O que é filosofia à maneira clássica? | Profa. Lúcia Helena Galvão Galvão | TEDxFortaleza
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0:18 - 0:20Boa tarde a todos.
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0:20 - 0:21Plateia: Boa tarde!
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0:21 - 0:23Bom, já fui muito bem apresentada.
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0:23 - 0:25Meu nome é Lúcia Helena Galvão.
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0:25 - 0:28Sou professora de Filosofia há 30 anos,
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0:28 - 0:31da Organização Internacional
Nova Acrópole. -
0:31 - 0:33Imaginem vocês,
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0:33 - 0:38o trabalho todo que fazemos
dessa organização é voluntário. -
0:38 - 0:41Então, sou voluntária há 30 anos.
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0:41 - 0:44Muitas vezes, quando me apresento a alguém
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0:44 - 0:48e digo que faço um trabalho
voluntário, beneficente, -
0:48 - 0:52as pessoas perguntam:
"O que é que você faz?" -
0:52 - 0:55E eu digo: "Eu ensino filosofia".
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0:55 - 0:57Aí fica todo mundo assim,
com aquela cara: "Ahn..." -
0:57 - 0:58(Risos)
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0:58 - 1:04"E aí? Ensinar filosofia? Como assim?
Você acha que ajuda as pessoas com isso?" -
1:04 - 1:06Eu digo: "Ajuda,
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1:06 - 1:08e vou mostrar pra vocês
como é que se faz". -
1:08 - 1:10Eu inventei há algum tempo...
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1:10 - 1:15porque, imaginem vocês, 30 anos
dando aula voluntária de filosofia, -
1:15 - 1:18quantas vezes eu já tive
que ouvir essa pergunta? -
1:18 - 1:22Então, pra encurtar um pouco a história,
eu criei uma pequena historinha, -
1:22 - 1:26pra explicar porque fazemos
voluntariado ensinando filosofia. -
1:26 - 1:29E é com essa historinha
que eu queria começar com vocês, -
1:29 - 1:31que é a história da poça d'água.
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1:31 - 1:33Vamos lá.
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1:33 - 1:36Imaginem vocês um fato prosaico:
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1:36 - 1:39uma poça d'água
que estivesse aqui no chão. -
1:39 - 1:44De acordo com o comportamento
em relação a esse fato, -
1:44 - 1:49eu poderia classificar, grosso modo,
a humanidade em três grupos. -
1:49 - 1:50Primeiro grupo.
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1:50 - 1:53Me desculpem, não estou
querendo ser pessimista, -
1:53 - 1:55mas eu não posso faltar com a verdade.
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1:55 - 1:57Infelizmente é o majoritário,
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1:57 - 2:00que é o grupo dos alienados.
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2:00 - 2:02Quem são os alienados?
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2:02 - 2:05Passam por essa poça,
pisoteiam tudo com sapato sujo, -
2:05 - 2:08fazem uma lama terrível, nem olham.
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2:08 - 2:13Quando por acaso veem, vão dizer:
"Bom, problema do dono desse teatro". -
2:13 - 2:15Se estão no espaço público:
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2:15 - 2:17"Problema do governo,
eu pago meus impostos". -
2:17 - 2:19Nenhum interesse.
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2:19 - 2:22Esse infelizmente é um grupo majoritário.
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2:22 - 2:26O segundo grupo, que hoje está
se tornando cada vez mais numeroso, -
2:26 - 2:27ainda bem,
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2:27 - 2:29são as pessoas bem-intencionadas.
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2:29 - 2:32Chega aqui, olha isso e diz:
"Que absurdo, gente. -
2:32 - 2:34Mas vocês não vão fazer
nada? Eu vou fazer". -
2:34 - 2:40Vai lá dentro, pega um pano, rodo,
pega o material de limpeza e limpa. -
2:40 - 2:41Limpa, que beleza, acabou.
