Como o isolamento alimenta o vício em opioides
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0:02 - 0:04O que significa ser normal?
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0:05 - 0:07E o que significa estar doente?
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0:09 - 0:13Me faço esta pergunta desde
que tinha cerca de sete anos, -
0:13 - 0:15quando fui diagnosticada
com síndrome de Tourette, -
0:15 - 0:17que é um distúrbio neurológico
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0:17 - 0:23representado por movimentos estereotipados
feitos contra a vontade, chamados tiques. -
0:24 - 0:27Os tiques são tecnicamente involuntários,
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0:27 - 0:30no sentido de que eles ocorrem
sem qualquer atenção consciente -
0:30 - 0:32ou intenção da minha parte.
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0:32 - 0:37Mas há uma coisa curiosa
sobre como vivencio os tiques. -
0:37 - 0:42Parecem mais não voluntários
do que involuntários, -
0:42 - 0:45porque ainda sinto que sou
eu movendo meu ombro, -
0:45 - 0:46não alguma força externa.
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0:47 - 0:52Também tenho uma sensação desconfortável,
chamada urgência premonitória, -
0:52 - 0:53antes dos tiques acontecerem
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0:53 - 0:55e particularmente quando tento resistir.
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0:56 - 0:59Imagino que a maioria de vocês
entende o que estou dizendo, -
0:59 - 1:02mas a menos que tenham Tourette, talvez
achem que não conseguem sentir isso. -
1:04 - 1:06Mas aposto que conseguem.
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1:06 - 1:09Vamos tentar um pequeno
experimento e ver se posso dar -
1:09 - 1:12uma amostra da minha experiência.
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1:12 - 1:13Tudo bem, prontos?
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1:14 - 1:15Não pisquem.
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1:15 - 1:17Sério, não pisquem.
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1:17 - 1:20Além de olhos secos, o que vocês sentem?
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1:22 - 1:23Pressão fantasma?
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1:24 - 1:25Pálpebras formigando?
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1:26 - 1:27Uma necessidade?
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1:28 - 1:29Estão prendendo a respiração?
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1:29 - 1:31(Risos)
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1:36 - 1:39É mais ou menos como são meus tiques.
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1:40 - 1:44Neurologicamente falando,
os tiques e piscar não são a mesma coisa, -
1:44 - 1:49mas não é preciso ter Tourette
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1:49 - 1:54para poder se identificar com a minha
experiência das urgências premonitórias, -
1:54 - 1:59porque o cérebro pode fornecer
experiências e sentimentos semelhantes. -
2:00 - 2:05Então, vamos mudar a conversa
do que significa ser normal versus doente -
2:06 - 2:11para o que significa a maioria
de nós ser normal e doente. -
2:13 - 2:16Porque, em última análise,
somos todos humanos -
2:16 - 2:21cujos cérebros fornecem
um espectro de experiências. -
2:23 - 2:25E tudo nesse espectro
de experiências humanas -
2:25 - 2:30é por fim produzido por sistemas cerebrais
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2:30 - 2:33que assumem um espectro
de estados diferentes. -
2:34 - 2:36Então, o que significa ser normal
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2:36 - 2:38e o que significa estar doente,
-
2:38 - 2:43quando a doença existe
no extremo de um espectro normal? -
2:46 - 2:50Como pesquisadora que estuda as diferenças
no modo como o cérebro dos indivíduos -
2:50 - 2:51se ligam e religam,
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2:51 - 2:54e como uma "Touretter"
com outros diagnósticos relacionados, -
2:54 - 2:59sou fascinada por falhas de autorregulação
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2:59 - 3:03nos espectros comportamentais
impulsivos e compulsivos. -
3:03 - 3:08Porque muito da própria
experiência do meu corpo -
3:08 - 3:12e meu próprio comportamento
existem em todo esse mapa. -
3:14 - 3:18Com os holofotes na crise dos opioides,
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3:20 - 3:22me peguei pensando ultimamente:
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3:23 - 3:27"Onde posicionar no espectro
do comportamento involuntário -
3:27 - 3:32algo como abusar
de analgésicos opioides ou heroína?" -
3:34 - 3:39Todos sabemos que a crise e a epidemia
de opioides estão fora de controle. -
3:40 - 3:43Noventa e uma pessoas morrem
todos os dias nos EUA por overdose. -
3:43 - 3:46E entre 2002 e 2015,
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3:46 - 3:50o número de mortes por heroína
aumentou em um fator de seis. -
3:52 - 3:57Algo sobre a maneira como tratamos
o vício não está funcionando, -
3:57 - 3:58pelo menos não para todos.
