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A reimaginação subversiva de um arquiteto quanto ao muro na fronteira EUA-México

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    Não é fascinante como o simples ato
    de desenhar uma linha no mapa
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    pode transformar a forma como vemos
    e conhecemos o mundo?
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    E como os espaços
    entre as linhas, as fronteiras,
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    se transformam em lugares.
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    Tornam-se em lugares onde
    a língua, a comida e a música
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    e as pessoas de diversas culturas
    se misturam umas com as outras
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    de formas magníficas, por vezes, violentas
    e ocasionalmente muito ridículas.
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    Essas linhas traçadas num mapa
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    podem criar cicatrizes na paisagem
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    e podem criar cicatrizes na nossa memória.
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    O meu interesse nas fronteiras apareceu
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    quando eu andava a pesquisar
    uma arquitetura das zonas fronteiriças.
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    Eu estava a trabalhar em vários projetos
    ao longo da fronteira EUA-México,
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    a projetar edifícios feitos de lama
    retirada diretamente do solo.
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    Também trabalho em projetos que parecem
    ter imigrado para esta paisagem.
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    "Prada Marfa", uma escultura de "land-art"
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    que cruza a fronteira
    entre a arte e a arquitetura
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    e me demonstrou que a arquitetura
    pode comunicar ideias
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    que são muito mais complexas
    política e culturalmente,
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    que a arquitetura pode ser satírica
    e séria simultaneamente
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    e pode falar para disparidades
    entre a riqueza e a pobreza
  • 1:15 - 1:18
    e o que é local e o que é estrangeiro.
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    Assim, na minha pesquisa
    de uma arquitetura das zonas fronteiriças,
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    comecei a pensar:
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    O muro é arquitetura?
  • 1:27 - 1:33
    Comecei a documentar
    os meus pensamentos e as visitas ao muro
  • 1:33 - 1:36
    criando uma série de recordações
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    para nos lembrar do tempo
    em que construímos um muro
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    e que idiota era aquela ideia.
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    Criei jogos da fronteira...
  • 1:46 - 1:47
    (Risos)
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    postais,
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    globos de neve com pequenos modelos
    arquiteturais lá dentro
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    e mapas que contavam a história
    da resistência ao muro
  • 1:59 - 2:04
    e procurei formas em que o "design"
    pudesse esclarecer os problemas
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    que o muro da fronteira estava a criar.
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    Então, o muro é arquitetura?
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    Bom, claro que é uma estrutura projetada
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    e é projetada numa instalação
    de pesquisa chamada FenceLab,
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    onde carregavam veículos
    com cinco toneladas
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    e os atiravam de encontro ao muro
    a 60 km/hora
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    para testar a resistência do muro.
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    Mas também havia contra-pesquisa
    do outro lado,
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    o "design" de pontes levadiças portáteis
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    que se podiam levar até ao muro
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    e permitir que os veículos
    passassem por cima.
  • 2:33 - 2:34
    (Risos)
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    Tal como todos os projetos de pesquisa
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    há êxitos e há fracassos.
  • 2:39 - 2:40
    (Risos)
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    Mas estas reações medievais ao muro
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    — pontes levadiças, por exemplo —
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    existem porque o muro é uma forma
    de arquitetura arcaica e medieval.
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    É uma resposta demasiado simplista
    a um complexo conjunto de problemas.
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    E uma série de tecnologias medievais
    surgiram ao longo do muro:
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    catapultas que lançam fardos
    de marijuana por cima do muro
  • 3:05 - 3:06
    (Risos)
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    ou canhões que disparam pacotes
    de cocaína e heroína por cima do muro.
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    Durante a época medieval,
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    corpos doentes, cadáveres
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    eram por vezes catapultados
    por cima das muralhas
  • 3:17 - 3:19
    como uma forma de guerra biológica,
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    e especula-se que hoje
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    estão a ser projetados seres humanos
    por cima do muro
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    como uma forma de imigração.
  • 3:29 - 3:31
    Uma ideia ridícula.
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    Mas a única pessoa
    conhecida e documentada
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    a ser projetada por cima do muro
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    do México para os EUA
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    foi, de facto, um cidadão norte-americano
  • 3:42 - 3:46
    a quem deram autorização para ser lançado
    como uma bala humana, por cima do muro,
  • 3:46 - 3:47
    a 60 metros,
  • 3:47 - 3:50
    desde que levasse na mão
    o seu passaporte.