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2:41 - 2:46Mas acontece que essa poça d'água nasceu
porque tinha uma goteira lá em cima. -
2:46 - 2:52Um furinho no teto, na telha,
seja lá o que for, no forro, -
2:52 - 2:54e isso está formando
essa poça d'água. -
2:54 - 2:59Ele secou o chão, deixou maravilhoso,
mas, daqui a dois minutos, -
2:59 - 3:01a poça d'água está lá de novo,
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3:01 - 3:04porque continua pingando,
ininterruptamente. -
3:04 - 3:06Ele vai lá e limpa.
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3:06 - 3:09Aí, junta novamente a poça
e, daqui a pouco, quem vem lá? -
3:09 - 3:13A manada dos alienados:
pá-pá-pá-pá-pá... pisoteiam tudo. -
3:13 - 3:15Ele limpa, suja, limpa.
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3:15 - 3:17Vocês hão de convir, ele não é eterno,
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3:17 - 3:20o rodo não é eterno, o pano não é eterno.
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3:20 - 3:23Dali a cinco minutos,
o problema vai estar ali de novo. -
3:24 - 3:28Então, eu colocaria diante disso
uma terceira possibilidade, -
3:28 - 3:32que são os filósofos práticos,
da maneira que nós tentamos ser. -
3:32 - 3:36Bom, o filósofo vai chegar aqui
e não vai discutir diante da sujeira. -
3:36 - 3:39Ele vai fazer a mesma coisa
que o bem-intencionado, vai limpar, -
3:39 - 3:42mas, logo em seguida,
ou até ao mesmo tempo, -
3:42 - 3:46ele vai se perguntar:
"De onde é que está vindo isso, hein? -
3:46 - 3:50Ah, olha lá, rapaz! Não é que o forro
está com uma ranhura? -
3:50 - 3:52Está com uma fratura, está com um buraco!
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3:52 - 3:55Está pingando aqui embaixo
porque tem uma goteira". -
3:55 - 3:57Aí, o que é que a gente faz?
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3:57 - 4:01Vai no forro, conserta,
troca telha se for preciso, -
4:01 - 4:03calafeta tudo, conserta tudo.
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4:03 - 4:06Acabou a goteira.
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4:06 - 4:08Acabou a goteira, acabou a poça.
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4:08 - 4:11Percebam que ele não foi
só bem-intencionado, -
4:11 - 4:13ele foi eficaz.
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4:13 - 4:15Vocês vão dizer: "E eu com isso?
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4:15 - 4:17O que tem a ver a goteira
com a história, afinal de contas?" -
4:17 - 4:19Gente, esse ato...
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4:19 - 4:22Aliás, filósofo gosta de analisar
as coisas simbolicamente. -
4:22 - 4:26É uma das perícias que a filosofia
nos ajuda a desenvolver, -
4:26 - 4:28necessária pra todo mundo.
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4:28 - 4:32Aliás, eu aposto com vocês, todo mundo
tem dentro de si o potencial de filósofo. -
4:32 - 4:37Então, esse ato de olhar pra cima
é mais do que simbólico, -
4:37 - 4:41porque é só olhando pra cima
que você vai ver as causas -
4:41 - 4:44de todos os males
que existem aqui embaixo. -
4:44 - 4:46Existe um filósofo que dizia o seguinte:
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4:46 - 4:48"Só o tolo acredita
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4:48 - 4:52que as causas da miséria física
estão no plano físico". -
4:52 - 4:58Sempre as causas da miséria física
estiveram, estão e estarão -
4:58 - 5:02na miséria psicológica,
espiritual e moral do homem. -
5:02 - 5:07Ou vocês acham que a falta de alimento
é por escassez de comida -
5:07 - 5:10ou por escassez de solidariedade?
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5:10 - 5:14Ou vocês acham que a miséria física
é falta de bens materiais -
5:14 - 5:16ou é falta de fraternidade?
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5:16 - 5:20É sempre lá, onde a escassez
realmente começa. -
5:20 - 5:25E se você não olha pra cima,
a sua ação vai ser sempre paliativa, -
5:25 - 5:28muito bem-intencionada, mas paliativa.
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5:28 - 5:31Então é uma coisa curiosa
que eu chamo atenção de vocês. -
5:31 - 5:34Não é que nós não valorizemos;
valorizamos e fazemos. -
5:34 - 5:36Trabalhos sociais, trabalhos ecológicos
-
5:36 - 5:37e tudo mais.
