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Nós somos todos designers.

  • 0:01 - 0:05
    Eu não sou um designer.
    Não, de jeito nenhum.
  • 0:05 - 0:07
    Meu pai era,
  • 0:07 - 0:09
    o que é um jeito interessante de crescer.
  • 0:09 - 0:13
    Tive de descobrir
    o que é que meu pai fazia
  • 0:14 - 0:16
    e por que aquilo era importante.
  • 0:16 - 0:19
    Quando éramos pequenos, papai
    costumava falar muito sobre o mau design:
  • 0:19 - 0:23
    "O mau design é quando as pessoas
    não pensam, John", ele dizia
  • 0:23 - 0:26
    quando uma criança se machucava
    num cortador de grama
  • 0:26 - 0:29
    ou quando a fita da máquina
    de escrever enrolava toda,
  • 0:29 - 0:32
    ou as hélices da batedeira
    de bolo ficavam atoladas.
  • 0:33 - 0:37
    "Mau design, isso não tem desculpa".
  • 0:37 - 0:39
    É deixar a coisa acontecer
    sem raciocinar sobre ela.
  • 0:39 - 0:43
    Todo objeto deveria ser sobre algo, John.
  • 0:43 - 0:44
    Deveria imaginar um usuário
  • 0:44 - 0:49
    e colocar esse usuário numa história
    em que ele e o objeto fossem as estrelas.
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    "O bom design", meu pai dizia,
    "tem a ver com imprimir uma intenção".
  • 0:56 - 0:57
    É o que costumava dizer.
  • 0:57 - 1:01
    Papai ajudou a projetar os painéis
    de controle do computador IBM 360.
  • 1:01 - 1:05
    Foi uma coisa importante. Ele trabalhou
    para a Kodak por um bom tempo.
  • 1:05 - 1:09
    Projetou cadeiras, mesas e outros
    equipamentos de escritório para Steelcase.
  • 1:09 - 1:11
    Isso foi importante.
  • 1:11 - 1:13
    Eu sabia que o design
    era importante lá em casa,
  • 1:13 - 1:15
    afinal era o que colocava
    comida na nossa mesa.
  • 1:15 - 1:18
    E o design estava em tudo
    o que o meu pai fazia.
  • 1:18 - 1:21
    Quando éramos garotos, ele tinha
    uma banda de jazz Dixieland,
  • 1:21 - 1:24
    e costumava fazer um cover
    das músicas do Louis Armstrong.
  • 1:24 - 1:26
    E de vez em quando eu perguntava a ele:
  • 1:26 - 1:28
    "Pai, você quer que fique
    parecido com o disco?"
  • 1:28 - 1:31
    Tínhamos discos antigos
    de jazz espalhados pela casa.
  • 1:31 - 1:33
    E ele dizia: "Não, nunca, John, nunca.
  • 1:33 - 1:35
    A música é apenas algo dado,
    e é assim que você tem de considerá-la.
  • 1:35 - 1:38
    Você tem de torná-la sua.
    Você tem de projetá-la.
  • 1:38 - 1:42
    Mostre a todo mundo o que você
    pretende", é o que ele dizia.
  • 1:42 - 1:47
    "Fazer isso, agir movido pelo design,
    é o que nós todos deveríamos fazer.
  • 1:47 - 1:49
    Foi pra isso que nós nascemos."
  • 1:49 - 1:52
    Todos nós? Designers?
  • 1:53 - 1:57
    Ah, pai, ah, pai.
  • 1:57 - 1:59
    A canção é apenas algo dado.
  • 1:59 - 2:01
    O que importa é como você a recria.
  • 2:01 - 2:04
    Bem, vamos deixar
    essa ideia de lado um pouco.
  • 2:04 - 2:06
    É tipo esta cadeira de rodas
    em que estou, tá bem?
  • 2:06 - 2:09
    A música original? É um pouco assustadora.
  • 2:09 - 2:11
    "Puxa, o que aconteceu com esse cara?
  • 2:11 - 2:14
    Ele não pode andar. Alguém sabe
    o que aconteceu com ele?
  • 2:14 - 2:16
    Alguém sabe?"
