Nós somos todos designers.
-
0:01 - 0:05Eu não sou um designer.
Não, de jeito nenhum. -
0:05 - 0:07Meu pai era,
-
0:07 - 0:09o que é um jeito interessante de crescer.
-
0:09 - 0:13Tive de descobrir
o que é que meu pai fazia -
0:14 - 0:16e por que aquilo era importante.
-
0:16 - 0:19Quando éramos pequenos, papai
costumava falar muito sobre o mau design: -
0:19 - 0:23"O mau design é quando as pessoas
não pensam, John", ele dizia -
0:23 - 0:26quando uma criança se machucava
num cortador de grama -
0:26 - 0:29ou quando a fita da máquina
de escrever enrolava toda, -
0:29 - 0:32ou as hélices da batedeira
de bolo ficavam atoladas. -
0:33 - 0:37"Mau design, isso não tem desculpa".
-
0:37 - 0:39É deixar a coisa acontecer
sem raciocinar sobre ela. -
0:39 - 0:43Todo objeto deveria ser sobre algo, John.
-
0:43 - 0:44Deveria imaginar um usuário
-
0:44 - 0:49e colocar esse usuário numa história
em que ele e o objeto fossem as estrelas. -
0:49 - 0:55"O bom design", meu pai dizia,
"tem a ver com imprimir uma intenção". -
0:56 - 0:57É o que costumava dizer.
-
0:57 - 1:01Papai ajudou a projetar os painéis
de controle do computador IBM 360. -
1:01 - 1:05Foi uma coisa importante. Ele trabalhou
para a Kodak por um bom tempo. -
1:05 - 1:09Projetou cadeiras, mesas e outros
equipamentos de escritório para Steelcase. -
1:09 - 1:11Isso foi importante.
-
1:11 - 1:13Eu sabia que o design
era importante lá em casa, -
1:13 - 1:15afinal era o que colocava
comida na nossa mesa. -
1:15 - 1:18E o design estava em tudo
o que o meu pai fazia. -
1:18 - 1:21Quando éramos garotos, ele tinha
uma banda de jazz Dixieland, -
1:21 - 1:24e costumava fazer um cover
das músicas do Louis Armstrong. -
1:24 - 1:26E de vez em quando eu perguntava a ele:
-
1:26 - 1:28"Pai, você quer que fique
parecido com o disco?" -
1:28 - 1:31Tínhamos discos antigos
de jazz espalhados pela casa. -
1:31 - 1:33E ele dizia: "Não, nunca, John, nunca.
-
1:33 - 1:35A música é apenas algo dado,
e é assim que você tem de considerá-la. -
1:35 - 1:38Você tem de torná-la sua.
Você tem de projetá-la. -
1:38 - 1:42Mostre a todo mundo o que você
pretende", é o que ele dizia. -
1:42 - 1:47"Fazer isso, agir movido pelo design,
é o que nós todos deveríamos fazer. -
1:47 - 1:49Foi pra isso que nós nascemos."
-
1:49 - 1:52Todos nós? Designers?
-
1:53 - 1:57Ah, pai, ah, pai.
-
1:57 - 1:59A canção é apenas algo dado.
-
1:59 - 2:01O que importa é como você a recria.
-
2:01 - 2:04Bem, vamos deixar
essa ideia de lado um pouco. -
2:04 - 2:06É tipo esta cadeira de rodas
em que estou, tá bem? -
2:06 - 2:09A música original? É um pouco assustadora.
-
2:09 - 2:11"Puxa, o que aconteceu com esse cara?
-
2:11 - 2:14Ele não pode andar. Alguém sabe
o que aconteceu com ele? -
2:14 - 2:16Alguém sabe?"
-
2:16 - 2:21Não gosto muito de falar disso,
mas hoje eu vou lhes contar essa história. -
2:21 - 2:25Tudo bem, esta semana,
há exatamente 36 anos, -
2:25 - 2:27eu estava num automóvel mal projetado
-
2:27 - 2:31que bateu numa mureta
de proteção mal projetada, -
2:31 - 2:34numa estrada mal projetada na Pensilvânia,
-
2:34 - 2:38e despencou de um ribanceira de 60 metros
-
2:38 - 2:42e matou duas pessoas no carro.
