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A coisa mais importante na luta contra a alteração climática: falar sobre isso

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    Foi o meu primeiro ano
    de professora de ciência atmosférica
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    na Universidade Técnica do Texas.
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    Tínhamos mudado há pouco
    para Lubbock, no Texas,
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    que tinha sido designada pouco tempo antes
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    como a segunda cidade
    mais conservadora dos EUA.
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    Um colega meu pediu-me para eu participar
  • 0:17 - 0:19
    no seu curso de geologia
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    Eu disse: "Claro".
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    Mas, quando lá cheguei,
    a sala de aulas era escura e lúgubre.
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    Enquanto eu falava da história
    do ciclo do carbono,
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    desde o tempo geológico
    até aos dias de hoje,
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    muitos dos alunos estavam recostados,
    a dormitar ou a olhar para o telemóvel.
  • 0:34 - 0:38
    Terminei a minha intervenção
    com um pedido otimista de perguntas.
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    Uma mão levantou-se de imediato.
  • 0:42 - 0:46
    Olhei para ele de modo encorajador,
    ele levantou-se e, em voz alta, disse:
  • 0:46 - 0:48
    "É democrata, não é?"
  • 0:48 - 0:50
    (Risos)
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    "Não", respondi, "Sou canadiana".
  • 0:53 - 0:55
    (Risos)
  • 0:55 - 0:57
    (Aplausos)
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    Foi esse o meu batismo de fogo
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    no que hoje é uma triste realidade
    aqui nos EUA
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    e também, cada vez mais, no Canadá:
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    Estipula-se
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    que o facto de acreditarmos
    que o clima está a mudar,
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    que os responsáveis
    são os seres humanos
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    e que os efeitos são cada vez
    mais graves, perigosos mesmo,
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    não tem nada a ver com os nossos
    conhecimentos ou a sua inteligência
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    mas com a nossa posição
    no espetro político.
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    Será que o termómetro
    nos dá uma resposta diferente
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    consoante somos liberais
    ou conservadores?
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    Claro que não.
  • 1:37 - 1:40
    Mas se o termómetro nos diz
    que o planeta está a aquecer,
  • 1:41 - 1:43
    e que os seres humanos são responsáveis
  • 1:43 - 1:45
    para resolver este problema,
  • 1:45 - 1:49
    temos de abandonar os combustíveis
    fósseis o mais depressa possível.
  • 1:50 - 1:53
    Eu sei que há pessoas
    que preferiam cortar um braço
  • 1:53 - 1:55
    do que dar ao governo a oportunidade
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    de perturbar a sua vida de conforto
    e de lhes dizer o que devem fazer.
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    Mas dizer: "Pois, é um grande problema,
    mas não quero resolvê-lo",
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    torna-nos no mau da fita
    e ninguém quer ser o mau da fita.
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    Por isso, usamos argumentos como:
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    "É apenas um ciclo natural",
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    "É o sol".
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    Ou o meu preferido:
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    "Os cientistas do clima
    querem é saber do dinheiro".
  • 2:17 - 2:18
    (Risos)
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    Oiço isto pelo menos uma vez por semana.
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    Mas são só cortinas de fumo
    pseudocientíficas
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    que se destinam a esconder
    a verdadeira razão para as objeções
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    que nada têm a ver com a ciência
  • 2:32 - 2:36
    e tudo a ver com a ideologia
    e a identidade.
  • 2:37 - 2:39
    Quando ligamos a TV, atualmente,
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    é vulgar ouvir o especialista X a dizer:
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    "Está frio lá fora, onde está
    agora o aquecimento global?"
  • 2:45 - 2:46
    E o político Y diz:
  • 2:46 - 2:48
    "Por cada cientista que diz
    que esta coisa é real,
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    "eu conheço outro que diz o contrário".
  • 2:51 - 2:53
    Não surpreende pois que,
    por vezes, sintamos
  • 2:53 - 2:56
    que parece que toda a gente
    repete estes mitos.
