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A mentira que inventou o racismo

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    O que há de errado conosco,
    pessoas brancas?
  • 0:05 - 0:06
    (Risos)
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    Tenho pensado muito sobre isso
    nos últimos anos,
  • 0:10 - 0:12
    e sei que não estou sozinho.
  • 0:12 - 0:14
    Eu entendo,
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    as pessoas de cor têm feito
    essa pergunta há séculos.
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    Mas acho que existe um número crescente
    de brancos que também tem se perguntado,
  • 0:22 - 0:25
    tendo em vista o que tem acontecido
  • 0:25 - 0:26
    no nosso país.
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    E observem que eu disse: "O que há
    de errado conosco, pessoas brancas?",
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    porque não estou falando
    "daqueles" brancos
  • 0:35 - 0:39
    com as suásticas, capuzes e tochas tiki.
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    Eles são um problema e uma ameaça.
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    Praticam a maior parte
    do terrorismo em nosso país,
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    como todos vocês em Charlottesville
    sabem melhor do que a maioria.
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    Mas estou falando de algo maior
    e mais abrangente.
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    Sobre todos nós,
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    pessoas brancas em letras garrafais.
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    E talvez, especialmente, pessoas como eu,
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    que me considero progressivo,
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    que não quer ser racista.
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    Pessoas brancas boas.
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    (Risos)
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    Alguma pessoa branca boa na sala?
  • 1:11 - 1:12
    (Risos)
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    Fui criado para ser esse tipo de pessoa.
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    Eu era criança nos anos 1960 e 1970.
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    Quero lhes dar uma noção sobre meus pais.
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    Pesquisas de opinião
    pública reais na época
  • 1:24 - 1:29
    mostravam que apenas uma pequena minoria,
    cerca de 20% dos americanos brancos,
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    aprovavam e apoiavam
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    Martin Luther King Jr. e seu trabalho
    com o movimento dos direitos civis
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    enquanto ele ainda estava vivo.
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    Me orgulho em dizer que meus pais
    estavam nesse grupo.
  • 1:41 - 1:44
    Em nossa casa falava-se sobre raça.
  • 1:45 - 1:49
    Quando os programas que falavam
    sobre raça apareciam na televisão,
  • 1:49 - 1:52
    eles sentavam as crianças
    para garantir que nós assistiríamos,
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    assim como os filmes de Sidney Poitier,
    a minissérie "Raízes".
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    A mensagem era alta e clara e eu entendia:
  • 2:00 - 2:04
    o racismo é errado,
    racistas são pessoas más.
  • 2:05 - 2:06
    Ao mesmo tempo,
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    morávamos em um lugar
    muito "branco" em Minnesota.
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    E eu vou falar por mim mesmo,
  • 2:11 - 2:17
    acho que isso me permitiu acreditar
    que aqueles racistas brancos da TV
  • 2:17 - 2:20
    eram de algum outro lugar.
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    Realmente não tinha a ver conosco.
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    Eu não me via como parte daquilo.
  • 2:27 - 2:31
    Ainda estou me recuperando
    dessa impressão inicial.
  • 2:32 - 2:34
    Entrei no jornalismo
  • 2:34 - 2:39
    em parte porque me preocupava
    com coisas como igualdade e justiça.
  • 2:41 - 2:44
    Por muito tempo, o racismo
    foi um grande enigma para mim.
  • 2:45 - 2:49
    Por que ele ainda existe
    se é tão claramente errado?
  • 2:49 - 2:53
    Por que essa força tão persistente?
  • 2:54 - 2:57
    Talvez estivesse confuso porque ainda
    não estava procurando no lugar certo
  • 2:57 - 2:59
    ou fazendo as perguntas certas.
  • 3:01 - 3:02
    Vocês já perceberam
  • 3:02 - 3:08
    que quando as pessoas em nossa mídia
    predominantemente branca
  • 3:08 - 3:10
    reportam o que consideram
    serem questões raciais,
  • 3:10 - 3:13
    o que nós consideramos assim,
  • 3:13 - 3:18
    normalmente significa apontar
    nossa câmera, nosso microfone e olhar
  • 3:18 - 3:19
    para pessoas de cor,
  • 3:20 - 3:22
    fazendo perguntas como:
  • 3:22 - 3:27
    "Como vão os negros ou nativos americanos,
    latinos ou asiático-americanos?