-
2:42 - 2:45Mas, desde então, a cadeira de rodas
tem sido um dado na minha vida. -
2:45 - 2:51Minha vida à mercê de um bom design
e de um mau design. -
2:51 - 2:52Pensem nisso.
-
2:52 - 2:56Em termos de design, uma cadeira de rodas
é um objeto muito difícil. -
2:56 - 3:00Antes de tudo, ela projeta
tragédia, medo e infortúnio, -
3:00 - 3:02e projeta aquela mensagem,
aquela história, tão forte -
3:02 - 3:05que quase mancha todo o resto.
-
3:05 - 3:08Eu deslizo rapidamente
por um aeroporto, certo? -
3:08 - 3:12E as mães tiram os filhos do meio
do caminho dizendo: "Não encarem". -
3:12 - 3:16A pobre criança com aquele olhar de pavor
no rosto, e só Deus sabe o que pensam. -
3:16 - 3:18E, por décadas, eu penso:
-
3:18 - 3:23"Por que isso acontece? O que posso fazer
sobre isso? Tem de haver algo". -
3:23 - 3:28Então deslizo, evito fazer contato visual,
com a cara meio que fechada, certo? -
3:28 - 3:33Ou eu me visto realmente
muito bem, ou algo assim. -
3:33 - 3:36Ou eu faço contato visual com todo mundo.
-
3:36 - 3:38Isso realmente causa arrepios.
Não funciona de jeito nenhum. -
3:38 - 3:40(Risos)
-
3:40 - 3:44Já tentei de tudo. Já deixei de tomar
banho por uma semana. Nada funcionou. -
3:44 - 3:49Nada funcionou até que, há alguns anos,
minhas filhas de seis anos -
3:49 - 3:52folheando o catálogo da minha cadeira
de rodas e disseram assim: -
3:52 - 3:57"Ei, pai! Pai! Olha, você tem que ter uma dessas,
essas rodas cintilantes - você tem de ter!" -
3:57 - 4:01E eu respondi, "Ah, filhas, o papai é um jornalista muito importante
-
4:01 - 4:04e isso não vai dar certo de jeito nenhum."
-
4:04 - 4:06E, é claro, elas imediatamente concluíram:
-
4:06 - 4:11"Que chato, pai. Jornalistas não podem usar rodas cintilantes.
-
4:11 - 4:15Quer dizer, o quão importante você pode ser?" elas perguntaram.
-
4:15 - 4:20Eu disse: "Espera aí, tá bem, tá bem - eu vou comprar as rodas." Puramente como forma de protesto,
-
4:20 - 4:25eu comprei as rodas
cintilantes, e as instalei e... -
4:25 - 4:29olhem só isso. Dá pra fazer uma iluminação
especial aqui para mim, por favor? -
4:29 - 4:30(Risos)
-
4:30 - 4:33Olhem só pra isso!
-
4:33 - 4:36Agora ... olhem, olhem só isso. Olha só!
-
4:36 - 4:39Então, isso que vocês estão vendo aqui
-
4:39 - 4:42mudou completamente a minha vida,
-
4:42 - 4:45quero dizer, mudou totalmente a minha vida.
-
4:45 - 4:48Em vez de olhares perplexos e de constrangimento,
-
4:48 - 4:51agora é só gente apontando e sorrindo!
-
4:51 - 4:56Pessoas dizendo: "Que rodas incríveis, cara! Elas são impressionantes!
-
4:56 - 4:58Quero dizer, eu quero uma dessas também!" As crianças pequenas me perguntam:
-
4:58 - 5:00"Posso dar uma volta?"
-
5:00 - 5:02(Risos)
-
5:02 - 5:05E é claro que há ocasionalmente essa pessoa -
-
5:05 - 5:06normalmente um homem
de meia-idade - que diz: -
5:06 - 5:08"Ah, essas rodas são ótimas!
-
5:08 - 5:10Imagino que sejam para melhorar
a segurança, não é mesmo?" -
5:10 - 5:13(Risos)
-
5:13 - 5:19Não! Elas não são
para melhorar a segurança. -
5:19 - 5:21Nanannannan não.
