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A tendência para o otimismo

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    Vou falar-vos de otimismo,
  • 0:04 - 0:06
    concretamente,
    da propensão para o otimismo.
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    É uma ilusão cognitiva
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    que temos estudado nos últimos anos,
  • 0:11 - 0:13
    e 80% de nós tem-no.
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    É a nossa tendência a sobrestimar
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    a probabilidade de bons momentos na vida
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    e subestimar a probabilidade de maus momentos.
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    Subestimamos a probabilidade
    de sofrermos de cancro,
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    de termos um acidente de viação.
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    Sobrestimamos a nossa longevidade
    e perspetivas laborais.
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    Em suma, somos mais otimistas
    que realistas,
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    mas não temos consciência disso.
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    O casamento, por exemplo.
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    No ocidente, o divórcio
    é de cerca de 40%.
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    Significa que, em cada cinco casais,
  • 0:45 - 0:48
    dois terminarão em divisão de bens.
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    Mas se perguntamos a recém-casados
    sobre a probabilidade de divórcio,
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    estimam-na a zero por cento.
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    E até advogados de divórcio,
    que já deveriam saber,
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    subestimam de forma significativa
    a própria probabilidade de divórcio.
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    Os otimistas não têm menos
    probabilidades de se divorciarem,
  • 1:06 - 1:08
    mas têm mais probabilidades
    de voltar a casar.
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    Como disse Samuel Johnson,
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    "Um novo casamento é o triunfo
    da esperança sobre a experiência."
  • 1:14 - 1:16
    (Risos)
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    Se somos casados,
    é mais provável termos filhos.
  • 1:21 - 1:24
    E todos pensamos que os nossos filhos
    serão especialmente talentosos.
  • 1:24 - 1:27
    A propósito, este é o meu sobrinho
    de dois anos, Guy.
  • 1:27 - 1:29
    Apenas quero esclarecer
  • 1:29 - 1:32
    que ele é um mau exemplo
    da propensão para o otimismo
  • 1:32 - 1:34
    porque, de facto, é excecionalmente dotado.
  • 1:34 - 1:36
    (Risos)
  • 1:37 - 1:37
    Eu não sou a única.
  • 1:37 - 1:41
    Em cada quatro britânicos,
    três afirmam ser otimistas
  • 1:41 - 1:44
    sobre o futuro das suas famílias.
  • 1:44 - 1:45
    Isto é 75%.
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    Mas só 30% disseram acreditar
  • 1:48 - 1:50
    que as famílias em geral
  • 1:50 - 1:53
    estão melhor que há algumas gerações.
  • 1:53 - 1:54
    Isto é realmente importante,
  • 1:54 - 1:56
    porque somos otimistas
    sobre nós próprios,
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    somos otimistas sobre os nossos filhos,
  • 1:58 - 2:00
    somos otimistas sobre as nossas famílias,
  • 2:00 - 2:03
    mas não somos tão otimistas
    sobre a pessoa ao nosso lado,
  • 2:03 - 2:06
    e somos algo pessimistas
  • 2:06 - 2:09
    sobre o futuro dos nossos concidadãos
    e o destino do nosso país.
  • 2:09 - 2:14
    Mas o otimismo
    sobre o nosso futuro pessoal
  • 2:14 - 2:15
    permanece constante.
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    Não significa que pensamos
    que as coisas se resolverão sozinhas,
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    mas sim que temos uma capacidade
    única para resolvê-las.
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    Eu sou cientista, faço experiências.
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    Para exemplificar, vou realizar
    uma experiência convosco.
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    Vou dar-vos uma lista
    de capacidades e características,
  • 2:35 - 2:38
    e quero que pensem para cada uma delas
  • 2:38 - 2:41
    qual é a vossa posição relativa
    ao resto da população.
  • 2:43 - 2:46
    A primeira, dar-se bem com os outros.
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    Quem acredita estar nos 25% inferiores?
  • 2:52 - 2:55
    Ok, mais ou menos 10 pessoas,
    entre 1500.