  • 2:56 - 2:58
    Mas, quando olhamos para os dados
  • 2:58 - 3:01
    — e o Programa de Yale
    sobre Comunicação do Clima,
  • 3:01 - 3:04
    tem feito sondagens à opinião pública
    por todo o país, há uma série de anos —
  • 3:04 - 3:08
    os dados mostram que 70%
    das pessoas nos EUA
  • 3:08 - 3:10
    acreditam que o clima está a mudar.
  • 3:10 - 3:14
    E 70% concordam também
    que irá prejudicar plantas e animais
  • 3:14 - 3:16
    e irá prejudicar as gerações futuras.
  • 3:17 - 3:21
    Mas, quando observamos mais fundo,
    a teoria é posta à prova.
  • 3:22 - 3:26
    Só uns 60% das pessoas pensam
    que afetará as pessoas nos EUA.
  • 3:27 - 3:31
    Só 40% de pessoas pensam
    que nos afetará pessoalmente.
  • 3:33 - 3:36
    E quando perguntamos às pessoas:
    "Costumam falar nisso?"
  • 3:37 - 3:41
    dois terços das pessoas
    nos EUA dizem: "Nunca".
  • 3:43 - 3:46
    Pior ainda, quando dizemos:
    "Ouvem os 'media' a falar nisto?"
  • 3:46 - 3:49
    mais de três quartos das pessoas
    dizem que não.
  • 3:51 - 3:53
    É um círculo vicioso.
  • 3:54 - 3:56
    O planeta está a aquecer.
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    As ondas de calor estão mais fortes.
  • 3:57 - 3:59
    A chuva forte está mais frequente.
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    Os furacões estão mais intensos.
  • 4:01 - 4:05
    Os cientistas publicam mais
    um relatório cheio de desgraças.
  • 4:05 - 4:08
    Os políticos resistem mais fortemente,
  • 4:08 - 4:11
    repetindo os mesmos mitos
    pseudocientíficos.
  • 4:12 - 4:15
    O que podemos fazer
    para quebrar este círculo vicioso?
  • 4:15 - 4:20
    A principal coisa que podemos fazer
    é exatamente o que não estamos a fazer:
  • 4:20 - 4:22
    falar nisso.
  • 4:23 - 4:25
    Podem dizer: "Mas eu não sou cientista.
  • 4:25 - 4:28
    "Como é que posso falar
    sobre forçamento radioativo
  • 4:28 - 4:31
    "ou sobre parametrização de nuvens
    em modelos climáticos?"
  • 4:31 - 4:33
    Já não precisamos de falar em ciência,
  • 4:33 - 4:36
    temos falado em ciência
    durante mais de 150 anos.
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    Sabiam que já foi há 150 anos
    ou mais, a partir da década de 1850,
  • 4:42 - 4:45
    que os cientistas do clima descobriram
  • 4:45 - 4:48
    que a extração e queima
    do carvão, do gás e do petróleo
  • 4:48 - 4:50
    estavam a produzir gases
    que retinham o calor
  • 4:50 - 4:53
    que envolve o planeta
    como um cobertor adicional?
  • 4:53 - 4:55
    Já sabemos isso há esse tempo todo.
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    Foi há 50 anos que os cientistas
    avisaram, pela primeira vez,
  • 4:58 - 4:59
    um presidente dos EUA,
  • 4:59 - 5:00
    dos perigos da alteração climática.
  • 5:00 - 5:03
    Esse presidente foi Lyndon B. Johnson.
  • 5:04 - 5:06
    Mais ainda, as ciências sociais
    ensinaram-nos
  • 5:06 - 5:09
    que, se as pessoas
    construíram a sua identidade,
  • 5:09 - 5:13
    rejeitando um certo conjunto de factos,
  • 5:13 - 5:17
    consideram como um ataque pessoal
    a discussão sobre esses factos,
  • 5:18 - 5:20
    e isso leva-as a radicalizarem-se
  • 5:20 - 5:23
    e a entrincheirar-se
    em vez de construírem uma ponte.
  • 5:24 - 5:27
    Portanto, se não vale a pena
    falar mais de ciência
  • 5:27 - 5:29
    ou se não precisamos
    de falar mais sobre ciência,
  • 5:29 - 5:31
    de que é que devemos falar?