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5:37 - 5:40Mas a primeira coisa
que a gente teria que considerar -
5:40 - 5:42pra que tenhamos uma ação eficaz,
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5:42 - 5:46é perceber que o ser que está
em maior perigo de extinção no planeta, -
5:46 - 5:49é o ser humano na plena
condição da palavra! -
5:49 - 5:51Aposto com vocês.
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5:51 - 5:56Eu vou buscar um mico-leão dourado
e você me traz um ser humano completo, -
5:56 - 5:58na plena acepção
da condição da humanidade. -
5:58 - 6:00Vai lá.
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6:00 - 6:03Eu volto pra você com três
micos-leões-dourados daqui a pouco, -
6:03 - 6:05e você vai ter dificuldade
de achar um ser humano assim. -
6:05 - 6:10Ou seja, a escassez grande
é de seres humanos. -
6:10 - 6:14E se eles são preservados,
como diz a frase bíblica: -
6:14 - 6:17"Tudo mais será preservado por acréscimo".
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6:17 - 6:18Isso é óbvio.
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6:18 - 6:22O ser humano na plenitude
da condição humana cuida de tudo, -
6:22 - 6:24inclusive da própria humanidade.
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6:24 - 6:26Então, o que nós fazemos
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6:27 - 6:30em Nova Acrópole é isso:
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6:30 - 6:33filosofia e remendo de tetos.
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6:33 - 6:35Trabalhamos para remendar tetos,
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6:35 - 6:39em primeiro lugar em nós
mesmos, ou seja, as causas. -
6:39 - 6:41Porque senão a gente fica numa contradição
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6:41 - 6:46muitas vezes, para não assustar vocês,
dizendo que são quase todas as vezes. -
6:46 - 6:50Muitas vezes nós estamos no terreno
das causas, provocando problemas, -
6:50 - 6:54e no terreno das consequências sofrendo
as consequências desses problemas -
6:54 - 6:57e não temos consciência disso.
-
6:57 - 7:01É como se você imaginasse uma bola de gelo
que está rolando montanha abaixo. -
7:01 - 7:03Ela está soterrando a sua casa.
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7:03 - 7:06Mas você lá em cima é um dos que estão
jogando uma bolinha de gelo, -
7:06 - 7:09sem saber as consequências
disso em última instância. -
7:09 - 7:13Então, tomar consciência
das goteiras dentro de nós, -
7:13 - 7:17pra depois, como já é meio
lugar comum, mas é verdadeiro, -
7:17 - 7:20através do exemplo,
podemos ensinar aos demais -
7:20 - 7:23a perceberem também as goteiras
que existem dentro de si. -
7:23 - 7:25Ou seja, resumindo a ópera:
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7:25 - 7:28filosofia da maneira como fazemos,
-
7:28 - 7:32é filosofia como formação em valores.
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7:32 - 7:35E filosofia é sim, assistência social.
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7:35 - 7:38Filosofia é sim, voluntariado,
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7:38 - 7:43é sim, uma forma de resgatar a humanidade
dos problemas que ele vive. -
7:43 - 7:46Inclusive, porque
se vocês forem considerar -
7:46 - 7:49uma das coisas que a gente
estuda também é a filosofia oriental. -
7:49 - 7:52Existe um livro tibetano que diz
-
7:52 - 7:55que a origem de todos os problemas
da humanidade está no egoísmo. -
7:55 - 7:57Será que é verdade?
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7:57 - 7:58Tem uns 20 anos que eu li isso
-
7:58 - 8:02e até hoje estou tentando desmentir
esse livro e não consegui. -
8:02 - 8:05Pega um problema social, um problema
financeiro, um problema seu pessoal, -
8:05 - 8:10ou coletivo, da humanidade,
e veja se lá no fundo não tem egoísmo. -
8:10 - 8:11Com certeza!
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8:11 - 8:14Por trás de tudo está o egoísmo.
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8:14 - 8:16Se você não trabalha
para tampar essa goteira, -
8:16 - 8:19qualquer outra ação será paliativa.