-
5:21 - 5:22Qual é a diferença aqui entre
-
5:22 - 5:24a cadeira de rodas sem luzinhas
-
5:24 - 5:26e a cadeira de rodas com luzinhas?
-
5:26 - 5:30A diferença é a intenção.
-
5:30 - 5:33Isso mesmo, isso mesmo - eu não sou mais uma vítima.
-
5:33 - 5:39Eu escolhi mudar a situação - eu sou o Comandante da Nave Espacial Cadeira de Rodas com rodas Phaser na frente. Certo?
-
5:39 - 5:44A intenção muda o quadro completamente.
-
5:44 - 5:45Eu escolho aperfeiçoar
-
5:45 - 5:47essa experiência de rodar
-
5:47 - 5:51com um simples elemento de design.
-
5:51 - 5:53Agir com intenção.
-
5:53 - 5:56Ele transmite a ideia de autoria.
-
5:56 - 5:59Ele sugere que alguém está dirigindo.
-
5:59 - 6:02É reconfortante. Chama a atenção
das pessoas para ele. -
6:02 - 6:05É alguém se apossando dessa experiência.
-
6:05 - 6:07Recriando a música trágica
-
6:07 - 6:10com algo diferente,
-
6:10 - 6:13algo radicalmente diferente.
-
6:13 - 6:15As pessoas respondem a isso.
-
6:15 - 6:18Agora parece simples,
mas, na verdade, eu acho que -
6:18 - 6:21na nossa sociedade
e na nossa cultura em geral -
6:21 - 6:23nós temos um problema
enorme com a intenção. -
6:23 - 6:26Agora acompanhem meu raciocínio.
Olhem para este cara. Sabem quem é ele? -
6:26 - 6:30É Anders Breivik. Bem, se ele tinha
a intenção de matar -
6:30 - 6:32em Oslo, na Noruega, no ano passado,
-
6:32 - 6:34dezenas e dezenas de jovens -
-
6:34 - 6:36se ele tinha a intenção de fazer isso,
-
6:36 - 6:38ele é um criminoso perverso. Nós o punimos por isso.
-
6:38 - 6:42O resto da vida na prisão. Pena de morte nos Estados Unidos. Não vão chegar a tanto na Noruega.
-
6:42 - 6:46Mas se, em vez disso, ele agiu movido
por uma fantasia delirante, -
6:46 - 6:51se foi motivado por algum surto
de alguma doença mental, -
6:51 - 6:53ele se encaixa numa categoria
completamente diferente. -
6:53 - 6:55Nós podemos prendê-lo
pelo resto da vida, mas -
6:55 - 6:57nós vamos observá-lo clinicamente.
-
6:57 - 7:01É um domínio completamente diferente.
-
7:01 - 7:03Como um assassino deliberado,
-
7:03 - 7:06Anders Breivik é simplesmente o mal.
-
7:06 - 7:08Mas, como um disfuncional,
-
7:08 - 7:11como um assassino-psicótico disfuncional,
-
7:11 - 7:13ele é algo muito mais complicado.
-
7:13 - 7:14Ele é o sopro de algum
-
7:14 - 7:18caos antigo, primitivo.
-
7:18 - 7:20Ele é o estado aleatório da natureza
-
7:20 - 7:21do qual emergimos.
-
7:21 - 7:24Ele é algo muito, muito diferente.
-
7:24 - 7:27É como se a intenção fosse um componente
essencial para a humanidade. -
7:27 - 7:30É o que temos de fazer de alguma forma.
-
7:30 - 7:32Temos de agir com intenção.
-
7:32 - 7:35Temos de fazer as coisas
guiados pelo design. -
7:35 - 7:40Intenção é um marco para a civilização.
-
7:40 - 7:42Aqui está uma exemplo
um pouco mais próximo de mim. -
7:42 - 7:45Minha família tem tudo a ver com intenção.
