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Como deveria ser o som dos carros elétricos?

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    Vamos começar com o silêncio.
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    O silêncio é uma das condições
    mais preciosas para os seres humanos,
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    porque nos permite sentir
    a profundidade de nossa presença.
  • 0:20 - 0:23
    Essa é uma das razões pelas quais
    o advento dos carros elétricos
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    tem gerado muito entusiasmo
    entre as pessoas.
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    Pela primeira vez, podemos
    associar o conceito de carros
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    com a experiência do silêncio.
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    Carros podem finalmente ser silenciosos:
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    paz nas ruas,
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    uma revolução silenciosa nas cidades.
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    (Som do carro)
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    Mas o silêncio também
    pode ser um problema.
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    A ausência de som, na verdade,
    quando se trata de carros,
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    pode ser bem perigosa.
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    Pensem nas pessoas cegas,
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    que não podem ver um carro se aproximando.
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    E agora, se for elétrico,
    nem conseguirão ouvi-lo.
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    Ou pensem em cada um de nós
    enquanto caminhamos pela cidade:
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    estamos absortos em nossos pensamentos
    e nos desligamos do ambiente.
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    Nessas situações, o som pode se tornar
    nosso precioso companheiro.
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    O som é um dos dons
    mais maravilhosos de nosso universo.
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    O som é emoção
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    e o som é sublime.
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    Quando se trata de carros,
    o som também é informação.
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    Para proteger os pedestres
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    e dar feedback acústico aos motoristas,
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    governos de todo o mundo
    introduziram vários regulamentos
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    que determinam a presença de som
    para veículos elétricos.
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    Em particular, eles exigem
    níveis sonoros mínimos
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    em faixas de frequência específicas
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    até a velocidade de 30 km/h.
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    Além dessa velocidade,
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    o ruído natural do carro
    é considerado suficiente.
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    Esses regulamentos geraram
    diferentes reações
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    entre aqueles que são a favor dos sons
    e aqueles que temem a presença
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    de muito barulho na cidade.
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    No entanto, não vejo isso
    como o barulho do carro.
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    Prefiro ver isso como a "voz" do carro.
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    E esse é um de meus maiores desafios
    e privilégios, ao mesmo tempo.
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    Eu planejo a voz dos carros elétricos.
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    Todos nós conhecemos o som
    de um motor de combustão
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    e também de um motor elétrico.
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    Pensem no bonde elétrico.
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    Assim que se move,
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    ele cria esse som ascendente
    de tom de alta frequência,
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    que chamamos de som de "assobio".
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    No entanto, se apenas
    amplificássemos esse som,
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    ainda não conseguiríamos
    atender aos requisitos legais.
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    É também por isso
    que precisamos compor novo som.
  • 3:13 - 3:16
    Então, como buscamos isso?
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    Em muitas cidades,
    o tráfego já é muito caótico,
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    e não precisamos de mais caos.
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    Mas as ruas do século 21
    são um ótimo estudo de caso
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    repleto de transitoriedade,
    objetivos cruzados e desordem.
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    Essa paisagem oferece
    uma ótima oportunidade
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    para desenvolver novas soluções
    sobre como reduzir esse caos.
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    Concebi uma nova abordagem
    que tenta reduzir o caos
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    introduzindo harmonia.
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    Como muitas pessoas não conhecem
    o som de um carro elétrico,
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    tenho que definir, em primeiro lugar,
    um novo mundo sonoro,
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    algo que não pertence
    a nossa experiência anterior,
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    mas cria uma referência para o futuro.
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    Junto com uma pequena equipe,
    criamos muitas texturas sonoras
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    capazes de transmitir emoção.
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    Assim como um pintor com cores,
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    conseguimos conectar
    sentimentos e frequências
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    de modo que, sempre que alguém
    se aproxima de um carro,
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    possamos sentir uma emoção
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    que, além de atender
    aos requisitos legais,
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    fala também sobre o caráter
    e a identidade do carro.
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    Chamo esse paradigma de "genética do som".
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    Com a genética do som, defino,
    primeiro, um espaço estético de som,
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    e, ao mesmo tempo, procuro
    novos métodos inovadores
  • 4:52 - 4:56
    para gerar paisagens sonoras
    que não conhecemos,
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    paisagens sonoras que nos permitem
    imaginar mundos abstratos,
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    para torná-los tangíveis e audíveis.
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    A genética do som é baseada
    em três etapas.
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    A primeira é a definição
    de um organismo sonoro;
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    a segunda é uma descrição
    das variações sonoras;
  • 5:20 - 5:24
    e a terceira é a composição
    de genes sonoros.
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    A descrição de um organismo sonoro
    é baseada em um grupo de propriedades
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    que todo som que componho deveria ter.
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    [O som está se movendo.]
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    Transfiro para uma pequena entidade
    sonora, como o som de um carro,
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    o poder do movimento da música,
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    para que o som possa se mover assim.
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    [O som está atuando.]
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    E, assim como um dançarino em um palco,
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    o som projetará trajetórias de som no ar.
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    [Som é memória.]
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    E não se trata apenas do som de um carro.
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    É a lembrança de meu pai
    voltando para casa.
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    [O som é hipnotizador.]
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    E o som tem o poder de criar
    uma sensação inesperada de admiração,
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    que nos hipnotiza.
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    Por fim,
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    [O som é super-humano.]
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    o som vai além da condição humana,
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    porque nos permite transcender.
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    Como segunda etapa,
    definimos as variações sonoras.
  • 6:37 - 6:38
    [Prisma de identidade]
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    Assim como os humanos, onde corpos
    diferentes geram vozes diferentes,
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    também formas diferentes de carros
    têm um comportamento acústico diferente
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    que depende da geometria e dos materiais.
  • 6:52 - 6:58
    Então, temos que saber, em primeiro lugar,
    como esse carro propaga o som para fora
  • 6:58 - 7:00
    por meio de medições acústicas.
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    Assim como uma única voz pode
    produzir tons e timbres diferentes,
  • 7:07 - 7:11
    ao mesmo tempo, produzimos
    variações sonoras diferentes
  • 7:11 - 7:16
    dentro de um espaço
    de oito palavras que defini.
  • 7:16 - 7:19
    Algumas deles são, para mim,
    muito importantes,
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    como o conceito de "visionário",
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    de "elegância",
    de "dinâmico", de "acomodar".
  • 7:28 - 7:31
    Uma vez que definimos esses dois aspectos,
  • 7:31 - 7:34
    temos o que chamo
    de "prisma de identidade",
  • 7:34 - 7:39
    que é algo como o cartão
    de identidade sonora de um carro.
  • 7:41 - 7:46
    Como terceira etapa, entramos
    no mundo do design de som,
  • 7:47 - 7:50
    em que os genes sonoros são compostos
  • 7:50 - 7:53
    e um novo arquétipo é concebido.
  • 7:54 - 7:56
    Agora deixem-me mostrar outro exemplo
  • 7:56 - 8:00
    de como transformo um campo
    sonoro em uma melodia.
  • 8:02 - 8:05
    Imaginem que sou um violinista no palco.
  • 8:05 - 8:06
    Se eu começasse a tocar violino,
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    eu geraria um campo sonoro
    que se propagaria nesta sala,
  • 8:10 - 8:14
    e, em algum momento, esse campo
    atingiria as paredes laterais
  • 8:14 - 8:18
    e seria espalhado por todo o lugar.
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    É assim que parece.
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    Algum tempo atrás, capturei várias formas
    de som para atingir paredes laterais.
  • 8:26 - 8:30
    No ano passado, fui convidado
    pela Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara
  • 8:30 - 8:34
    a compor toques de celular
    que eles iriam executar.
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    Então, para um deles, tive a ideia
    de começar a partir deste campo sonoro.
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    Peguei uma seção,
  • 8:42 - 8:47
    sobrepus a seção sobre a distribuição
    dos músicos no palco,
  • 8:47 - 8:50
    e, então, segui o vigor do campo sonoro
  • 8:50 - 8:51
    por meio de três parâmetros:
  • 8:52 - 8:54
    tempo, intensidade e frequência.
  • 8:55 - 9:00
    Então, anotei todos os gradientes
    para cada instrumento,
  • 9:00 - 9:01
    e, como podem ver, por exemplo,
  • 9:01 - 9:06
    a peça irá começar com a seção de cordas
    tocando muito suavemente,
  • 9:06 - 9:12
    e, então, haverá um crescendo
    quando os metais e as madeiras entrarem,
  • 9:12 - 9:16
    e a melodia terminará
    com uma harpa e um piano
  • 9:16 - 9:18
    tocando numa amplitude maior.
  • 9:22 - 9:25
    Vamos ouvir como ficou o som.
  • 9:27 - 9:29
    (Música etérea)
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    (Fim da música)
  • 9:48 - 9:51
    Na verdade, esse é o som
    de meu despertador de manhã.
  • 9:51 - 9:52
    (Risos)
  • 9:54 - 9:56
    Agora vamos voltar aos carros elétricos.
  • 9:57 - 10:03
    Vamos ouvir o primeiro exemplo
    que mostrei a vocês.
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    (Som do carro)
  • 10:17 - 10:22
    Agora eu gostaria de mostrar
    como um som em potencial,
  • 10:22 - 10:27
    baseado na genética do som
    para carros elétricos, poderia ser.
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    (Música etérea)
  • 10:32 - 10:34
    (Tom aumenta com a aceleração)
  • 10:40 - 10:42
    Os carros
  • 10:42 - 10:47
    são uma metáfora de tempo,
    distância e jornada,
  • 10:47 - 10:50
    de partir e voltar,
  • 10:50 - 10:53
    de antecipação e aventura,
  • 10:53 - 10:58
    mas, ao mesmo tempo,
    de inteligência e complexidade,
  • 10:58 - 11:01
    de intuição humana e realização.
  • 11:01 - 11:04
    E o som tem que glorificar tudo isso.
  • 11:06 - 11:10
    Vejo carros tanto como criaturas vivas
  • 11:10 - 11:14
    quanto como instalações de arte
    performativas altamente complexas.
  • 11:16 - 11:20
    Os sons que imaginamos
    por meio da genética do som
  • 11:20 - 11:24
    nos permitem não apenas
    comemorar essa complexidade,
  • 11:25 - 11:30
    mas também tornar o mundo
    um espaço mais elegante e seguro.
  • 11:30 - 11:31
    Obrigado.
  • 11:31 - 11:33
    (Aplausos)
Title:
Como deveria ser o som dos carros elétricos?
Speaker:
Renzo Vitale
Description:

Os carros elétricos são extremamente silenciosos, oferecendo um silêncio de boas-vindas em nossas cidades. Mas também trazem novos perigos, já que podem facilmente se aproximar, em silêncio, de pedestres desatentos. Que tipo de sons eles deveriam fazer para manter as pessoas seguras? Tenha uma prévia de como pode ser o som do futuro enquanto o engenheiro acústico e músico Renzo Vitale mostra como está compondo uma voz para os carros elétricos.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
11:51

Portuguese, Brazilian subtitles

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