Lentes Surdas | Wayne Betts Jr |TEDxIslay
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0:10 - 0:13Tenho que confessar uma coisa.
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0:13 - 0:15A minha memória não é muito boa.
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0:16 - 0:19Não tenho grandes recordações
da minha infância. -
0:19 - 0:20Tinha um truque que me ajudava
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0:20 - 0:23a lembrar-me das coisas,
quando estava a crescer. -
0:23 - 0:26O que acontecia, por que ordem, etc.
Que truque era esse? -
0:29 - 0:32A minha mãe dizia:
"Lembras-te de quando tinhas 12 anos -
0:32 - 0:36"e vomitaste comida indigesta
naquele restaurante? -
0:36 - 0:38"Lembras-te?"
E eu: "Doze anos?" -
0:38 - 0:40A minha mãe dizia:
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0:40 - 0:42"Foi no dia em que vimos o Indiana Jones 3
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0:42 - 0:44"que tu adoraste.
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0:44 - 0:46"E, depois disso, o que é que fizemos?"
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0:46 - 0:48E eu: "Ah, pois! Aquele restaurante".
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0:48 - 0:51Assim, apoiava-me no filme
para me lembrar das coisas. -
0:51 - 0:52A linha cronológica da minha memória
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0:52 - 0:55apoiava-se na data
em que eu tinha visto filmes. -
0:55 - 0:56Porque é que eu trago isto para aqui?
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0:56 - 0:58A minha mãe levava-me sempre ao cinema.
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0:58 - 1:01Sempre. Mesmo sem legendas.
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1:01 - 1:04Sentávamo-nos no cinema
e as imagens apareciam à nossa frente. -
1:04 - 1:06Aborrecíamo-nos, apesar de eu ser
um miúdo irrequieto? -
1:06 - 1:08Nem pensar.
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1:08 - 1:09Porque é que eu ficava fascinado?
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1:09 - 1:11A câmara. A iluminação. O enquadramento.
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1:11 - 1:13A câmara estava sempre em movimento.
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1:13 - 1:16Aproximava-se dos atores,
enquanto eles falavam, depois afastava-se. -
1:16 - 1:18Eu ficava paralisado.
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1:18 - 1:21As imagens separadoras, sem palavras,
sem qualquer diálogo, Só imagens. -
1:22 - 1:25Juntavam-se para contar uma história.
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1:25 - 1:27Era realmente muito poderoso. Uau!
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1:27 - 1:29Especialmente num certo filme.
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1:29 - 1:32Ficou metido na minha cabeça.
Ainda hoje, continua lá. -
1:38 - 1:40Quantos de vocês o viram?
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1:41 - 1:42Todos, claro.
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1:42 - 1:45Foi provavelmente o primeiro filme
que eu vi no cinema. -
1:45 - 1:47Deste, pelo menos, lembro-me bem.
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1:47 - 1:49Lembro-me de ser miúdo e estar no cinema,
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1:49 - 1:51com a minha mãe, muito excitado.
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1:51 - 1:54Vimo-lo do princípio até ao fim.
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1:54 - 1:55Eu desfiz-me em lágrimas.
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1:55 - 1:58De noite não consegui dormir
e a minha mãe tentou consolar-me. -
1:58 - 2:01Mas o E.T. fora-se embora!
Eu estava inconsolável. -
2:01 - 2:03Mas... havia uma parte especial.
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2:03 - 2:06Lembram-se do começo?
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2:07 - 2:09O filme começa à noite, no bosque.
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2:09 - 2:11Um OVNI projeta a luz lá de cima.
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2:11 - 2:12As árvores agitam-se quando ele aterra.
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2:12 - 2:15E uma criatura... um ser qualquer...
sai correndo da nave. -
2:15 - 2:18As árvores abanam
quando ele atravessa o bosque, -
2:18 - 2:20a câmara aproxima-se dos carros
que chegam ao local, -
2:20 - 2:22os faróis iluminam as árvores.
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2:22 - 2:23Um carro para, abre-se a porta,
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2:23 - 2:25uns sapatos poisam no chão.