  • 5:31 - 5:33
    O mais importante a fazer é,
  • 5:33 - 5:36
    em vez de nos basearmos na cabeça
    com todos os dados e os factos,
  • 5:36 - 5:39
    basearmo-nos no coração,
  • 5:39 - 5:42
    começar por falar daquilo
    que nos é importante,
  • 5:44 - 5:47
    começar com valores
    genuinamente partilhados.
  • 5:48 - 5:49
    Somos ambos pais?
  • 5:49 - 5:52
    Vivemos na mesma comunidade?
  • 5:52 - 5:54
    Gostamos das mesmas
    atividades ao ar livre,
  • 5:54 - 5:58
    passear, andar de bicicleta,
    pescar ou caçar?
  • 5:58 - 6:01
    Preocupamo-nos com a economia
    ou a segurança social?
  • 6:02 - 6:06
    Para mim, uma das formas mais importantes
    que encontrei para contactar as pessoas
  • 6:06 - 6:07
    foi através da minha fé.
  • 6:07 - 6:11
    Enquanto cristã, creio que Deus criou
    este planeta incrível em que vivemos
  • 6:11 - 6:15
    e deu-nos a responsabilidade
    de todos os seres vivos que ele contém.
  • 6:15 - 6:18
    Além disso, creio que devemos
    cuidar e amar
  • 6:18 - 6:20
    os menos afortunados entre nós,
  • 6:20 - 6:23
    os que já sofrem os impactos da pobreza,
  • 6:23 - 6:25
    da fome, das doenças e de outros males.
  • 6:25 - 6:29
    Se não souberem quais são
    os valores que as pessoas têm,
  • 6:29 - 6:33
    tenham uma conversa, tentem conhecê-las,
    descubram o que é que as faz vibrar.
  • 6:34 - 6:35
    Depois disso,
  • 6:36 - 6:41
    basta juntar os pontinhos
    entre os valores que elas já têm
  • 6:41 - 6:44
    e porque é que se devem preocupar
    com uma mudança de clima.
  • 6:44 - 6:48
    Creio firmemente, ao fim
    de milhares de conversas que tenho tido,
  • 6:48 - 6:50
    nos últimos dez anos ou mais,
  • 6:50 - 6:51
    que quase todas as pessoas no mundo
  • 6:51 - 6:53
    já possuem os valores necessários
  • 6:53 - 6:55
    para se preocuparem
    com a alteração climática,
  • 6:55 - 6:58
    Só que ainda não juntaram os pontinhos.
  • 6:58 - 7:01
    É isto que podemos fazer
    nas nossas conversas com elas.
  • 7:02 - 7:04
    A única razão por que me preocupo
    com a alteração climática
  • 7:04 - 7:07
    é por causa daquilo que já sou.
  • 7:07 - 7:10
    Sou mãe, por isso preocupo-me
    com o futuro do meu filho.
  • 7:10 - 7:13
    Vivo no Texas Ocidental
    onde a água já é escassa
  • 7:13 - 7:16
    e a mudança do clima está a ter impacto
    na disponibilidade dessa água.
  • 7:17 - 7:19
    Sou cristã, preocupo-me com
    a mudança de clima
  • 7:19 - 7:22
    porque ela é,
    como os militares lhe chamam,
  • 7:22 - 7:23
    um "multiplicador de ameaças".
  • 7:23 - 7:25
    Agarra em problemas
  • 7:25 - 7:29
    como a pobreza e a fome e a doença,
    a falta de acesso a água potável,
  • 7:29 - 7:32
    e até as crises políticas
    que levam a crises de refugiados,
  • 7:32 - 7:37
    agarra em todos estes problemas
    e exacerba-os, torna-os piores.
  • 7:37 - 7:39
    Eu não sou Rotária,
  • 7:39 - 7:41
    mas quando fiz a primeira palestra
    no Clube Rotário,
  • 7:41 - 7:46
    entrei e eles tinham um cartaz gigante
    com o Teste das Quatro Perguntas.
  • 7:47 - 7:48
    "É verdade?"
  • 7:48 - 7:50
    Sem dúvida nenhuma.
  • 7:50 - 7:51
    "É justo?" Nem pensar,
  • 7:51 - 7:54
    é o que mais me preocupa
    na alteração climática,
  • 7:54 - 7:55
    porque é totalmente injusto.
