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O passado, o presente e o futuro do vício da nicotina.

  • 0:01 - 0:03
    Vou contar-vos uma história.
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    Vou contar-vos uma história
  • 0:06 - 0:09
    sobre como surgiu
    o bem de consumo mais mortal
  • 0:09 - 0:10
    que possam imaginar.
  • 0:10 - 0:12
    É o cigarro.
  • 0:13 - 0:15
    O cigarro é o único bem de consumo
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    que, quando usado como previsto,
  • 0:18 - 0:22
    matará, prematuramente, metade
    dos utilizadores, a longo prazo.
  • 0:22 - 0:24
    Mas também é uma história
  • 0:24 - 0:27
    sobre o que fazemos na Administração
    de Alimentos e Drogas (FDA),
  • 0:27 - 0:30
    e, especificamente,
    o trabalho que estamos a fazer
  • 0:30 - 0:33
    para criar o cigarro do futuro,
  • 0:33 - 0:37
    que não conseguirá
    criar ou alimentar o vício.
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    Muitas pessoas pensam que o problema
    do tabaco ou do cigarro
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    já está resolvido nos EUA
  • 0:43 - 0:45
    por causa do ótimo progresso
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    feito nos últimos 40, 50 anos
  • 0:48 - 0:50
    em relação ao seu consumo
    e predomínio.
  • 0:50 - 0:52
    E é verdade;
  • 0:52 - 0:55
    as taxas de tabagismo
    estão historicamente baixas.
  • 0:56 - 0:59
    É verdade tanto para os adultos
    como para os miúdos.
  • 0:59 - 1:02
    É verdade que aqueles
    que continuam a fumar
  • 1:02 - 1:05
    estão a fumar menos cigarros por dia
  • 1:05 - 1:07
    do que em qualquer época na história.
  • 1:08 - 1:12
    Mas, e se eu vos dissesse
    que o uso do tabaco,
  • 1:12 - 1:14
    sobretudo pela exposição direta
  • 1:14 - 1:18
    e, depois, pela exposição
    ao fumo dos cigarros,
  • 1:18 - 1:22
    continua a ser a principal causa
    de doenças e mortes
  • 1:22 - 1:24
    que podiam ser evitadas neste país?
  • 1:24 - 1:26
    Bem, isso é verdade.
  • 1:27 - 1:31
    E se eu vos dissesse que isso está
    atualmente a matar mais pessoas
  • 1:31 - 1:33
    do que pensávamos?
  • 1:34 - 1:36
    Isso também é verdade.
  • 1:37 - 1:39
    Fumar mata mais pessoas por ano
  • 1:39 - 1:41
    do que o álcool, a SIDA,
    os acidentes de viação,
  • 1:41 - 1:45
    do que as drogas ilegais, os assassínios
    e os suicídios, tudo junto,
  • 1:45 - 1:47
    a cada ano que passa.
  • 1:48 - 1:50
    Em 2014,
  • 1:51 - 1:53
    o antecessor do Dr. Adams
  • 1:53 - 1:56
    publicou o 50.º relatório
    do diretor da Saúde Pública
  • 1:56 - 1:58
    sobre o tabaco e a saúde.
  • 1:58 - 2:02
    Esse relatório mostrou o aumento
    do número total anual de vítimas do tabaco
  • 2:02 - 2:05
    porque a lista de doenças
    relacionadas com o tabaco
  • 2:05 - 2:06
    aumentou.
  • 2:06 - 2:08
    Atualmente, a estimativa conservadora
  • 2:08 - 2:13
    é que fumar mata
    480 mil americanos por ano.
  • 2:13 - 2:16
    São mortes completamente evitáveis.
  • 2:17 - 2:20
    Como lidamos com uma estatística destas?
  • 2:20 - 2:23
    Ouvimos falar muito nesta conferência
  • 2:23 - 2:27
    de experiências pessoais e individuais.
  • 2:27 - 2:30
    Como lidamos com isso
    a nível da população,
  • 2:30 - 2:33
    quando há 480 mil mães,
  • 2:33 - 2:37
    pais, irmãs, irmãos, tias e tios
  • 2:37 - 2:41
    que morrem desnecessariamente
    todos os anos por causa do tabaco?
  • 2:42 - 2:47
    O que acontece quando pensamos
    nesta trajetória para o futuro?