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8:19 - 8:23Começando por si próprio, evidente,
pra mostrar que isso é possível. -
8:23 - 8:26Vejam bem, continuando,
-
8:26 - 8:29filosofia e fixar referenciais,
-
8:29 - 8:33é uma das coisas que fazem parte
do nosso método de ensinamento. -
8:33 - 8:36Uma das coisas que a gente tem que saber,
-
8:36 - 8:38ainda pouco uma médica falava sobre isso,
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8:38 - 8:43achei muito bonito, muito interessante,
porque tem uma interdisciplinaridade, -
8:43 - 8:46que todas as coisas, queiramos ou não,
-
8:46 - 8:50têm um objetivo evolutivo,
isso é a lógica da natureza. -
8:50 - 8:55Ou seja, a natureza fez os minerais
para que evoluíssem até um certo ponto. -
8:55 - 8:58Quando a gente olha, por exemplo,
a organização molecular de um diamante, -
8:58 - 9:02imagina que isso seja um referencial,
alguma coisa equivalente a isso. -
9:02 - 9:06Os vegetais são organizados em relação
a um determinado ponto. -
9:06 - 9:11Sei lá, as angiospermas ou qualquer coisa
desse tipo evoluem pra esse ponto. -
9:11 - 9:16Os animais também pra uma condição ótima
de sobrevivência e perpetuação da espécie. -
9:16 - 9:17E os homens?
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9:17 - 9:20Qual será a ponta da pirâmide
para os homens? -
9:20 - 9:24O que se diz classicamente, na boca
de vários filósofos ao longo da história, -
9:24 - 9:28é que o ápice da pirâmide do homem
são valores, virtudes e sabedoria. -
9:28 - 9:30Isso é um ideal.
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9:30 - 9:33Qualquer outra coisa que você tenha
no meio do caminho são projetos, -
9:33 - 9:38que podem ser bons, mas não são
suficientes para justificar a sua vida. -
9:38 - 9:42Ou seja, não caiam
naquela história de pensar: -
9:42 - 9:46"Bom, eu quero ter um ideal,
mas não sei qual é meu ideal". -
9:46 - 9:48Isso é um dos sofismas.
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9:48 - 9:51Ideal da humanidade é ser humanidade.
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9:51 - 9:53Ideal do ser humano é ser humano.
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9:53 - 9:55Não tem muitas opções.
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9:55 - 9:58Agora, você sobe
pela face que você quiser. -
9:58 - 10:03Aqui eu coloquei uma pirâmide de base
quadrada, mas podem ser infinitas faces. -
10:03 - 10:09Cada um cresce segundo a sua natureza,
porém, cresce em direção a esse ponto. -
10:09 - 10:13O Uno, o ideal humano,
valores, virtudes e sabedoria. -
10:13 - 10:16É essa escassez de seres humanos
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10:16 - 10:19que faz com que a gente tenha tantos
problemas na nossa sociedade. -
10:19 - 10:22Perdeu-se o auge, que é a condição humana.
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10:22 - 10:26Em segundo lugar, aquela história,
quando eu identifico, -
10:26 - 10:30porque filósofos costumam identificar
esse ideal humano com a ideia do bem, -
10:30 - 10:32as pessoas dizem: "Isso é muito relativo.
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10:32 - 10:35O que é bom pra mim
pode não ser bom pra você". -
10:35 - 10:37Cuidado!
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10:37 - 10:41Nós não somos tão relativos assim,
tem coisas que são absolutas. -
10:41 - 10:44O único ser que poderia chegar
e dizer: "Tudo é relativo", -
10:44 - 10:46é aquele que é absoluto.
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10:46 - 10:47Para nós que somos relativos,
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10:47 - 10:52coisas de mesmo patamar de relatividade
que nós, são bem absolutas. -
10:52 - 10:55Então, você não pode dizer
que a morte é relativa. -
10:55 - 10:57Vamos morrer mesmo.
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10:57 - 10:58Ela é um absoluto.
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10:58 - 11:01A nossa morte não é relativa,
nem a nossa vida. -
11:01 - 11:03Ela tem uma meta humana.