-
7:45 - 7:48Provavelmente vocês podem ver
nessa foto dois pares de gêmeos, -
7:48 - 7:52o resultado da tecnologia FIV,
tecnologia da fertilização "in vitro", -
7:52 - 7:55usada devido a certas limitações físicas
nas quais não vou entrar. -
7:55 - 7:58De qualquer forma,
a tecnologia "in vitro", FIV, -
7:58 - 8:01é quase tão intencional
quanto a agricultura. -
8:01 - 8:03Deixa eu lhes contar então, talvez alguns de vocês
tenham tido essa experiência. -
8:03 - 8:06Na verdade, toda a tecnologia
de extração de sêmen -
8:06 - 8:10em homens com lesão na espinha dorsal
foi inventada por um veterinário. -
8:10 - 8:13Eu conheci o cara.
Ele é um grande sujeito. -
8:13 - 8:18Ele costumava carregar uma bolsa grande de couro
cheia de sondas para coleta de sêmen -
8:18 - 8:20para todos os tipos de animais
com os quais ele trabalhava, -
8:20 - 8:21os mais diferentes animais.
-
8:21 - 8:24As sondas que ele projetou,
-
8:24 - 8:27e, de fato, ele tinha muito orgulho
mesmo dessas sondas. -
8:27 - 8:30Ele dizia: "Você se encaixa
entre os cavalos e os esquilos, John." -
8:30 - 8:34(Risos)
-
8:34 - 8:39De qualquer forma,
quando minha esposa e eu decidimos -
8:39 - 8:42melhorar a qualidade da nossa meia-idade,
afinal, a gente já tinha quatro filhas, -
8:42 - 8:44com uma tecnologia um pouquinho diferente
-
8:44 - 8:47- em cujos detalhes
eu não pretendo entrar aqui - -
8:47 - 8:51meu urologista nos assegurou
que eu não tinha com o que me preocupar. -
8:51 - 8:54"Doutor, o senhor tem certeza de que
não precisamos usar nenhum método anticoncepcional? -
8:54 - 8:58"John, John, eu vi a sua ficha.
-
8:58 - 9:00Com base em seus espermogramas, podemos
-
9:00 - 9:02afirmar com toda certeza que
-
9:02 - 9:04você é basicamente uma forma
de controle de natalidade." -
9:04 - 9:08Bem!
-
9:08 - 9:11(Risos)
-
9:11 - 9:15Que ideia mais libertadora! Beleza!
-
9:15 - 9:18E após umas duas semanas
de fins de semana muito libertadores, -
9:18 - 9:19minha esposa e eu,
-
9:19 - 9:23usando um tipo
de tecnologia erétil de ponta, -
9:23 - 9:26que certamente vale ser assunto
de uma palestra do TED algum dia, -
9:26 - 9:28mas sobre a qual não vou falar agora,
-
9:28 - 9:32notamos alguns sintomas que,
apesar de inesperados, eram bem familiares. -
9:32 - 9:36Eu não era exatamente
uma forma de controle de natalidade. -
9:36 - 9:40Deem só uma olhada naquelas letras ali.
Minha esposa ficou tão brava. -
9:40 - 9:41Quero dizer, algum design criou aquilo?
-
9:41 - 9:44Não, eu não acho que nenhum designer
teria uma ideia dessas. -
9:44 - 9:46De fato, talvez esse seja o problema.
-
9:46 - 9:48E então, o pequeno Ajax nasceu.
-
9:48 - 9:51Ele é como os nossos outros filhos,
-
9:51 - 9:52mas a experiência
é completamente diferente. -
9:52 - 9:57É algo como o meu acidente, não é mesmo?
-
9:57 - 9:58Ele veio do nada.
-
9:58 - 10:00Mas todos nós tivemos de mudar,
-
10:00 - 10:02e não apenas reagir ao que nos foi dado.
-
10:02 - 10:07Nós nos curvamos a essa nova
experiência com intenção. -
10:07 - 10:11Nós somos cinco agora. Cinco.
-
10:11 - 10:15Encarando o dado com intenção.
Fazendo coisas guiados pelo design. -
10:15 - 10:19Ei, o nome Ajax - mais intencional
impossível, não é mesmo? -
10:19 - 10:23Nós realmente esperamos
que um dia ele nos agradeça por isso. -
10:23 - 10:25(Risos)
-
10:25 - 10:29Mas eu nunca me tornei um designer.
Nan nan nan não. Nunca tentei. -
10:29 - 10:34Quando garoto, eu costumava adorar
alguns designs excelentes: -
10:34 - 10:38a calculadora HP 35S - Nossa, eu adorava aquilo.