  • 3:50 - 3:51
    (Risos)
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    Aterrou são e salvo numa rede
    do outro lado.
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    Os meus pensamentos inspiraram-se
    numa citação do arquiteto Hassan Fathy,
  • 4:00 - 4:01
    que disse:
  • 4:01 - 4:04
    "Os arquitetos não projetam muros,
  • 4:04 - 4:06
    "mas os espaços entre eles".
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    Embora eu ache que os arquitetos
    não devem andar a conceber muros,
  • 4:10 - 4:13
    penso que é importante e urgente
    que eles prestem atenção
  • 4:13 - 4:15
    aos espaços entre eles.
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    Devem projetar, para os locais
    e para as pessoas,
  • 4:19 - 4:22
    as paisagens que o muro põe em perigo.
  • 4:23 - 4:25
    As pessoas já estão a levantar-se
    para esta ocasião
  • 4:25 - 4:30
    e, embora o objetivo do muro
    seja manter as pessoas afastadas e longe,
  • 4:30 - 4:34
    ele agrupa as pessoas
    de formas notáveis,
  • 4:34 - 4:37
    realizando eventos sociais
    como aulas de ioga binacionais
  • 4:37 - 4:38
    ao longo da fronteira,
  • 4:38 - 4:40
    para unir as pessoas
    dos dois lados da divisória.
  • 4:40 - 4:42
    Chamo a isto a "pose do monumento".
  • 4:42 - 4:44
    (Risos)
  • 4:44 - 4:48
    Já ouviram falar do "murobol"?
  • 4:48 - 4:49
    (Risos)
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    É uma versão fronteiriça
    do voleibol, joga-se desde 1979...
  • 4:55 - 4:56
    (Risos)
  • 4:56 - 4:58
    ao longo da fronteira EUA-México
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    para festejar o património binacional.
  • 5:01 - 5:03
    Coloca algumas questões interessantes.
  • 5:03 - 5:06
    Este jogo será legal?
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    Será que bater uma bola
    de um lado para o outro do muro
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    constitui um comércio ilegal?
  • 5:10 - 5:12
    (Risos)
  • 5:13 - 5:17
    A beleza do voleibol
    é que transforma o muro
  • 5:17 - 5:19
    apenas numa linha na areia
  • 5:20 - 5:24
    negociada pelos espíritos e corpos
    dos jogadores de ambos os lados.
  • 5:25 - 5:29
    Penso que é exatamente
    este tipo de negociação bilateral
  • 5:29 - 5:32
    que é necessário para deitar abaixo
    os muros que dividem.
  • 5:34 - 5:36
    Atirar a bola por cima do muro
    é uma coisa
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    mas atirar pedras por cima do muro
  • 5:38 - 5:41
    provocou danos nos veículos
    da patrulha fronteiriça
  • 5:41 - 5:45
    e feriu os agentes
    da patrulha fronteiriça.
  • 5:45 - 5:47
    A reação do lado dos EUA
    foi drástica.
  • 5:47 - 5:51
    Os agentes da patrulha fronteiriça
    dispararam através do muro
  • 5:51 - 5:54
    e mataram pessoas que atiraram pedras
    do lado mexicano.
  • 5:55 - 5:57
    Outra reação dos agentes
    da patrulha fronteiriça
  • 5:57 - 5:59
    foi erguer proteções de basebol
  • 5:59 - 6:02
    para se protegerem a si
    e aos seus veículos.
  • 6:02 - 6:05
    Estas proteções tornaram-se
    características permanentes
  • 6:05 - 6:07
    na construção de novos muros.
  • 6:07 - 6:10
    Eu comecei a pensar se,
    tal como o voleibol,
  • 6:10 - 6:15
    talvez o basebol devesse ser
    uma característica permanente na fronteira
  • 6:15 - 6:17
    e os muros pudessem começar a abrir-se
  • 6:17 - 6:20
    permitindo que as comunidades
    se juntassem e jogassem.
  • 6:20 - 6:22
    e, se lançassem a bola fora,
  • 6:22 - 6:25
    talvez um agente da patrulha fronteiriça
    agarrasse na bola
  • 6:25 - 6:27
    e a devolvesse para o outro lado.
  • 6:28 - 6:32
    Um agente da patrulha fronteiriça
    compra um "raspado", geladinho,
  • 6:32 - 6:35
    a um vendedor, apenas a alguns metros.
  • 6:35 - 6:38
    Troca-se comida e dinheiro através do muro
  • 6:38 - 6:43
    um evento perfeitamente normal
    tornado ilegal pela linha traçada num mapa
  • 6:44 - 6:47
    e por alguns milímetros de aço.
  • 6:47 - 6:50
    Esta cena fez-me lembrar um ditado:
  • 6:50 - 6:53
    "Se tens mais do que precisas,
    deves criar mesas maiores
  • 6:53 - 6:55
    "e não muros mais altos".
  • 6:55 - 6:58
    Assim, criei esta recordação
    para me lembrar do momento
  • 6:58 - 7:01
    em que podemos partilhar
    comida e conversas através da divisão.
  • 7:02 - 7:05
    Um balancé permite que uma pessoa
    entre e salte para o outro lado,
  • 7:05 - 7:08
    até a gravidade o devolver
    para o seu país.
  • 7:09 - 7:12
    Hoje, pensa-se na fronteira
    e no muro fronteiriço
  • 7:12 - 7:16
    como uma espécie de teatro político,
  • 7:17 - 7:20
    por isso, devíamos convidar
    audiências para esse teatro,
  • 7:20 - 7:23
    para um teatro binacional
    onde as pessoas se podem juntar
  • 7:24 - 7:26
    com atores, músicos.
  • 7:27 - 7:30
    Talvez o muro não passe
    de um enorme instrumento,
  • 7:30 - 7:34
    o maior xilofone do mundo
    e podíamos tocá-lo ao longo do muro
  • 7:34 - 7:36
    com armas de percussão de massas.
  • 7:36 - 7:38
    (Risos)
  • 7:38 - 7:41
    Quando antevi esta biblioteca binacional,
  • 7:41 - 7:44
    queria imaginar um espaço
    onde se pudesse partilhar
  • 7:44 - 7:49
    livros e informações
    e conhecimentos cruzando a divisória
  • 7:49 - 7:52
    onde o muro não passasse
    de uma estante de livros.
  • 7:52 - 7:56
    Talvez a melhor forma de ilustrar
    a relação mútua que temos
  • 7:56 - 7:58
    com o México e os EUA,
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    seja imaginando um balancé
  • 8:01 - 8:05
    onde as ações de um lado
    têm uma consequência direta
  • 8:05 - 8:07
    no que acontece do outro lado,
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    porque a própria fronteira
  • 8:09 - 8:13
    é um ponto de apoio simbólico e literal
    para as relações EUA-México
  • 8:13 - 8:17
    e construir muros entre vizinhos
    impede essas relações.
  • 8:18 - 8:22
    Provavelmente lembram-se desta citação:
    "Boas vedações criam bons vizinhos".
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    Considera-se a moral do poema
    de Robert Frost, "Mending Wall".
  • 8:27 - 8:32
    Mas o poema contesta
    a necessidade de construir muros.
  • 8:32 - 8:35
    É um poema sobre remendar
    as relações humanas.
  • 8:36 - 8:38
    O meu verso preferido é o primeiro:
  • 8:38 - 8:41
    "Há ali uma coisa
    que não gosta de um muro".
  • 8:41 - 8:44
    Porque se há uma coisa
    que, para mim, é clara
  • 8:44 - 8:47
    é que não há dois lados
    definidos por um muro.
  • 8:47 - 8:49
    É uma paisagem dividida.
  • 8:49 - 8:51
    De um lado, pode ter este aspeto.
  • 8:51 - 8:55
    Um homem a cortar a relva
    enquanto o muro se eleva no quintal.
  • 8:55 - 8:58
    E do outro lado,
    pode ter este aspeto.
  • 8:58 - 9:01
    O muro é a quarta parede
    da casa de qualquer pessoa.
  • 9:01 - 9:06
    Mas a realidade é que o muro
    está a separar a vida das pessoas.
  • 9:06 - 9:09
    Está a separar
    a nossa propriedade privada,
  • 9:09 - 9:11
    as terras públicas,
  • 9:11 - 9:13
    as terras americanas nativas,
    as nossas cidades,
  • 9:13 - 9:15
    uma universidade,
  • 9:15 - 9:17
    os nossos bairros.
  • 9:17 - 9:19
    E não posso deixar de pensar
  • 9:19 - 9:22
    o que seria se o muro
    dividisse uma casa.
  • 9:23 - 9:25
    Lembram-se das disparidades
    entre riqueza e pobreza?
  • 9:25 - 9:28
    À direita está a dimensão média
    duma casa em El Paso, no Texas,
  • 9:28 - 9:32
    e à esquerda está a dimensão média
    duma casa em Juarez.
  • 9:32 - 9:35
    Aqui, o muro passa diretamente
    pela mesa da cozinha.
  • 9:36 - 9:39
    E aqui, o muro passa pela cama
    no quarto de dormir.
  • 9:40 - 9:43
    Porque eu queria transmitir
    que os muros não dividem apenas os locais,
  • 9:43 - 9:46
    estão a dividir pessoas,
    estão a dividir famílias.
  • 9:46 - 9:49
    A desgraçada política do muro
  • 9:49 - 9:52
    está a separar crianças dos seus pais.
  • 9:53 - 9:55
    Devem conhecer este sinal
    de trânsito muito conhecido.
  • 9:56 - 9:59
    Foi desenhado pelo
    "designer" gráfico John Hood,
  • 9:59 - 10:01
    um veterano de guerra americano nativo,
  • 10:01 - 10:04
    que trabalha para o Departamento
    de Transportes da Califórnia.
  • 10:04 - 10:08
    Foi encarregado de criar
    um sinal para avisar os motoristas
  • 10:08 - 10:11
    de imigrantes acampados
    ao longo da autoestrada
  • 10:11 - 10:14
    que podem tentar atravessar a estrada.
  • 10:14 - 10:18
    Hood comparou a dificuldade
    dos emigrantes hoje
  • 10:18 - 10:21
    à dos navajos, durante a Longa Marcha.
  • 10:22 - 10:25
    É uma peça brilhante
    de ativismo no "design".
  • 10:26 - 10:27
    Foi muito cauteloso
  • 10:27 - 10:31
    pensando em usar uma rapariga
    com tranças, por exemplo,
  • 10:31 - 10:35
    porque pensou que, assim, motivaria
    melhor a empatia dos motoristas
  • 10:35 - 10:39
    e usou a silhueta de Cesar Chavez,
    o líder dos direitos civis
  • 10:39 - 10:42
    para criar a cabeça do pai.
  • 10:42 - 10:45
    Eu queria criar sobre o génio deste sinal
  • 10:45 - 10:49
    para chamar a atenção para o problema
    da separação das crianças na fronteira,
  • 10:49 - 10:51
    e fiz uma mudança muito simples.
  • 10:51 - 10:53
    Virei a família para se encararem
    uns aos outros.
  • 10:54 - 10:55
    Nas últimas semanas,
  • 10:55 - 10:58
    tive a oportunidade de voltar
    a trazer este sinal para a autoestrada
  • 10:58 - 11:00
    para contar uma história
  • 11:00 - 11:04
    a história das relações
    que devíamos estar a remendar
  • 11:04 - 11:06
    e um lembrete de que devíamos
    estar a projetar
  • 11:06 - 11:09
    uns estados reunidos
    e não uns estados divididos.
  • 11:10 - 11:11
    Obrigado.
  • 11:11 - 11:14
    (Aplausos)
Title:
A reimaginação subversiva de um arquiteto quanto ao muro na fronteira EUA-México
Speaker:
Ronald Rael
Description:

O que é uma fronteira? É uma linha num mapa, um local onde as culturas se misturam e se fundem de formas magníficas, por vezes violentas e, ocasionalmente, ridículas. E um muro fronteiriço? Uma resposta demasiado simplista a essa complexidade, diz o arquiteto Ronalde Rael, Numa palestra emocionante, visual, Rael reimagina a barreira física que divide os EUA e o México — partilhando obras de arte, satíricas e sérias, inspiradas pelas zonas fronteiriças e mostrando-nos a fronteira que não vemos nos noticiários. "Não há dois lados definidos por um muro. Isto é uma só paisagem, dividida", diz Rael.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
11:28

Portuguese subtitles

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