  • 2:16 - 2:21
    Não gosto muito de falar disso,
    mas hoje eu vou lhes contar essa história.
  • 2:21 - 2:25
    Tudo bem, esta semana,
    há exatamente 36 anos,
  • 2:25 - 2:27
    eu estava num automóvel mal projetado
  • 2:27 - 2:31
    que bateu numa mureta
    de proteção mal projetada,
  • 2:31 - 2:34
    numa estrada mal projetada na Pensilvânia,
  • 2:34 - 2:38
    e despencou de um ribanceira de 60 metros
  • 2:38 - 2:42
    e matou duas pessoas no carro.
  • 2:42 - 2:45
    Mas, desde então, a cadeira de rodas
    tem sido um dado na minha vida.
  • 2:45 - 2:51
    Minha vida à mercê de um bom design
    e de um mau design.
  • 2:51 - 2:52
    Pensem nisso.
  • 2:52 - 2:56
    Em termos de design, uma cadeira de rodas
    é um objeto muito difícil.
  • 2:56 - 3:00
    Antes de tudo, ela projeta
    tragédia, medo e infortúnio,
  • 3:00 - 3:02
    e projeta aquela mensagem,
    aquela história, tão forte
  • 3:02 - 3:05
    que quase mancha todo o resto.
  • 3:05 - 3:08
    Eu deslizo rapidamente
    por um aeroporto, certo?
  • 3:08 - 3:12
    E as mães tiram os filhos do meio
    do caminho dizendo: "Não encarem".
  • 3:12 - 3:16
    A pobre criança com aquele olhar de pavor
    no rosto, e só Deus sabe o que pensam.
  • 3:16 - 3:18
    E, por décadas, eu penso:
  • 3:18 - 3:23
    "Por que isso acontece? O que posso fazer
    sobre isso? Tem de haver algo".
  • 3:23 - 3:28
    Então deslizo, evito fazer contato visual,
    com a cara meio que fechada, certo?
  • 3:28 - 3:33
    Ou eu me visto realmente
    muito bem, ou algo assim.
  • 3:33 - 3:36
    Ou eu faço contato visual com todo mundo.
  • 3:36 - 3:38
    Isso realmente causa arrepios.
    Não funciona de jeito nenhum.
  • 3:38 - 3:40
    (Risos)
  • 3:40 - 3:44
    Já tentei de tudo. Já deixei de tomar
    banho por uma semana. Nada funcionou.
  • 3:44 - 3:49
    Nada funcionou até que, há alguns anos,
    minhas filhas de seis anos
  • 3:49 - 3:52
    folheando o catálogo da minha cadeira
    de rodas e disseram assim:
  • 3:52 - 3:57
    "Ei, pai! Pai! Olha, você tem que ter uma dessas,
    essas rodas cintilantes - você tem de ter!"
  • 3:57 - 4:01
    E eu respondi, "Ah, filhas, o papai é um jornalista muito importante
  • 4:01 - 4:04
    e isso não vai dar certo de jeito nenhum."
  • 4:04 - 4:06
    E, é claro, elas imediatamente concluíram:
  • 4:06 - 4:11
    "Que chato, pai. Jornalistas não podem usar rodas cintilantes.
  • 4:11 - 4:15
    Quer dizer, o quão importante você pode ser?" elas perguntaram.
  • 4:15 - 4:20
    Eu disse: "Espera aí, tá bem, tá bem - eu vou comprar as rodas." Puramente como forma de protesto,
  • 4:20 - 4:25
    eu comprei as rodas
    cintilantes, e as instalei e...
  • 4:25 - 4:29
    olhem só isso. Dá pra fazer uma iluminação
    especial aqui para mim, por favor?
  • 4:29 - 4:30
    (Risos)
  • 4:30 - 4:33
    Olhem só pra isso!
  • 4:33 - 4:36
    Agora ... olhem, olhem só isso. Olha só!
  • 4:36 - 4:39
    Então, isso que vocês estão vendo aqui
  • 4:39 - 4:42
    mudou completamente a minha vida,
  • 4:42 - 4:45
    quero dizer, mudou totalmente a minha vida.
