notar essas diferenças
    na luz refletida
  • 3:44 - 3:47
    ao a visualizamos como um volume 3D,
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    onde pegámos as imagens do vídeo
    e as juntámos.
  • 3:51 - 3:55
    Aqui, o tempo é representado como
    a dimensão de profundidade deste cubo.
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    Estes pontos brilhantes que vemos
    são os reflexos da luz
  • 3:59 - 4:02
    de cada faceta espelhada do globo,
  • 4:02 - 4:04
    que se foram espalhando pela parede.
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    Os feixes de luz que vemos
    a chegar, logo depois,
  • 4:08 - 4:12
    são da estátua brilhante de dragão
    que está mais perto da parede,
  • 4:12 - 4:16
    e os outros feixes de luz vêm
    do reflexo de luz da estante de livros
  • 4:16 - 4:18
    e da estátua.
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    Também podemos visualizar
    essas medidas imagem a imagem,
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    como um vídeo,
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    para ver diretamente a luz espalhada.
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    E, de novo, vemos primeiro
    os reflexos de luz do dragão,
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    mais perto da parede,
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    seguidos pelos pontos brilhantes
    do globo de espelhos
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    e pelos outros reflexos
    da estante de livros.
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    E, finalmente, vemos as ondas de luz
    refletidas da estátua.
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    Estas ondas de luz que iluminam a parede
  • 4:45 - 4:49
    são como fogos de artifício que duram
    apenas bilionésimos de segundo.
  • 4:54 - 4:57
    E apesar de esses objetos refletirem a luz
    de maneiras diferentes,
  • 4:57 - 5:00
    ainda podemos reconstruir as suas formas.
  • 5:00 - 5:03
    É isto o que vemos
    e que está ao virar da esquina.
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    Agora, vou mostrar-vos
    mais um exemplo um pouco diferente.
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    Neste vídeo, estão a ver-me
    vestido com um traje refletor
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    e a câmara está a digitalizar a parede
    a uma média de quatro vezes por segundo.
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    O traje é refletor
  • 5:17 - 5:19
    por isso, conseguimos captar
    suficientes fotões
  • 5:19 - 5:23
    para conseguirmos ver onde estou
    e o que estou a fazer,
  • 5:23 - 5:26
    sem a câmara me gravar diretamente.
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    Ao captar os fotões que se dispersam
    da parede para o meu traje,
  • 5:30 - 5:32
    de volta para parede
    e de volta para a câmara,
  • 5:32 - 5:36
    podemos captar indiretamente
    este vídeo em tempo real.
  • 5:37 - 5:40
    Pensamos que este tipo
    de captação indireta e prática
  • 5:40 - 5:44
    pode ser útil para dispositivos
    incluindo carros autónomos,
  • 5:44 - 5:46
    mas também para a imagiologia biomédica,
  • 5:46 - 5:50
    onde precisamos de ver as estruturas
    minúsculas do corpo humano.
  • 5:50 - 5:54
    E, talvez, também pudéssemos introduzir
    sistemas de câmaras semelhantes nos robôs
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    que enviamos para explorar
    outros planetas.
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    Talvez já tenham ouvido falar
    de ver para além das esquinas
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    mas o que eu vos mostrei hoje
    seria impossível há dois anos.
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    Por exemplo, agora podemos captar
    enormes cenas ocultas ao ar livre
  • 6:07 - 6:09
    e em tempo real,
  • 6:09 - 6:14
    e fizemos avanços significativos
    para tornar prática esta tecnologia
  • 6:14 - 6:16
    e que podemos ver
    num carro, qualquer dia.
  • 6:16 - 6:19
    Mas, claro, ainda restam problemas.
  • 6:19 - 6:23
    Por exemplo, será que podemos captar
    imagens de cenas ocultas a longa distância
  • 6:23 - 6:26
    onde recebemos pouquíssimos fotões,
  • 6:26 - 6:29
    com "lasers" de baixa potência
    e inócuos para os olhos.
  • 6:30 - 6:32
    Ou será que podemos
    criar imagens de fotões
  • 6:32 - 6:34
    que se dispersaram muito mais vezes
  • 6:34 - 6:37
    do que apenas num único salto
    ao virar da esquina?
  • 6:37 - 6:41
    Será que podemos pegar no nosso protótipo
    que é atualmente grande e volumoso,
  • 6:41 - 6:44
    e miniaturizá-lo ao ponto de ser útil
  • 6:44 - 6:45
    para a imagiologia biomédica
  • 6:45 - 6:49
    ou talvez uma espécie de sistema
    aperfeiçoado de segurança doméstica,
  • 6:49 - 6:52
    ou será que podemos usar
    esta nova modalidade de imagens
  • 6:52 - 6:54
    e usá-la para outros fins?
  • 6:54 - 6:56
    Acho que é uma tecnologia
    nova e interessante
  • 6:56 - 6:59
    e que pode haver outras coisas
    em que ainda não pensámos
  • 6:59 - 7:00
    para a utilizar.
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    Então, um futuro com carros autónomos
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    pode-nos parecer distante,
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    mas já estamos a desenvolver
    as tecnologias
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    que podem tornar os carros
    mais seguros e mais inteligentes.
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    Com o ritmo acelerado das descobertas
    e das inovações científicas,
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    nunca sabemos quais os recursos
    novos e interessantes
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    que podem estar logo ali,
    ao virar da esquina.
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    (Aplausos)
Title:
Uma câmara que vê ao virar da esquina
Speaker:
David Lindell
Description:

Para trabalhar com segurança, os carros autónomos devem evitar obstáculos — incluindo aqueles que estão fora da visão. Para isso acontecer, precisamos de uma tecnologia que veja melhor do que os humanos veem, diz o engenheiro eletrotécnico David Lindell. Apertem os cintos para uma demonstração rápida e inovadora enquanto Lindell explica o potencial significativo e versátil de uma câmara de alta velocidade que pode detetar objetos escondidos ao virar da esquina.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
07:34

Portuguese subtitles

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