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11:03 - 11:05Viemos aqui pra nos tornarmos humanos.
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11:05 - 11:08O caminho que cada um vai trilhar
pra isso é individual, -
11:08 - 11:10mas a meta tem que estar fixa.
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11:10 - 11:13Não é à toa que Sócrates costumava dizer:
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11:13 - 11:18"Olha, um homem bem-intencionado,
por mais bem-intencionado que seja, -
11:18 - 11:19ele pode ser manipulado.
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11:19 - 11:21Um filósofo, não".
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11:21 - 11:23Sabe por quê?
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11:23 - 11:24Você chega pra um filósofo e diz:
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11:24 - 11:28"Olha, vamos lá que a gente
vai praticar um atentado terrorista, -
11:28 - 11:29vamos matar várias pessoas,
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11:29 - 11:32mas isso vai fazer bem pra humanidade".
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11:32 - 11:35Bom, ele vai olhar pro ideal do bem dele,
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11:35 - 11:38que é se tornar um ser humano
com mais valores, virtudes, sabedoria, -
11:38 - 11:41e vai ver que não leva pra lá
esse tipo de ação. -
11:41 - 11:44Portanto, ele não vai entrar por aí.
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11:44 - 11:49Então, um homem muito bem-intencionado
pode ser manipulado, -
11:49 - 11:51um filósofo tem uma referência de direção.
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11:51 - 11:54Outra coisa que é importante como exemplo:
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11:54 - 11:58limalhas de ferro em cima
de uma folha de papel. -
11:58 - 12:02Imagine que você coloque um monte
de limalha em cima de uma folha de papel, -
12:02 - 12:05sacode um pouquinho esse papel
e coloque um imã embaixo. -
12:05 - 12:06Um imã retangular.
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12:06 - 12:09Você vai ver que ela vai formar
aquela figura ali. -
12:09 - 12:12Uma figura retangular com linhas
do campo magnético. -
12:12 - 12:17Agora imagine que eu tiro esse imã e tento
com uma pinça, com alguma ferramenta, -
12:17 - 12:21colocar essas limalhas
nessa forma, sem imã por baixo. -
12:21 - 12:23Vocês percebem que é
uma dificuldade absurda -
12:23 - 12:27e qualquer vento que passe
vai destruir a minha obra? -
12:27 - 12:31Ou seja, não se trata simplesmente
do que você faz, do que você vive, -
12:31 - 12:36mas trata-se de ter por trás um imã,
que é do ideal humano de valores. -
12:36 - 12:37Os valores são um imã
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12:37 - 12:42que a gente coloca por trás
dos nossos pensamentos -
12:42 - 12:44das nossas ações.
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12:44 - 12:46Então, por trás de tudo
aquilo que fazemos, -
12:46 - 12:48existe um magnetismo
do nosso ideal humano. -
12:48 - 12:51Somos homens, somos seres humanos
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12:51 - 12:53e isso é importantíssimo
levarmos em consideração sempre. -
12:53 - 12:57Sem ímã, não vamos poder
conservar essa forma. -
12:57 - 13:02Outra coisa interessante, essa é uma
conversa de Sócrates com Trasímaco, -
13:02 - 13:05um sofista num livro de Platão
chamado "A República". -
13:06 - 13:08Num determinado momento,
Trasímaco se vê meio assustado, -
13:08 - 13:12porque Sócrates era um grande filósofo,
o coloca contra a parede, -
13:12 - 13:14e Sócrates diz: "Não fuja, Trasímaco,
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13:14 - 13:19porque o que você está falando
trata-se do que vamos fazer amanhã!" -
13:19 - 13:21Eu acho isso lindo demais, gente.
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13:21 - 13:23Tratar as ideias é sério.
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13:23 - 13:26As ideias não são simplesmente
uma ostentação intelectual, -
13:26 - 13:29trata-se de como vamos viver amanhã!
-
13:29 - 13:32Ou seja, honrai as verdades com a prática.
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13:32 - 13:36Outro elemento, que é muito importante:
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13:37 - 13:39filosofia é encontrar um alemão na rua.
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13:39 - 13:40Parece engraçado, né?