  • 7:55 - 7:58
    São os que menos contribuem
    para este problema
  • 7:58 - 8:00
    que sofrem os impactos mais pesados.
  • 8:00 - 8:01
    As perguntas continuavam:
  • 8:01 - 8:03
    "Será benéfico para todos,
    criará boa vontade?"
  • 8:03 - 8:05
    Bom, será certamente,
    se o resolvêssemos.
  • 8:05 - 8:10
    Agarrei na minha palestra e reorganizei-a
    segundo o Teste das Quatro Perguntas
  • 8:10 - 8:13
    e depois fi-la a um grupo
    de pessoas conservadoras
  • 8:13 - 8:15
    no Texas Ocidental.
  • 8:15 - 8:17
    Nunca esquecerei que, no fim,
  • 8:18 - 8:22
    um banqueiro local veio ter comigo
    com um ar estupefacto no rosto e disse:
  • 8:22 - 8:25
    "Sabe, eu não tinha a certeza
    quanto a esta coisa do aquecimento global,
  • 8:25 - 8:28
    "mas passei o Teste das Quatro Perguntas".
  • 8:28 - 8:30
    (Risos)
  • 8:30 - 8:32
    (Aplausos)
  • 8:38 - 8:41
    Mas esses valores têm de ser genuínos.
  • 8:41 - 8:44
    Eu fiz uma palestra numa faculdade cristã
    há uma série de anos
  • 8:44 - 8:48
    e, no final da palestra, um colega meu,
    cientista, veio ter comigo e disse:
  • 8:48 - 8:49
    "Preciso de ajuda.
  • 8:49 - 8:52
    "Há muito que me esforço
    por meter o pé
  • 8:52 - 8:54
    "nas nossas igrejas locais,
  • 8:54 - 8:56
    "mas não consigo obter ligação.
  • 8:57 - 8:59
    "Queria falar-lhes da importância
    da alteração climática".
  • 8:59 - 9:01
    Eu disse-lhe: "O melhor que tens a fazer
  • 9:01 - 9:04
    "é começar por dizeres
    de que congregação fazes parte
  • 9:04 - 9:07
    "porque partilhas a maior parte
    dos valores com essas pessoas.
  • 9:07 - 9:09
    "Que tipo de igreja é que frequentas?"
  • 9:09 - 9:12
    "Eu não frequento nenhuma igreja,
    eu sou ateu"— disse ele.
  • 9:12 - 9:13
    (Risos)
  • 9:13 - 9:16
    E eu: "Bom, nesse caso,
    talvez não seja a melhor ideia
  • 9:16 - 9:18
    "começar com uma comunidade religiosa.
  • 9:18 - 9:21
    "Vamos pensar no que é que gostas
    de fazer, em que é que te envolves".
  • 9:21 - 9:23
    Conseguimos identificar
    um grupo da comunidade
  • 9:23 - 9:26
    de que ele fazia parte,
    por onde ele podia começar.
  • 9:26 - 9:29
    Não temos de ser um ambientalista liberal
  • 9:29 - 9:31
    para nos preocuparmos
    com a mudança do clima.
  • 9:31 - 9:35
    Basta sermos humanos
    que vivem neste planeta,
  • 9:35 - 9:37
    porque, seja onde for que vivamos,
  • 9:37 - 9:41
    a mudança do clima já
    nos estar a afetar hoje.
  • 9:43 - 9:44
    Se vivemos perto da costa,
  • 9:44 - 9:49
    em muitos locais já assistimos
    a inundações costeiras.
  • 9:50 - 9:53
    Se vivemos na América do Norte ocidental,
  • 9:53 - 9:56
    já estamos a ver áreas muito maiores
    a arder em incêndios selvagens.
  • 9:57 - 9:59
    Se vivemos numa localidade costeira,
  • 9:59 - 10:02
    desde o Golfo do México
    ao sul do Pacífico,
  • 10:02 - 10:06
    já estamos a assistir a furacões,
    tufões e ciclones mais fortes,
  • 10:06 - 10:08
    alimentados por um oceano mais quente.
  • 10:08 - 10:10
    Se vivemos no Texas, ou na Síria,
  • 10:10 - 10:13
    estamos a ver a alteração climática
    reforçar as secas,
  • 10:13 - 10:16
    tornando-as mais frequentes
    e mais graves.
  • 10:16 - 10:20
    Onde quer que vivamos, já estamos
    a ser afetados por um clima em mudança.
  • 10:20 - 10:22
    Podem dizer: "Ok, isso é bom.
    Podemos falar dos impactos.
  • 10:22 - 10:26
    "Podemos assustar as pessoas
    porque isto é uma coisa grave".
  • 10:26 - 10:29
    E é, podem crer,
    eu sou cientista, eu sei.
  • 10:29 - 10:30
    (Risos)
  • 10:30 - 10:34
    Mas não é o medo que nos vai motivar
  • 10:34 - 10:36
    a uma mudança a longo prazo, sustentada,
  • 10:36 - 10:39
    de que precisamos para resolver as coisas.
  • 10:39 - 10:42
    O medo é o que nos ajuda
    a fugir de um urso
  • 10:42 - 10:46
    ou a correr mais depressa
    do que a pessoa que vem atrás de nós.
  • 10:46 - 10:47
    (Risos)
  • 10:47 - 10:52
    Para resolver esta coisa,
    precisamos de esperança racional.
  • 10:53 - 10:56
    É imperativo reconhecer
    o que está em jogo.
  • 10:57 - 10:58
    Claro que reconhecemos,
  • 10:59 - 11:02
    mas precisamos de uma visão
    para um futuro melhor,
  • 11:03 - 11:06
    um futuro com energia abundante,
  • 11:06 - 11:08
    com uma economia estável,
  • 11:08 - 11:10
    com recursos acessíveis a toda a gente,
  • 11:10 - 11:15
    em que a nossa vida não seja pior,
    mas melhor do que a que temos hoje.
  • 11:16 - 11:18
    Há soluções.
  • 11:18 - 11:22
    É por isso que a segunda coisa
    mais importante de que temos de falar
  • 11:22 - 11:28
    são as soluções — praticáveis, viáveis,
    acessíveis, atraentes.
  • 11:29 - 11:31
    Como o quê?
  • 11:31 - 11:33
    Não há soluções mágicas,
  • 11:33 - 11:35
    mas há muitas soluções milagrosas.
  • 11:36 - 11:37
    (Risos)
  • 11:39 - 11:41
    Há soluções simples
    que poupam dinheiro
  • 11:41 - 11:44
    e reduzem a nossa pegada de carbono
    simultaneamente.
  • 11:44 - 11:46
    Por exemplo, as lâmpadas incandescentes.
  • 11:46 - 11:48
    Adoro o meu carro elétrico.
  • 11:48 - 11:50
    Gostaria de ter um telhado solar.
  • 11:50 - 11:55
    Mas imaginem se cada casa
    tivesse um interruptor na porta da rua
  • 11:55 - 11:59
    que, quando saíssemos de casa,
    desligasse tudo, exceto o frigorífico
  • 11:59 - 12:01
    — e talvez o gravador de vídeo.
  • 12:01 - 12:02
    (Risos)
  • 12:02 - 12:04
    Escolhas de estilo de vida:
    comer produtos locais,
  • 12:04 - 12:07
    comer na base da cadeia alimentar
  • 12:07 - 12:10
    e reduzir os desperdícios alimentares
    que, a nível mundial,
  • 12:10 - 12:14
    é uma das coisas mais importantes
    a fazer para resolver este problema.
  • 12:15 - 12:16
    Sou cientista do clima
  • 12:16 - 12:18
    por isso, para mim é uma ironia viajar
  • 12:19 - 12:22
    para falar com as pessoas
    sobre um clima em mudança
  • 12:22 - 12:24
    (Risos)
  • 12:24 - 12:26
    A maior parte da minha
    pegada de carbono pessoal
  • 12:26 - 12:28
    são as minhas viagens.
  • 12:28 - 12:31
    É por isso que eu escolho
    cuidadosamente os meus convites.
  • 12:31 - 12:33
    Normalmente, não vou a nenhum lugar
  • 12:33 - 12:36
    a não ser que haja uma massa crítica
    de convites para um local
  • 12:36 - 12:38
    — pelo menos três ou quatro
  • 12:38 - 12:41
    por vezes, mesmo 10 ou 15 palestras
    num determinado local —
  • 12:41 - 12:44
    para minimizar o impacto
    da minha pegada de carbono,
  • 12:44 - 12:46
    tanto quanto possível.
  • 12:46 - 12:50
    Passei quase três quartos
    das palestras que faço para vídeo.
  • 12:50 - 12:53
    As pessoas dizem, muitas vezes:
    "Nunca fizemos isso".
  • 12:54 - 12:57
    Mas eu digo: "Toca a experimentar.
    Penso que pode funcionar".
  • 12:59 - 13:01
    Mas, sobretudo, precisamos de falar
  • 13:01 - 13:05
    sobre o que já está a acontecer
    hoje, pelo mundo fora
  • 13:05 - 13:07
    e o que poderá acontecer no futuro.
  • 13:07 - 13:09
    Eu vivo no Texas,
  • 13:09 - 13:13
    e o Texas tem as emissões de carbono
    mais altas de qualquer estado dos EUA.
  • 13:13 - 13:16
    Podem dizer: "O que é que nos pode
    dizer sobre o Texas?"
  • 13:16 - 13:18
    A resposta é: muita coisa.
  • 13:19 - 13:24
    Sabiam que, no Texas,
    há mais de 25 000 postos de trabalho
  • 13:24 - 13:26
    na indústria da energia eólica?
  • 13:26 - 13:28
    Quase já chegámos aos 20%
    da nossa eletricidade
  • 13:29 - 13:32
    a partir de fontes limpas, renováveis,
    sobretudo da energia eólica,
  • 13:32 - 13:34
    embora a energia solar
    esteja a aumentar rapidamente.
  • 13:34 - 13:36
    A maior base do exército
    nos EUA, o Fort Hood,
  • 13:36 - 13:38
    claro, situa-se no Texas.
  • 13:38 - 13:42
    Neste momento, é alimentada
    por energia eólica e solar,
  • 13:42 - 13:45
    poupando aos contribuintes
    mais de 150 milhões de dólares.
  • 13:46 - 13:47
    Sim.
  • 13:47 - 13:50
    (Aplausos)
  • 13:53 - 13:56
    E quanto aos que não têm
    os recursos que nós temos?
  • 13:56 - 13:59
    Na África subsaariana, há centenas
    de milhões de pessoas
  • 13:59 - 14:02
    que não têm acesso a qualquer tipo
    de energia, a não ser o petróleo
  • 14:02 - 14:04
    que é muito caro.
  • 14:04 - 14:05
    Por todo o mundo,
  • 14:05 - 14:10
    o tipo da nova energia
    de crescimento mais rápido é a solar.
  • 14:11 - 14:14
    Eles têm grande abundância de sol.
  • 14:15 - 14:18
    Os investidores de impacto social,
    sem fins lucrativos, empresas até,
  • 14:19 - 14:23
    estão a ir para lá e a usar
    novos esquemas de microfinanciamento
  • 14:23 - 14:25
    como, vão pagando como puderem,
  • 14:25 - 14:28
    para as pessoas poderem comprar
    a energia de que precisam,
  • 14:28 - 14:30
    por vezes até para os telemóveis.
  • 14:30 - 14:33
    Uma empresa, a Azuri,
    distribuiu dezenas de milhares de unidades
  • 14:33 - 14:36
    por 11 países, do Ruanda ao Uganda.
  • 14:37 - 14:39
    Calculam que abasteceram de energia
  • 14:39 - 14:41
    mais de 30 milhões
    de horas de eletricidade
  • 14:41 - 14:44
    e mais de 10 milhões de horas
    de carregamento de telemóveis.
  • 14:45 - 14:48
    E quanto às economias
    de crescimento gigantesco
  • 14:48 - 14:49
    da China e da Índia?
  • 14:50 - 14:53
    Os impactos climáticos podem
    parecer ainda um pouco distantes
  • 14:53 - 14:56
    mas os impactos sobre a qualidade do ar
    já estão presentes atualmente.
  • 14:56 - 15:00
    Eles sabem que a energia limpa
    é essencial para alimentar o futuro.