  • 2:56 - 2:59
    Quem acredita estar
    nos 25% superiores?
  • 3:01 - 3:03
    A maioria dos presentes.
  • 3:03 - 3:07
    Agora, o mesmo para
    a capacidade de condução.
  • 3:08 - 3:10
    Até que ponto vocês são interessantes?
  • 3:10 - 3:12
    Até que ponto são atrativos?
  • 3:13 - 3:15
    Até que ponto são honestos?
  • 3:16 - 3:19
    E finalmente,
    até que ponto são modestos?
  • 3:19 - 3:21
    (Risos)
  • 3:21 - 3:23
    A maioria de nós
    considera-se acima da média
  • 3:23 - 3:26
    na maior parte destas capacidades.
  • 3:26 - 3:28
    É estatisticamente impossível.
  • 3:28 - 3:30
    Não podemos ser todos melhores
    que os outros.
  • 3:31 - 3:32
    (Risos)
  • 3:32 - 3:36
    Mas se cremos ser melhores que os outros,
  • 3:36 - 3:40
    é mais provável sermos promovidos,
    permanecer casados,
  • 3:40 - 3:42
    porque somos mais sociáveis,
    mais interessantes.
  • 3:42 - 3:44
    Isto é um fenómeno global.
  • 3:44 - 3:47
    A tendência para o otimismo observa-se
  • 3:47 - 3:49
    em muitos países diferentes,
  • 3:49 - 3:51
    nas culturas ocidentais,
    nas culturas não-ocidentais,
  • 3:51 - 3:53
    em mulheres e homens,
  • 3:53 - 3:55
    em crianças, em idosos.
  • 3:55 - 3:56
    É bastante generalizada.
  • 3:57 - 3:59
    Mas a questão é,
    isto é bom para nós?
  • 4:00 - 4:02
    Algumas pessoas dizem que não.
  • 4:02 - 4:05
    Alguns dizem que o segredo da felicidade
  • 4:05 - 4:07
    é baixas expetativas.
  • 4:08 - 4:10
    Acho que a lógica é a seguinte:
  • 4:10 - 4:13
    Se não esperamos grandeza,
  • 4:13 - 4:16
    se não esperamos amor, saúde e êxito,
  • 4:16 - 4:19
    não nos sentiremos desiludidos
    quando estas coisas não acontecem,
  • 4:19 - 4:22
    E se não nos desiludimos
    quando não acontecem coisas boas,
  • 4:22 - 4:26
    e nos sentimos agradavelmente
    surpreendidos quando elas acontecem,
  • 4:26 - 4:27
    seremos felizes.
  • 4:27 - 4:28
    É uma boa teoria,
  • 4:28 - 4:31
    mas revela-se errada, por três razões.
  • 4:32 - 4:37
    Primeira: aconteça o que acontecer,
    sucesso ou fracasso,
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    quem tem expetativas altas
    sente-se sempre melhor.
  • 4:40 - 4:44
    Porque o que sentimos se nos abandonam
    ou se somos o "empregado do mês",
  • 4:44 - 4:47
    depende da nossa interpretação
    desse acontecimento.
  • 4:47 - 4:51
    Os psicólogos Margaret Marshall
    e John Brown
  • 4:51 - 4:54
    analisaram estudantes
    com altas e baixas expetativas.
  • 4:54 - 4:58
    E concluíram que, quando alguém
    com altas expetativas tem êxito,
  • 4:58 - 5:00
    atribuem esse êxito
    às suas próprias qualidades.
  • 5:01 - 5:03
    "Sou um génio, por isso tive Excelente,
  • 5:03 - 5:06
    "por isso terei sempre Excelente
    no futuro."
  • 5:06 - 5:09
    Se fracassavam, não era por serem burros,
  • 5:09 - 5:12
    mas sim porque o exame
    simplesmente não tinha sido justo.
  • 5:12 - 5:14
    A próxima vez seria melhor.
  • 5:14 - 5:17
    As pessoas com baixas expetativas
    fazem o oposto.