Meu Deus, eu queria ter tido uma. -
10:38 - 10:41Cara, eu adoro aquela coisa.
-
10:41 - 10:43Eu poderia ter comprado uma.
-
10:43 - 10:47Outros designs eu realmente nunca pude adquirir,
como o Porsche Targa 911, de 1974. -
10:47 - 10:51Na escola, nunca estudei nada
nem perto de design ou engenharia. -
10:51 - 10:53Eu estudei coisas inúteis,
como os clássicos, -
10:53 - 10:55mas tirei algumas lições, mesmo daí -
-
10:55 - 10:58esse cara, Platão, acontece
de ele ser um designer. -
10:58 - 11:02Ele projetou um país em "A República",
-
11:02 - 11:03um projeto nunca implementado.
-
11:03 - 11:05Ouçam uma das características do projeto
-
11:05 - 11:08do Governo de Platão 4.0:
-
11:08 - 11:12"A cidade onde os que devem mandar
são os menos apressados na busca do poder -
11:12 - 11:15é sempre a mais bem
e sobriamente governada, -
11:15 - 11:19e a cidade na qual eles estão
mais ansiosos para governar, os piores". -
11:19 - 11:22Bom, parece que entendemos
tudo errado, não é mesmo? -
11:22 - 11:27Mas olhem esta afirmação. Ela é sobre
intenção. E é isso que eu adoro nela. -
11:27 - 11:30Mas pensem no que Platão
está fazendo aqui. O que é? -
11:30 - 11:34É uma grande ideia de design,
uma enorme ideia de design, -
11:34 - 11:37comum a todas as vozes da religião e da filosofia
-
11:37 - 11:40que emergiu no período clássico.
-
11:40 - 11:41O que estava acontecendo naquele período?
-
11:41 - 11:43Eles estavam tentando responder
à seguinte pergunta: -
11:43 - 11:48o que os seres humanos fariam agora
que eles não estavam mais tentando apenas sobreviver? -
11:48 - 11:53Quando a raça humana emergiu
de um caos pré-histórico, -
11:53 - 11:57um confronto com a natureza
caótica e brutal, -
11:57 - 12:01eles de repente tiveram um momento para pensar,
e havia muito sobre o que pensar. -
12:01 - 12:05De repente, a existência humana
precisava de uma intenção. -
12:05 - 12:07A vida humana precisava de uma razão.
-
12:07 - 12:10A realidade precisava de um designer.
-
12:10 - 12:13O que estava dado foi substituído
-
12:13 - 12:15por vários aspectos da intenção,
-
12:15 - 12:18por vários projetos,
-
12:18 - 12:20por vários deuses.
-
12:20 - 12:24Deuses por causa dos quais nós
ainda estamos brigando. É verdade. -
12:24 - 12:27Hoje nós não confrontamos
o caos da natureza. -
12:27 - 12:33Hoje é o caos do impacto da humanidade
na Terra que nós confrontamos. -
12:33 - 12:37Eu acho que essa jovem
disciplina chamada design -
12:37 - 12:40é de fato o ethos emergente
-
12:40 - 12:43formulando e depois respondendo
a uma questão muito nova: -
12:43 - 12:44o que devemos fazer agora
-
12:44 - 12:48em face do caos que nós criamos?
-
12:48 - 12:50O que devemos fazer?
-
12:50 - 12:52Como podemos imprimir intenção
-
12:52 - 12:55em todos os objetos que criamos,
-
12:55 - 12:57em todas as circunstâncias que criamos,
-
12:57 - 12:59em todos os lugares que mudamos?
-
12:59 - 13:03As consequências de um planeta
com 7 bilhões de pessoas e só aumentando. -
13:03 - 13:08Esta é a canção que todos nós
estamos recriando hoje, todos nós. -
13:08 - 13:10E não podemos simplesmente
imitar o passado. Não. -
13:10 - 13:13Não vai funcionar.
-
13:13 - 13:15Não vai funcionar de jeito nenhum.