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2:25 - 2:26A câmara foca os sapatos.
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2:26 - 2:30Depois muda para um molho de chaves
pendurado no cinto do homem -
2:30 - 2:33Nunca mostra a cara desse homem.
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2:33 - 2:34A câmara para nas chaves.
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2:34 - 2:38Quem era aquele homem? Eu não sabia
Porque é que ele estava ali? Eu não sabia. -
2:38 - 2:41Só que ele perseguia a criatura
mas não apanhara -
2:41 - 2:43e ela fugira para a cidade.
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2:43 - 2:45O homem vai-se embora e a cena desaparece.
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2:45 - 2:47Posteriormente, no filme,
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2:47 - 2:50depois da famosa cena da bicicleta,
perto do fim, -
2:50 - 2:52o E.T. está a morrer, doente.
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2:52 - 2:54Encontram-no e levam-no para casa.
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2:54 - 2:57Levam-no para a casa de banho
e escondem-no ali até ele morrer. -
2:57 - 2:59O rapaz chora sobre o corpo do E.T.
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2:59 - 3:01Depois, a câmara muda para o exterior,
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3:01 - 3:03onde está a chegar a polícia,
a NASA e diversos agentes. -
3:03 - 3:05Abre-se a porta duma das carrinhas
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3:05 - 3:07e voltam a aparecer os mesmos pés!
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3:07 - 3:11A câmara sobe para mostrar
o mesmo molho de chaves. -
3:12 - 3:14Vemos a cara dele? Não sei.
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3:14 - 3:16Qual era a profissão dele? Não sei.
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3:16 - 3:18Mas aquele pormenor da cena anterior
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3:18 - 3:20— o molho de chaves —
corresponde a este molho aqui. -
3:20 - 3:23Aquele pormenor revela-nos imediatamente
que é ele o mau da fita! -
3:23 - 3:26Está pronto para levar o E.T. e andar.
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3:26 - 3:29Sabemos isso, apenas a partir
do molho de chaves. Desse pormenor. -
3:29 - 3:31Depois disso, a partir desse momento,
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3:31 - 3:33percebi que queria fazer filmes.
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3:33 - 3:37Queria fazer cenas separadas
que se juntassem para nos dar uma história -
3:37 - 3:39sem precisar dum guião,
falado ou assinado. -
3:39 - 3:41Foram aquelas imagens!
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3:41 - 3:45A partir daí, começou a minha jornada.
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3:46 - 3:49Mais tarde, entrei
para a Universidade Gallaudet. -
3:49 - 3:51Fiz o curso para diretor de filmes.
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3:51 - 3:54Numa das minhas aulas,
havia um professor, Facundo. -
3:54 - 3:55Morreu há pouco tempo.
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3:55 - 3:57Não era surdo
e não sabia linguagem gestual. -
3:57 - 3:59Não quis o intérprete
de linguagem gestual -
3:59 - 4:00e tentou substituí-lo.
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4:00 - 4:02E "falava" lentamente.
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4:02 - 4:05Ao fim de algum tempo de aulas,
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4:05 - 4:07arranjou um projeto especial.
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4:08 - 4:09[Expressão visual]
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4:10 - 4:12Expressão visual?
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4:12 - 4:15Até aí, tínhamos aprendido
a enquadrar cenas, -
4:15 - 4:17a contar uma história, etc.
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4:17 - 4:19Mas isto era diferente.
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4:19 - 4:21O professor viu-se aflito
para nos explicar aquilo. -
4:21 - 4:23"Turma, quero que vocês
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4:23 - 4:27"exprimam qualquer coisa
sobre vocês mesmos!" -
4:27 - 4:29Eu tinha que dizer qualquer coisa
sobre mim. Mas o quê? -
4:29 - 4:34Então, ele mostrou-nos um trabalho seu.
Ele não era surdo, não se esqueçam. -
4:34 - 4:35O trabalho era do seu tempo
da universidade. -
4:35 - 4:37Tinha um começo invulgar.
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4:37 - 4:39A câmara demorava-se sobre a cara dele,
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4:39 - 4:40e ele, em tronco nu.
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4:40 - 4:43A câmara focava a erva
que baloiçava com o vento. -
4:43 - 4:45Depois para um corta-relva,
depois para uma fogueira. -
4:45 - 4:48Depois para um homem a correr.
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4:48 - 4:49Depois para as nuvens no céu.
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4:49 - 4:51Eu não percebia nada daquilo.
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4:51 - 4:53Mas era estranha — a expressão dele.
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4:53 - 4:57O professor acrescentou
que havia música e som e disse: -
4:57 - 5:00"Isto é uma abstração sobre a minha vida".
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5:00 - 5:03"Quero que vocês, esta turma de surdos,
se exprimam, -
5:03 - 5:05"não quero que copiem o meu filme.
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5:05 - 5:07"Este filme é meu. Qual é o vosso?"
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5:07 - 5:11Enquanto ele se esforçava por explicar,
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5:11 - 5:13eu percebia que ele
não encontrava as palavras -
5:13 - 5:15para o que queria que nós fizéssemos.
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5:15 - 5:18Não sabia como dizê-lo.
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5:18 - 5:20No fim do prazo,
entregámos os nossos trabalhos. -
5:20 - 5:22O professor elogiou o nosso trabalho
-
5:22 - 5:24e passámos para o projeto seguinte.
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5:24 - 5:27Mas aquilo ficou na minha memória.
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5:27 - 5:29Passei da Gallaudet para o RIT
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5:29 - 5:32Aí, concentrei-me na tecnologia
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5:32 - 5:34e fiz várias cadeiras
sobre câmaras, lentes -
5:34 - 5:37— a diferença entre lentes
de 50 mm e de 35 mm, -
5:37 - 5:40como iluminar uma cena com três luzes,
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5:40 - 5:43porque não se podia
deslocar uma terceira luz, etc. -
5:43 - 5:46Há uma cadeira na escola do cinema
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5:47 - 5:49de linguagem cinematográfica.
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5:51 - 5:54[Gramática da Linguagem Cinematográfica]
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5:58 - 6:00Alto lá, há uma cadeira
de linguagem cinematográfica? -
6:01 - 6:05Não era a mesma coisa de um professor
nos dar duas folhas de papel agrafadas. -
6:05 - 6:08Era uma cadeira totalmente dedicada
à Linguagem Cinematográfica. -
6:08 - 6:11Era um livro grosso!
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6:11 - 6:13Havia inúmeros termos.
Para vos dar uma ideia... -
6:14 - 6:17[Grande plano. Plano médio. Plano geral]
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6:17 - 6:19Conhecem estes termos?
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6:20 - 6:23Um grande plano.
Um plano médio. Um plano geral. -
6:23 - 6:25Eu passo a explicar.
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6:25 - 6:28Um plano geral apresenta
o local da história. -
6:28 - 6:31Na primeira imagem, vemos uma paisagem,
uma árvore e uma casa, -
6:31 - 6:34um "cowboy" de chapéu,
a mascar feno. É um plano geral. -
6:34 - 6:36A imagem reduz-se a um plano médio.
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6:36 - 6:38O enquadramento corta o homem pelas coxas.
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6:38 - 6:41Está ao pé da árvore, a mascar
aquele bocado de feno. -
6:41 - 6:44Depois, o grande plano dirige-se
para a cabeça do homem. -
6:44 - 6:46Esta imagem serve para indicar emoções.
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6:46 - 6:49O grande plano sublinha o que é preciso
saber naquele momento. -
6:49 - 6:51São três tipos de enquadramento.
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6:51 - 6:53Ainda há mais tipos de imagens.
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6:53 - 6:55No ângulo oblíquo, a imagem
fica inclinada. -
6:55 - 6:58Uma filmagem sobre rodas movimenta
a câmara de um lado para o outro. -
6:58 - 7:02Uma filmagem com grua movimenta
a câmara para cima e para baixo. -
7:02 - 7:06Há inúmeros tipos de filmagens.
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7:06 - 7:09Outro tipo de técnica, que me pareceu
pouco adequada para mim, -
7:09 - 7:12usa-se nos noticiários.
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7:12 - 7:15Por exemplo, está ali um pobre rapazinho,
-
7:15 - 7:18encolhido, com fome.
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7:18 - 7:20Mas a voz do narrador diz-nos
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7:20 - 7:22que este rapaz não tem pais
e está perdido, -
7:22 - 7:24diz-nos que naquele país não é caso único
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7:24 - 7:26e que é precisa a nossa ajuda.
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7:26 - 7:29Alto aí — são duas histórias diferentes.
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7:29 - 7:31O rapaz com fome, doente,
desperta a nossa simpatia -
7:31 - 7:35e ouvimos outra narrativa relacionada
com a história que a câmara conta. -
7:35 - 7:38Os dois fios entrelaçam-se
para formarem uma só história. -
7:40 - 7:42Num filme para surdos...
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7:42 - 7:45E há inúmeros elementos...
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7:48 - 7:51Posso dizer-vos que
isto é um pequeno exemplo -
7:51 - 7:53do que é a linguagem de um filme.
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7:53 - 7:55Há muitas técnicas
relacionadas com o guião: -
7:55 - 7:59o começo da história,
a apresentação das personagens, -
7:59 - 8:00o conflito, a progressão da história,
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8:00 - 8:03conflitos após conflitos
e depois a derrocada da terra -
8:03 - 8:06o RV afasta-se rapidamente
esquivando-se às pedras que voam -
8:06 - 8:08e os conflitos continuam até ao desfecho.
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8:08 - 8:10Juntam-se todos e a ação acaba.
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8:10 - 8:12É o final feliz.
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8:12 - 8:14Estou a falar dos filmes norte-americanos
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8:14 - 8:16que acabam sempre bem.
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8:16 - 8:18Portanto, há regras
para a progressão da ação. -
8:18 - 8:22Devemos segui-las, a escola encoraja-nos
a seguir essas regras que são muitas. -
8:25 - 8:29Na minha turma,
havia poucos estudantes surdos. -
8:29 - 8:31Eu arregaçava as mangas,
porque queria tudo -
8:31 - 8:34— os diversos termos e regras —
-
8:34 - 8:37queria reorganizá-los para poder
fazer um filme para surdos. -
8:37 - 8:39O resultado é o meu primeiro filme no RIT.
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8:39 - 8:45O objetivo era um diálogo de surdos,
com linguagem gestual, no ecrã. -
8:45 - 8:49Se a linguagem gestual ficava
fora da imagem, era sempre: "Corta!" -
8:49 - 8:53"Corta! Tens as mãos
fora do enquadramento. -
8:53 - 8:55"Outra vez!"
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8:55 - 8:57Um amigo meu e eu queríamos
resolver esse problema. -
8:57 - 8:59E eu: "Não, o medo de uma mão fora do ecrã
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8:59 - 9:02"não nos deve obrigar
a fazer sinais canhestros dentro do ecrã. -
9:02 - 9:04"Acho que vão conseguir perceber-nos".
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9:04 - 9:06Então fizemos este filme.
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9:38 - 9:40Aconteceram aqui
duas coisas interessantes. -
9:40 - 9:44Mostrei isto a uma audiência
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9:44 - 9:45— eu estava no primeiro ano
-
9:45 - 9:48trabalhava com uma câmara pequena
e tinha muitas ideias. -
9:48 - 9:51Executei essas ideias,
só para provar que podíamos fazê-lo. -
9:51 - 9:54A audiência viu-o e todos disseram: "Uau!"
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9:54 - 9:57Mas eu sentei-me no meio da audiência
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9:57 - 9:59e senti que faltava qualquer coisa.
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9:59 - 10:03Não me sentia natural. Nada mesmo.
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10:03 - 10:05O meu mundo de surdos — o único que via —
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10:05 - 10:08não estava ali.
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10:08 - 10:10Este filme mostrava um mundo diferente.
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10:10 - 10:12Percebi isso.
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10:12 - 10:15Outra coisa: porque é que
havia ali um telefone? O homem era surdo! -
10:15 - 10:20Foi um erro meu. Ainda não percebo
porque é que ele tinha um telefone. -
10:20 - 10:23A minha luta começou com aquele projeto.
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10:23 - 10:25A seguir, cumpri as regras
da linguagem dos filmes. -
10:25 - 10:28Experimentei diversas formas
de reorganizar as regras. -
10:28 - 10:30Mas nunca consegui
a sensação de naturalidade. -
10:30 - 10:32Queria ver qualquer coisa no ecrã e dizer:
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10:32 - 10:35"Aquele é o meu mundo!"
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10:35 - 10:41Aqui, neste ecrã, nunca senti isso.
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10:41 - 10:43A linguagem do cinema estava
dentro duma caixa -
10:43 - 10:46e eu sentia-me fechado dentro dessa caixa.
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10:46 - 10:49Tentava sair da caixa,
reorganizando as regras. -
10:49 - 10:52Então percebi que tinha
que pôr a caixa de lado. -
10:56 - 10:59A caixa tinha um conjunto de regras
que evoluíram com o tempo. -
10:59 - 11:02Toda a gente trabalhava com som,
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11:02 - 11:04fossem de que país fossem,
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11:04 - 11:07porque o som que era
uma parte essencial do filme. -
11:07 - 11:10Isso influenciava a montagem do filme
— o som estava ligado a tudo. -
11:10 - 11:14Eu sou surdo, sou muito visual.
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11:14 - 11:16Nem sequer penso no som.
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11:16 - 11:19Esta descoberta
levou-me a olhar para dentro. -
11:19 - 11:22Para o meu mundo
e a forma como eu o sentia. -
11:22 - 11:25Como é que eu devia aplicar
esses princípios ao filme. -
11:26 - 11:29[Guião]
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11:30 - 11:33Todos sabem o que é um guião.
Escrito no papel. -
11:34 - 11:37Começa com: "INT: A CASA NA ÁRVORE...
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11:37 - 11:39"Esta e aquela personagem...", etc.
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11:39 - 11:41Palavras em páginas.
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11:41 - 11:43O meu primeiro pensamento: a linguagem.
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11:43 - 11:46Usamos linguagem gestual.
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11:46 - 11:49Claro que eu sei escrever,
o meu inglês é perfeito. -
11:49 - 11:52Mas debatia-me para escrever no papel.
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11:52 - 11:55Linguagem gestual...
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11:55 - 11:57Bernard Bragg,
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11:57 - 11:59Ben Bahan
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11:59 - 12:01e o professor de Gallaudet
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12:01 - 12:04sempre nos disseram
que a linguagem gestual -
12:04 - 12:08tinha valor cinematográfico.
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12:08 - 12:11Diziam que a linguagem gestual
é como o ecrã do filme. -
12:11 - 12:15Um olho ambulante, grandes planos, etc.
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12:15 - 12:17Era verdade. Mas seria idêntico?
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12:17 - 12:19Nem por isso.
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12:19 - 12:22Penso que a linguagem
gestual norte-americana [ASL] -
12:22 - 12:26é muito mais rica do que o que temos
para trabalhar no cinema. -
12:26 - 12:31A ASL vai muito para além disso.
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12:31 - 12:33Portanto, podemos pôr de lado
o guião escrito. -
12:33 - 12:36Em vez dele, podemos
arranjar um guião ASL. -
12:36 - 12:39Eu conto a história em frente duma câmara.
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12:39 - 12:42Há pouco tempo, fiz isso para um projeto.
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12:42 - 12:43Eis como era.
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12:46 - 12:49A imagem aproxima-se
e entramos por uma parede. -
12:49 - 12:51É a 6.ª Avenida.
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12:51 - 12:54Carros de um lado para o outro,
edifícios de cada lado da rua. -
12:54 - 12:56Nuvens por cima das nossas cabeças.
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12:56 - 12:59Aparecem duas mãos, que fazem
um movimento de varredela. -
12:59 - 13:01Uma fila de edifícios
desaparece do terreno. -
13:01 - 13:05As mãos fazem outro gesto,
e aparece um novo edifício no mesmo local. -
13:05 - 13:08Vemos aqui desenhos que se transformam
em edifícios e ocupam um dos lados da rua. -
13:08 - 13:10Este foi o meu primeiro guião ASL.
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13:10 - 13:13Não fui só eu a usá-lo.
Tínhamos uma equipa inteira, -
13:13 - 13:14uma grande equipa de membros surdos.
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13:14 - 13:18Havia artistas de apoio,
-
13:18 - 13:21os atores e os seus agentes,
operadores de imagem, editores, -
13:21 - 13:24pessoas de efeitos especiais,
uma grande equipa. -
13:24 - 13:26Baseávamo-nos nisto.
-
13:26 - 13:28Na linguagem gestual.
Nada de escrita no papel. -
13:28 - 13:30Eis o resultado.
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13:32 - 13:33(Filme)
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13:52 - 13:54Obrigado.
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13:54 - 13:57Eu senti que o futuro era este.
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13:57 - 13:58Se trabalhasse em ASL,
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13:58 - 14:01o meu mundo alargar-se-ia.
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14:01 - 14:04Podia facilmente traduzir esta visão
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14:04 - 14:05porque falamos todos a mesma linguagem.
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14:05 - 14:07Eles viram-no e perceberam-no logo.
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14:07 - 14:09"O edifício aparece. Percebi.
Vou tratar disso". -
14:09 - 14:12Portanto, é uma coisa em que
devemos porfiar. Guiões em ASL. -
14:12 - 14:16Há mais uma coisa.
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14:16 - 14:18O fluxo da câmara.
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14:18 - 14:21Todos sabemos o que é a montagem.
-
14:21 - 14:23Numa cena, há uma pessoa a falar.
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14:23 - 14:25Depois cortamos para outro lado:
"Não, mamã". -
14:25 - 14:28Voltamos à cena original, etc.
É isso a montagem. -
14:28 - 14:30Alternar entre duas cenas.
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14:30 - 14:32Olhei para esta prática uniforme
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14:32 - 14:34e, quando falamos em ASL com outra pessoa,
-
14:34 - 14:37estamos a olhar um para o outro
durante a conversa? -
14:37 - 14:39É assim que se fala em ASL,
-
14:39 - 14:41ou agitamos as mãos bruscamente
em frente dessa pessoa? -
14:41 - 14:44"Oh, ok. O quê? Há uma coisa no chão?"
-
14:44 - 14:45Não.
-
14:46 - 14:48Mantemos contacto visual
durante toda a conversa, -
14:48 - 14:49mesmo quando estamos a andar,
-
14:49 - 14:52mesmo quando os postes telefónicos
passam pelo meio de nós, -
14:52 - 14:54mesmo quando há obstáculos.
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14:54 - 14:56Temos que nos manter ligados um ao outro,
-
14:56 - 14:57estar sintonizados.
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14:57 - 14:59Portanto, a câmara tem que ser fluida
-
14:59 - 15:01e permanente.
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15:01 - 15:04Isso vai apelar
aos nossos valores interiores. -
15:04 - 15:06"Sim, isto é tal e qual o meu mundo".
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15:06 - 15:08Comecei a fazer uma outra coisa:
-
15:08 - 15:10ligar a câmara ao corpo,
de modo que, quando ando, -
15:10 - 15:12a câmara balança levemente.
-
15:12 - 15:15Chama-se a isso uma "steadicam".
-
15:15 - 15:18Sinto-me mais sintonizado
com a ação quando a uso. -
15:18 - 15:21Isto é um exemplo duma cena filmada
com uma "steadicam": -
16:06 - 16:08Outra coisa: Viram as legendas?
-
16:08 - 16:10Repararam nas legendas?
-
16:10 - 16:12Não estavam na parte de baixo do ecrã
-
16:12 - 16:14— como um corte brusco na montagem —
-
16:14 - 16:15que atraem os olhos.
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16:15 - 16:16Quando estou a olhar para o ator
-
16:16 - 16:18tenho que desviar o olhar.
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16:18 - 16:19Não queria fazer isso.
-
16:19 - 16:21As legendas têm que
estar à volta dos atores -
16:21 - 16:22para eu poder lê-las.
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16:22 - 16:24Posso apreciar o fluxo da sequência.
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16:24 - 16:26Fico sintonizado com o que se passa.
-
16:26 - 16:29É esse o meu mundo.
É assim mesmo. -
16:29 - 16:34Há mais um elemento.
-
16:34 - 16:36Lembrem-se da voz em sobreposição.
-
16:36 - 16:39Para nós, o som não corresponde
ao que está a acontecer. -
16:39 - 16:41Somos pessoas visuais. Não ouvimos nada.
-
16:41 - 16:44Como é que trabalhamos isso?
-
16:44 - 16:47Voltemos ao primeiro elemento:
o guião ASL. -
16:47 - 16:49Quando fazemos gestos,
estamos a ver a história. -
16:49 - 16:52O segundo elemento é o fluxo.
-
16:52 - 16:55Aliando estes dois elementos,
fiz um filme, "Sinais Vitais". -
16:55 - 16:57Uma pessoa conta uma história
-
16:57 - 17:01à medida que aparecem
vinhetas à volta dela. -
17:01 - 17:03As vinhetas correspondem à história.
-
17:03 - 17:07O carro sai da garagem e afasta-se.
-
17:07 - 17:09"Tenho que entrar no carro!"
-
17:09 - 17:10Chaves na ignição, o roncar do motor!
-
17:10 - 17:14O ponteiro da velocidade sobe e desce,
as engrenagens rangem, -
17:14 - 17:16os pneus chiam e o motor ronca!
-
17:16 - 17:17O roncar do motor... e o carro avança.
-
17:17 - 17:19"Um sinal vermelho!".
O carro passa por ele. -
17:19 - 17:22Os outros carros travam,
enquanto o outro avança. -
17:22 - 17:24O carro dobra uma esquina,
no meio do tráfego. -
17:24 - 17:27Esgueirando-se no meio do trânsito
atrás de outro carro, -
17:27 - 17:32o carro acelera e ultrapassa-o... mas oh!
-
17:32 - 17:34Encontra o que procura e persegue-o,
-
17:34 - 17:36quase batendo noutro carro à sua frente.
-
17:36 - 17:39Para e sai do carro.
Avança: "Onde está a minha mulher?" -
17:39 - 17:41Este é o narrador.
-
17:41 - 17:44Portanto, os três elementos combinados
-
17:44 - 17:46levam-me a Facundo,
o meu professor de Gallaudet. -
17:46 - 17:49Na altura, ele não conseguia
encontrar as palavras, -
17:49 - 17:51mas agora acho que sei
o que ele tentava dizer. -
17:54 - 17:55[Lentes Surdas]
-
17:56 - 18:00Era como se tivéssemos um buraco na nuca.
-
18:00 - 18:02E a câmara captasse
o que os meus olhos viam. -
18:02 - 18:05Segundo essa perspetiva, diríamos:
"Ah, esse é o mundo deles! -
18:05 - 18:07"É como o veem — fluidamente".
-
18:07 - 18:09Isto é uma coisa nova.
-
18:09 - 18:11E leva-nos às
-
18:11 - 18:13Lentes para Surdos.
-
18:13 - 18:16Deixou de haver limites. Nenhuns.
-
18:16 - 18:19Quero aprofundar mais isto.
-
18:19 - 18:21Obrigado.
- Title:
- Lentes Surdas | Wayne Betts Jr |TEDxIslay
- Description:
-
Wayne Betts transmite-nos o início da sua paixão pelos filmes, os seus estudos sobre a linguagem do cinema e como fazer filmes que correspondam à verdade que um realizador surdo vê através dos seus olhos.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:29
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Deaf Lens | Wayne Betts Jr | TEDxIslay |
Margarida Ferreira
Impossível acertar o sincronismo para quem, como eu, não sabe linguagem gestual.