  • 2:47 - 2:50
    Basta fazermos umas contas:
  • 2:50 - 2:54
    desde o 50.º aniversário do relatório
    de Saúde Pública, há cinco anos,
  • 2:55 - 2:57
    quando foi divulgada
    esta estatística terrível,
  • 2:57 - 2:59
    relativa apenas a meio século,
  • 3:00 - 3:05
    já são mais de 17 milhões de mortes
    que podiam ter sido evitadas, nos EUA
  • 3:05 - 3:07
    por causa do tabaco,
  • 3:07 - 3:09
    sobretudo por causa dos cigarros.
  • 3:10 - 3:12
    O diretor da Saúde Pública
    chegou à conclusão
  • 3:12 - 3:19
    de que 5,6 milhões de crianças
    existentes nos EUA, em 2014,
  • 3:19 - 3:24
    vão morrer prematuramente
    por causa do cigarro.
  • 3:24 - 3:27
    São 5,6 milhões de crianças.
  • 3:28 - 3:32
    Então este é um enorme problema
    de saúde pública para todos nós
  • 3:32 - 3:35
    especialmente para nós,
    entidades reguladoras,
  • 3:35 - 3:39
    na Administração de Alimentos e Drogas
    e no Centro para Produtos do Tabaco
  • 3:39 - 3:41
    O que podemos fazer quanto a isto?
  • 3:41 - 3:46
    O que podemos fazer para inverter
    essa trajetória de doenças e mortes?
  • 3:47 - 3:53
    Nós temos um guia interessante
    para clarificar problemas, por exemplo:
  • 3:54 - 3:57
    Como é que o cigarro se tornou
    naquilo que conhecemos?
  • 3:57 - 4:01
    Qual a verdadeira natureza
    da indústria do tabaco e dos cigarros?
  • 4:02 - 4:03
    Como se comporta a indústria
  • 4:03 - 4:06
    num mercado historicamente
    não regulamentado?
  • 4:06 - 4:08
    Este nosso guia
  • 4:08 - 4:13
    são documentos internos anteriormente
    secretos da indústria do tabaco.
  • 4:13 - 4:15
    Venham comigo
  • 4:15 - 4:18
    numa máquina do tempo
    dos documentos da indústria do tabaco.
  • 4:19 - 4:23
    Em 1963, faltavam 25 anos,
  • 4:23 - 4:27
    para o diretor da Saúde Pública
    conseguir chegar à conclusão
  • 4:27 - 4:30
    de que a nicotina e o cigarro
    eram viciantes.
  • 4:30 - 4:34
    Isso só aconteceu, em 1998, no relatório
    do diretor da Saúde Pública.
  • 4:35 - 4:38
    Em 1963, faltava um ano
  • 4:38 - 4:43
    para o primeiro relatório, de 1964,
    do administrador da Saúde Pública.
  • 4:45 - 4:47
    Lembro-me de 1964.
  • 4:47 - 4:49
    Não me lembro desse relatório
  • 4:49 - 4:51
    mas lembro-me de 1964.
  • 4:51 - 4:53
    Eu era um miúdo a crescer
    em Brooklyn, Nova Iorque.
  • 4:54 - 4:55
    Era uma época
  • 4:55 - 5:00
    em que quase um em cada
    dois adultos fumava, nos EUA.
  • 5:00 - 5:04
    Os meus pais eram grandes fumadores
    nessa época.
  • 5:04 - 5:07
    O uso do tabaco estava normalizado
    de forma tão incrível
  • 5:07 - 5:11
    — e isso não era na Carolina do Norte,
    na Virgínia ou no Kentucky,
  • 5:11 - 5:13
    era em Brooklyn —
  • 5:13 - 5:16
    que nós fazíamos cinzeiros
    para os pais na aula de artes e ofícios.
  • 5:17 - 5:19
    (Risos)
  • 5:20 - 5:23
    Os cinzeiros que eu fiz eram horríveis,
    mas eram cinzeiros.
  • 5:23 - 5:25
    (Risos).
  • 5:25 - 5:30
    Tão normalizado que me lembro de ver
    um recipiente para cigarros
  • 5:30 - 5:33
    à entrada da nossa casa e noutras casas
  • 5:33 - 5:37
    como um gesto de boas-vindas
    para os amigos que nos iam visitar.
