O futuro da criação de histórias
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0:00 - 0:02Cyndi Stivers: O futuro das narrativas.
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0:02 - 0:04Antes de traçarmos o futuro,
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0:04 - 0:08vamos falar sobre o que nunca
vai mudar na criação das histórias. -
0:08 - 0:10Shonda Rhimes: O que nunca vai mudar.
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0:10 - 0:13Obviamente, acredito
que boas histórias nunca vão mudar, -
0:13 - 0:17a necessidade de as pessoas
se juntarem para trocar histórias -
0:17 - 0:20e conversar sobre as coisas universais,
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0:20 - 0:23a nossa necessidade
irresistível de assistir histórias, -
0:23 - 0:25contar e compartilhar histórias...
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0:26 - 0:28como se fosse ao redor de uma fogueira
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0:28 - 0:32para discutir as questões que nos mostram
que não estamos sozinhos no mundo. -
0:33 - 0:35Para mim, essas coisas nunca vão mudar.
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0:35 - 0:38A essência das narrativas nunca vai mudar.
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0:39 - 0:42CS: Ao me preparar para esta conversa,
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0:42 - 0:44chequei com Susan Lyne,
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0:44 - 0:46que dirigia a ABC Entertainment
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0:46 - 0:49quando você estava trabalhando
em "Grey's Anatomy", -
0:49 - 0:55e ela disse se lembrar claramente
de seu processo de escolha do elenco, -
0:55 - 0:57no qual você, sem discutir
com qualquer dos executivos, -
0:57 - 1:00punha pessoas para ler seus roteiros,
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1:00 - 1:04e cada personagem era
a gama completa da humanidade, -
1:04 - 1:07pois você não descrevia
ninguém em nenhum aspecto, -
1:07 - 1:10e que isso foi muito surpreendente.
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1:10 - 1:15Então ela falou que, além de reeducar
os executivos dos estúdios, -
1:15 - 1:19ela acha que você também,
no que concordo com ela, -
1:19 - 1:24reeducou as expectativas
do público da TV norte-americana. -
1:24 - 1:30Então, o que mais o público
ainda precisa perceber? -
1:30 - 1:32SR: O que mais não perceberam?
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1:32 - 1:35Bom, não acredito que estejamos
nem perto disso ainda. -
1:36 - 1:37Digo, ainda estamos num ponto
-
1:37 - 1:44muito aquém do que o mundo real
apresenta na atualidade. -
1:44 - 1:50Eu não trazia um monte de atores
que pareciam tão diferentes entre si -
1:51 - 1:53simplesmente para tentar
provar alguma coisa, -
1:53 - 1:55e eu não estava tentando
fazer nada de especial. -
1:55 - 1:59Nunca me ocorreu que isso seria
novidade, diferente ou estranho. -
1:59 - 2:02Eu simplesmente trouxe atores
que considerava interessantes. -
2:02 - 2:06E, pra mim, a ideia de isso ser
tão surpreendente pra todo mundo -
2:06 - 2:08me passou despercebida por um bom tempo.
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2:08 - 2:11Só pensava que queria ver
aqueles atores naqueles papéis, -
2:11 - 2:14queria vê-los lendo e ver o que acontecia.
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2:14 - 2:21O interessante é que, quando
olhamos o mundo com outras lentes, -
2:21 - 2:25quando você não está normalmente
no comando das coisas, -
2:25 - 2:28simplesmente elas acontecem
de um jeito diferente. -
2:28 - 2:33CS: Então você controla
essa máquina imensa -
2:33 - 2:36como uma titânide.. ano passado
ela deu sua palestra TED... -
2:36 - 2:38ela é uma titânide.
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2:38 - 2:41Então o que você acha
que vai acontecer daqui pra frente? -
2:41 - 2:46Há muito dinheiro envolvido
na produção dessas séries. -
2:46 - 2:52Enquanto as ferramentas para criar
histórias se democratizaram, -
2:52 - 2:55a distribuição ainda é algo grande:
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2:55 - 3:00pessoas que alugam redes,
que alugam o público para anunciantes -
3:00 - 3:02e que se paga.
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3:02 - 3:03Como você vê
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3:03 - 3:07essa mudança no modelo do negócio,
em que qualquer um pode criar histórias? -
3:07 - 3:09SR: Penso que muda todo dia.