-
13:15 - 13:18Eis aqui meu momento design favorito:
-
13:18 - 13:21na cidade de Kinshasa,
no Zaire, nos anos 1990, -
13:21 - 13:24eu estava trabalhando
para a ABC News, numa reportagem -
13:24 - 13:28sobre a queda de Mobutu Sese Seko,
o ditador brutal do Zaire, -
13:28 - 13:30que estuprou e pilhou aquele país.
-
13:30 - 13:32Havia uma rebelião no meio de Kinshasa.
-
13:32 - 13:36O lugar estava desmoronando.
Era um lugar horrível, horrível, -
13:36 - 13:40e eu precisava ir lá e explorar
o centro de Kinshasa -
13:40 - 13:42para fazer uma reportagem
sobre o motim e o saque. -
13:42 - 13:46As pessoas estavam saqueando veículos,
carregando pedaços de prédios. -
13:46 - 13:50Os soldados estavam nas ruas atirando
nos saqueadores e fazendo prisões em massa. -
13:50 - 13:54No meio desse caos, lá estou eu
numa cadeira de rodas, -
13:54 - 13:58completamente invisível. Completamente.
-
13:58 - 14:00Eu estava numa cadeira de rodas;
eu não parecia um saqueador. -
14:00 - 14:06Eu estava numa cadeira de rodas; não parecia um jornalista
em particular, pelo menos do ponto de vista deles. -
14:06 - 14:09E eu não parecia um soldado,
isso com certeza. -
14:09 - 14:15Eu era parte desse tipo de barulho
de fundo da miséria do Zaire, completamente invisível. -
14:15 - 14:20E, de repente, de uma esquina, surge
esse jovem, paralítico, exatamente como eu, -
14:20 - 14:24nesse triciclo-cadeira de rodas
-
14:24 - 14:29de metal e madeira e de pedal de couro
-
14:29 - 14:31e vem pedalando até mim
o mais rápido que pode. -
14:31 - 14:33Ele diz: "Ei, moço! Moço!"
-
14:33 - 14:35E eu olhei pra ele,
-
14:35 - 14:39ele não sabia mais nada em inglês além daquilo,
mas nós não precisamos de inglês, nan nan nan nan não. -
14:39 - 14:45Nós nos sentamos lá e comparamos
as rodas e os pneus e raios e tubos. -
14:45 - 14:48E eu olhei para a sua maquineta
de pedal maluca; -
14:48 - 14:51e ele cheio de orgulho de seu design.
-
14:51 - 14:53Eu queria poder mostrar
a vocês aquela engenhoca. -
14:53 - 14:55Seu sorriso, nosso brilho
-
14:55 - 14:58enquanto nós conversávamos
em uma língua universal -
14:58 - 15:01do design,
-
15:01 - 15:04invisíveis ao caos ao nosso redor.
-
15:04 - 15:08Sua máquina: feita em casa,
aparafusada, enferrujada, cômica. -
15:08 - 15:11Minha máquina: feita
nos Estados Unidos, robusta, lustrosa. -
15:11 - 15:15Ele estava particularmente orgulhoso
do assento confortável -
15:15 - 15:17que ele tinha feito em sua biga.
-
15:17 - 15:21e sua linda franja de pano
ao redor da borda. -
15:21 - 15:25Ah, eu queria ter aquelas rodas faiscantes
à época para ter mostrado a ele, cara! -
15:25 - 15:28Ele teria adorado
aquelas rodas, sem dúvida. -
15:28 - 15:30Ele teria entendido aquelas rodas;
-
15:30 - 15:33uma biga de pura intenção - pensem nisso -
-
15:33 - 15:36numa cidade fora de controle.
-
15:36 - 15:39O design fez tudo desaparecer
por um momento. -
15:39 - 15:43Conversamos por alguns poucos minutos
e então cada um de nós sumiu de volta dentro do caos. -
15:43 - 15:45Ele voltou para as ruas de Kinshasa;
-
15:45 - 15:51eu voltei para o meu hotel.
E eu penso nele agora, agora ... -
15:51 - 15:54E eu coloco esta questão.
-
15:54 - 15:58Um objeto imbuído de intenção -
-
15:58 - 16:00ele tem poder,
-
16:00 - 16:03é um tesouro, nós somos atraídos para ele.