  • 5:38 - 5:41
    Ok, voltamos a 1963.
  • 5:41 - 5:44
    O principal advogado
    da Brown & Williamson,
  • 5:44 - 5:46
    que era então a terceira maior
    companhia de cigarros nos EUA,
  • 5:46 - 5:48
    escreveu o seguinte:
  • 5:48 - 5:49
    "A nicotina é viciante.
  • 5:49 - 5:53
    "Portanto, estamos no negócio
    de vender nicotina — uma droga viciante."
  • 5:53 - 5:55
    É uma declaração espantosa,
  • 5:55 - 5:57
    tanto pelo que não diz
    como pelo que diz.
  • 5:57 - 5:59
    Ele não diz que o negócio deles
    é o cigarro.
  • 5:59 - 6:01
    Não diz que o negócio deles é o tabaco.
  • 6:01 - 6:04
    Diz que o negócio deles é vender nicotina.
  • 6:05 - 6:07
    Philip Morris, em 1972:
  • 6:07 - 6:09
    "O cigarro não é um produto,
  • 6:09 - 6:11
    "é uma embalagem.
  • 6:11 - 6:13
    "O produto é a nicotina...
  • 6:13 - 6:17
    "A embalagem é um recipiente que armazena
    o fornecimento diário de nicotina...
  • 6:17 - 6:21
    "O cigarro é um distribuidor
    de uma dose de nicotina".
  • 6:22 - 6:25
    Voltaremos mais adiante
    a esta noção de dose.
  • 6:26 - 6:28
    E R.J Reynolds, em 1972:
  • 6:28 - 6:30
    "De certo modo, a indústria do tabaco
    pode ser encarada
  • 6:30 - 6:33
    "como um segmento especializado,
    muito ritualizado e estilizado
  • 6:33 - 6:35
    "da indústria farmacêutica.
  • 6:35 - 6:38
    "Os produtos do tabaco só servem
    para administrar a nicotina,
  • 6:38 - 6:41
    "uma potente droga, com uma série
    de efeitos fisiológicos".
  • 6:42 - 6:45
    Nessa época, e durante muitas décadas,
  • 6:45 - 6:48
    a indústria negou totalmente
    o poder viciante, em público,
  • 6:48 - 6:50
    e negou totalmente
    a relação de causalidade.
  • 6:50 - 6:53
    Mas conheciam a verdadeira natureza
    de seu negócio.
  • 6:53 - 6:54
    E de tempos em tempos,
  • 6:54 - 6:58
    foram-se tornando públicos
    problemas de saúde quanto aos cigarros,
  • 6:58 - 7:00
    conhecidos muitas décadas antes.
  • 7:00 - 7:02
    Como é que a indústria reagiu?
  • 7:02 - 7:04
    Como é que reagiram
  • 7:04 - 7:07
    nesse mercado historicamente
    não regulamentado?
  • 7:07 - 7:09
    Recuando até aos anos 30,
  • 7:09 - 7:14
    reagiu com uma publicidade
    que exibia imagens de médicos
  • 7:14 - 7:16
    e de outros profissionais da saúde
  • 7:16 - 7:18
    a enviar mensagens de tranquilidade.
  • 7:19 - 7:20
    Este é um anúncio da Lucky Strikes,
  • 7:20 - 7:23
    o cigarro popular nos anos 30:
  • 7:23 - 7:27
    "20 679 médicos dizem que
    os Luckies são menos irritantes".
  • 7:27 - 7:32
    "A proteção da garganta
    contra a irritação, contra a tosse".
  • 7:32 - 7:34
    (Risos)
  • 7:34 - 7:36
    Nós rimo-nos,
  • 7:36 - 7:38
    mas este era o tipo de publicidade
  • 7:38 - 7:41
    que havia para enviar uma mensagem
    de tranquilidade, quanto à saúde.
  • 7:41 - 7:44
    Avancemos rapidamente
    para os anos 50, 60 e 70.
  • 7:44 - 7:47
    E aqui, novamente,
    na ausência de regulamentação,
  • 7:47 - 7:50
    vamos assistir a modificações do produto
  • 7:50 - 7:52
    e da conceção do produto
  • 7:52 - 7:55
    para responder às preocupações
    da época sobre a saúde.