  • 5:18 - 5:20
    Quando fracassavam
    era porque eram burros,
  • 5:20 - 5:22
    e quando tinham êxito
  • 5:22 - 5:25
    era porque o exame tinha sido fácil.
  • 5:25 - 5:27
    A próxima vez teriam o que mereciam.
  • 5:27 - 5:29
    Portanto, sentiam-se pior.
  • 5:29 - 5:33
    Segunda:
    independentemente do resultado,
  • 5:33 - 5:36
    a simples antecipação faz-nos felizes.
  • 5:37 - 5:40
    O economista comportamental
    George Lowenstein
  • 5:40 - 5:42
    pediu a estudantes da sua universidade
  • 5:42 - 5:45
    que imaginassem ser beijados
    por uma celebridade
  • 5:45 - 5:47
    Depois disse:
  • 5:47 - 5:50
    "Quanto pagariam por ser beijados
    por uma celebridade,
  • 5:51 - 5:53
    "se o beijo fosse dado agora,
  • 5:53 - 5:58
    "dentro de três horas,
    24 horas, três dias,
  • 5:58 - 6:00
    "um ano, ou 10 anos?"
  • 6:00 - 6:03
    Verificou que estavam dispostos
    a pagar mais,
  • 6:03 - 6:06
    não para serem beijados de imediato,
  • 6:06 - 6:09
    mas sim dentro de três dias.
  • 6:09 - 6:12
    Estavam dispostos a pagar mais
    por esperar.
  • 6:13 - 6:15
    Mas não estavam dispostos a esperar
    um ano nem 10.
  • 6:15 - 6:17
    Ninguém quer
    uma celebridade envelhecida.
  • 6:17 - 6:19
    (Risos)
  • 6:19 - 6:22
    Mas três dias parecia ser o tempo ideal.
  • 6:23 - 6:24
    Porque será?
  • 6:25 - 6:28
    Se nos beijam agora, já se acabou.
  • 6:28 - 6:30
    Mas se nos beijam dentro de três dias,
  • 6:30 - 6:34
    são três dias de antecipação nervosa,
    a emoção da espera.
  • 6:34 - 6:36
    Os estudantes queriam esse tempo
  • 6:36 - 6:39
    para imaginar onde aconteceria,
    como aconteceria.
  • 6:40 - 6:42
    A antecipação fazia-os felizes.
  • 6:43 - 6:46
    Por certo, esta é a razão
    pela qual preferimos sexta a domingo.
  • 6:46 - 6:48
    É realmente curioso,
  • 6:48 - 6:52
    sexta é dia de trabalho
    e domingo é dia de prazer,
  • 6:52 - 6:54
    seria lógico preferir domingo,
  • 6:54 - 6:56
    mas não é o caso.
  • 6:57 - 6:59
    Não é porque gostamos
    mesmo de estar no escritório
  • 6:59 - 7:01
    e não suportamos passear no parque
  • 7:01 - 7:03
    ou tomar um pequeno-almoço tardio.
  • 7:03 - 7:05
    Quando perguntamos a alguém
  • 7:05 - 7:07
    sobre o seu dia da semana favorito,
  • 7:07 - 7:10
    surpresa das surpresas,
    o sábado é o favorito,
  • 7:10 - 7:13
    seguido de sexta, e depois domingo.
  • 7:13 - 7:15
    As pessoas preferem a sexta
  • 7:15 - 7:19
    porque traz a antecipação
    do fim-de-semana,
  • 7:19 - 7:21
    de todos os planos que temos.
  • 7:21 - 7:24
    No domingo, a única coisa
    que podemos ansiar
  • 7:24 - 7:25
    é a semana de trabalho.
  • 7:26 - 7:30
    Os otimistas são as pessoas
    que antecipam mais beijos no futuro,
  • 7:30 - 7:32
    mais passeios no parque.
  • 7:32 - 7:35
    E essa antecipação reforça
    o seu bem-estar.