  • 3:27 - 3:29
    Como 'eles' estão?",
  • 3:29 - 3:32
    em uma determinada comunidade
    ou com relação a algum problema,
  • 3:32 - 3:34
    como economia, educação.
  • 3:36 - 3:41
    Tive minha quota desse tipo
    de jornalismo por muitos anos.
  • 3:43 - 3:45
    Mas então George Zimmerman
    matou Trayvon Martin,
  • 3:47 - 3:51
    seguido por esta série interminável
    de tiroteios policiais
  • 3:51 - 3:53
    contra negros desarmados,
  • 3:53 - 3:56
    a ascensão do movimento
    Vidas Negras Importam,
  • 3:56 - 3:58
    Dylann Roof e o massacre de Charleston,
  • 3:59 - 4:00
    #OscarsSoWhite,
  • 4:01 - 4:06
    todos os incidentes
    do dia a dia da vida americana
  • 4:06 - 4:08
    abertamente racistas
  • 4:08 - 4:11
    que agora podemos ver porque são
    capturados pelos smartphones
  • 4:11 - 4:13
    e difundidos pela internet.
  • 4:14 - 4:17
    E sob esses eventos visíveis,
  • 4:17 - 4:18
    os dados persistentes,
  • 4:18 - 4:23
    estudos mostram o racismo sistêmico
    em todas as nossas instituições:
  • 4:24 - 4:27
    segregação habitacional,
    discriminação no trabalho,
  • 4:27 - 4:30
    desigualdades profundamente
    racializadas em nossas escolas
  • 4:30 - 4:32
    e no sistema de justiça criminal.
  • 4:33 - 4:36
    O que realmente foi um basta pra mim,
    e sei que não estou sozinho nessa,
  • 4:37 - 4:39
    foi a ascensão de Donald Trump
  • 4:39 - 4:45
    e a constatação de que uma maioria
    maciça dos americanos brancos
  • 4:45 - 4:48
    adotaria ou pelo menos aceitaria
  • 4:48 - 4:53
    um tipo de política de identidade
    branca tão crua e amarga.
  • 4:55 - 4:58
    Tudo isso foi perturbador
    para mim como ser humano.
  • 4:59 - 5:04
    Como jornalista, me vi invertendo o foco
  • 5:04 - 5:05
    e pensando:
  • 5:06 - 5:08
    "Uau, os brancos que são a história.
  • 5:09 - 5:11
    A branquitude é uma história".
  • 5:13 - 5:16
    E também pensando: "Posso fazer isso?
  • 5:16 - 5:20
    Como seria uma série de podcasts
    sobre branquitude?"
  • 5:21 - 5:24
    "E, a propósito,
    isso pode ficar desconfortável".
  • 5:26 - 5:31
    Não conhecia quase nenhum jornalismo que
    analisasse profundamente a branquitude,
  • 5:31 - 5:35
    mas, é claro, pessoas de cor
    e especialmente intelectuais negros
  • 5:35 - 5:38
    têm feito fortes críticas
    à cultura da supremacia branca
  • 5:38 - 5:39
    durante séculos,
  • 5:39 - 5:42
    e eu sabia que nas últimas
    duas ou três décadas,
  • 5:42 - 5:44
    estudiosos tinham feito
    um trabalho interessante
  • 5:44 - 5:48
    analisando a raça através
    da moldura da branquitude:
  • 5:48 - 5:51
    o que é, como a entendemos,
    como ela funciona no mundo.
  • 5:53 - 5:55
    Comecei a ler
  • 5:55 - 6:00
    e procurei alguns dos maiores
    especialistas em raça e história da raça.
  • 6:02 - 6:04
    Uma das primeiras perguntas que fiz foi:
  • 6:04 - 6:09
    “De onde surgiu essa ideia de ser branco?"
  • 6:11 - 6:13
    A ciência é clara.
  • 6:13 - 6:15
    Somos uma só raça humana.
  • 6:16 - 6:17
    Somos todos ligados,
  • 6:17 - 6:20
    descendentes de um ancestral
    comum na África.
  • 6:21 - 6:25
    Algumas pessoas saíram da África
    para lugares mais frios e escuros
  • 6:25 - 6:27
    e perderam muita melanina,
  • 6:27 - 6:29
    alguns de nós mais do que outros.
  • 6:29 - 6:30
    (Risos)
  • 6:31 - 6:36
    Mas geneticamente,
    somos todos 99,9% iguais.
  • 6:36 - 6:41
    Há mais diversidade genética dentro
    do que chamamos "grupos raciais"
  • 6:41 - 6:44
    do que entre grupos raciais diferentes.
  • 6:44 - 6:48
    Não há nenhum gene para ser
    branco, negro, asiático,
  • 6:48 - 6:49
    ou de qualquer outra raça.
  • 6:50 - 6:52
    Então, como isso aconteceu?
  • 6:52 - 6:54
    Como chegamos a isso?
  • 6:54 - 6:56
    Como o racismo começou?
  • 6:58 - 7:01
    Se tivessem me pedido
    para especular sobre isso,
  • 7:01 - 7:04
    na minha ignorância, alguns anos atrás,
  • 7:04 - 7:06
    provavelmente eu teria dito:
  • 7:06 - 7:11
    "Acho que em algum lugar na História,
  • 7:11 - 7:13
    as pessoas se encontraram
  • 7:13 - 7:15
    e se estranharam.
  • 7:15 - 7:18
    'Sua cor de pele
    e seu cabelo são diferentes,
  • 7:18 - 7:20
    você se veste de forma engraçada.
  • 7:20 - 7:23
    Acho que vou pular direto para a conclusão
    de que você é diferente,
  • 7:23 - 7:26
    de alguma forma deve ser inferior a mim
  • 7:26 - 7:29
    e talvez seja normal eu maltratar você'".
  • 7:30 - 7:34
    É algo parecido com o que
    imaginamos ou presumimos?
  • 7:35 - 7:40
    E nesse tipo de cenário, seria tudo
    um grande mal-entendido trágico.
  • 7:41 - 7:43
    Mas parece que não foi assim.
  • 7:44 - 7:47
    Em primeiro lugar,
    a raça é uma invenção recente,
  • 7:47 - 7:49
    tem apenas algumas centenas de anos.
  • 7:50 - 7:54
    Antes disso, as pessoas se dividiam
  • 7:54 - 7:58
    por religião, grupo tribal,
    idioma, coisas assim.
  • 7:59 - 8:03
    Mas na maior parte da História humana,
    as pessoas não tiveram noção de raça.
  • 8:04 - 8:05
    Na Grécia Antiga, por exemplo,
  • 8:05 - 8:09
    aprendi isso com o historiador
    Nell Irvin Painter,
  • 8:09 - 8:14
    os gregos pensavam que eram melhores
    do que as outras pessoas que conheciam,
  • 8:14 - 8:18
    mas não por causa de alguma ideia
    de que eram inatamente superiores.
  • 8:18 - 8:21
    Eles apenas pensavam que haviam
    desenvolvido a cultura mais avançada.
  • 8:22 - 8:28
    Então, eles olharam para os etíopes,
    os persas e os celtas e disseram:
  • 8:28 - 8:31
    "Eles são todos meio bárbaros
    comparados a nós.
  • 8:31 - 8:35
    Culturalmente, eles
    simplesmente não são gregos".
  • 8:36 - 8:40
    E no mundo antigo havia muita escravidão,
  • 8:40 - 8:43
    mas as pessoas escravizaram
    quem não se parecia com elas,
  • 8:43 - 8:45
    e muitas vezes quem se parecia.
  • 8:46 - 8:51
    Sabiam que a palavra inglesa "slave",
    "escravo", é derivada de "slav"?
  • 8:52 - 8:56
    Porque os eslavos foram escravizados
    por todo tipo de povos,
  • 8:56 - 8:59
    incluindo europeus ocidentais,
    durante séculos.
  • 9:01 - 9:03
    A escravidão também
    não tinha a ver com raça,
  • 9:03 - 9:06
    porque ninguém tinha pensado nisso ainda.
  • 9:07 - 9:09
    Então, quem pensou?
  • 9:09 - 9:13
    Perguntei isso para outro
    historiador importante,
  • 9:13 - 9:14
    Ibram Kendi.
  • 9:14 - 9:17
    Eu não esperava que ele
    fosse responder a pergunta
  • 9:17 - 9:22
    com um nome e uma data, como
    se falássemos sobre a invenção da lâmpada.