  • 4:45 - 4:48
    Em vez de olhares perplexos e de constrangimento,
  • 4:48 - 4:51
    agora é só gente apontando e sorrindo!
  • 4:51 - 4:56
    Pessoas dizendo: "Que rodas incríveis, cara! Elas são impressionantes!
  • 4:56 - 4:58
    Quero dizer, eu quero uma dessas também!" As crianças pequenas me perguntam:
  • 4:58 - 5:00
    "Posso dar uma volta?"
  • 5:00 - 5:02
    (Risos)
  • 5:02 - 5:05
    E é claro que há ocasionalmente essa pessoa -
  • 5:05 - 5:06
    normalmente um homem
    de meia-idade - que diz:
  • 5:06 - 5:08
    "Ah, essas rodas são ótimas!
  • 5:08 - 5:10
    Imagino que sejam para melhorar
    a segurança, não é mesmo?"
  • 5:10 - 5:13
    (Risos)
  • 5:13 - 5:19
    Não! Elas não são
    para melhorar a segurança.
  • 5:19 - 5:21
    Nanannannan não.
  • 5:21 - 5:22
    Qual é a diferença aqui entre
  • 5:22 - 5:24
    a cadeira de rodas sem luzinhas
  • 5:24 - 5:26
    e a cadeira de rodas com luzinhas?
  • 5:26 - 5:30
    A diferença é a intenção.
  • 5:30 - 5:33
    Isso mesmo, isso mesmo - eu não sou mais uma vítima.
  • 5:33 - 5:39
    Eu escolhi mudar a situação - eu sou o Comandante da Nave Espacial Cadeira de Rodas com rodas Phaser na frente. Certo?
  • 5:39 - 5:44
    A intenção muda o quadro completamente.
  • 5:44 - 5:45
    Eu escolho aperfeiçoar
  • 5:45 - 5:47
    essa experiência de rodar
  • 5:47 - 5:51
    com um simples elemento de design.
  • 5:51 - 5:53
    Agir com intenção.
  • 5:53 - 5:56
    Ele transmite a ideia de autoria.
  • 5:56 - 5:59
    Ele sugere que alguém está dirigindo.
  • 5:59 - 6:02
    É reconfortante. Chama a atenção
    das pessoas para ele.
  • 6:02 - 6:05
    É alguém se apossando dessa experiência.
  • 6:05 - 6:07
    Recriando a música trágica
  • 6:07 - 6:10
    com algo diferente,
  • 6:10 - 6:13
    algo radicalmente diferente.
  • 6:13 - 6:15
    As pessoas respondem a isso.
  • 6:15 - 6:18
    Agora parece simples,
    mas, na verdade, eu acho que
  • 6:18 - 6:21
    na nossa sociedade
    e na nossa cultura em geral
  • 6:21 - 6:23
    nós temos um problema
    enorme com a intenção.
  • 6:23 - 6:26
    Agora acompanhem meu raciocínio.
    Olhem para este cara. Sabem quem é ele?
  • 6:26 - 6:30
    É Anders Breivik. Bem, se ele tinha
    a intenção de matar
  • 6:30 - 6:32
    em Oslo, na Noruega, no ano passado,
  • 6:32 - 6:34
    dezenas e dezenas de jovens -
  • 6:34 - 6:36
    se ele tinha a intenção de fazer isso,
  • 6:36 - 6:38
    ele é um criminoso perverso. Nós o punimos por isso.
  • 6:38 - 6:42
    O resto da vida na prisão. Pena de morte nos Estados Unidos. Não vão chegar a tanto na Noruega.
  • 6:42 - 6:46
    Mas se, em vez disso, ele agiu movido
    por uma fantasia delirante,
  • 6:46 - 6:51
    se foi motivado por algum surto
    de alguma doença mental,
  • 6:51 - 6:53
    ele se encaixa numa categoria
    completamente diferente.
  • 6:53 - 6:55
    Nós podemos prendê-lo
    pelo resto da vida, mas
  • 6:55 - 6:57
    nós vamos observá-lo clinicamente.
  • 6:57 - 7:01
    É um domínio completamente diferente.