-
16:03 - 16:06Um objeto vazio de intenção -
-
16:06 - 16:08é aleatório, é imitação,
-
16:08 - 16:12ele nos repele. É como um folheto
de propaganda para ser jogado fora. -
16:12 - 16:17Isso é o que nós temos que exigir das nossas vidas,
-
16:17 - 16:20de nossos objetos, de nossas coisas, de nossas circunstâncias:
-
16:20 - 16:24viver com intenção.
-
16:24 - 16:26E eu tenho de dizer
-
16:26 - 16:31que, nesse aspecto, eu tenho uma vantagem bastante injusta sobre todos vocês.
-
16:31 - 16:36E eu quero explicar isso a vocês agora porque este é um dia muito especial.
-
16:36 - 16:41Trinta e seis anos atrás quase nessa mesma hora,
-
16:41 - 16:46um rapaz de 19 anos acordou de um coma
-
16:46 - 16:47para fazer uma pergunta à enfermeira
-
16:47 - 16:50mas a enfermeira já estava lá com a resposta.
-
16:50 - 16:54"Você sofreu um terrível acidente, moço.Você quebrou a coluna.
-
16:54 - 16:55Você nunca mais vai andar de novo."
-
16:55 - 17:01Eu disse: "Eu sei disso tudo - que dia é hoje?"
-
17:01 - 17:08Vejam só, eu sabia que o carro tinha voado sobre a grade de segurança em 28 de fevereiro,
-
17:08 - 17:11e eu sabia que 1976 era uma ano bissexto.
-
17:11 - 17:16"Enfermeira, hoje é dia 28 ou 29?"
-
17:16 - 17:18E ela olhou para mim e disse:
-
17:18 - 17:21"É 1º de março."
-
17:21 - 17:23E eu disse: "Ah, meu Deus,
-
17:23 - 17:26Eu tenho uma recuperação pela frente!"
-
17:26 - 17:28E daquele momento em diante, eu soube
-
17:28 - 17:32que o dado foi aquele acidente.
-
17:32 - 17:35Eu não tive escolha, a não ser criar
-
17:35 - 17:38esta nova vida sem andar.
-
17:38 - 17:42Intenção - uma vida com intenção -
-
17:42 - 17:44vivida sob a égide do design,
-
17:44 - 17:46recriando o original
-
17:46 - 17:47com algo melhor.
-
17:47 - 17:52É algo para nós todos fazermos ou encontrarmos
uma maneira de fazer nesses tempos. -
17:52 - 17:56Para voltar a isso,
-
17:56 - 17:58para voltar ao design,
-
17:58 - 18:01e como o meu pai sugeriu
há muito tempo atrás, -
18:01 - 18:04"Faça sua própria canção, John.
-
18:04 - 18:10Mostre a todos o que você quer."
-
18:23 - 18:26Papai,
-
18:26 - 18:28esta é para você.
-
18:28 - 18:32(Música)
-
18:32 - 18:37Jo Jo era um homem
que se achava um solitário, ♫ -
18:37 - 18:39♫ mas ele era um outro homem. ♫
-
18:39 - 18:45♫ Jo Jo deixou sua casa em Tucson, no Arizona,
para ir à uma festa na California. ♫ -
18:45 - 18:48♫ Volte, volte, ♫
-
18:48 - 18:51♫ volte para o lugar de onde você veio ♫
-
18:51 - 18:54♫ Volte, volte, ♫
-
18:54 - 19:04♫ volte para o lugar de onde você veio ♫
-
19:04 - 19:13(Aplausos)
- Title:
- Nós somos todos designers.
- Speaker:
- John Hockenberry
- Description:
-
O jornalista John Hockenberry conta um história pessoal inspirada em um par de rodas cintilantes encontradas num catálogo de peças de cadeira de rodas - e como elas mostraram a ele o valor de imprimir intenção à vida. (Da sessão "The Design Studio" no TED2012, com a curadoria dos convidados Chee Pearlman e David Rockwell.)
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 21:57
Raissa Mendes edited Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers | ||
Dimitra Papageorgiou approved Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers | ||
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Dimitra Papageorgiou edited Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers | ||
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Flávia Pires accepted Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers | ||
Flávia Pires edited Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers |