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Como mudar a nossa mentalidade e escolher o futuro

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    Nunca pensei fazer a minha
    palestra TED num lugar assim.
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    Mas, tal como metade da humanidade,
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    passei as últimas quatro
    semanas em confinamento
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    devido à pandemia global
    causada pela COVID-19.
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    Sou afortunado porque,
    durante este período
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    pude passear nestes bosques perto
    de minha casa no sul de Inglaterra.
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    Estes bosques sempre me inspiraram,
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    e enquanto a humanidade tenta
    perceber onde encontrar inspiração
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    para retomar o controlo das nossas ações
  • 0:32 - 0:35
    para não surgirem coisas terríveis
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    sem que possamos tomar
    ações que as impeçam,
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    pensei que este era
    um bom lugar para falarmos.
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    E queria começar esta história
    há seis anos,
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    quando entrei para as Nações Unidas.
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    Acredito firmemente que a ONU
    é de uma importância ímpar
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    para o mundo neste momento
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    para promover colaboração e cooperação.
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    Mas o que eles não
    nos dizem no primeiro dia
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    é que este trabalho essencial é feito
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    na sua maioria em reuniões
    extremamente aborrecidas,
  • 1:05 - 1:08
    reuniões extremamente
    longas e aborrecidas.
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    Podem achar que já estiveram em algumas
    reuniões longas e aborrecidas,
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    e tenho a certeza que sim.
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    Mas estas reuniões da ONU
    estão noutro nível,
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    e todos as abordam
    com um nível de calma
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    normalmente apenas
    ao alcance de um mestre Zen.
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    Mas eu não estava
    preparado para isso.
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    Entrei à espera de drama
    e tensão e inovação.
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    Não estava preparado
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    para um processo que avançava
    à velocidade de um glaciar,
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    à velocidade habitual de um glaciar.
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    A meio de uma destas longas reuniões,
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    entregaram-me uma nota.
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    Foi entregue por uma amiga,
    colega e coautora,
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    Christiana Figueres.
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    A Christiana era a secretária executiva
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    da Convenção-Quadro da ONU
    sobre a alteração climática,
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    e como tal, tinha
    a responsabilidade global
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    para a ONU alcançar
    aquilo que seria o Acordo de Paris.
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    Eu era responsável
    pela sua estratégia política.
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    Quando ela me entregou esta nota,
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    assumi que continha instruções
    políticas detalhadas
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    sobre como sairíamos
    deste enorme pesadelo
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    em que aparentemente
    estávamos presos.
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    Agarrei na nota e li-a.
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    Dizia: "Penoso.
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    Mas vamos abordá-lo com amor!"
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    Adorei esta nota por muitas razões.
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    Adorei as pequenas ramificações
    que saem da palavra "penoso."
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    Era uma descrição visual muito boa
    do meu sentimento na altura.
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    Mas adorei particularmente,
    porque enquanto a lia,
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    percebi que era uma instrução política,
  • 2:33 - 2:36
    e se queríamos ter sucesso,
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    seria assim que iríamos alcançá-lo.
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    Deixem-me explicar.
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    O que vinha a sentir nessas reuniões
    era na verdade sobre ter controlo.
  • 2:45 - 2:50
    Mudei a minha vida de Brooklyn
    em Nova Iorque para Bona na Alemanha
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    com o apoio extremamente
    relutante da minha esposa.
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    Os meus filhos estavam agora numa escola
    onde não entendiam a língua,
  • 2:56 - 2:59
    e pensei que o reverso por toda
    esta perturbação no meu mundo
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    seria ter algum nível de controlo
    sobre o que iria acontecer.
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    Senti durante anos que a crise climática
    era o maior desafio
  • 3:06 - 3:08
    da nossa geração,
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    e ali estava eu, pronto para fazer a minha
    parte em prol da humanidade.
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    Mas agarrei nas alavancas
    de poder que me haviam sido dadas
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    e puxei-as,
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    e nada aconteceu.
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    Percebi que aquilo que iria controlar
    eram pequenas coisas do dia a dia.
  • 3:21 - 3:24
    "Vou de bicicleta para o trabalho?"
    e "Onde posso almoçar?",
  • 3:24 - 3:27
    enquanto que aquilo que iria determinar
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    se teríamos sucesso
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    eram coisas como:
    "Irá a Rússia arruinar as negociações?"
  • 3:32 - 3:34
    "Irá a China assumir responsabilidade
    pelas suas emissões?"
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    "Irão os EUA ajudar os países mais pobres
    com o fardo da alteração climática?"
  • 3:39 - 3:40
    O diferencial parecia ser enorme,
  • 3:40 - 3:43
    e não via forma de conciliação.
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    Parecia ser fútil.
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    Comecei a sentir que tinha
    cometido um erro.
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    Comecei a entrar em depressão.
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    Mas mesmo nesse momento,
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    percebi que o que sentia
    tinha muitas semelhanças
  • 3:54 - 3:58
    com o que havia sentido quando soube
    da crise climática anos antes.
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    Passei a maior parte dos meus anos
    de formação como monge budista
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    nos meus vinte e poucos,
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    mas deixei a vida monástica,
    porque mesmo então, há 20 anos,
  • 4:09 - 4:14
    sentia que a crise climática era já uma
    emergência que se desenrolava rapidamente
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    e queria fazer a minha parte.
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    Mas assim que saí
    e me reuni com o mundo
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    procurei aquilo que podia controlar.
  • 4:20 - 4:24
    Eram as minhas emissões
    e as da minha família imediata,
  • 4:24 - 4:26
    em que partido político votava,
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    se participava numa marcha ou em duas.
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    Depois procurei pelas questões
    que iriam determinar o desfecho,
  • 4:31 - 4:33
    e eram as grandes
    negociações geopolíticas,
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    Infraestruturas massivas
    de planos de despesa.
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    aquilo que os outros faziam.
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    O diferencial mais uma vez
    parecia enorme
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    não via conciliação possível.
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    Queria passar à ação,
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    mas não conseguia.
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    Sentia-me fútil.
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    Sabemos que isto pode ser uma experiência
    comum para muitas pessoas,
  • 4:51 - 4:53
    e talvez já tenham passado por isto.
  • 4:53 - 4:55
    Quando nos deparamos
    com um desafio enorme
  • 4:55 - 4:59
    em que sentimos que não
    temos qualquer controlo,
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    a mente pode enganar-nos
    para nossa proteção.
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    Não gostamos de sentir
    que perdemos o controlo
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    contra grandes forças,
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    então a mente diz-nos:
    "Talvez não seja assim tão importante.
  • 5:08 - 5:10
    "Talvez não seja tão grave como dizem."
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    Ou, diminui o nosso papel.
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    "Não há nada que possas fazer,
    porquê tentar?"
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    Mas há algo aqui que não faz sentido.
  • 5:20 - 5:26
    Será verdade que os humanos só tomam
    ações sustentadas e dedicadas
  • 5:26 - 5:29
    em assuntos de importância extrema
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    se sentirem um elevado
    grau de controlo?
  • 5:33 - 5:35
    Vejam estas imagens.
  • 5:35 - 5:39
    Estas pessoas são cuidadores e enfermeiros
  • 5:39 - 5:43
    que têm auxiliado a humanidade
    a enfrentar o coronavírus COVID-19
  • 5:43 - 5:47
    à medida que se espalhou pelo mundo
    como pandemia nos últimos meses.
  • 5:48 - 5:52
    Serão estas pessoas capazes
    de evitar a disseminação da doença?
  • 5:52 - 5:53
    Não.
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    Serão capazes de evitar
    a morte dos seus pacientes?
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    Foram capazes de evitar a morte de alguns,
  • 6:01 - 6:04
    mas outros, estava para além
    do seu controlo.
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    Isto torna as suas contribuições
    fúteis e sem sentido?
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    Na verdade, é ofensivo sequer sugeri-lo.
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    Estão a cuidar de outros seres humanos
  • 6:15 - 6:17
    nas suas horas de maior vulnerabilidade.
  • 6:17 - 6:20
    E esse trabalho é muito importante,
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    ao ponto de estas imagens
    serem suficientes
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    para tornar evidente
  • 6:24 - 6:28
    a coragem e a humanidade
    que estas pessoas demonstram
  • 6:28 - 6:31
    faz dos seus trabalhos
    das coisas mais importantes
  • 6:31 - 6:33
    que um ser humano pode fazer,
  • 6:33 - 6:36
    mesmo que não possam
    controlar o desfecho.
  • 6:37 - 6:39
    Isto é interessante,
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    porque nos mostra
    que os humanos são capazes
  • 6:41 - 6:43
    de tomar ações sustentadas e dedicadas
  • 6:43 - 6:45
    mesmo que não controlem o desfecho.
  • 6:46 - 6:48
    Mas deixa-nos com outro desafio.
  • 6:48 - 6:50
    Com a crise climática,
  • 6:50 - 6:54
    a ação que tomamos
    está separada do seu impacto,
  • 6:55 - 6:57
    enquanto que
    o que acontece nestas imagens
  • 6:57 - 7:02
    é que as enfermeiras não se movem
    pelo fardo de mudar o mundo
  • 7:02 - 7:07
    mas sim pela satisfação
    diária de ajudar o outro
  • 7:07 - 7:09
    durante os seus
    momentos de fraqueza.
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    Com a crise climática,
    temos esta separação enorme.
  • 7:11 - 7:14
    Costumávamos estar
    separados pelo tempo.
  • 7:14 - 7:18
    Os impactos da crise climática
    só seriam sentidos num futuro longínquo.
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    Mas agora, o futuro alcançou-nos.
  • 7:21 - 7:22
    Continentes estão a arder.
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    Cidades estão a afundar.
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    Países estão a afundar-se.
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    Centenas de milhares de pessoas migram
    devido à alteração climática.
  • 7:29 - 7:33
    Mas mesmo que o tempo
    já não nos separe desses impactos,
  • 7:33 - 7:35
    existe ainda uma separação
  • 7:35 - 7:37
    que torna difícil sentir
    uma conexão direta.
  • 7:37 - 7:40
    Acontecem noutro lado
    a outras pessoas
  • 7:40 - 7:43
    ou a nós mas de uma forma diferente
    da que estamos habituados.
  • 7:44 - 7:47
    Apesar de a história
    da enfermeira nos mostrar algo
  • 7:47 - 7:48
    sobre a natureza humana,
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    temos de encontrar outra forma
  • 7:51 - 7:54
    de lidar com a crise climática
    de uma forma sustentada.
  • 7:54 - 7:57
    Existe uma forma de o fazermos,
  • 7:57 - 8:01
    uma combinação poderosa
    de uma profunda atitude de apoio
  • 8:01 - 8:04
    que, quando combinada
    com uma ação consistente,
  • 8:04 - 8:08
    pode permitir que sociedades inteiras
    tomem ações dedicadas e sustentadas
  • 8:08 - 8:10
    em prol de um objetivo comum.
  • 8:10 - 8:12
    Tem sido feito de forma
    eficiente através da história.
  • 8:12 - 8:16
    Deixem-me que vos explique
    com um pouco de história.
  • 8:17 - 8:21
    Neste momento, estou no bosque
    perto de minha casa no sul de Inglaterra.
  • 8:21 - 8:24
    E este bosque em particular
    não fica longe de Londres.
  • 8:24 - 8:27
    Há 80 anos, essa cidade
    estava sob ataque.
  • 8:27 - 8:29
    No fim dos anos 30,
  • 8:29 - 8:33
    o povo britânico fazia de tudo
    para não enfrentar a realidade
  • 8:33 - 8:36
    de que Hitler estaria disposto
    a tudo para conquistar a Europa.
  • 8:37 - 8:39
    Ainda com a memória fresca
    da I Guerra Mundial,
  • 8:39 - 8:41
    estavam aterrorizados
    com a agressividade nazi
  • 8:42 - 8:45
    e faziam de tudo
    para não enfrentar essa realidade.
  • 8:45 - 8:48
    Por fim, a realidade bateu à porta.
  • 8:48 - 8:52
    Churchill é lembrado por muitos motivos
    e nem todos são positivos,
  • 8:52 - 8:55
    mas o que fez naqueles
    primeiros dias da guerra
  • 8:55 - 8:58
    mudou a história que o povo britânico
    contava a si mesmo
  • 8:58 - 9:01
    sobre o que estava a acontecer
    e o que estava por vir.
  • 9:01 - 9:05
    Onde anteriormente havia trepidação
    e nervosismo e medo,
  • 9:05 - 9:07
    passou a haver uma calma resoluta,
  • 9:07 - 9:09
    uma ilha isolada,
  • 9:09 - 9:10
    o momento mais importante,
  • 9:10 - 9:13
    a maior geração,
  • 9:13 - 9:16
    um país que iria lutar
    nas praias e nas montanhas
  • 9:16 - 9:17
    e nas ruas,
  • 9:17 - 9:20
    um país que jamais se renderia.
  • 9:20 - 9:23
    Isso transformou o medo e trepidação
  • 9:23 - 9:27
    em confronto com a realidade, qualquer
    que fosse e por muito negra que fosse,
  • 9:27 - 9:30
    não tinha nada a ver com
    a probabilidade de vencer a guerra.
  • 9:30 - 9:33
    Não havia notícias da frente
    de que estivéssemos a ganhar
  • 9:33 - 9:36
    ou até que algum aliado poderoso
    se tivesse juntado à luta
  • 9:36 - 9:38
    virando as probabilidades a nosso favor.
  • 9:38 - 9:40
    Foi apenas uma escolha.
  • 9:40 - 9:43
    Surgiu uma forma profunda,
    determinada, teimosa de otimismo,
  • 9:43 - 9:46
    sem evitar ou negar a escuridão
    que se aproximava
  • 9:47 - 9:49
    mas recusando ser intimidado por ela.
  • 9:49 - 9:52
    Esse otimismo teimoso é poderoso.
  • 9:52 - 9:55
    Não está dependente da assunção
    de que o desfecho será favorável
  • 9:55 - 9:58
    ou de um pensamento
    positivo acerca do futuro.
  • 9:58 - 10:01
    No entanto, faz-nos tomar ações
  • 10:01 - 10:03
    e injeta-as com significado.
  • 10:03 - 10:05
    Aprendemos isso nessa altura,
  • 10:05 - 10:07
    apesar do risco e do desafio,
  • 10:07 - 10:10
    foi uma altura cheia
    de propósito e significado,
  • 10:10 - 10:12
    e múltiplos testemunhos confirmaram
  • 10:12 - 10:15
    que ações desde pilotos
    na Batalha da Grã-Bretanha
  • 10:15 - 10:17
    até ao simples ato
    de apanhar batatas do solo,
  • 10:17 - 10:19
    foram injetadas com significado.
  • 10:19 - 10:23
    Foram movidos por um propósito
    e desfecho comum.
  • 10:23 - 10:26
    Temos visto isto através da história.
  • 10:26 - 10:30
    Esta combinação de profundo
    e determinado otimismo teimoso com ação,
  • 10:30 - 10:33
    quando o otimismo leva
    a uma ação determinada,
  • 10:33 - 10:35
    pode então tornar-se autossustentada:
  • 10:35 - 10:38
    sem este otimismo teimoso,
    a ação não se sustem sozinha;
  • 10:38 - 10:41
    sem a ação, o otimismo teimoso
    é apenas uma atitude.
  • 10:41 - 10:46
    Os dois juntos podem transformar
    toda uma questão e mudar o mundo.
  • 10:46 - 10:48
    Vimos isto já múltiplas vezes.
  • 10:48 - 10:51
    Vimos isto quando Rosa Parks
    se recusou a sair do autocarro.
  • 10:51 - 10:54
    Vimos isto com as longas
    marchas do sal de Gandhi à praia.
  • 10:54 - 10:56
    Vimos isto quando
    as sufragistas disseram:
  • 10:56 - 10:59
    "A coragem gera coragem
    em todos os lugares."
  • 10:59 - 11:02
    E vimos isto quando Kennedy
    disse que, no prazo de 10 anos,
  • 11:02 - 11:03
    iria colocar um homem na lua.
  • 11:03 - 11:06
    Isso eletrizou uma geração
    e focou-os num objetivo comum
  • 11:06 - 11:09
    contra um adversário obscuro e assustador,
  • 11:09 - 11:12
    apesar de não saberem
    como iriam alcançá-lo.
  • 11:12 - 11:14
    Em cada um destes casos,
  • 11:14 - 11:17
    um otimismo teimoso, realista
    e corajoso mas determinado
  • 11:18 - 11:20
    não foi o resultado do sucesso.
  • 11:20 - 11:22
    Foi a sua causa.
  • 11:22 - 11:24
    Foi assim também
    que aconteceu a transformação
  • 11:24 - 11:26
    no caminho para o Acordo de Paris.
  • 11:26 - 11:31
    Aquelas reuniões desafiantes,
    difíceis e pessimistas transformaram-se
  • 11:31 - 11:35
    assim que cada vez mais pessoas
    decidiram que este era o momento
  • 11:35 - 11:38
    e decidiram que não iríamos
    falhar no nosso turno,
  • 11:38 - 11:41
    e iríamos obter o desfecho
    que sabíamos ser possível.
  • 11:41 - 11:44
    Cada vez mais pessoas
    aderiram a essa perspetiva
  • 11:44 - 11:45
    e começaram a trabalhar,
  • 11:45 - 11:49
    e no fim, isso criou uma onda de ímpeto
  • 11:49 - 11:50
    que se abateu sobre nós
  • 11:50 - 11:53
    e ofereceu a muitos daqueles
    problemas difíceis
  • 11:53 - 11:55
    soluções melhores que aquelas
    que podíamos imaginar.
  • 11:55 - 12:00
    E mesmo agora, anos mais tarde
    e com um cético climático na Casa Branca,
  • 12:00 - 12:03
    muito do que se iniciou nesses dias
    continua a desenvolver-se,
  • 12:03 - 12:07
    e temos muito que fazer
    nos próximos meses e anos
  • 12:07 - 12:09
    para lidar com a crise climática.
  • 12:09 - 12:14
    Agora, estamos a passar
    por um dos períodos mais difíceis
  • 12:14 - 12:16
    na vida de todos nós.
  • 12:16 - 12:18
    A pandemia global tem sido assustadora,
  • 12:18 - 12:22
    quer haja tragédia pessoal ou não.
  • 12:22 - 12:26
    Mas abanou igualmente a nossa crença
    de que somos impotentes
  • 12:26 - 12:28
    face a grandes desafios.
  • 12:28 - 12:30
    No espaço de poucas semanas,
  • 12:30 - 12:35
    mobilizámos metade da humanidade
    para tomar medidas drásticas
  • 12:35 - 12:37
    para proteger os mais vulneráveis.
  • 12:37 - 12:39
    Se somos capazes disso,
  • 12:39 - 12:43
    talvez os limites da humanidade
    não tenham sido ainda testados
  • 12:43 - 12:46
    quando é chamada
    a enfrentar um desafio comum.
  • 12:46 - 12:50
    Temos de ultrapassar
    esta narrativa de impotência,
  • 12:50 - 12:52
    porque não se enganem,
  • 12:52 - 12:56
    a crise climática terá uma magnitude
    muito maior do que a pandemia
  • 12:56 - 13:00
    se não tomarmos as ações
    que ainda nos são possíveis
  • 13:00 - 13:03
    para evitar a tragédia que se aproxima.
  • 13:03 - 13:08
    Não nos podemos dar ao luxo
    de nos sentirmos impotentes.
  • 13:08 - 13:10
    A verdade é que as gerações futuras
  • 13:10 - 13:12
    vão olhar com espanto
    para este preciso momento
  • 13:12 - 13:16
    em que nos encontramos numa
    encruzilhada entre um futuro regenerador
  • 13:16 - 13:18
    e um onde deitámos tudo a perder.
  • 13:18 - 13:22
    E a verdade é que muita coisa
    está a correr bem nesta transição.
  • 13:22 - 13:24
    O custo da energia limpa está a descer.
  • 13:24 - 13:27
    Cidades estão a transformar-se.
    Terrenos estão a regenerar-se.
  • 13:27 - 13:29
    Pessoas vão para as ruas pedir mudanças
  • 13:29 - 13:31
    com garra e tenacidade
  • 13:31 - 13:33
    que não víamos há uma geração.
  • 13:33 - 13:36
    Nesta transição é possível
    um sucesso genuíno,
  • 13:36 - 13:39
    mas também um fracasso genuíno,
  • 13:39 - 13:42
    o que torna entusiasmante
    estar vivo neste momento.
  • 13:42 - 13:46
    Podemos decidir agora mesmo
    abordar este desafio
  • 13:46 - 13:50
    com otimismo teimoso, corajoso,
    realista e determinado
  • 13:50 - 13:54
    e fazer tudo o que está ao nosso alcance
    para modelar o caminho,
  • 13:54 - 13:58
    ao sairmos desta pandemia,
    em direção a um futuro regenerador.
  • 13:58 - 14:01
    Podemos todos decidir ser um exemplo
    de esperança para a humanidade
  • 14:02 - 14:04
    mesmo que se aproximem dias sombrios,
  • 14:04 - 14:06
    e podemos todos decidir
    que iremos ser responsáveis,
  • 14:06 - 14:09
    iremos reduzir as nossas
    emissões em pelo menos 50%
  • 14:09 - 14:10
    nos próximos 10 anos,
  • 14:10 - 14:15
    e iremos tomar ações
    junto de governos e grandes empresas
  • 14:15 - 14:18
    para garantir que fazem
    o necessário para sair da pandemia
  • 14:18 - 14:21
    e reconstruir o mundo que queremos.
  • 14:21 - 14:24
    Neste momento, tudo isto é possível.
  • 14:25 - 14:28
    Vamos voltar àquela
    sala de reuniões aborrecida
  • 14:28 - 14:31
    onde estou a ler a nota da Christiana.
  • 14:32 - 14:34
    Lê-la agora faz-me lembrar
  • 14:34 - 14:37
    algumas das experiências
    mais transformadoras da minha vida.
  • 14:38 - 14:41
    Uma das muitas coisas
    que aprendi enquanto monge
  • 14:41 - 14:47
    foi que uma mente brilhante e um coração
    alegre é o caminho e o objetivo na vida.
  • 14:48 - 14:52
    Este otimismo teimoso
    é uma forma de dar amor.
  • 14:53 - 14:55
    É tanto o mundo que queremos criar
  • 14:55 - 14:58
    como a forma como o podemos criar.
  • 14:58 - 15:00
    E é uma escolha
    que todos temos de fazer.
  • 15:00 - 15:04
    Escolher enfrentar este momento
    com otimismo teimoso
  • 15:04 - 15:07
    pode encher as nossas vidas
    com significado e propósito,
  • 15:07 - 15:11
    e ao fazê-lo, podemos agarrar
    neste arco da história
  • 15:11 - 15:14
    e dobrá-lo no futuro que escolhemos.
  • 15:14 - 15:18
    Sim, a vida parece agora fora de controlo.
  • 15:18 - 15:21
    Parece pavoroso e assustador e novo.
  • 15:22 - 15:25
    Mas não vacilemos
    nesta transição crucial
  • 15:25 - 15:28
    que se aproxima neste momento.
  • 15:28 - 15:31
    Vamos enfrentá-la com otimismo
    teimoso e determinado.
  • 15:32 - 15:35
    Sim, assistir às mudanças
    no mundo neste momento
  • 15:35 - 15:36
    pode ser penoso.
  • 15:37 - 15:39
    Mas vamos abordá-las com amor.
  • 15:39 - 15:40
    Obrigado.
Title:
Como mudar a nossa mentalidade e escolher o futuro
Speaker:
Tom Rivett-Carnac
Description:

No que respeita aos grandes problemas da vida, muitas vezes ficamos perante uma encruzilhada: ou acreditamos que somos impotentes em relação a uma grande mudança, ou erguemo-nos e enfrentamos o desafio. Numa urgente chamada à ação, o estratega político Tom Rivett-Carnac faz questão de adotar uma mentalidade de "otimismo teimoso" para confrontar a alteração climática, ou qualquer outra crise que surja, e sustenta que é necessário construir um futuro regenerador. Como ele diz: "O otimismo teimoso pode dar significado e propósito à nossa vida."

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:54

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