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4:00 - 4:03É um fato que as pessoas
que sofrem de dependência -
4:03 - 4:05perdem o livre arbítrio
-
4:05 - 4:11quando se trata do comportamento
em torno de drogas, álcool, comida -
4:11 - 4:14ou outros comportamentos estimulantes
do sistema de recompensas. -
4:15 - 4:19Que o vício é um estado
de doença baseado no cérebro -
4:19 - 4:22é uma realidade médica, neurobiológica.
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4:24 - 4:26Mas como nos relacionamos com essa doença,
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4:26 - 4:32como nos relacionamos com o conceito
de doença quando se trata de vício, -
4:32 - 4:36faz uma enorme diferença na forma
como tratamos as pessoas com vícios. -
4:37 - 4:42Tendemos a pensar em praticamente tudo
que fazemos como totalmente voluntário. -
4:43 - 4:46Mas o estado padrão do cérebro
-
4:46 - 4:52é mais parecido com um carro
em marcha lenta do que estacionado. -
4:53 - 4:55Coisas que achamos que escolhemos fazer
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4:55 - 4:59são na verdade coisas que nos
tornamos programados para fazer -
4:59 - 5:01quando os freios são liberados.
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5:03 - 5:07Já brincaram dizendo que o seu cérebro
estava funcionando no piloto automático? -
5:08 - 5:09Adivinhem?
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5:10 - 5:11Ele provavelmente estava.
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5:12 - 5:13Certo?
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5:13 - 5:18E o piloto automático do cérebro está
numa estrutura chamada corpo estriado. -
5:20 - 5:26O corpo estriado detecta condições
motoras emocionais e sensoriais -
5:28 - 5:34e sabe desencadear qualquer comportamento
que tenhamos tido com mais frequência -
5:34 - 5:37no passado, nessas mesmas condições.
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5:40 - 5:42Sabem por que me tornei neurocientista?
-
5:44 - 5:46Porque queria entender o meu "tique".
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5:46 - 5:48(Risos)
-
5:48 - 5:50Obrigada.
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5:50 - 5:51(Risos)
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5:51 - 5:55Eu tenho vontade de falar isso
na frente de uma plateia há anos. -
5:55 - 5:56(Aplausos)
-
5:56 - 5:59Então, na pós-graduação,
estudei fatores genéticos -
5:59 - 6:03que orquestram a ligação ao corpo estriado
durante o desenvolvimento. -
6:04 - 6:08E sim, essa é a antiga placa do meu carro.
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6:08 - 6:09(Risos)
-
6:09 - 6:12Só pra constar, eu não recomendo
a nenhum estudante de doutorado -
6:12 - 6:16uma placa com o tópico da tese impresso,
a não ser que ele esteja pronto -
6:16 - 6:19para que os experimentos dele
fracassem nos dois anos seguintes. -
6:19 - 6:20(Risos)
-
6:20 - 6:22Eu finalmente percebi.
-
6:22 - 6:28Meus experimentos estavam explorando
o quanto a má ligação do corpo estriado -
6:28 - 6:30se relaciona a comportamentos compulsivos.
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6:30 - 6:32Ou seja, comportamentos que são coagidos
-
6:32 - 6:36por desconfortáveis impulsos que não
conseguimos resistir conscientemente. -
6:36 - 6:40Então eu fiquei muito empolgada
quando meus ratos desenvolveram -
6:40 - 6:42esse comportamento compulsivo,
-
6:42 - 6:45em que esfregavam o rosto
e pareciam não poder parar, -
6:45 - 6:48mesmo quando estavam se ferindo.
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6:48 - 6:51Empolgada é a palavra errada,
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6:51 - 6:53realmente me senti péssima por eles.
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6:55 - 6:59Eu pensei que eles tinham tiques,
evidência da má ligação do corpo estriado. -
7:00 - 7:02E eles eram compulsivos
-
7:02 - 7:05mas, em novos testes,
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7:06 - 7:09estes ratos mostraram aversão a interagir
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7:09 - 7:12e conhecer outros ratos desconhecidos.
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7:12 - 7:15O que foi incomum e inesperado.
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7:15 - 7:18Os resultados sugeriram
que o corpo estriado -
7:18 - 7:21que está envolvido em transtornos
do espectro compulsivo, -
7:21 - 7:24também está envolvido
-
7:26 - 7:29na nossa capacidade de se conectar.
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7:32 - 7:35Então eu mergulhei mais fundo,
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7:35 - 7:37em um campo chamado neurociência social.
-
7:37 - 7:40É um campo interdisciplinar mais novo,
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7:40 - 7:42e encontrei relatórios
que ligavam o corpo estriado -
7:42 - 7:45não apenas a anomalias sociais em ratos,
-
7:45 - 7:47mas também em pessoas.
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7:47 - 7:53A neuroquímica social no corpo estriado
-
7:54 - 7:59está ligada a coisas que vocês
provavelmente já ouviram falar. -
7:59 - 8:00Como a ocitocina,
-
8:00 - 8:05aquele hormônio que dá uma sensação
toda acolhedora e indistinta. -
8:05 - 8:09Mas também implica sinalização
nos receptores opioides. -
8:10 - 8:12Existem opioides que surgem
naturalmente no cérebro, -
8:12 - 8:16profundamente ligados
aos processos sociais. -
8:19 - 8:24Experimentos com naloxona,
que bloqueia os receptores opioides, -
8:24 - 8:29nos mostram o quão essencial
esta sinalização de receptor opioide -
8:29 - 8:30é para a interação social.
-
8:34 - 8:38A naloxona é um ingrediente do Narcan,
-
8:38 - 8:41que reverte as overdoses
de opioides para salvar vidas. -
8:41 - 8:44Mas quando foi dado a pessoas saudáveis,
-
8:44 - 8:48realmente interferiu na capacidade
de se sentirem conectadas -
8:48 - 8:50a pessoas que já conheciam e gostavam.
-
8:51 - 8:57Algo sobre não ter ligação
com o receptor opioide -
8:57 - 9:01dificulta para nós sentirmos
as recompensas da interação social. -
9:02 - 9:04Por causa da duração da palestra,
-
9:04 - 9:07deixei de lado alguns detalhes científicos
-
9:07 - 9:09mas, brevemente, estamos aqui.
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9:10 - 9:14Os efeitos da desconexão social
através de receptores opioides, -
9:14 - 9:17os efeitos de drogas viciantes
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9:17 - 9:19e os efeitos da neurotransmissão anormal
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9:19 - 9:22em movimentos involuntários
e comportamentos compulsivos; -
9:22 - 9:25todos convergem para o corpo estriado.
-
9:27 - 9:30E o corpo estriado
e o opioide sinalizando nele -
9:30 - 9:33têm sido profundamente ligados à solidão.
-
9:37 - 9:40Quando não temos sinalização suficiente
nos receptores de opioides, -
9:40 - 9:46nos sentimos sozinhos numa sala cheia de
pessoas com quem nos importamos e amamos. -
9:47 - 9:51Neurocientistas sociais, como o
Dr. Cacioppo, da Universidade de Chicago, -
9:51 - 9:54descobriram que a solidão é perigosa.
-
9:55 - 9:56E predispõe as pessoas
-
9:56 - 10:00a espectros inteiros
de doenças físicas e mentais. -
10:05 - 10:08Pensem assim: quando estamos famintos,
-
10:08 - 10:11praticamente qualquer comida
tem um gosto incrível, certo? -
10:11 - 10:15Assim, da mesma forma,
a solidão cria uma fome no cérebro -
10:16 - 10:21que neuroquimicamente hipersensibiliza
nosso sistema de recompensa. -
10:22 - 10:25E o isolamento social atua
por meio de receptores -
10:25 - 10:29assim estes opioides de ocorrência natural
e outros neurotransmissores sociais -
10:29 - 10:32deixam o corpo estriado em um estado
-
10:32 - 10:36em que a resposta a coisas
que sinalizam recompensa e prazer -
10:36 - 10:39é completamente exagerada.
-
10:39 - 10:42E neste estado de hipersensibilidade,
-
10:42 - 10:47o cérebro sinaliza profunda insatisfação.
-
10:48 - 10:53Nos tornamos inquietos,
irritáveis e impulsivos. -
10:54 - 10:57É quando eu quero que levem
os chocolates do Halloween -
10:57 - 11:00pro outro lado da sala, longe de mim,
senão vou comer tudo. -
11:00 - 11:01Eu como mesmo.
