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E se pudéssemos diagnosticar infecções em minutos, e não em dias? | Dr. Neciah Dorh | TEDxBristol

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    Todo ano,
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    700 mil pessoas são mortas
    por superbactérias.
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    Para colocar em perspectiva,
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    isso é mais do que as populações
    das cidades de Bristol e Bath juntas.
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    Além disso, em aproximadamente 30 anos,
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    estima-se que esse número cresça
    para 10 milhões de pessoas por ano,
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    o que significa que superbactérias
    podem matar mais pessoas do que o câncer.
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    Muitos aqui já ouviram
    o termo superbactéria
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    por aí em algum momento das nossas vidas.
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    Porém, vamos parar para pensar um pouco
    a que estamos nos referindo,
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    como chegamos aqui
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    e, mais importante,
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    como vamos sair dessa crise?
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    Então, o que é uma superbactéria?
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    Superbactéria é o nome dado
    a um grupo particular de bactérias,
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    também conhecido como uma cepa,
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    que não pode ser tratado
    com a maioria dos antibióticos
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    disponíveis ou em uso hoje em dia.
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    Elas são um inimigo formidável
    quando consideramos o fato
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    de que muitas pessoas não teriam vivido
    para ver seu 60º aniversário
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    antes da descoberta da penicilina
    e de outras classes de antibióticos.
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    Levante a mão quem já teve
    que tomar algum antibiótico.
  • 1:43 - 1:45
    Obrigado.
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    Então, você estará familiarizado
    com o processo que descreverei em seguida.
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    Provavelmente, tudo começou
    quando não estava se sentindo muito bem:
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    uma tosse persistente, uma febre,
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    ou, talvez, aquela sensação
    de ardência ao urinar.
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    (Risos)
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    Tendo aguentado isso
    o final de semana inteiro,
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    você finalmente toma coragem
    de ir ao seu médico.
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    Após verificar os seus sintomas,
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    você recebe uma receita
    para antibióticos e escuta:
  • 2:17 - 2:20
    "Volte depois da terceira dose,
    se persistirem os seus sintomas".
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    Bem, sou engenheiro,
    então amo meus fluxogramas.
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    E eles realmente me ajudam
    a entender o que está acontecendo.
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    Então, tomei a liberdade
    de criar este pequeno esquema.
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    Etapa um: começa a infecção bacteriana.
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    Etapa dois: desenvolvem-se
    os sinais e sintomas.
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    Etapa três: a pessoa vai
    à procura de um médico.
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    Etapa quatro: é dada
    a receita do antibiótico.
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    E etapa cinco: após três doses,
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    checar se os sintomas estão melhorando.
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    Se estiverem, continue.
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    Senão, peça um exame
    para determinar a causa da doença,
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    e, então, retorne à etapa três.
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    Olha só, eu tenho o máximo respeito
    pelos nossos amigos médicos,
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    mas esse sistema está fundamentalmente
    falho, por uma série de razões.
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    Primeiramente, ele encoraja
    o seu médico a iniciar o tratamento
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    antes de ter toda a informação.
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    Em segundo lugar,
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    cada vez que fechamos esse ciclo,
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    na verdade nós estamos
    matando todas as bactérias
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    que não conseguem se defender
    contra um determinado antibiótico,
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    deixando para trás um grupo homogêneo
    de bactérias que conseguem.
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    Na realidade, estamos ajudando o inimigo
    a peneirar os soldados que não servem.
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    Agora, estamos nesse dilema,
    porque, ainda hoje,
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    um dos métodos mais comuns usados
    para identificar bactérias
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    envolve coletar uma amostra
    de urina, muco ou sangue,
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    e cultivar sob várias condições
    para nos ajudar a montar a identidade.
  • 4:19 - 4:23
    Pense nisso como um processo
    de eliminação realizado em laboratório.
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    Assim que as bactérias são identificadas,
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    nós, então, usamos outro processo
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    para determinar qual antibiótico
    está mais propenso a funcionar.
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    O problema é que isso leva tempo,
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    dois dias ou mais,
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    e, em casos extremos,
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    as pessoas acabam morrendo
    antes de os médicos acharem as respostas.
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    Entretanto, nosso sistema é:
    tratamento primeiro, diagnóstico depois.
  • 4:58 - 5:00
    Então, como sairemos disso?
  • 5:01 - 5:03
    Na verdade, seria muito melhor
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    se, primeiro, pudéssemos entender
    a causa da sua doença,
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    e, somente depois, selecionar
    o antibiótico adequado.
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    Além de curar o indivíduo mais rápido,
    conteríamos o aumento das superbactérias.
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    Mas, para isso, precisaríamos
    de um teste mais rápido.
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    Quando digo rápido, é rápido mesmo!
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    Por volta de 20 minutos ou menos;
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    o mesmo tempo que você tem
    com seu médico ou farmacêutico.
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    Mas precisaria ser acessível também;
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    o suficiente para que países
    em desenvolvimento
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    pudessem fazer a transição.
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    E, por fim, precisaria ser fácil de usar;
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    tão fácil quanto checar sua temperatura.
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    É exatamente nisso que eu
    e minha equipe estamos trabalhando
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    por mais de dois anos.
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    Estamos desenvolvendo uma técnica baseada
    em detecção mediada por receptor.
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    Nós a chamamos pela sigla GMS,
    e é mais simples do que parece.