  • 7:01 - 7:03
    Como um assassino deliberado,
  • 7:03 - 7:06
    Anders Breivik é simplesmente o mal.
  • 7:06 - 7:08
    Mas, como um disfuncional,
  • 7:08 - 7:11
    como um assassino-psicótico disfuncional,
  • 7:11 - 7:13
    ele é algo muito mais complicado.
  • 7:13 - 7:14
    Ele é o sopro de algum
  • 7:14 - 7:18
    caos antigo, primitivo.
  • 7:18 - 7:20
    Ele é o estado aleatório da natureza
  • 7:20 - 7:21
    do qual emergimos.
  • 7:21 - 7:24
    Ele é algo muito, muito diferente.
  • 7:24 - 7:27
    É como se a intenção fosse um componente
    essencial para a humanidade.
  • 7:27 - 7:30
    É o que temos de fazer de alguma forma.
  • 7:30 - 7:32
    Temos de agir com intenção.
  • 7:32 - 7:35
    Temos de fazer as coisas
    guiados pelo design.
  • 7:35 - 7:40
    Intenção é um marco para a civilização.
  • 7:40 - 7:42
    Aqui está uma exemplo
    um pouco mais próximo de mim.
  • 7:42 - 7:45
    Minha família tem tudo a ver com intenção.
  • 7:45 - 7:48
    Provavelmente vocês podem ver
    nessa foto dois pares de gêmeos,
  • 7:48 - 7:52
    o resultado da tecnologia FIV,
    tecnologia da fertilização "in vitro",
  • 7:52 - 7:55
    usada devido a certas limitações físicas
    nas quais não vou entrar.
  • 7:55 - 7:58
    De qualquer forma,
    a tecnologia "in vitro", FIV,
  • 7:58 - 8:01
    é quase tão intencional
    quanto a agricultura.
  • 8:01 - 8:03
    Deixa eu lhes contar então, talvez alguns de vocês
    tenham tido essa experiência.
  • 8:03 - 8:06
    Na verdade, toda a tecnologia
    de extração de sêmen
  • 8:06 - 8:10
    em homens com lesão na espinha dorsal
    foi inventada por um veterinário.
  • 8:10 - 8:13
    Eu conheci o cara.
    Ele é um grande sujeito.
  • 8:13 - 8:18
    Ele costumava carregar uma bolsa grande de couro
    cheia de sondas para coleta de sêmen
  • 8:18 - 8:20
    para todos os tipos de animais
    com os quais ele trabalhava,
  • 8:20 - 8:21
    os mais diferentes animais.
  • 8:21 - 8:24
    As sondas que ele projetou,
  • 8:24 - 8:27
    e, de fato, ele tinha muito orgulho
    mesmo dessas sondas.
  • 8:27 - 8:30
    Ele dizia: "Você se encaixa
    entre os cavalos e os esquilos, John."
  • 8:30 - 8:34
    (Risos)
  • 8:34 - 8:39
    De qualquer forma,
    quando minha esposa e eu decidimos
  • 8:39 - 8:42
    melhorar a qualidade da nossa meia-idade,
    afinal, a gente já tinha quatro filhas,
  • 8:42 - 8:44
    com uma tecnologia um pouquinho diferente
  • 8:44 - 8:47
    - em cujos detalhes
    eu não pretendo entrar aqui -
  • 8:47 - 8:51
    meu urologista nos assegurou
    que eu não tinha com o que me preocupar.
  • 8:51 - 8:54
    "Doutor, o senhor tem certeza de que
    não precisamos usar nenhum método anticoncepcional?
  • 8:54 - 8:58
    "John, John, eu vi a sua ficha.
  • 8:58 - 9:00
    Com base em seus espermogramas, podemos
  • 9:00 - 9:02
    afirmar com toda certeza que
  • 9:02 - 9:04
    você é basicamente uma forma
    de controle de natalidade."
  • 9:04 - 9:08
    Bem!
  • 9:08 - 9:11
    (Risos)
  • 9:11 - 9:15
    Que ideia mais libertadora! Beleza!