  • 7:56 - 7:59
    Este é o filtro Kent Micronite.
  • 7:59 - 8:04
    Aqui, a "inovação"
    foi o cigarro com filtro.
  • 8:04 - 8:06
    "O total prazer de fumar...
  • 8:06 - 8:09
    "e a prova da melhor proteção
    de saúde já feita."
  • 8:10 - 8:13
    O que o fumador deste produto não sabia,
  • 8:13 - 8:15
    o que os médicos não sabiam,
  • 8:15 - 8:17
    o que o governo não sabia,
  • 8:17 - 8:21
    é que aquele filtro era forrado
    com amianto...
  • 8:22 - 8:25
    Assim, quando os fumadores
    usavam o cigarro com filtro,
  • 8:25 - 8:27
    e continuavam a inalar
    os químicos e o fumo
  • 8:27 - 8:30
    que sabemos estarem associados
    ao cancro, às doenças de pulmões
  • 8:30 - 8:32
    e do coração,
  • 8:32 - 8:34
    estavam também a inspirar
    fibras de amianto.
  • 8:36 - 8:39
    Nos anos 60 e 70,
  • 8:39 - 8:43
    a alegada invenção foi o cigarro "light".
  • 8:43 - 8:47
    Esta é uma marca típica
    da época, chamada True.
  • 8:47 - 8:51
    Isto foi depois de começarem a aparecer
    os relatórios de Saúde Pública.
  • 8:51 - 8:53
    Vemos os sinais de preocupação
    na cara dela.
  • 8:53 - 8:55
    "Considerando tudo o que oiço dizer,
  • 8:55 - 8:58
    "decidi que, ou parava de fumar
    ou passava a fumar True.
  • 8:58 - 8:59
    "Eu fumo True."
  • 8:59 - 9:00
    (Risos)
  • 9:00 - 9:03
    "O cigarro com baixo alcatrão,
    com baixa nicotina."
  • 9:03 - 9:05
    E então diz: "Pensem nisso."
  • 9:05 - 9:09
    E logo abaixo, em letras pequeninas,
  • 9:09 - 9:12
    estão os números
    do alcatrão e da nicotina.
  • 9:12 - 9:15
    O que era um cigarro "light"?
  • 9:15 - 9:17
    Como é que funcionava?
  • 9:18 - 9:21
    Isto é uma ilustração
    da modificação do produto
  • 9:21 - 9:24
    conhecido por "ventilação do filtro".
  • 9:24 - 9:27
    Este não é um filtro real,
    é somente uma imagem,
  • 9:27 - 9:30
    para podermos ver as filas
    dos buracos de ventilação
  • 9:30 - 9:32
    perfurados a laser no filtro.
  • 9:32 - 9:35
    Quando olhamos para um cigarro real,
    são mais difíceis de ver.
  • 9:35 - 9:37
    Todas as patentes deste produto
  • 9:37 - 9:40
    mostram que os buracos de ventilação
    deviam estar a 12 milímetros
  • 9:40 - 9:42
    a partir da ponta do filtro
    do lado dos lábios.
  • 9:43 - 9:44
    Como é que funcionava?
  • 9:44 - 9:47
    O cigarro era colocado numa máquina.
  • 9:48 - 9:50
    A máquina começava a fumar o cigarro
  • 9:50 - 9:53
    e ia gravando os níveis
    de alcatrão e nicotina
  • 9:53 - 9:55
    À medida que a máquina ia fumando,
  • 9:55 - 9:58
    o ar exterior passava
    pelos buracos de ventilação
  • 9:58 - 10:02
    e diluía a quantidade de fumo
    que passava pelo cigarro.
  • 10:02 - 10:04
    Assim, à medida que a máquina fumava,
  • 10:04 - 10:07
    passava menos alcatrão e nicotina
  • 10:07 - 10:09
    em comparação com um cigarro normal.
  • 10:10 - 10:12
    Mas a indústria do tabaco sabia
  • 10:12 - 10:15
    que as pessoas não fumam como máquinas.
  • 10:16 - 10:18
    Como é que as pessoas fumam?
  • 10:19 - 10:21
    Onde colocam os dedos?
  • 10:22 - 10:23
    Onde é que ficam os lábios?