  • 15:00 - 15:04
    Por isso, a China está a investir centenas
    de milhares de milhões de dólares
  • 15:04 - 15:06
    em energia limpa.
  • 15:06 - 15:08
    Estão a inundar as minas de carvão
  • 15:08 - 15:10
    e estão a pôr painéis solares
    a flutuar à superfície delas.
  • 15:10 - 15:13
    Também têm uma quinta solar
    com a forma de um panda.
  • 15:13 - 15:15
    (Risos) (Aplausos)
  • 15:15 - 15:17
    Sim, continuam a queimar carvão
  • 15:17 - 15:20
    mas fecharam as centrais
    de carvão em volta de Pequim.
  • 15:21 - 15:23
    Na Índia, estão a tentar substituir
  • 15:23 - 15:27
    250 milhões de lâmpadas
    incandescentes por LED
  • 15:27 - 15:30
    o que lhes poupará 7000 milhões
    de dólares em custos de energia.
  • 15:31 - 15:34
    Estão a investir
    em postos de trabalho verdes
  • 15:34 - 15:37
    e estão a tentar descarbonizar
    toda a frota de veículos.
  • 15:37 - 15:40
    A Índia poderá ser o primeiro
    país a industrializar
  • 15:40 - 15:43
    sem depender sobretudo
    dos fósseis combustíveis.
  • 15:44 - 15:46
    O mundo está a mudar.
  • 15:46 - 15:49
    Mas não está a mudar
    suficientemente depressa.
  • 15:49 - 15:51
    Demasiadas vezes, vemos este problema
  • 15:51 - 15:54
    como um gigantesco rochedo
    na base duma colina
  • 15:54 - 15:57
    e poucas mãos a tentar
    rebolá-lo pela colina acima.
  • 15:57 - 16:00
    Na realidade, esse rochedo
    já está no cume da colina.
  • 16:00 - 16:03
    E há centenas de milhões de mãos,
    talvez milhares de milhões,
  • 16:03 - 16:04
    a empurrá-lo para baixo.
  • 16:04 - 16:07
    Mas não é suficientemente depressa.
  • 16:07 - 16:10
    Como é que aceleramos
    esse gigantesco rochedo
  • 16:10 - 16:13
    para podermos resolver
    a mudança do clima a tempo?
  • 16:13 - 16:14
    Já sabem.
  • 16:14 - 16:17
    O principal é falar sobre isso.
  • 16:18 - 16:20
    O essencial é isto:
  • 16:21 - 16:25
    A alteração climática afeta-nos a todos,
    aqui, neste momento,
  • 16:25 - 16:27
    nos locais em que vivemos.
  • 16:29 - 16:32
    Mas, se trabalharmos em conjunto,
    podemos resolvê-la.
  • 16:32 - 16:34
    Claro, é um problema assustador.
  • 16:34 - 16:36
    Ninguém sabe, melhor do que nós,
    cientistas do clima.
  • 16:37 - 16:39
    Mas não podemos cair no desespero.
  • 16:39 - 16:43
    Temos de ir para a rua e procurar
    ativamente a esperança de que precisamos
  • 16:43 - 16:45
    que nos inspire a agir.
  • 16:45 - 16:50
    Essa esperança começa
    com uma conversa, hoje.
  • 16:51 - 16:52
    Obrigada.
  • 16:52 - 16:55
    (Aplausos)
Title:
A coisa mais importante na luta contra a alteração climática: falar sobre isso
Speaker:
Katharine Hayhoe
Description:

Como havemos de falar com alguém que não acredite na alteração climática? Não é repetindo os mesmos dados e factos que andamos a apresentar há anos, diz Katharine Hayhoe, cientista do clima. Nesta palestra pragmática e inspiradora, Hayhoe mostra como o segredo para uma verdadeira conversa é ligarmo-nos a valores partilhados como a família, a comunidade e a religião — e levar as pessoas a perceber que já se preocupam com a alteração do clima. "Não podemos cair no desespero" — diz ela. "Temos que ir para a rua e procurar a esperança de que precisamos para nos inspirar a agir — e essa esperança começa com uma conversa, hoje".

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:11

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