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3:09 - 3:12A mudança super-rápida
que está acontecendo é incrível. -
3:12 - 3:17E sinto que o pânico é palpável,
e não digo isso no sentido negativo. -
3:17 - 3:19Penso que é meio empolgante.
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3:19 - 3:23A ideia que há um tipo
de equalizador acontecendo, -
3:23 - 3:27os meios para qualquer um poder
fazer coisas, é maravilhosa. -
3:27 - 3:33Há um certo receio de não
se encontrarem bons trabalhos. -
3:33 - 3:34Há tanto trabalho por aí.
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3:34 - 3:39Deve haver uns 417 dramas na TV
neste momento, a qualquer tempo e lugar. -
3:40 - 3:43Mas não conseguimos encontrar
os realmente bons. -
3:43 - 3:46Então, há muita porcaria por aí,
já que todos podem criar algo. -
3:46 - 3:51É como se todo mundo pintasse quadros,
e não há tantos pintores tão bons assim. -
3:51 - 3:56Mas achar boas histórias, séries boas,
está cada vez mais difícil. -
3:56 - 3:58Porque, se você tiver uma série
pequenininha no AMC, -
3:58 - 4:00e outra pequenininha ali,
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4:00 - 4:03fica mais difícil
descobrir onde elas estão. -
4:03 - 4:04Assim, penso que encontrar as pérolas
-
4:04 - 4:08e descobrir quem fez o grande
"webisódio" e fez aquilo outro é... -
4:08 - 4:10Pense nos coitados dos críticos
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4:10 - 4:14que agora têm de passar 24 horas por dia
presos em casa para assistir a tudo. -
4:14 - 4:16Não é uma tarefa fácil hoje em dia.
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4:16 - 4:19Assim, os mecanismos de distribuição
estão ficando cada vez mais vastos, -
4:19 - 4:22mas achar o programa certo
para todos da audiência -
4:22 - 4:23está ficando mais difícil.
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4:23 - 4:29E, diferente das notícias, em que tudo
está se resumindo a quem você é, -
4:29 - 4:30a TV parece estar conseguindo,
-
4:30 - 4:34e por televisão quero dizer
qualquer meio em que se assista à TV, -
4:34 - 4:37parece estar se tornando
cada vez mais vasta. -
4:37 - 4:39Assim, todo mundo está criando histórias,
-
4:39 - 4:42e os gênios estão escondidos por aí.
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4:42 - 4:44Mas vai ficar mais difícil encontrar.
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4:44 - 4:46E, num dado momento, isso vai desmoronar.
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4:46 - 4:48Fala-se ainda no pico da TV.
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4:48 - 4:53Não sei o que vai acontecer, mas,
num dado momento, vai cair um pouco, -
4:53 - 4:55e nós vamos meio que voltar juntos.
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4:55 - 4:57Eu não sei se vai ser rede de televisão.
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4:57 - 4:59Não sei qual modelo vai ser sustentável.
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4:59 - 5:01CS: E que tal o modelo
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5:01 - 5:07no qual a Amazon e a Netflix
estão investindo montes de dinheiro agora? -
5:08 - 5:09SR: É verdade.
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5:10 - 5:14Acho esse modelo interessante,
há algo de estimulante nele. -
5:14 - 5:17Acho estimulante
para os criadores de conteúdo. -
5:17 - 5:19Acho estimulante para o mundo.
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5:19 - 5:23A ideia de que há séries agora
em diversas línguas, -
5:23 - 5:25com personagens do mundo todo,
-
5:25 - 5:29que são atraentes e podem ser assistidos
por todos ao mesmo tempo é empolgante. -
5:29 - 5:34Acho que o lado internacional
que a televisão pode assumir agora, -
5:34 - 5:36assim como sua programação,
faz sentido pra mim. -
5:36 - 5:40A televisão é muito feita levando
em consideração o público norte-americano. -
5:40 - 5:43Fazemos essas séries,
e as distribuímos pelo mundo agora, -
5:43 - 5:45e rezamos para que dê certo,
-
5:45 - 5:48em vez de realmente pensarmos
de que isso não se resume aos EUA. -
5:49 - 5:51Quero dizer, nós nos amamos
e tudo mais, mas não é tudo. -
5:51 - 5:54E deveríamos levar em conta o fato
-
5:54 - 5:57de que existem tantos lugares no mundo
-
5:57 - 6:00que deveríamos ter em mente
quando criamos nossas histórias. -
6:00 - 6:02Isso aproxima o mundo.