  • 10:23 - 10:25
    Eu disse que a patente dizia
  • 10:25 - 10:28
    que os buracos estão a 12 milímetros
    a partir dos lábios.
  • 10:28 - 10:30
    O fumador nem sabia
    que havia ali buracos,
  • 10:30 - 10:34
    mas entre os dedos e os lábios
    os buracos ficam tapados.
  • 10:35 - 10:38
    E quando os buracos ficam bloqueados,
    o cigarro deixa de ser "light".
  • 10:39 - 10:41
    Acontece que, na verdade,
    dentro de um cigarro "light"
  • 10:41 - 10:44
    há tanta nicotina
    como num cigarro normal.
  • 10:44 - 10:46
    A diferença estava
    no que existia por fora.
  • 10:46 - 10:50
    Mas, se bloquearmos
    o que está por fora,
  • 10:50 - 10:51
    é um cigarro normal.
  • 10:53 - 10:56
    O Congresso encarregou a FDA
    de regulamentar os produtos de tabaco,
  • 10:56 - 10:58
    faz 10 anos em junho
  • 10:58 - 11:00
    Já ouviram, no início, as estatísticas,
  • 11:00 - 11:05
    sobre a contribuição extraordinária
    dos cigarros para as doenças e mortes.
  • 11:05 - 11:07
    Também temos prestado muita atenção
  • 11:07 - 11:11
    à forma como o cigarro serve
    de dispositivo de administração da droga
  • 11:11 - 11:14
    e a eficácia espantosa
    com que administra a nicotina.
  • 11:14 - 11:16
    Vamos dar uma olhadela.
  • 11:17 - 11:20
    Quando um fumador dá uma fumaça,
  • 11:20 - 11:23
    a nicotina dessa fumaça
    chega ao cérebro
  • 11:23 - 11:25
    em menos de 10 segundos.
  • 11:25 - 11:27
    Em menos de 10 segundos.
  • 11:27 - 11:29
    No cérebro,
  • 11:29 - 11:32
    há umas coisas chamadas
    "recetores de nicotina".
  • 11:33 - 11:34
    Eles estão lá...
  • 11:34 - 11:36
    ... à espera.
  • 11:36 - 11:39
    Estão à espera, nas palavras
    do documento da Philip Morris,
  • 11:39 - 11:42
    da próxima "dose de nicotina".
  • 11:43 - 11:46
    O fumador que vemos lá fora,
  • 11:46 - 11:48
    num grupo com outros fumadores,
  • 11:48 - 11:49
    ao frio,
  • 11:49 - 11:51
    ao vento,
  • 11:51 - 11:52
    à chuva,
  • 11:52 - 11:55
    está a sentir ansiedade
  • 11:55 - 11:58
    e pode estar a sofrer
    sintomas de abstinência.
  • 11:59 - 12:02
    Esses sintomas de abstinência
    são uma mensagem química
  • 12:02 - 12:05
    que aqueles recetores
    enviam ao corpo, dizendo:
  • 12:05 - 12:06
    "Alimentem-me!"
  • 12:09 - 12:14
    Um produto que consegue administrar droga
    em menos de 10 segundos
  • 12:15 - 12:20
    torna-se extremamente eficaz,
    é um produto incrivelmente viciante.
  • 12:21 - 12:24
    Falámos com muitos especialistas
    em tratamentos de vícios
  • 12:24 - 12:26
    ao longo dos anos.
  • 12:26 - 12:29
    A história que eu ouço é sempre a mesma:
  • 12:29 - 12:32
    "Durante muito tempo,
    conseguia tirar alguém da heroína
  • 12:32 - 12:34
    "do 'crack' ou da cocaína.
  • 12:34 - 12:37
    "Mas não consigo levar ninguém
    a abandonar os cigarros".
  • 12:37 - 12:41
    Uma grande parte da explicação
    é essa coisa dos 10 segundos.
  • 12:42 - 12:46
    A FDA, no âmbito do seu alcance regulador
  • 12:46 - 12:48
    usa os instrumentos
    de regulamentação de produtos
  • 12:48 - 12:53
    para tornar os cigarros atuais
    minimamente ou nada viciantes.
  • 12:54 - 12:56
    Estamos a trabalhar nisso.
  • 12:56 - 13:00
    Pode haver um impacto profundo
    a nível populacional
  • 13:00 - 13:02
    graças a esta política.