  • 9:15 - 9:18
    E após umas duas semanas
    de fins de semana muito libertadores,
  • 9:18 - 9:19
    minha esposa e eu,
  • 9:19 - 9:23
    usando um tipo
    de tecnologia erétil de ponta,
  • 9:23 - 9:26
    que certamente vale ser assunto
    de uma palestra do TED algum dia,
  • 9:26 - 9:28
    mas sobre a qual não vou falar agora,
  • 9:28 - 9:32
    notamos alguns sintomas que,
    apesar de inesperados, eram bem familiares.
  • 9:32 - 9:36
    Eu não era exatamente
    uma forma de controle de natalidade.
  • 9:36 - 9:40
    Deem só uma olhada naquelas letras ali.
    Minha esposa ficou tão brava.
  • 9:40 - 9:41
    Quero dizer, algum design criou aquilo?
  • 9:41 - 9:44
    Não, eu não acho que nenhum designer
    teria uma ideia dessas.
  • 9:44 - 9:46
    De fato, talvez esse seja o problema.
  • 9:46 - 9:48
    E então, o pequeno Ajax nasceu.
  • 9:48 - 9:51
    Ele é como os nossos outros filhos,
  • 9:51 - 9:52
    mas a experiência
    é completamente diferente.
  • 9:52 - 9:57
    É algo como o meu acidente, não é mesmo?
  • 9:57 - 9:58
    Ele veio do nada.
  • 9:58 - 10:00
    Mas todos nós tivemos de mudar,
  • 10:00 - 10:02
    e não apenas reagir ao que nos foi dado.
  • 10:02 - 10:07
    Nós nos curvamos a essa nova
    experiência com intenção.
  • 10:07 - 10:11
    Nós somos cinco agora. Cinco.
  • 10:11 - 10:15
    Encarando o dado com intenção.
    Fazendo coisas guiados pelo design.
  • 10:15 - 10:19
    Ei, o nome Ajax - mais intencional
    impossível, não é mesmo?
  • 10:19 - 10:23
    Nós realmente esperamos
    que um dia ele nos agradeça por isso.
  • 10:23 - 10:25
    (Risos)
  • 10:25 - 10:29
    Mas eu nunca me tornei um designer.
    Nan nan nan não. Nunca tentei.
  • 10:29 - 10:34
    Quando garoto, eu costumava adorar
    alguns designs excelentes:
  • 10:34 - 10:38
    a calculadora HP 35S - Nossa, eu adorava aquilo.
    Meu Deus, eu queria ter tido uma.
  • 10:38 - 10:41
    Cara, eu adoro aquela coisa.
  • 10:41 - 10:43
    Eu poderia ter comprado uma.
  • 10:43 - 10:47
    Outros designs eu realmente nunca pude adquirir,
    como o Porsche Targa 911, de 1974.
  • 10:47 - 10:51
    Na escola, nunca estudei nada
    nem perto de design ou engenharia.
  • 10:51 - 10:53
    Eu estudei coisas inúteis,
    como os clássicos,
  • 10:53 - 10:55
    mas tirei algumas lições, mesmo daí -
  • 10:55 - 10:58
    esse cara, Platão, acontece
    de ele ser um designer.
  • 10:58 - 11:02
    Ele projetou um país em "A República",
  • 11:02 - 11:03
    um projeto nunca implementado.
  • 11:03 - 11:05
    Ouçam uma das características do projeto
  • 11:05 - 11:08
    do Governo de Platão 4.0:
  • 11:08 - 11:12
    "A cidade onde os que devem mandar
    são os menos apressados na busca do poder
  • 11:12 - 11:15
    é sempre a mais bem
    e sobriamente governada,
  • 11:15 - 11:19
    e a cidade na qual eles estão
    mais ansiosos para governar, os piores".
  • 11:19 - 11:22
    Bom, parece que entendemos
    tudo errado, não é mesmo?
  • 11:22 - 11:27
    Mas olhem esta afirmação. Ela é sobre
    intenção. E é isso que eu adoro nela.
  • 11:27 - 11:30
    Mas pensem no que Platão
    está fazendo aqui. O que é?
