Educado por um cachorro: de um cãozinho ferido de abrigo a herói da escola | Judy Winter | TEDxLansingED

"Em 2009, adotei, de um abrigo, um cãozinho ferido de um ano de idade, e passei 8 meses reabilitando Jack e nos submetendo aos testes necessários para cão e treinadora de terapia certificados pela Therapy Dogs International (TDI). Primeiro, fomos fazer trabalho voluntário num centro de luto infantil, visitando hospitais e um acampamento de verão para pessoas com necessidades especiais.

Judy Winter é uma escritora premiada, palestrante, ativista e autora de "Breakthrough Parenting for Children with Special Needs: Raising the Bar of Expectations" (em tradução livre: paternidade inovadora para crianças com necessidades especiais: elevando o nível das expectativas). Ela recebeu o Prêmio Outstanding Alumni de 2007 da Faculdade de Comunicação, Artes e Ciências da Michigan State University e é cofundadora do Eric "RicStar" Winter Music Therapy Summer Camp na MSU.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Tenho uma pergunta importante a fazer.

E se a solução para a reforma educacional,

do tipo que entusiasmasse
as crianças a aprender,

incluísse não apenas as grandes ideias

que ouvimos aqui hoje
de grandes palestrantes,

mas incluísse também
o melhor amigo do homem?

E, para o propósito da minha história,
não um cão qualquer,

mas um que vivia num abrigo, ferido,

que viajou centenas de quilômetros
buscando nova chance de uma vida melhor

e que se tornou um cão de terapia
e o herói da escola.

E não com qualquer ser humano, mas comigo,

uma mãe que perdeu seu único filho
e estava ferida também.

Alguém com um enorme compromisso

para ajudar todas as crianças
a irem bem na na escola.

E se todos os alunos
fossem educados por um cachorro?

(Risos)

Meu nome é Judy Winter.

Sou escritora, colunista de jornal,

fotógrafa, ativista
de necessidades especiais,

mãe de dois ótimos filhos, e ex-aluna
orgulhosa da Universidade de Michigan.

Podem dizer: "Go Green".

(Risos)

Também sou vergonhosamente
viciada em caramelos de sal marinho,

Pringles de sal e vinagre
e drops de menta,

e vou cair de boca neles
logo que este evento acabar.

(Risos)

É isso aí!

Acredito piamente no poder de um

para fazer a diferença.

Um!

Especialmente na educação.

(Risos)

Ninguém nesta sala
pode salvar o mundo inteiro,

mas cada um de nós possui uma peça,

incluindo uma estrela canina do rock

que está mudando vidas
dentro da sala de aula.

Meu trabalho é gerenciar
centenas de seus fãs.

O tema de hoje tem a ver
com grandes ideias, certo?

Mas acho muito importante
que também entendam

alguns dos bastidores
de como chegamos ao nosso sucesso,

para que saibam que podem realizar
seus grandes sonhos também.

Porque a verdade é que não existe
sucesso da noite para o dia.

De jeito nenhum.

Apenas muito trabalho duro,
criatividade e muita garra.

Vou contar um pouco sobre o meu passado.

Meu filho Eric faleceu
em 2003, aos 12 anos.

Ao nascer, ele foi diagnosticado
com paralisia cerebral,

e nossa família fez de tudo
para lhe proporcionar uma vida fantástica,

e celebrávamos suas habilidades,
incluindo um talento para a música.

Quando ele faleceu, ficamos arrasados.

Esse foi e permanece sendo
o pior pesadelo de toda pessoa.

Bem, há duas opções
quando se perde um filho:

ir para um canto
com uma garrafa de Boone's Farm,

se enrolar na posição fetal e beber todas,

o que é realmente tentador,

ou agir para homenagear
a vida notável de uma criança.

Nunca dei muita bola para Boone's Farm,

acho que isso vem do tempo de faculdade,

mas recentemente descobri
que a sangria deles é realmente muito boa.

(Risos)

E costumo dar de presente, pois é barata.

(Risos)

Mas, de alguma forma, em vez de beber,
escolhi respirar fundo,

sair da cama,

e me tornei mais determinada do que nunca

a fazer a diferença
na educação de nossas crianças.

Em parte, para honrar
ainda mais meu filho,

a quem eu tinha de defender
todos os dias na escola do bairro

para garantir o sucesso da inclusão.

Isso se tornou para mim o fechamento
de um ciclo educacional.

Alimentada pela dor,
a primeira coisa que fiz

foi rascunhar um livro sobre educação
que prometi a ele que escreveria

para ajudar outras famílias.

Viajei pelo país divulgando
o livro e fazendo mídia,

e cofundei um conhecido
acampamento de verão de musicoterapia

aqui mesmo na MSU, para homenagear
o talento musical do meu filho.

Mas, quando o brilho
de toda essa emoção passou,

eu ainda me encontrava
com uma perda horrível,

e me perguntava: "E agora?"

A resposta estava esperando
no abrigo local de animais,

onde eu tinha sido voluntária
como fotógrafa há cinco anos.

Mas meu marido não achou
que fosse uma boa ideia,

e ele teve muita sorte, pois voltei
pra casa só com um cachorro, e não cinco.

(Risos)

Na minha primeira semana lá,

conheci um cãozinho desnutrido,
um ano de idade,

mistura de pastor australiano,
boiadeiro de Berna, Collie e Bobtail,

também conhecido como vira-lata,

que tinha uma adorável carinha
de bicho de pelúcia.

Nós nos escolhemos.

Jack era um diamante canino bruto.

Ele tinha medo da própria sombra,

se escondia atrás de mim,
não sabia como ser um cão,

e era agressivo com homens, provavelmente
por ter sido maltratado por um.

Passei semanas reabilitando Jack.

Demos vários passeios,
para ele explorar seu novo mundo.

Eu sabia que ele valia meus esforços,

assim como é também
o aluno que enfrenta mais desafios.

Nós nos curamos.

E, quando Jack estava pronto,

pensei que tínhamos de compartilhar
essa magia com os outros,

e escolhemos fazer isso
apoiando a educação.

Para se tornar um cão de terapia,

Jack primeiro teve de passar
num teste do American Kennel Club

e provar ter bom temperamento,
para garantir que não morderia ninguém.

Isso foi seguido pelo mais difícil
Teste Internacional de Cães de Terapia,

do qual somos membros,

a maior ONG de testes e registro
de cães de terapia do país, a TDI.

Eles oferecem seguro para os voluntários.

Vocês sabiam que somos
uma nação que ama tanto os cães

a ponto de termos
69,9 milhões de filhotes?

Nossa!

Atualmente, o TDI tem 25 mil
desses cães registrados em 50 estados

aqui nos EUA.

Vocês conseguem adivinhar
aonde vou com esta conversa?

Artigos recentes e muita pesquisa

apoiam fortemente
o poder dos cães para curar.

Vocês sabiam que os níveis de oxitocina,

o barato de felicidade
como quando comemos chocolate,

aumentam de forma significativa
quando as pessoas interagem com cães,

especialmente quando elas
olham nos olhos do cão?

Interagir com cães afeta positivamente

a frequência cardíaca, pressão arterial
e o sistema imunológico,

e ajuda os soldados que retornam da guerra

a lidar com a síndrome
do estresse pós-traumático.

Cães de terapia estão à altura da magia
de uma uma reforma educacional.

Mas por que educação?

Palavras sábias de Nelson Mandela:

"A educação é a arma mais poderosa

que podemos usar para mudar o mundo".

Bem, isso e um cão de terapia.

(Risos)

Mas como é na prática?

Bem, primeiro, experimentamos

num centro de luto infantil
e no acampamento do meu filho.

E depois procuramos a escola do bairro,

onde o superintendente e o diretor

sabiamente nos deram o sinal verde
para trabalhar nossa magia.

Três anos depois, passamos
aproximadamente 20 horas mensais

como voluntários em 3 escolas,

da pré-escola ao 4.º ano.

Trabalhamos com o psicólogo da escola,
visitamos todas as salas,

e passamos tempo individual
com crianças mais necessitadas de apoio.

Estou convencida, após esse período,

que colocar cães de terapia nas escolas
afeta positivamente o sucesso educacional,

abordando uma ampla gama
de questões complexas

que atrapalham o aprendizado.

Cães de terapia dão apoio emocional:

estão lá para serem abraçados,
amados e beijados,

e as crianças se sentem bem
só de estar perto deles.

Jack é especialmente poderoso quando
as palavras e, sim, os humanos falham.

Ele não julga,

ama incondicionalmente,

olha além do óbvio.

Ele não dá a mínima para avaliações.

(Risos)

Toda criança é digna de sua atenção,
uma grande lição para nós, adultos.

Jack lida bem com crianças
vomitando também,

(Risos)

que não é meu ponto forte.

(Risos)

As regras dele para uma escola legal
estão penduradas nas parades da escola,

e incluem mensagens importantes
sobre bullying: "não é legal";

"seja legal com todos", amizade;

com regras da escola:
"Proibido latir nos corredores";

e "Tudo bem ser diferente".

Jack não tem rabo, tema sobre o qual
as crianças não param de falar,

mas digo a elas que ele tem
um coração enorme,

e isso é muito mais importante
do que um rabo felpudo.

As crianças levam a sério
as lições da infância de Jack,

e pensam: "Se ele conseguiu
superar tudo o que passou,

talvez eu consiga também".

Estivemos lá para confortar os alunos
após exercícios de segurança na escola.

Elas acharam engraçado Jack
ficar trancado na sala com elas também.

E a presença dele trouxe conforto.

Algumas crianças me disseram que acham
que Jack deveria concorrer à presidência;

uma ótima ideia, pois faria de mim
a "primeira-tratadora", certo?

Afastem-se, queridos.

Os profissionais
nas trincheiras educacionais,

especialmente, Deus
os abençoe, os professores,

não conseguem fazer o sucesso
educacional acontecer sozinho.

Sabemos que as necessidades das crianças
hoje são cada vez mais complexas,

e realmente é preciso uma vila
para educar algumas dessas crianças.

Vocês e eu somos a vila.

Que honra sagrada.

Vocês querem mudar a educação?

Trabalhem com crianças.

É um trabalho muito legal.

Temos regularmente o passeio
com Jack no corredor.

Jack visita a biblioteca,

e gosta de ver o centro
de informática e nova tecnologia.

E algumas crianças recebem a honra
de levar Jack para passear no corredor.

É uma maneira bem simples
de construir autoestima

que promove confiança
e habilidades de liderança

e acalma as crianças.

Elas não podem andar com ele
se não estiverem calmas.

E, sim, o pessoal da escola
também o adora.

E sei que determinados dias eles
precisam mais dele do que as crianças.

Uma das coisas que mais amo em trabalhar
com crianças é a honestidade.

Chamo as palavras sem filtro
que elas soltam de "bocados caninos",

e se não quiserem que eu saiba de algo,
não façam ou digam na frente delas.

Elas podem ser poderosas,

como a criança que disse:

"Judy, quando crescer, quero ser você
e fazer o que você faz".

Elas nos observam o tempo todo.

Que tipo de modelo somos para elas?

Estamos fazendo a coisa certa?

Os pequenos Budas
são muito engraçados.

Um garoto me disse:

"Judy, quando acabar o ano letivo,
você vai soltar Jack de volta à natureza?"

(Risos)

Não posso inventar isso, pessoal.

(Risos)

E após lermos para uma turma,
era março, o mês da leitura,

uma garotinha me disse: "Judy, de óculos,
você se parece com a minha avó".

(Risos)

Ao que eu respondi rapidamente:
"Sua avó deve ser linda".

(Risos)

Elas nos mantêm humildes e motivados.

No Halloween no ano passado,
Jack e eu estávamos na varanda

e, quando as crianças o viram,
largaram os sacos de doces

e correram para abraçá-lo: "Jack!"

Hum, Jack contra sacos
grandes de guloseimas grátis?

O cão da escola venceu.

Agora que elas sabem onde Jack mora,
receio que tenhamos de nos mudar.

As crianças também partem nosso coração

com palavras honestas
que desafiam respostas simples,

como, após outro tiroteio em escola,

um garoto me perguntou
nervosamente, quase sussurrando:

"Judy, se um assaltante invadir a escola,

você e Jack vão nos proteger?"

Sim.

Cada tiroteio em escola
nos deixa horrorizados e com raiva.

E Jack e eu voltamos para a escola

mais determinados que nunca a ajudar
as crianças a terem um ótimo dia.

Após o tiroteio em Sandy Hook Elementary,

quando queriam colocar
guardas armados nas escolas,

fiz uma pesquisa, e rebati
com meu próprio grito de guerra:

cães de terapia certificados
em todas as escolas do país,

com os amados e bem treinados
pastores-alemães e pit-bulls

na frente da escola com treinadores
qualificados para lidar com crianças.

Sim! Uma alternativa
muito melhor, não acham?

E, além disso, sem custo para o distrito.

É um serviço gratuito.

Jack e eu espalhamos amor canino.

Queremos que as crianças adorem a escola,

em vez de odiá-la ou temê-la.

Tivemos um sucesso educacional incrível,

e quando começamos a trabalhar
com um garoto, ele estava sofrendo,

e tinha um medo mortal de cachorros.

Ele teve ganhos impressionantes.

E a mãe dele, no final do ano,
quando foi nos agradecer,

disse que entrou na escola um dia,

e viu por trás um garotinho
acariciando Jack.

E no fundo de seu coração ela pensou:

"Eu gostaria que fosse meu filho".

E era o filho dela.

E ele conseguiu
seu próprio cão de terapia.

Essa reforma educacional funciona,
e ela pode pode acontecer na sua escola.

O distrito onde trabalho tem feito
isso com sucesso por três anos.

Em 16 de fevereiro último, foi
o 11.º aniversário da morte do meu filho.

Antes de Eric nos deixar,

tínhamos conversado
sobre lhe arranjar um cão de serviço,

para ajudar ainda mais
sua mobilidade e independência.

Esse sonho foi cortado muito cedo.

Mas sei que Eric está orgulhoso

de que Jack e eu estejamos
patrulhando os corredores da escola,

ajudando outras crianças a irem bem.

Meu filho teria amado
ter um cachorro da escola,

e ele teria amado Jack.

Ei, acredito que ele o enviou para mim.

Semana que vem, quando o brilho
deste grande evento se acalmar,

e os caramelos salgados
e os Pringles forem todos comidos,

vamos voltar para as trincheiras
e fazer o nosso melhor

para apoiar educadores e funcionários
no seu trabalho com as crianças.

Espero que se juntem a nós,

de preferência com um cão de terapia.

E Jack diz: "Por favor, adote".

Não sejam descrentes com a educação;

sejam um agente de mudança.

O trabalho da reforma educacional positiva
pertence a todos nós,

incluindo um cão peludo
de terapia certificado

que é também meu adorável
amigo australiano Jack.

Juntos, estamos mudando vidas e educação,
e vocês também podem.

Não é legal?

Vamos lá, amigão. Venha.

E Jack só quer dizer a vocês...

Ele vai subir ao palco também.

Venha aqui, Jack.

(Risos)

Aqui em cima.

(Risos)

Venha cá. Isso. Sentado.

Como dizemos em educação,

obrigada pela atenção aqui hoje.

Jack os aplaude de pé.

(Vivas) (Aplausos)

Obrigada. Vamos, amigão.