  • 13:02 - 13:05
    Fizemos um modelo dinâmico
    a nível populacional, há um ano,
  • 13:05 - 13:08
    e publicámos os resultados
    no The New England Journal.
  • 13:08 - 13:10
    Dados os efeitos geracionais
    desta política,
  • 13:10 - 13:12
    vou explicá-la rapidamente.
  • 13:12 - 13:14
    Isto é o que prevemos
    até ao fim deste século:
  • 13:14 - 13:16
    mais de 33 milhões de pessoas
  • 13:16 - 13:20
    que, de outro modo, se teriam tornado
    em fumadores regulares, não se tornarão,
  • 13:20 - 13:22
    porque o cigarro que estarão a fumar
  • 13:22 - 13:24
    não cria nem alimenta o vício.
  • 13:25 - 13:28
    Isso baixará a taxa de fumadores adultos
    para menos de 1,5%.
  • 13:29 - 13:32
    E essas duas coisas combinadas
  • 13:32 - 13:38
    resultariam em evitar mais de oito milhões
    de mortes relacionadas com o cigarro
  • 13:38 - 13:40
    que, caso contrário, teriam ocorrido
  • 13:40 - 13:42
    a partir do impacto geracional.
  • 13:42 - 13:45
    Agora, porque é que estou
    a dizer "geracional"?
  • 13:45 - 13:47
    Trata-se dos miúdos.
  • 13:48 - 13:52
    90% dos fumadores adultos
    começaram a fumar quando eram miúdos.
  • 13:52 - 13:54
    Metade deles tornaram-se
    fumadores regulares
  • 13:54 - 13:58
    antes de terem idade legal
    para comprar um maço de cigarros.
  • 13:58 - 14:01
    Metade deles tornou-se fumador
    antes dos 18 anos de idade.
  • 14:01 - 14:03
    Experimentação.
  • 14:03 - 14:05
    Fumar regularmente.
  • 14:05 - 14:06
    Vício.
  • 14:07 - 14:08
    Décadas de fumo.
  • 14:08 - 14:09
    E depois a doença.
  • 14:10 - 14:12
    É por isso que estamos a falar
    de um produto
  • 14:12 - 14:16
    que matará prematuramente metade
    dos seus utilizadores, a longo prazo.
  • 14:17 - 14:20
    O impacto geracional
    desta política de redução de nicotina
  • 14:20 - 14:22
    é profundo.
  • 14:23 - 14:26
    Aqueles velhos documentos
    da indústria referem os jovens.
  • 14:26 - 14:30
    Estes são descritos como
    "os fumadores substitutos"
  • 14:30 - 14:33
    — os fumadores que substituem
    os adultos fumadores viciados
  • 14:33 - 14:35
    que morrem ou que desistem.
  • 14:35 - 14:38
    A futura geração de miúdos,
    especialmente os adolescentes,
  • 14:38 - 14:40
    vão envolver-se em comportamentos de risco
  • 14:40 - 14:42
    Não podemos impedir isso.
  • 14:42 - 14:46
    Mas, e se o único cigarro
    a que puderem deitar as mãos
  • 14:46 - 14:49
    não puder criar nem sustentar o vício?
  • 14:49 - 14:52
    Este é o retorno no investimento
    em saúde pública
  • 14:52 - 14:54
    a nível populacional ao longo do tempo.
  • 14:55 - 14:58
    Eu ainda não disse nada
    sobre os cigarros eletrónicos,
  • 14:58 - 15:00
    mas tenho uma coisa a dizer sobre eles.
  • 15:00 - 15:01
    (Risos)
  • 15:01 - 15:04
    Lidamos com uma epidemia do uso
    destes cigarros, pelos miúdos.
  • 15:04 - 15:06
    O que mais nos preocupa,
  • 15:06 - 15:10
    para além dos números crescentes,
    no que se refere à taxa de prevalência
  • 15:10 - 15:12
    é a frequência.
  • 15:12 - 15:14
    Não só há mais miúdos
    a usar esses cigarros,
  • 15:14 - 15:18
    como há mais miúdos a utilizá-los
    durante 20 dias ou mais, no mês passado,
  • 15:18 - 15:21
    do que em qualquer época
    desde que eles foram lançados.