  • 7:36 - 7:40
    Na realidade, sem a tendência
    para o otimismo,
  • 7:40 - 7:42
    estaríamos todos um pouco deprimidos.
  • 7:43 - 7:45
    As pessoas com uma depressão leve
  • 7:45 - 7:47
    não têm essa tendência,
    ao contemplar o futuro.
  • 7:48 - 7:51
    São mais realistas
    que as pessoas saudáveis.
  • 7:52 - 7:54
    Mas as pessoas com uma depressão grave
  • 7:54 - 7:56
    têm tendência para o pessimismo.
  • 7:56 - 7:58
    Por isso esperam que o futuro
  • 7:58 - 8:01
    seja pior do que acaba por ser.
  • 8:01 - 8:04
    O otimismo modifica a realidade subjetiva.
  • 8:04 - 8:07
    O que esperamos que seja o mundo
    modifica como o vemos.
  • 8:07 - 8:10
    Mas também modifica a realidade objetiva.
  • 8:11 - 8:14
    É como uma profecia auto-cumprida.
  • 8:14 - 8:16
    E esta é a terceira razão
  • 8:16 - 8:19
    pela qual baixar as expetativas
    não nos fará feliz.
  • 8:19 - 8:21
    Experiências controladas indicam
  • 8:21 - 8:24
    que o otimismo não só
    está ligado ao êxito,
  • 8:24 - 8:27
    mas que conduz ao êxito
  • 8:27 - 8:30
    na vida académica, no desporto
    e na política.
  • 8:30 - 8:35
    O benefício mais surpreendente
    talvez seja na saúde.
  • 8:35 - 8:38
    Se esperamos que o futuro seja alegre,
  • 8:38 - 8:40
    o stress e a ansiedade reduzem-se.
  • 8:41 - 8:45
    Em suma, o otimismo tem muitos benefícios.
  • 8:45 - 8:48
    Mas a questão que me confundia era:
  • 8:48 - 8:52
    como manter o otimismo
    perante a realidade?
  • 8:53 - 8:56
    Como neurocientista, isto
    era particularmente confuso
  • 8:56 - 8:59
    porque, de acordo com todas as teorias,
  • 8:59 - 9:02
    quando as expetativas não se realizam,
    deveríamos alterá-las.
  • 9:03 - 9:04
    Mas isto não é o que acontece.
  • 9:04 - 9:08
    Pedimos a pessoas que
    viessem ao laboratório
  • 9:08 - 9:11
    para tentar compreender
    o que estava a acontecer.
  • 9:11 - 9:13
    Pedimos-lhes que estimassem
    a sua probabilidade
  • 9:13 - 9:16
    de passar por várias situações
    terríveis na vida.
  • 9:16 - 9:19
    Por exemplo, a probabilidade
    de sofrer de cancro?
  • 9:20 - 9:22
    De seguida, informámos
    da probabilidade média
  • 9:22 - 9:26
    de alguém semelhante a elas
    sofrer esses infortúnios
  • 9:26 - 9:28
    Para o cancro, por exemplo,
    é cerca de 30%.
  • 9:30 - 9:32
    Depois voltámos a perguntar:
  • 9:32 - 9:34
    "Que probabilidade tem
    de sofrer de cancro?"
  • 9:35 - 9:37
    O que queríamos saber
  • 9:37 - 9:40
    era se as pessoas tomavam
    as informações que lhes déramos
  • 9:40 - 9:42
    para modificar as suas crenças.
  • 9:42 - 9:44
    E foi o que aconteceu,
  • 9:44 - 9:47
    mas principalmente quando as informações
  • 9:47 - 9:49
    eram melhores do que tinham esperado.
  • 9:50 - 9:51
    Por exemplo, se alguém diz:
  • 9:51 - 9:54
    "A minha probabilidade de sofrer de cancro
  • 9:54 - 9:56
    "é de cerca de 50%,"
  • 9:56 - 9:57
    e nós dizíamos:
  • 9:57 - 10:02
    "Boas notícias:
    a probabilidade média é só de 30%",
  • 10:02 - 10:03
    na vez seguinte diriam:
  • 10:03 - 10:06
    "Bom, talvez a minha seja de 35%."