  • 9:22 - 9:23
    (Risos)
  • 9:23 - 9:24
    Mas ele respondeu.
  • 9:24 - 9:26
    (Risos)
  • 9:27 - 9:29
    Ele disse que em sua pesquisa exaustiva
  • 9:29 - 9:33
    encontrou o que acreditava ser
    a primeira articulação de ideias racistas.
  • 9:34 - 9:36
    E ele nomeou o culpado.
  • 9:36 - 9:39
    Esse cara deveria ser
    mais famoso ou infame.
  • 9:39 - 9:41
    O nome dele é Gomes de Zurara.
  • 9:42 - 9:43
    Um português.
  • 9:43 - 9:46
    Escreveu um livro na década de 1450,
  • 9:46 - 9:49
    no qual fez algo que ninguém
    nunca tinha feito antes,
  • 9:49 - 9:51
    de acordo com o Dr. Kendi.
  • 9:51 - 9:54
    Ele agrupou todos os povos da África,
  • 9:54 - 9:56
    um continente grande e heterogêneo,
  • 9:57 - 10:00
    e os descreveu como um grupo diferente,
  • 10:01 - 10:03
    inferior e bestial.
  • 10:04 - 10:07
    Não importa que naquela época pré-colonial
  • 10:07 - 10:11
    algumas das culturas mais sofisticadas
    do mundo estavam na África.
  • 10:12 - 10:15
    Por que esse cara afirmou isso?
  • 10:17 - 10:19
    Ajuda se seguirmos o dinheiro.
  • 10:20 - 10:23
    Em primeiro lugar, Zurara foi
    contratado para escrever o livro
  • 10:23 - 10:25
    pelo rei português,
  • 10:25 - 10:27
    e apenas alguns anos antes,
  • 10:27 - 10:28
    mercadores de escravos,
  • 10:29 - 10:30
    aqui vamos nós,
  • 10:30 - 10:33
    traficantes de escravos
    ligados à coroa portuguesa
  • 10:34 - 10:38
    haviam sido de fato os pioneiros
    no comércio de escravos no Atlântico.
  • 10:38 - 10:42
    Foram os primeiros europeus a navegar
    diretamente para a África Subsaariana
  • 10:42 - 10:44
    para sequestrar e escravizar os africanos.
  • 10:45 - 10:48
    Então, de repente ficou muito útil
  • 10:48 - 10:52
    criar uma história sobre
    a inferioridade do povo africano
  • 10:52 - 10:54
    para justificar este novo comércio
  • 10:55 - 10:58
    para outras pessoas,
    para a Igreja, para eles mesmos.
  • 11:00 - 11:02
    E de forma rápida e fácil,
  • 11:02 - 11:06
    Zurara inventou
    a negritude e a branquitude,
  • 11:06 - 11:10
    porque ele basicamente
    criou a noção de negritude
  • 11:10 - 11:13
    através desta descrição dos africanos,
  • 11:13 - 11:17
    e como diz o Dr. Kendi: negritude
    não tem sentido sem branquitude.
  • 11:19 - 11:23
    Outros países europeus
    seguiram o exemplo de Portugal
  • 11:24 - 11:27
    ao buscar na África propriedade humana,
  • 11:27 - 11:28
    trabalho gratuito
  • 11:28 - 11:30
    e ao adotar esta ficção
  • 11:31 - 11:34
    sobre a inferioridade do povo africano.
  • 11:36 - 11:38
    Eu achei isso esclarecedor.
  • 11:39 - 11:41
    O racismo não começou
    com um mal-entendido,
  • 11:41 - 11:43
    mas com uma mentira.
  • 11:45 - 11:48
    Enquanto isso, aqui nos EUA colonial,
  • 11:48 - 11:54
    as pessoas que se autodenominavam brancas
    adotaram essas ideias racistas
  • 11:54 - 11:56
    e as transformaram em leis,
  • 11:57 - 12:03
    que privaram todos os direitos humanos
    das pessoas que chamavam de negras
  • 12:03 - 12:07
    e as aprisionaram em nosso tipo
    particularmente cruel de escravidão.