  • 15:21 - 15:23
    Na FDA, estamos a fazer
    tudo o que podemos,
  • 15:23 - 15:25
    usando um programa e uma política,
  • 15:25 - 15:28
    para os miúdos saberem
    que esse produto não é inofensivo
  • 15:28 - 15:31
    e garantir que os miúdos
    não iniciem nem experimentem
  • 15:31 - 15:32
    qualquer produto de tabaco,
  • 15:32 - 15:35
    quer haja combustão ou não.
  • 15:35 - 15:38
    Mas pensem nos cigarros eletrónicos
    num mercado bem regulamentado
  • 15:38 - 15:40
    como uma coisa que poderá ser útil
  • 15:40 - 15:42
    para fumadores adultos viciados
  • 15:42 - 15:44
    que tentam abandonar os cigarros.
  • 15:45 - 15:48
    Vou deixar-vos com esta visão:
  • 15:50 - 15:52
    imaginem um mundo
  • 15:52 - 15:55
    em que o único cigarro
    que as futuras gerações de miúdos
  • 15:55 - 15:56
    possam experimentar
  • 15:56 - 15:58
    não cause nem sustente o vício
  • 15:58 - 16:00
    devido a uma única política.
  • 16:01 - 16:02
    Imaginem um mundo
  • 16:03 - 16:05
    em que os fumadores de cigarros,
    preocupados com a saúde,
  • 16:05 - 16:08
    sobretudo se aparecer uma política eficaz
  • 16:08 - 16:12
    que baixe os níveis de nicotina
    a níveis mínimos ou não viciantes,
  • 16:12 - 16:14
    possam mudar para meios alternativos
    menos ofensivos
  • 16:14 - 16:16
    de administração de nicotina,
  • 16:16 - 16:19
    a partir de medicamentos com nicotina,
    aprovados pela FDA
  • 16:19 - 16:21
    — a pastilha elástica,
    o adesivo ou uma pastilha.
  • 16:21 - 16:25
    E finalmente, imaginem um mundo
    e um mercado devidamente regulamentado
  • 16:25 - 16:28
    — de cigarros eletrónicos ou
    de qualquer tecnologia do momento —
  • 16:28 - 16:31
    em que não sejam os desenvolvedores
    ou os comerciantes
  • 16:31 - 16:32
    a decidir os produtos comercializados
  • 16:32 - 16:34
    e quais os critérios para eles,
  • 16:34 - 16:37
    mas sejam os cientistas da FDA,
  • 16:37 - 16:39
    a analisarem os pedidos
  • 16:39 - 16:42
    e a decidirem, segundo o padrão
    que o Congresso nos confiou,
  • 16:42 - 16:44
    para implementação e aplicação,
  • 16:45 - 16:47
    se um determinado produto
    deve ser comercializado,
  • 16:47 - 16:51
    porque a comercialização desse produto
    e as palavras da nossa lei
  • 16:51 - 16:54
    serão apropriadas
    para a proteção da saúde pública.
  • 16:54 - 16:57
    São estes tipos de poderosos
    meios reguladores
  • 16:57 - 16:59
    que estão ao nosso alcance
  • 16:59 - 17:01
    para lidar com os resquícios
  • 17:01 - 17:04
    da maior causa de doenças e mortes
    passíveis de evitar
  • 17:04 - 17:05
    no país.
  • 17:05 - 17:07
    Se fizermos isso bem feito,
  • 17:08 - 17:12
    essa trajetória dos
    5,6 milhões de miúdos,
  • 17:12 - 17:14
    pode ser interrompida.
  • 17:14 - 17:15
    Obrigado.
  • 17:15 - 17:18
    (Aplausos)
Title:
O passado, o presente e o futuro do vício da nicotina.
Speaker:
Mitch Zeller
Description:

O uso do tabaco continua a ser a principal causa de mortes e de doenças possíveis de evitar nos EUA, matando por ano mais pessoas do que o álcool, a SIDA, os acidentes de viação, as drogas ilegais, os assassínios e o suicídio, tudo junto. Sigam o especialista em saúde pública Mitch Zeller pelas profundezas sombrias da indústria do tabaco enquanto ele relata a sórdida história do vício em nicotina — e nos convida a imaginar um mundo em que a mudança de política ajude a impedir que as pessoas se tornem viciadas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:30

Portuguese subtitles

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