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13:40 - 13:43Imaginem vocês, nesse nosso caso,
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13:43 - 13:45é um alemãozinho procurando a Oktoberfest.
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13:45 - 13:49A gente chega, encontra ele, só estudamos
um pouquinho de alemão lá no ensino médio, -
13:49 - 13:52mas pra falar com ele,
precisamos falar em alemão. -
13:52 - 13:56A gente traz à tona aquilo
que a gente tem de melhor -
13:56 - 13:57em termos de alemão.
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13:57 - 14:00Aquele pouquinho que eu estudei
lá no ensino médio, -
14:00 - 14:04pra poder me comunicar com ele, porque
se eu não me comunico, não posso ajudá-lo. -
14:04 - 14:05Um vez que eu o ajude,
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14:05 - 14:09ele me deu a única oportunidade
de praticar alemão na minha vida. -
14:09 - 14:13Agora imagine o seguinte, você é um pessoa
que está canalizada com a ideia do bem. -
14:13 - 14:15Está canalizada com a ideia
de valores humanos. -
14:15 - 14:19Para que alguém se comunique com você,
vai ter que falar a sua língua, -
14:19 - 14:23vai ter que trazer à tona os valores
que ele tem lá escondidinhos dentro dele, -
14:23 - 14:26porque todo mundo tem,
o universo é todo dual. -
14:26 - 14:31E talvez tenha sido a única oportunidade
que ele teve na sua vida de fazer isso. -
14:31 - 14:33Ou seja, como dizia um dos pitagóricos:
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14:33 - 14:36"Você vai passar e deixar
uma trajetória de luz, -
14:36 - 14:38porque você está fixado numa linguagem,
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14:38 - 14:41que ao se comunicar
com as pessoas, as obriga a trazer -
14:41 - 14:43o que elas têm de melhor à tona.
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14:43 - 14:46Outro elemento interessante:
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14:47 - 14:50filosofia e aprender a tomar sopa.
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14:50 - 14:52Vocês vão dizer: "Ela é doida".
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14:52 - 14:54Mas isso é muito filosófico, é importante.
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14:54 - 14:58É uma passagem de um livro budista
chamado "Dhammapada", -
14:58 - 15:00se chama Bala Vagga, os tolos.
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15:00 - 15:02Eles dizem o seguinte:
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15:03 - 15:05"Um homem perspicaz,
-
15:05 - 15:08quando tem contato com um sábio,
-
15:08 - 15:11ele é como a língua
que tem contato com a sopa. -
15:11 - 15:14Um homem tolo, quando
tem contato com um sábio, -
15:14 - 15:17ele é como a colher
que tem contato com a sopa". -
15:17 - 15:19Ou seja, totalmente insensível.
-
15:19 - 15:21Não registra absolutamente nada.
-
15:21 - 15:25Ter contato com o conhecimento é ser
como uma língua, e não como uma colher. -
15:25 - 15:27Então não se mede uma pessoa
-
15:27 - 15:31pela quantidade de conhecimento
com o qual ela teve contato, -
15:31 - 15:34mas com a quantidade
com a qual ela se comprometeu. -
15:34 - 15:38O homem se alimenta
não daquilo que ele ingere, -
15:38 - 15:42daquilo que ele come, mas daquilo
que ele assimila, não é assim? -
15:42 - 15:44Aquilo que eliminamos não nos alimenta.
-
15:44 - 15:48O homem vive do que ele assimila
e não do que ele come. -
15:48 - 15:51Então, aprender a absorver o conhecimento.
-
15:51 - 15:54Bom, e como começamos
esse trabalho que fazemos? -
15:54 - 15:58Hoje somos voluntários
em mais de 60 países no mundo. -
15:58 - 16:01Um dia, uma ideia, uma ideia poderosa.
-
16:01 - 16:04Vamos começar a dar
um sopro de vida à filosofia. -
16:04 - 16:08Isso foi um homem, um rapaz, num país,
-
16:08 - 16:11que começou a dar aulas
na sala da sua casa. -
16:11 - 16:15E logo depois, vieram algumas
outras pessoas interessadas, -
16:15 - 16:17e depois daquela cidade
pra uma outra cidade, -
16:17 - 16:21e boa vontade, e perseverança,
e constância, sem pressa, sem pausa, -
16:21 - 16:23acreditando nos seus sonhos.