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    Para muitas bactérias, o primeiro passo
    para infectarem um indivíduo
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    é se fixar nas células do corpo dele,
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    usando um sistema de gancho e argolas
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    que é similar àquele que aprendemos
    a gostar no Velcro.
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    (Risos)
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    O gancho ou receptores, nesse caso,
    seriam proteínas especificas,
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    na superfície da bactéria,
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    e as alças seriam moléculas específicas
    na superfície das células do nosso corpo.
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    O que criamos foi um material
    de baixo custo que emite luz
  • 6:42 - 6:44
    e que se modelam como argolas;
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    vamos chamá-lo de sondas.
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    Quando misturamos nossas sondas
    com uma amostra, por exemplo, de urina,
  • 6:51 - 6:54
    elas se fixam nas bactérias como Velcro.
  • 6:54 - 6:57
    E, ao medir a luz emitidas por elas,
  • 6:57 - 7:01
    podemos calcular o número
    de bactérias presentes na amostra.
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    O processo final será,
    por si só, muito simples.
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    Pegue um pouco de urina,
    adicione-a em um cartucho especial.
  • 7:08 - 7:12
    Então, coloque esse cartucho
    em nosso detector particular de bactérias.
  • 7:14 - 7:17
    O cartucho irá misturar
    a urina com nossas sondas
  • 7:17 - 7:22
    antes de separar as bactérias
    e medir a luz emitida.
  • 7:22 - 7:26
    Essa última etapa nos permitirá
    determinar se há bactérias presentes,
  • 7:26 - 7:29
    quais tipos e quantas,
  • 7:29 - 7:32
    tudo isso em 15 minutos.
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    De dois dias para 15 minutos.
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    Como na maioria dos avanços científicos,
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    a jornada é cheia de obstáculos
    e, às vezes, frustrações.
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    Irei compartilhar algumas aqui.
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    Um dos primeiros desafios foi:
    como desenvolver uma sonda
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    que, efetivamente, imitasse
    as células do nosso corpo?
  • 7:59 - 8:02
    A equipe de pesquisadores
    da Universidade de Bristol
  • 8:02 - 8:04
    levou meses fazendo experimentos
  • 8:04 - 8:06
    para encontrar o método correto
  • 8:06 - 8:11
    e ter o tipo e quantidade exatas
    de argolas para imitar a célula.
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    Ou seja, isso não é como fazer
    panqueca de qualquer jeito.
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    O que fazemos é o tipo de desafio
    para ganhadores do MasterChef.
  • 8:18 - 8:20
    (Risos)
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    Nosso segundo desafio foi encontrar
    um método de detecção
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    que fosse de baixo custo e ainda eficiente
    o bastante para detectar as sondas
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    unidas às bactérias.
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    Para isso, nos voltamos para uma técnica
    bem consolidada baseada em fluorescência.
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    Fluorescência é um fenômeno
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    no qual um material absorve luz
    ao ser estimulado por esta,
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    e reemite a luz com uma cor diferente.
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    Como uma técnica de detecção,
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    pegamos uma cor específica da luz,
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    apontamos essa cor no material criado,
    e observamos a cor que é refletida,
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    isso nos diz qual a cor presente.
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    Assim, uma vez que temos as sondas,
    elas se fixam nas bactérias exatas,
  • 9:04 - 9:06
    e podemos detectá-las.
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    Trabalho concluído, certo?
  • 9:08 - 9:09
    Na verdade, ainda não.
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    A maioria dos alimentos que comemos
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    são quebrados em materiais que emitem luz
    que terminam na nossa urina.
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    Assim, bebidas energéticas,
    suplementos vitamínicos,
  • 9:23 - 9:24
    suplementos para gravidez,
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    e tudo isso junto
    pode levar a falsos positivos.
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    Em outras palavras, fica difícil para nós
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    separarmos o joio do trigo.
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    Então, diferenciar nossas sondas
    dos resquícios de sua última bebida
  • 9:43 - 9:45
    é extremamente importante
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    para garantir que não reportemos
    a presença de bactérias
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    mesmo quando não há nenhuma.
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    Exatamente nesse ponto foi que a pesquisa
    mudou de forma interessante,
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    porque lidar com isso significava
    estar mais familiarizado com nossas sondas
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    assim como estar
    familiarizado com a urina.
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    Realizamos muitos experimentos
    observando nossas sondas
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    quando estimuladas
    com cores diferentes de luz.
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    Particularmente, estávamos interessados
    na quantidade de luz verde emitida
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    para cada tipo de luz
    que estimulávamos em nossas sondas.
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    Esse era o perfil de nossas sondas,
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    e isso não poderia mudar.
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    Assim, qualquer variação nisso
    poderia nos dizer
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    que haveria outra coisa
    misturada na amostra,
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    de maneira semelhante, por exemplo,
    quando misturada com urina.
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    Pela medição dessa mudança, podemos
    corrigir ativamente a interferência
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    de qualquer outra coisa
    que esteja presente na urina.
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    Então, em resumo,
    as sondas acham as bactérias,
  • 10:52 - 10:55
    e a fluorescência acha as sondas.
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    Estamos ainda nos estágios
    iniciais da nossa jornada,
  • 11:00 - 11:03
    mas levamos nosso protótipo inicial
    para um laboratório de hospital
  • 11:03 - 11:06
    no qual testamos a presença
    de "E. coli" na urina humana.
  • 11:07 - 11:12
    GMS detectou a presença de urina
    sem nenhum falso positivo,
  • 11:12 - 11:19
    e reportou a ausência de E.coli
    na urina em 63% dos casos.
  • 11:19 - 11:21
    Finalmente,
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    ao colocar três medidas em paralelo,
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    conseguimos uma média de tempo
    por teste de apenas quatro minutos.
  • 11:30 - 11:33
    Isto, certamente, não é
    o fim da história para nós.
  • 11:33 - 11:38
    Estamos desenvolvendo outras argolas
    para apontar outras bactérias nocivas,
  • 11:38 - 11:42
    e objetivamos testar e melhorar
    o sistema mais algumas vezes
  • 11:42 - 11:44
    antes que ele chegue ao seu médico.
  • 11:44 - 11:46
    Uma vez que fizermos isso,
  • 11:47 - 11:50
    nosso diagnóstico rápido e eficiente
  • 11:51 - 11:57
    junto com um uso melhor de antibióticos
    e o engajamento contínuo do público,
  • 11:57 - 12:00
    poderemos, finalmente,
    virar o jogo a nosso favor
  • 12:00 - 12:04
    e, finalmente, vencermos
    as superbactérias de uma vez por todas.
  • 12:05 - 12:06
    Obrigado.
  • 12:06 - 12:08
    (Aplausos)
Title:
E se pudéssemos diagnosticar infecções em minutos, e não em dias? | Dr. Neciah Dorh | TEDxBristol
Description:

A resistência a antibióticos é um problema global. Estima-se que até 2050 infecções por superbactérias irão matar mais que câncer. Mas e se pudéssemos reduzir o período para o diagnóstico da infecção de dias para minutos? Será que isso poderia ajudar a diminuir o abuso nas prescrições de antibióticos e promover um tratamento mais rápido e eficaz?

É exatamente o que o Dr. Neciah Dorh e sua equipe multidisciplinar de engenheiros, cientistas de dados e microbiologistas estão tentando fazer. O objetivo deles é criar um diagnóstico intuitivo, acessível e rápido para que profissionais de saúde possam aplicá-lo. O ponto de partida deles: Infecções do Trato Urinário. As ITUs são a segunda maior causa de prescrição de antibióticos na rede de cuidados primários do Reino Unido, na qual muitos idosos regularmente passam por tratamentos ineficientes com antibióticos, levando-os, frequentemente, às consultas médicas ou à hospitalização.
A palestra TEDx de Neciah explora como a tecnologia baseada em fluorescência identifica e enumerar a infecção bacteriana em menos de 15 minutos.
Natural de Santa Lúcia, Neciah vive há dez anos em Bristol, Reino Unido, e tornou-se um membro aclamado do campo científico da tecnologia da saúde. Bacharel e doutor em Engenharia Elétrica e Eletrônica pela Universidade de Bristol, suas pesquisas com a detecção fluorescente nova se tornaram a base de sua empresa, a FluoretiQ limited.
Sua equipe pioneira trabalha com a interação entre química, microbiologia e engenharia para criar a próxima geração de diagnósticos inovadores.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
12:18

Portuguese, Brazilian subtitles

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