-
11:01 - 11:06E isso traz outra coisa que faz
a desconexão social tão perigosa. -
11:07 - 11:10Se não conseguimos
nos conectar socialmente, -
11:10 - 11:15ficamos tão vorazes para que nossa
neuroquímica social seja reequilibrada, -
11:15 - 11:17que podemos procurar
alívio em qualquer lugar. -
11:17 - 11:23E se esse lugar for analgésicos
opioides ou heroína, -
11:23 - 11:29será um míssil guiado pelo calor
para o nosso sistema de recompensa social. -
11:31 - 11:36É de se admirar que as pessoas hoje em dia
estejam se viciando tão facilmente? -
11:39 - 11:41O isolamento social...
-
11:45 - 11:46me desculpem...
-
11:48 - 11:49contribui para a recaída.
-
11:50 - 11:54Estudos têm mostrado que pessoas
que tendem a evitar a recaída -
11:54 - 11:59tendem a ser pessoas que têm
relações sociais amplas e recíprocas, -
11:59 - 12:01em que servem umas às outras,
que podem ser úteis. -
12:01 - 12:04Isso permite que as pessoas se conectem.
-
12:06 - 12:07Então...
-
12:10 - 12:15se não tivermos a capacidade
de nos conectar autenticamente... -
12:15 - 12:20nossa sociedade tem cada vez menos
essa capacidade de conexão autêntica -
12:21 - 12:25e de experimentar coisas que são
transcendentes e além de nós mesmos. -
12:25 - 12:27Costumávamos obter essa transcendência
-
12:27 - 12:30do sentimento de pertencer
às nossas famílias e comunidades. -
12:30 - 12:33Mas, em toda parte,
as comunidades estão mudando. -
12:34 - 12:40E a desintegração social e econômica
está tornando isso cada vez mais difícil. -
12:42 - 12:45Eu não sou a única pessoa a apontar
-
12:45 - 12:48que as áreas do país
mais atingidas economicamente, -
12:48 - 12:52onde as pessoas se sentem mais desoladas
sobre o significado da vida, -
12:52 - 12:54são também os lugares
-
12:54 - 13:01onde tem havido comunidades
mais assoladas pelos opioides. -
13:02 - 13:06O isolamento social age através
do sistema de recompensa do cérebro -
13:06 - 13:09para tornar esta situação
literalmente dolorosa. -
13:10 - 13:13Então talvez sejam essa dor, essa solidão,
-
13:14 - 13:17esse desânimo,
-
13:17 - 13:21que estejam levando muitos de nós
a nos conectar com o que podemos. -
13:21 - 13:23Como comida.
-
13:24 - 13:26Como eletrônicos portáteis.
-
13:26 - 13:30E para muitas pessoas,
drogas como heroína e Fentanil. -
13:30 - 13:34Conheço alguém que teve uma overdose,
que foi revivida por Narcan, -
13:35 - 13:38e ela estava mais brava
por simplesmente não poder morrer. -
13:38 - 13:43Imaginem por um segundo
como é esse estado de desespero. -
13:44 - 13:48Mas o corpo estriado também é
uma fonte de esperança, -
13:48 - 13:52porque nos dá uma pista
de como trazer as pessoas de volta. -
13:54 - 13:57Lembrem-se que o corpo estriado
é nosso piloto automático, -
13:57 - 13:58executando comportamentos habituais,
-
13:58 - 14:04e é possível religá-lo e reprogramá-lo,
mas isso envolve neuroplasticidade. -
14:04 - 14:07Então, neuroplasticidade
é a capacidade do cérebro -
14:07 - 14:09se reprogramar
-
14:10 - 14:12e se reconectar,
para aprendermos coisas novas. -
14:12 - 14:15Talvez tenham ouvido
o ditado clássico da plasticidade: -
14:15 - 14:18neurônios que disparam juntos se conectam.
-
14:18 - 14:20Certo?
-
14:20 - 14:24Então, precisamos praticar
comportamentos sociais conectivos -
14:24 - 14:27em vez de comportamentos compulsivos,
quando estamos sozinhos, -
14:27 - 14:31quando somos convidados
a lembrar da nossa droga. -
14:33 - 14:38Precisamos disparar neuronicamente
experiências repetidas -
14:38 - 14:41para que o corpo estriado sofra
a neuroplasticidade necessária, -
14:41 - 14:47que permita desconectar
o piloto automático do "ache heroína". -
14:47 - 14:50E a convergência da neurociência social,
-
14:51 - 14:54o vício e os transtornos
do espectro compulsivo -
14:54 - 14:56sugerem que não é suficiente
-
14:56 - 15:00apenas ensinar ao corpo estriado reações
saudáveis ao impulso compulsivo. -
15:00 - 15:06Precisamos de impulsos sociais para
substituir compulsões baseadas em drogas, -
15:06 - 15:12para reequilibrar, neuroquimicamente,
nosso sistema de recompensa social. -
15:12 - 15:13E se isso não acontecer,
-
15:13 - 15:16ficamos em um estado de fissura.
-
15:16 - 15:20Não importa o que praticamos
repetidamente além da nossa droga. -
15:26 - 15:30Acredito que a solução
para a crise opioide -
15:30 - 15:34seja explorar como as intervenções
sociais e psicoespirituais -
15:34 - 15:38atuam como neurotecnologias nos circuitos
-
15:38 - 15:41que processam recompensas
sociais e induzidas por drogas. -
15:43 - 15:48Uma possibilidade é criar
e estudar ferramentas escaláveis -
15:48 - 15:50para as pessoas se conectarem
-
15:50 - 15:52por um interesse mútuo
-
15:52 - 15:54na recuperação por práticas
psicoespirituais. -
15:54 - 15:58E como tal, essas práticas
poderiam envolver qualquer coisa, -
15:58 - 16:01de pessoas se reunindo
como fãs de turnês de bandas, -
16:03 - 16:07ou de "parkour", apresentando experiências
compartilhadas de vulnerabilidade -
16:07 - 16:08e crescimento pessoal,
-
16:08 - 16:11ou coisas mais convencionais,
como encontros de ioga de recuperação -
16:11 - 16:14ou reuniões centradas
em concepções mais tradicionais -
16:14 - 16:16de experiências espirituais.
-
16:16 - 16:18Mas seja o que for,
-
16:18 - 16:21ela precisa ativar
-
16:21 - 16:24todos os sistemas de
neurotransmissores no corpo estriado -
16:24 - 16:27envolvidos no processamento
da conexão social. -
16:29 - 16:32As redes sociais não são suficientes;
-
16:32 - 16:35elas não nos incentivam
muito a compartilhar, -
16:35 - 16:37mas sim a comparar.
-
16:37 - 16:41É a diferença entre uma conversa
fútil e superficial com alguém -
16:41 - 16:46e uma conversa autêntica e profundamente
conectada com contato visual. -
16:46 - 16:50E o estigma também nos mantém separados.
-
16:50 - 16:53Há muitas evidências
de que ele nos deixa doentes. -
16:54 - 16:58O estigma por vezes torna mais seguro a
um viciado se conectar com outro viciado. -
16:59 - 17:03Mas os grupos de recuperação centrados
em estabelecer conexões sociais -
17:03 - 17:08certamente poderiam ser inclusivos
de pessoas que buscam recuperação -
17:08 - 17:11para vários problemas de saúde mental.
-
17:12 - 17:16Quando nos conectamos
com o que está quebrado, -
17:18 - 17:21nos conectamos como seres humanos.
-
17:22 - 17:28Nos curamos da autodestruição compulsiva
-
17:28 - 17:31que foi nossa reação à dor da desconexão.
-
17:32 - 17:38Ao pensarmos em doenças neuropsiquiátricas
como um espectro de fenômenos -
17:38 - 17:41que fazem parte do que nos faz humanos,
-
17:41 - 17:45removemos a alteridade das pessoas
que lutam contra a autodestruição. -
17:45 - 17:49Nós removemos o estigma
-
17:50 - 17:53entre médicos, pacientes e cuidadores.
-
17:54 - 17:59Colocamos a questão do que significa
ser normal versus doente -
17:59 - 18:02de volta ao espectro da condição humana.
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18:03 - 18:08Nesse espectro todos podemos nos conectar
-
18:08 - 18:12e buscar a cura juntos,
para todas as nossas lutas humanas. -
18:13 - 18:15Obrigada por me deixarem compartilhar.
-
18:15 - 18:16(Aplausos)
- Title:
- Como o isolamento alimenta o vício em opioides
- Speaker:
- Rachel Wurzman
- Description:
-
O que a síndrome de Tourette, o vício em heroína e a obsessão pela mídia social têm em comum? Eles convergem em uma área do cérebro chamada corpo estriado, diz a neurocientista Rachel Wurzman - e essa descoberta crítica pode reformular nossa compreensão da crise dos opioides. Compartilhando ideias de sua pesquisa, Wurzman mostra como o isolamento social contribui para as taxas de recaída e overdose, e revela como a conexão humana significativa pode oferecer uma fonte potencialmente poderosa de recuperação.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:31
Maricene Crus approved Portuguese, Brazilian subtitles for How isolation fuels opioid addiction | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for How isolation fuels opioid addiction | ||
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