  • 11:30 - 11:34
    É uma grande ideia de design,
    uma enorme ideia de design,
  • 11:34 - 11:37
    comum a todas as vozes da religião e da filosofia
  • 11:37 - 11:40
    que emergiu no período clássico.
  • 11:40 - 11:41
    O que estava acontecendo naquele período?
  • 11:41 - 11:43
    Eles estavam tentando responder
    à seguinte pergunta:
  • 11:43 - 11:48
    o que os seres humanos fariam agora
    que eles não estavam mais tentando apenas sobreviver?
  • 11:48 - 11:53
    Quando a raça humana emergiu
    de um caos pré-histórico,
  • 11:53 - 11:57
    um confronto com a natureza
    caótica e brutal,
  • 11:57 - 12:01
    eles de repente tiveram um momento para pensar,
    e havia muito sobre o que pensar.
  • 12:01 - 12:05
    De repente, a existência humana
    precisava de uma intenção.
  • 12:05 - 12:07
    A vida humana precisava de uma razão.
  • 12:07 - 12:10
    A realidade precisava de um designer.
  • 12:10 - 12:13
    O que estava dado foi substituído
  • 12:13 - 12:15
    por vários aspectos da intenção,
  • 12:15 - 12:18
    por vários projetos,
  • 12:18 - 12:20
    por vários deuses.
  • 12:20 - 12:24
    Deuses por causa dos quais nós
    ainda estamos brigando. É verdade.
  • 12:24 - 12:27
    Hoje nós não confrontamos
    o caos da natureza.
  • 12:27 - 12:33
    Hoje é o caos do impacto da humanidade
    na Terra que nós confrontamos.
  • 12:33 - 12:37
    Eu acho que essa jovem
    disciplina chamada design
  • 12:37 - 12:40
    é de fato o ethos emergente
  • 12:40 - 12:43
    formulando e depois respondendo
    a uma questão muito nova:
  • 12:43 - 12:44
    o que devemos fazer agora
  • 12:44 - 12:48
    em face do caos que nós criamos?
  • 12:48 - 12:50
    O que devemos fazer?
  • 12:50 - 12:52
    Como podemos imprimir intenção
  • 12:52 - 12:55
    em todos os objetos que criamos,
  • 12:55 - 12:57
    em todas as circunstâncias que criamos,
  • 12:57 - 12:59
    em todos os lugares que mudamos?
  • 12:59 - 13:03
    As consequências de um planeta
    com 7 bilhões de pessoas e só aumentando.
  • 13:03 - 13:08
    Esta é a canção que todos nós
    estamos recriando hoje, todos nós.
  • 13:08 - 13:10
    E não podemos simplesmente
    imitar o passado. Não.
  • 13:10 - 13:13
    Não vai funcionar.
  • 13:13 - 13:15
    Não vai funcionar de jeito nenhum.
  • 13:15 - 13:18
    Eis aqui meu momento design favorito:
  • 13:18 - 13:21
    na cidade de Kinshasa,
    no Zaire, nos anos 1990,
  • 13:21 - 13:24
    eu estava trabalhando
    para a ABC News, numa reportagem
  • 13:24 - 13:28
    sobre a queda de Mobutu Sese Seko,
    o ditador brutal do Zaire,
  • 13:28 - 13:30
    que estuprou e pilhou aquele país.
  • 13:30 - 13:32
    Havia uma rebelião no meio de Kinshasa.
  • 13:32 - 13:36
    O lugar estava desmoronando.
    Era um lugar horrível, horrível,
  • 13:36 - 13:40
    e eu precisava ir lá e explorar
    o centro de Kinshasa
  • 13:40 - 13:42
    para fazer uma reportagem
    sobre o motim e o saque.
  • 13:42 - 13:46
    As pessoas estavam saqueando veículos,
    carregando pedaços de prédios.
  • 13:46 - 13:50
    Os soldados estavam nas ruas atirando
    nos saqueadores e fazendo prisões em massa.
  • 13:50 - 13:54
    No meio desse caos, lá estou eu
    numa cadeira de rodas,
  • 13:54 - 13:58
    completamente invisível. Completamente.