-
16:23 - 16:26E aos poucos, estamos
em mais de 60 países! -
16:26 - 16:29Só no Brasil são 80 sedes.
-
16:29 - 16:33Por quê? Porque era uma ideia
que estava latente em todo o ser humano. -
16:33 - 16:36A necessidade de honrar
as verdades com a prática. -
16:36 - 16:41Necessidade de ter referenciais humanos
e colocá-los em prática na sua vida. -
16:41 - 16:45E isso é o trabalho que fazemos,
olhem que interessante. -
16:45 - 16:48Vocês podem dizer:
"Ah, mas é uma ideia, viver a filosofia, -
16:48 - 16:51viver as boas ideias
que a humanidade teve, -
16:51 - 16:55estabelecer referenciais,
ser fiel a isso na sua vida. -
16:55 - 16:57Isso é comum, já houve em muitos lugares".
-
16:57 - 16:59É verdade, mas cuidado
com essa visão pessimista. -
16:59 - 17:02Já houve em vários lugares
e não deu certo, -
17:02 - 17:04mas já houve em vários lugares e deu.
-
17:04 - 17:08Assim como a Academia de Platão,
assim foi o Eliseu, -
17:08 - 17:12assim foram estruturas que entraram
pra história da humanidade. -
17:12 - 17:14Uma ideia, uma ideia humana,
-
17:14 - 17:17vivida com compromisso,
com perseverança e constância. -
17:17 - 17:21Hoje, o número que me interessa
passar pra vocês é aquele ali: -
17:21 - 17:2748.584 voluntários pelo mundo afora.
-
17:27 - 17:31Entendam, uma coisa é você
comandar 48 mil pessoas, -
17:31 - 17:34outra é comandar 48 mil voluntários,
-
17:34 - 17:37empenhados numa mesma ideia há 62 anos.
-
17:37 - 17:39E nós fazemos isso.
-
17:39 - 17:42Eu faço isso há 30 anos,
todos os dias da minha vida. -
17:42 - 17:45Aulas voluntárias de filosofia
-
17:45 - 17:49pra ensinar a honrar a vida com valores.
-
17:49 - 17:53Essas frases eu trouxe
apenas como um lembrete final: -
17:53 - 17:56"O conhecimento é o ato
de entender a vida". -
17:56 - 17:59E também, essa frase é de Aristóteles,
não só de entender a vida, -
17:59 - 18:02mas de responder à vida de maneira humana.
-
18:02 - 18:05"Pelas vossas obras vos conhecerei".
-
18:05 - 18:07Vejam como as pessoas respondem à vida,
-
18:07 - 18:10e aí você vai ver o conhecimento
que elas realmente têm. -
18:10 - 18:14Não adianta uma pessoa estar fazendo
uma palestra brilhante sobre o medo, -
18:14 - 18:15e entra um camundongo na sala
-
18:15 - 18:19e ela é a primeira que pula
em cima do escudo do TEDx. -
18:19 - 18:21Honrai as verdades com a prática.
-
18:21 - 18:24Ou seja, o conhecimento
é o ato de entender a vida -
18:24 - 18:28e responder à vida de acordo
com esse conhecimento. -
18:28 - 18:31Ou seja, uma filosofia prática, vivencial.
-
18:31 - 18:36"Se puderes olhar, vê!
Se puderes ver, repara!" -
18:36 - 18:37Saramago.
-
18:37 - 18:39Ou seja, olhe mais
em profundidade à sua volta, -
18:39 - 18:44porque a vida é toda simbólica
e tem muitas coisas a te ensinar. -
18:44 - 18:48Ou seja, a vida é inteiramente
pedagógica e dotada de sentido. -
18:48 - 18:51E uma das coisas fundamentais
é aprender a aprender da vida, -
18:52 - 18:55que é um livro aberto e constante.
-
18:55 - 18:58"Os que velam possuem um mundo em comum,
-
18:58 - 19:02e os que dormem voltam
aos seus mundos particulares". -
19:02 - 19:04Isso é lindo, isso é Heráclito antigo.
-
19:05 - 19:07Vejam só,
-
19:07 - 19:10a solidão é estar desacompanhado
de nós mesmos, -
19:10 - 19:13e a solidão é também consequência
de estarmos dormindo demais -
19:13 - 19:14pela vida afora.
-
19:14 - 19:17Quando despertamos
e nos comprometemos com a vida, -
19:17 - 19:21aí nos encontramos com todos
aqueles que estão despertos -
19:21 - 19:24e que se empenham em trabalhar
pela vida junto conosco. -
19:24 - 19:27E por fim, gostaria de mostrar pra vocês,
-
19:27 - 19:29o nosso trabalho.
-
19:30 - 19:32Um pouco dele.
-
19:33 - 19:36Ideias mudam o mundo, lembrem disso.
-
19:36 - 19:38Uma pequena história que gostaria
de contar pra vocês -
19:38 - 19:40que pra mim ilustra muito
aquilo que eu faço -
19:40 - 19:43e que fazemos em Nova Acrópole.
-
19:43 - 19:47No livro das cartas que Gandhi
escreveu a seu neto, -
19:47 - 19:50ele conta em uma passagem
que ele recebeu a visita de uma mãe -
19:50 - 19:53que pedia que ele
conversasse com o filho dela, -
19:53 - 19:54pra que ele comesse menos açúcar.
-
19:54 - 19:58O menino estava muito descontrolado,
engordando demais, era uma criança. -
19:58 - 20:02E Gandhi diz a ela: "Está bem,
traga seu filho daqui a uma semana". -
20:02 - 20:06Ela pensa: "Ele deve estar preparando
um discurso maravilhoso". -
20:06 - 20:09Dali uma semana ela volta com a criança,
-
20:09 - 20:13ele pega o menino e diz:
"Meu filho, não coma tantos doces". -
20:13 - 20:15Só isso!
-
20:15 - 20:17Ela fica surpresa:
"Está bom, muito obrigada, -
20:17 - 20:20mas o senhor precisou
de uma semana pra falar só isso?" -
20:20 - 20:24"É, porque essa semana eu não comi doces".
-
20:24 - 20:29Ou seja, só é útil o conhecimento
que nos torna melhores, -
20:29 - 20:32e que testado na nossa vida,
nos fez crescer. -
20:32 - 20:35Comprometimento
-
20:35 - 20:37em honrar as ideias com a nossa vida.
-
20:37 - 20:39Um referencial humano,
-
20:39 - 20:44e saber utilizar as ferramentas humanas
pra caminhar na direção dele. -
20:44 - 20:48E o nosso referencial humano
sempre será sermos mais humanos: -
20:48 - 20:50valores, virtudes e sabedoria.
-
20:50 - 20:54Isso é formação em valores,
isso nós fazemos em Nova Acrópole. -
20:55 - 20:56Muito obrigada.
-
20:56 - 20:58(Aplausos)
- Title:
- O que é filosofia à maneira clássica? | Profa. Lúcia Helena Galvão Galvão | TEDxFortaleza
- Description:
-
Lúcia Helena Galvão conta sua trajetória como voluntária há 30 anos ensinando filosofia. Além do voluntariado e assistência social, a filosofia praticada por Lúcia é uma verdadeira formação em valores. Lúcia Helena Galvão Maya é professora de Filosofia na organização Nova Acrópole do Brasil. Há 30 anos na instituição, é uma das palestrantes mais antigas e ativas.
Nascida no Rio de Janeiro, reside hoje em Brasília, onde ministra aulas sobre os mais variados temas: ética, sociopolítica, simbologia, história da filosofia, entre outros. Poetisa, já publicou quatro livros, além de produzir artigos e crônicas frequentemente publicados pela imprensa de todo o país.
Profere ainda palestras e conferências regularmente para grandes públicos no Brasil e em outros países. Na internet é um fenômeno nas redes sociais e YouTube, onde possui milhares de seguidores e acumula mais de 16 milhões de visualizações em suas palestras.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 21:07