  • 12:07 - 12:12
    Leis que davam benefícios até mesmo
    às pessoas brancas mais pobres,
  • 12:12 - 12:15
    não necessariamente em termos materiais:
  • 12:15 - 12:19
    mas o direito de não ser escravizado
    pelo resto da vida,
  • 12:19 - 12:23
    e de não ter seus entes queridos
    arrancados de seus braços e vendidos,
  • 12:23 - 12:25
    e às vezes bens reais.
  • 12:25 - 12:30
    As doações de terras gratuitas
    em lugares como a Virgínia
  • 12:30 - 12:32
    apenas para pessoas brancas
  • 12:32 - 12:35
    começou muito antes da Revolução Americana
  • 12:36 - 12:38
    e continuou muito tempo depois.
  • 12:40 - 12:41
    Posso imaginar,
  • 12:42 - 12:46
    se ainda estiverem prestando atenção,
  • 12:47 - 12:48
    que podem estar pensando:
  • 12:48 - 12:52
    "Isso é história antiga. Por que importa?
  • 12:52 - 12:54
    As coisas mudaram.
  • 12:54 - 12:57
    Não podemos simplesmente
    superar isso e seguir em frente?"
  • 12:58 - 13:02
    Mas eu diria que para mim, certamente,
  • 13:03 - 13:05
    aprender esta história
    trouxe uma mudança real
  • 13:05 - 13:08
    na maneira como entendo o racismo hoje.
  • 13:09 - 13:12
    Para revisar, duas lições rápidas
    do que eu disse até agora.
  • 13:12 - 13:16
    Um: raça não é algo biológico,
  • 13:16 - 13:20
    é uma história que alguns
    decidiram contar.
  • 13:20 - 13:22
    E dois: as pessoas contaram essa história
  • 13:22 - 13:27
    para justificar a exploração brutal
    de seres humanos com fins lucrativos.
  • 13:28 - 13:32
    Não aprendi esses dois fatos na escola,
    acho que a maioria das pessoas também não.
  • 13:32 - 13:35
    Quem aprendeu, teve um professor especial.
  • 13:36 - 13:38
    Mas uma vez que absorvemos isso,
  • 13:39 - 13:42
    por um lado, fica claro
  • 13:42 - 13:46
    que o racismo não é essencialmente
    um problema de atitudes,
  • 13:46 - 13:48
    de intolerância individual.
  • 13:49 - 13:55
    Não, ele é uma ferramenta
    para nos dividir e sustentar sistemas
  • 13:55 - 13:58
    econômicos, políticos e sociais
  • 13:58 - 14:01
    que beneficiam alguns e prejudicam outros.
  • 14:01 - 14:04
    E é uma ferramenta
    para convencer muitos brancos,
  • 14:04 - 14:10
    que podem ou não estar ganhando muito
    com uma sociedade altamente estratificada,
  • 14:10 - 14:12
    a apoiarem o status quo.
  • 14:13 - 14:15
    "Podia ser pior. Pelo menos sou branco".
  • 14:18 - 14:21
    Assim que entendi as origens do racismo,
  • 14:21 - 14:25
    parei de ficar perplexo com o fato
    de que ele ainda está entre nós.
  • 14:26 - 14:32
    Em retrospecto, eu pensava no racismo
    como a ideia de que a Terra era plana,
  • 14:32 - 14:36
    apenas uma percepção ruim e desatualizada
    que desapareceria sozinha, rapidamente.
  • 14:38 - 14:40
    Mas não, esta ferramenta da branquitude
  • 14:40 - 14:43
    ainda está fazendo a função
    para a qual foi inventada.
  • 14:43 - 14:46
    Pessoas poderosas trabalham todos os dias
  • 14:46 - 14:49
    aproveitando e reforçando esta velha arma
  • 14:50 - 14:51
    nos corredores do poder,
  • 14:52 - 14:55
    em alguns estúdios de transmissão
    que podemos citar.
  • 14:56 - 14:57
    E não precisamos nos preocupar
  • 14:57 - 14:59
    se essas pessoas acreditam
    no que estão dizendo,
  • 14:59 - 15:01
    se realmente são racistas.
  • 15:02 - 15:07
    Não se trata disso,
    é uma questão de dinheiro e poder.
  • 15:09 - 15:13
    Por fim, a maior lição de todas,
  • 15:13 - 15:17
    e me dirigirei aos brancos em particular.