  • 13:58 - 14:00
    Eu estava numa cadeira de rodas;
    eu não parecia um saqueador.
  • 14:00 - 14:06
    Eu estava numa cadeira de rodas; não parecia um jornalista
    em particular, pelo menos do ponto de vista deles.
  • 14:06 - 14:09
    E eu não parecia um soldado,
    isso com certeza.
  • 14:09 - 14:15
    Eu era parte desse tipo de barulho
    de fundo da miséria do Zaire, completamente invisível.
  • 14:15 - 14:20
    E, de repente, de uma esquina, surge
    esse jovem, paralítico, exatamente como eu,
  • 14:20 - 14:24
    nesse triciclo-cadeira de rodas
  • 14:24 - 14:29
    de metal e madeira e de pedal de couro
  • 14:29 - 14:31
    e vem pedalando até mim
    o mais rápido que pode.
  • 14:31 - 14:33
    Ele diz: "Ei, moço! Moço!"
  • 14:33 - 14:35
    E eu olhei pra ele,
  • 14:35 - 14:39
    ele não sabia mais nada em inglês além daquilo,
    mas nós não precisamos de inglês, nan nan nan nan não.
  • 14:39 - 14:45
    Nós nos sentamos lá e comparamos
    as rodas e os pneus e raios e tubos.
  • 14:45 - 14:48
    E eu olhei para a sua maquineta
    de pedal maluca;
  • 14:48 - 14:51
    e ele cheio de orgulho de seu design.
  • 14:51 - 14:53
    Eu queria poder mostrar
    a vocês aquela engenhoca.
  • 14:53 - 14:55
    Seu sorriso, nosso brilho
  • 14:55 - 14:58
    enquanto nós conversávamos
    em uma língua universal
  • 14:58 - 15:01
    do design,
  • 15:01 - 15:04
    invisíveis ao caos ao nosso redor.
  • 15:04 - 15:08
    Sua máquina: feita em casa,
    aparafusada, enferrujada, cômica.
  • 15:08 - 15:11
    Minha máquina: feita
    nos Estados Unidos, robusta, lustrosa.
  • 15:11 - 15:15
    Ele estava particularmente orgulhoso
    do assento confortável
  • 15:15 - 15:17
    que ele tinha feito em sua biga.
  • 15:17 - 15:21
    e sua linda franja de pano
    ao redor da borda.
  • 15:21 - 15:25
    Ah, eu queria ter aquelas rodas faiscantes
    à época para ter mostrado a ele, cara!
  • 15:25 - 15:28
    Ele teria adorado
    aquelas rodas, sem dúvida.
  • 15:28 - 15:30
    Ele teria entendido aquelas rodas;
  • 15:30 - 15:33
    uma biga de pura intenção - pensem nisso -
  • 15:33 - 15:36
    numa cidade fora de controle.
  • 15:36 - 15:39
    O design fez tudo desaparecer
    por um momento.
  • 15:39 - 15:43
    Conversamos por alguns poucos minutos
    e então cada um de nós sumiu de volta dentro do caos.
  • 15:43 - 15:45
    Ele voltou para as ruas de Kinshasa;
  • 15:45 - 15:51
    eu voltei para o meu hotel.
    E eu penso nele agora, agora ...
  • 15:51 - 15:54
    E eu coloco esta questão.
  • 15:54 - 15:58
    Um objeto imbuído de intenção -
  • 15:58 - 16:00
    ele tem poder,
  • 16:00 - 16:03
    é um tesouro, nós somos atraídos para ele.
  • 16:03 - 16:06
    Um objeto vazio de intenção -
  • 16:06 - 16:08
    é aleatório, é imitação,
  • 16:08 - 16:12
    ele nos repele. É como um folheto
    de propaganda para ser jogado fora.
  • 16:12 - 16:17
    Isso é o que nós temos que exigir das nossas vidas,
  • 16:17 - 16:20
    de nossos objetos, de nossas coisas, de nossas circunstâncias:
  • 16:20 - 16:24
    viver com intenção.
  • 16:24 - 16:26
    E eu tenho de dizer
  • 16:26 - 16:31
    que, nesse aspecto, eu tenho uma vantagem bastante injusta sobre todos vocês.