  • 10:06 - 10:09
    Aprendiam rápida e eficazmente.
  • 10:09 - 10:11
    Mas se alguém começava por dizer:
  • 10:11 - 10:15
    "A minha probabilidade
    de sofrer de cancro é de 10%"
  • 10:15 - 10:16
    e nós dizíamos:
  • 10:16 - 10:20
    "Más notícias:
    a probabilidade média é de 30%",
  • 10:20 - 10:23
    na vez seguinte diriam:
  • 10:23 - 10:25
    "Ainda acho que é
    de cerca de 11%."
  • 10:25 - 10:28
    (Risos)
  • 10:28 - 10:31
    Não é que não aprendessem
    — aprendiam —
  • 10:31 - 10:33
    mas muito menos
    do que quando lhes davam
  • 10:33 - 10:35
    informações positivas sobre o futuro.
  • 10:35 - 10:39
    Não significa que não recordassem
    os dados que lhes déramos,
  • 10:39 - 10:42
    todos se lembram que
    a probabilidade média de cancro
  • 10:42 - 10:43
    é de cerca de 30%
  • 10:43 - 10:46
    e que a média de divórcio é de 40%.
  • 10:46 - 10:49
    Mas não achavam que os números
    se aplicavam a eles.
  • 10:50 - 10:55
    Isto significa que avisos deste tipo
  • 10:55 - 10:57
    poderão ter só um efeito limitado.
  • 10:57 - 11:01
    Sim, fumar mata,
    mas principalmente mata os outros.
  • 11:02 - 11:04
    O que eu queria saber
  • 11:04 - 11:07
    era o que acontecia no interior
    do cérebro humano
  • 11:07 - 11:10
    que nos impedia de tomar estes avisos
    de forma pessoal.
  • 11:11 - 11:12
    Mas também,
  • 11:12 - 11:14
    ao ouvir que o setor imobiliário
    está positivo, pensamos:
  • 11:14 - 11:18
    "O preço da minha casa duplicará."
  • 11:18 - 11:20
    Para tentar averiguar,
  • 11:20 - 11:22
    pedi aos participantes na experiência
  • 11:22 - 11:25
    que passassem
    por um "scanner" ao cérebro.
  • 11:25 - 11:26
    Tem este aspeto.
  • 11:26 - 11:29
    Usando um método
    chamado IRM funtional,
  • 11:29 - 11:33
    conseguimos identificar regiões no cérebro
  • 11:33 - 11:35
    que reagiam a informações positivas.
  • 11:35 - 11:39
    Uma destas regiões é o giro frontal
    inferior esquerdo.
  • 11:39 - 11:43
    Se alguém diz: "A minha probabilidade
    de cancro é de 50%."
  • 11:43 - 11:44
    E nós dizemos:
  • 11:44 - 11:47
    "Boas notícias,
    a probabilidade média é de 30%,"
  • 11:47 - 11:50
    o giro frontal inferior
    esquerdo reagia ferozmente.
  • 11:51 - 11:55
    Não importava se eram otimistas
    radicais, moderados
  • 11:56 - 11:57
    ou ligeiramente pessimistas.
  • 11:57 - 12:00
    Em todos eles o giro frontal
    inferior esquerdo
  • 12:00 - 12:02
    funcionava perfeitamente,
  • 12:02 - 12:04
    quer fôssemos Barack Obama
    ou Woody Allen.
  • 12:05 - 12:06
    No outro lado do cérebro,
  • 12:06 - 12:11
    o giro frontal inferior direito
    reagia a más notícias.
  • 12:11 - 12:14
    Mas acontece que não muito bem.
  • 12:15 - 12:17
    Quanto mais otimistas fôssemos,
  • 12:17 - 12:19
    menos provável era que esta região
  • 12:19 - 12:22
    reagisse a informações negativas
    inesperadas.
  • 12:23 - 12:25
    E se o cérebro é incapaz
  • 12:25 - 12:29
    de integrar más notícias
    sobre o futuro,
  • 12:29 - 12:32
    teremos sempre postos
    os óculos cor-de-rosa.
  • 12:34 - 12:37
    Queríamos saber se era possível
    mudar isto.
  • 12:38 - 12:42
    Seria possível alterar
    a tendência para o otimismo
  • 12:42 - 12:45
    ao interferir com a atividade cerebral
    nestas regiões?
  • 12:45 - 12:48
    Existe uma forma de o fazer.
  • 12:48 - 12:51
    Este é meu colaborador Ryota Kanai.
  • 12:51 - 12:54
    Está a fazer correr
    um ligeiro impulso magnético
  • 12:54 - 12:57
    através do crânio dum participante
    no nosso estudo
  • 12:57 - 12:59
    até ao seu giro frontal inferior.
  • 12:59 - 13:01
    Ao fazer isto,
  • 13:01 - 13:04
    está a interferir com
    a atividade desta região do cérebro
  • 13:04 - 13:05
    durante uma meia hora.
  • 13:05 - 13:08
    Juro que tudo voltará ao normal.
  • 13:08 - 13:10
    (Risos)
  • 13:10 - 13:12
    Vamos ver o que acontece.
  • 13:14 - 13:15
    Primeiro, vou mostrar-vos
  • 13:15 - 13:18
    a quantidade média de tendência que vemos.
  • 13:18 - 13:20
    Se vos analisasse agora,
  • 13:21 - 13:23
    esta seria a quantidade que aprenderiam
  • 13:23 - 13:26
    mais de boas notícias que de más notícias.
  • 13:26 - 13:28
    Agora interferimos com a região
  • 13:28 - 13:33
    que integra informações negativas
    nesta tarefa,
  • 13:33 - 13:36
    e a tendência para o otimismo
    aumenta ainda mais.
  • 13:36 - 13:41
    Tornámos as pessoas mais condicionadas
    ao processar as informações.
  • 13:41 - 13:44
    Depois interferimos
    com a região do cérebro
  • 13:44 - 13:48
    que integra as boas notícias nesta tarefa,
  • 13:48 - 13:51
    e a tendência para o otimismo desapareceu.
  • 13:52 - 13:54
    Ficámos admirados com estes resultados
  • 13:54 - 13:57
    porque pudemos eliminar
  • 13:57 - 13:59
    uma tendência arraigada nos seres humanos.
  • 14:01 - 14:04
    Aqui parámos e perguntámo-nos:
  • 14:05 - 14:09
    Queremos despedaçar a ilusão do otimismo?
  • 14:10 - 14:14
    Se pudéssemos, quereríamos eliminar
    a tendência para o otimismo?
  • 14:15 - 14:20
    Já vos expliquei os benefícios
    da tendência para o otimismo,
  • 14:20 - 14:23
    que provavelmente nos faz querer
    mantê-lo para sempre.
  • 14:23 - 14:26
    Mas claro que também existem perigos
  • 14:26 - 14:28
    e seria insensato ignorá-los.
  • 14:29 - 14:32
    Por exemplo, este e-mail que recebi
  • 14:32 - 14:35
    dum bombeiro da Califórnia.
  • 14:35 - 14:38
    Ele diz: "As investigações sobre mortes
    de bombeiros
  • 14:38 - 14:42
    "incluem muitas vezes:
    'Não pensámos que o fogo fizesse isso',
  • 14:42 - 14:45
    "mesmo quando toda a informação disponível
  • 14:45 - 14:47
    "estava lá para garantir decisões seguras".
  • 14:48 - 14:51
    O capitão tentará utilizar estes resultados
    sobre a tendência para o otimismo
  • 14:51 - 14:53
    para tentar explicar aos bombeiros
  • 14:53 - 14:55
    porque pensam como pensam,
  • 14:55 - 15:01
    para sensibilizá-los para esta tendência
    para o otimismo nos seres humanos.
  • 15:03 - 15:08
    O otimismo irrealista pode conduzir
    a um comportamento arriscado,
  • 15:08 - 15:11
    ao colapso financeiro,
    ao planeamento deficiente.
  • 15:11 - 15:14
    O governo britânico, por exemplo,
  • 15:14 - 15:16
    reconheceu que a tendência para o otimismo
  • 15:16 - 15:19
    pode tornar as pessoas mais propensas
  • 15:19 - 15:23
    a subestimar os custos
    e a duração dos projetos.
  • 15:24 - 15:27
    Por isso ajustaram o orçamento
    para as Olimpíadas de 2012
  • 15:27 - 15:30
    em função da tendência para o otimismo.
  • 15:30 - 15:32
    Um amigo meu, que se casa
    dentro de semanas,
  • 15:32 - 15:34
    fez o mesmo com o orçamento
    para o casamento.
  • 15:34 - 15:37
    A propósito, ao perguntar-lhe sobre
    a probabilidade de divórcio,
  • 15:37 - 15:40
    disse ter a certeza que
    seria de zero por cento.
  • 15:42 - 15:47
    O ideal seria que nos protegêssemos
    dos perigos do otimismo,
  • 15:48 - 15:51
    mas mantendo a esperança,
  • 15:51 - 15:54
    beneficiando das muitas
    vantagens do otimismo.
  • 15:54 - 15:57
    Acredito que existe uma forma.
  • 15:57 - 15:59
    O essencial aqui é o conhecimento.
  • 15:59 - 16:02
    Não nascemos conhecendo
    os nossos preconceitos.
  • 16:02 - 16:06
    Têm que ser identificados através
    de investigações científicas.
  • 16:06 - 16:10
    Felizmente, ter consciência
    da tendência para o otimismo
  • 16:10 - 16:12
    não destrói a ilusão.
  • 16:12 - 16:13
    É como as ilusões óticas:
  • 16:13 - 16:16
    compreendê-las não as faz desaparecer.
  • 16:16 - 16:19
    Isto é bom, porque significa
  • 16:19 - 16:21
    que deveríamos poder encontrar
    um equilíbrio,
  • 16:21 - 16:24
    encontrar planos e regras
  • 16:24 - 16:27
    para proteger-nos do otimismo irrealista,
  • 16:27 - 16:29
    ao mesmo tempo
    mantendo a esperança.
  • 16:30 - 16:33
    Acho que esta ilustração
    é uma boa representação.
  • 16:33 - 16:37
    Porque se formos
    um destes pinguins pessimistas
  • 16:37 - 16:39
    que não acredita que possa voar,
  • 16:39 - 16:41
    certamente não o faremos.
  • 16:41 - 16:43
    Para podermos progredir
  • 16:43 - 16:45
    temos que imaginar
    uma realidade diferente
  • 16:45 - 16:49
    e temos que acreditar
    que essa realidade é possível.
  • 16:49 - 16:52
    Mas se formos um pinguim
    muito otimista,
  • 16:52 - 16:56
    que salta cegamente à espera do melhor,
  • 16:56 - 17:00
    talvez nos encontremos numa
    má situação ao aterrar.
  • 17:00 - 17:02
    Mas se formos um pinguim otimista
  • 17:02 - 17:04
    que acredita que pode voar,
  • 17:04 - 17:06
    mas põe um paraquedas
  • 17:06 - 17:10
    para o caso de imprevistos,
  • 17:10 - 17:11
    voaremos como uma águia,
  • 17:11 - 17:14
    mesmo se só formos um pinguim.
  • 17:14 - 17:16
    Obrigada.
  • 17:16 - 17:19
    (Aplausos)
Title:
A tendência para o otimismo
Speaker:
Tali Sharot
Description:

Nascemos para ser otimistas e não realistas? Tali Sharot partilha as novas investigações que indicam como o nosso cérebro está ligado de forma a ver sempre o lado positivo — e como isso tanto pode ser perigoso como vantajoso.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:40
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The optimism bias
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Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for The optimism bias
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