  • 15:19 - 15:22
    Será que quando entendemos
    que as pessoas que se parecem conosco
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    inventaram a própria noção de raça
  • 15:26 - 15:30
    a fim de obter vantagens,
  • 15:30 - 15:33
    não fica mais fácil ver que é
    um problema nosso para resolver?
  • 15:34 - 15:36
    É um problema dos brancos.
  • 15:37 - 15:39
    Tenho vergonha de dizer
    que por muito tempo
  • 15:39 - 15:44
    pensei no racismo principalmente
    como uma luta para pessoas de cor,
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    mais ou menos como as pessoas
    na TV quando eu era criança.
  • 15:49 - 15:53
    Ou como se estivesse assistindo
    a uma competição esportiva,
  • 15:53 - 15:57
    de um lado pessoas de cor,
    de outro aqueles verdadeiros racistas,
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    o xerife do sul, os encapuzados.
  • 16:01 - 16:04
    E eu estava torcendo sinceramente
    para que as pessoas de cor vencessem.
  • 16:05 - 16:07
    Mas não.
  • 16:07 - 16:09
    Não existe isso de assistir.
  • 16:10 - 16:11
    Estamos todos nisso.
  • 16:11 - 16:13
    Estamos envolvidos.
  • 16:14 - 16:19
    E se não entro na luta para desmantelar
    um sistema que me beneficia,
  • 16:19 - 16:21
    então, eu sou cúmplice.
  • 16:23 - 16:25
    Não se trata de vergonha ou culpa.
  • 16:25 - 16:31
    A culpa branca não faz nada,
    e honestamente, não sinto muita culpa.
  • 16:31 - 16:34
    A História não é minha culpa ou de vocês.
  • 16:34 - 16:38
    O que sinto é um senso
    de responsabilidade mais forte
  • 16:39 - 16:41
    para fazer algo.
  • 16:43 - 16:47
    Tudo isso alterou minha maneira
    de pensar e abordar meu trabalho
  • 16:47 - 16:51
    como documentarista e professor.
  • 16:52 - 16:56
    Mas, além disso, o que significa
    para qualquer um de nós?
  • 16:57 - 17:00
    Será que significa apoiarmos líderes
  • 17:00 - 17:03
    que querem levar adiante
    uma conversa sobre reparações?
  • 17:04 - 17:06
    Será que encontramos
    em nossas comunidades
  • 17:06 - 17:10
    pessoas trabalhando para transformar
    instituições injustas
  • 17:10 - 17:12
    e estamos apoiando o trabalho delas?
  • 17:12 - 17:14
    Será que no meu trabalho
  • 17:14 - 17:16
    eu sou a pessoa branca
    que participa com má vontade
  • 17:16 - 17:19
    da reunião sobre diversidade e equidade,
  • 17:19 - 17:22
    ou estou tentando descobrir
    como ser um verdadeiro cúmplice
  • 17:22 - 17:24
    para meus colegas de cor?
  • 17:25 - 17:27
    Acho que quando nos manifestarmos,
  • 17:28 - 17:33
    precisa ser com humildade, vulnerabilidade
  • 17:33 - 17:37
    e a disposição de abrir mão
    desse poder que não nos pertence.
  • 17:41 - 17:44
    Acredito que também podemos nos beneficiar
  • 17:44 - 17:46
    se pudermos criar uma sociedade
  • 17:46 - 17:50
    que não se baseie na exploração
    ou opressão de ninguém.
  • 17:51 - 17:53
    Mas temos que fazer isso,
  • 17:54 - 17:55
    nos manifestar,
  • 17:55 - 17:57
    descobrir como agir.
  • 17:58 - 18:00
    Porque é o certo.
  • 18:02 - 18:03
    Obrigado.
  • 18:03 - 18:06
    (Aplausos)
Title:
A mentira que inventou o racismo
Speaker:
John Biewen
Description:

Para compreender e erradicar o pensamento racista, comece do início. Foi isso que o jornalista e documentarista John Biewen fez, o que levou a uma coletânea de informações surpreendentes e instigantes sobre as "origens" da raça. Ele compartilha suas descobertas, fornecendo respostas a questões fundamentais sobre o racismo, e traça um caminho exemplar para a prática de uma aliança efetiva.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:21

Portuguese, Brazilian subtitles

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