  • 16:31 - 16:36
    E eu quero explicar isso a vocês agora porque este é um dia muito especial.
  • 16:36 - 16:41
    Trinta e seis anos atrás quase nessa mesma hora,
  • 16:41 - 16:46
    um rapaz de 19 anos acordou de um coma
  • 16:46 - 16:47
    para fazer uma pergunta à enfermeira
  • 16:47 - 16:50
    mas a enfermeira já estava lá com a resposta.
  • 16:50 - 16:54
    "Você sofreu um terrível acidente, moço.Você quebrou a coluna.
  • 16:54 - 16:55
    Você nunca mais vai andar de novo."
  • 16:55 - 17:01
    Eu disse: "Eu sei disso tudo - que dia é hoje?"
  • 17:01 - 17:08
    Vejam só, eu sabia que o carro tinha voado sobre a grade de segurança em 28 de fevereiro,
  • 17:08 - 17:11
    e eu sabia que 1976 era uma ano bissexto.
  • 17:11 - 17:16
    "Enfermeira, hoje é dia 28 ou 29?"
  • 17:16 - 17:18
    E ela olhou para mim e disse:
  • 17:18 - 17:21
    "É 1º de março."
  • 17:21 - 17:23
    E eu disse: "Ah, meu Deus,
  • 17:23 - 17:26
    Eu tenho uma recuperação pela frente!"
  • 17:26 - 17:28
    E daquele momento em diante, eu soube
  • 17:28 - 17:32
    que o dado foi aquele acidente.
  • 17:32 - 17:35
    Eu não tive escolha, a não ser criar
  • 17:35 - 17:38
    esta nova vida sem andar.
  • 17:38 - 17:42
    Intenção - uma vida com intenção -
  • 17:42 - 17:44
    vivida sob a égide do design,
  • 17:44 - 17:46
    recriando o original
  • 17:46 - 17:47
    com algo melhor.
  • 17:47 - 17:52
    É algo para nós todos fazermos ou encontrarmos
    uma maneira de fazer nesses tempos.
  • 17:52 - 17:56
    Para voltar a isso,
  • 17:56 - 17:58
    para voltar ao design,
  • 17:58 - 18:01
    e como o meu pai sugeriu
    há muito tempo atrás,
  • 18:01 - 18:04
    "Faça sua própria canção, John.
  • 18:04 - 18:10
    Mostre a todos o que você quer."
  • 18:23 - 18:26
    Papai,
  • 18:26 - 18:28
    esta é para você.
  • 18:28 - 18:32
    (Música)
  • 18:32 - 18:37
    Jo Jo era um homem
    que se achava um solitário, ♫
  • 18:37 - 18:39
    ♫ mas ele era um outro homem. ♫
  • 18:39 - 18:45
    ♫ Jo Jo deixou sua casa em Tucson, no Arizona,
    para ir à uma festa na California. ♫
  • 18:45 - 18:48
    ♫ Volte, volte, ♫
  • 18:48 - 18:51
    ♫ volte para o lugar de onde você veio ♫
  • 18:51 - 18:54
    ♫ Volte, volte, ♫
  • 18:54 - 19:04
    ♫ volte para o lugar de onde você veio ♫
  • 19:04 - 19:13
    (Aplausos)
Title:
Nós somos todos designers.
Speaker:
John Hockenberry
Description:

O jornalista John Hockenberry conta um história pessoal inspirada em um par de rodas cintilantes encontradas num catálogo de peças de cadeira de rodas - e como elas mostraram a ele o valor de imprimir intenção à vida. (Da sessão "The Design Studio" no TED2012, com a curadoria dos convidados Chee Pearlman e David Rockwell.)

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
21:57
Raissa Mendes edited Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers
Dimitra Papageorgiou approved Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers
Dimitra Papageorgiou edited Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers
Dimitra Papageorgiou edited Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers
Dimitra Papageorgiou edited Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers
Dimitra Papageorgiou approved Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers
Flávia Pires accepted Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers
Flávia Pires edited Portuguese, Brazilian subtitles for We are all designers
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