-
6:04 - 6:10Acho que passa a ideia
de que o mundo é um lugar universal, -
6:10 - 6:13e de que nossas histórias se tornam
universais; deixamos de ser os outros. -
6:14 - 6:17CS: Pelo que sei, você é pioneira
-
6:17 - 6:20em lançar séries
de um jeito interessante também. -
6:20 - 6:23Por exemplo, quando
você lançou "Scandal", em 2012, -
6:23 - 6:27houve uma incrível onda
de apoio no Twitter -
6:27 - 6:30como ninguém tinha visto antes.
-
6:30 - 6:34Você tem outros truques na manga
para lançar a próxima série? -
6:34 - 6:37O que acha que vai ser?
-
6:37 - 6:39SR: Temos algumas ideias interessantes.
-
6:39 - 6:42Vamos lançar uma série chamada
"Still Star-Crossed" no meio do ano. -
6:42 - 6:45Temos algumas ideias, mas não sei
se vamos conseguir fazer a tempo. -
6:45 - 6:48Algumas são bem divertidas e engraçadas.
-
6:48 - 6:52Mas a ideia da série ao vivo no Twitter
foi porque achamos que seria divertido. -
6:52 - 6:55Não achamos que os críticos
iam começar a tuitar ao vivo também. -
6:55 - 7:00Mas fazer os fãs participarem,
como se estivéssemos ao redor da fogueira, -
7:00 - 7:05com todos juntos no Twitter conversando,
cria uma experiência mais compartilhada. -
7:05 - 7:07E encontrar maneiras
de tornar isso possível -
7:07 - 7:11e fazer as pessoas
participarem é importante. -
7:12 - 7:16CS: Mas, quando há
tanta gente criando histórias -
7:17 - 7:21apenas algumas vão dar certo
e atrair a audiência, -
7:21 - 7:24como acha que os bons criadores
de histórias vão ser pagos? -
7:24 - 7:27SR: Na verdade, tenho pensado
muito nisso também. -
7:27 - 7:29Vai ser um modelo de assinatura?
-
7:29 - 7:34As pessoas vão dizer: "Vou assistir
aos programas dessa pessoa"... -
7:34 - 7:35É assim que vai ser?
-
7:35 - 7:39CS: Acho que deveríamos comprar
um passaporte para Shondalândia, certo? -
7:39 - 7:42SR: Isso eu não sei, mas traria
bem mais trabalho pra mim. -
7:42 - 7:46Acho que vai haver
diversas maneiras, mas não sei... -
7:46 - 7:49Vou ser bem honesta: há muitos
criadores de conteúdo -
7:49 - 7:52que não estão necessariamente
interessados em serem distribuidores, -
7:52 - 7:57principalmente porque meu sonho
é criar conteúdo. -
7:57 - 8:00Adoro criar conteúdo
e quero ser paga pra isso, -
8:00 - 8:02com o valor que mereço receber para tanto.
-
8:02 - 8:05E é difícil encontrar isso.
-
8:05 - 8:08Mas também quero tornar possível
-
8:08 - 8:12para as pessoas que trabalham
comigo e pra mim, -
8:12 - 8:15que todos possam viver disso.
-
8:15 - 8:19A forma de distribuição
está ficando cada vez mais difícil. -
8:20 - 8:25CS: E que tal as várias ferramentas,
como as realidades virtual e aumentada? -
8:26 - 8:30Acho fascinante não podermos
fazer uma maratona para assistir, -
8:30 - 8:33não se pode adiantar
o vídeo nessas coisas. -
8:33 - 8:36Como você acha que vai ser no futuro
para a criação de histórias? -
8:36 - 8:41SR: Passei muito tempo
ano passado explorando isso, -
8:41 - 8:43vendo muitas demonstrações
e prestando atenção. -
8:43 - 8:45Eu as acho fascinantes,
-
8:45 - 8:49especialmente porque a maioria
das pessoas pensam nelas para jogos, -
8:50 - 8:52outras pensam nelas pra coisas como ação,
-
8:52 - 8:55e acho que há uma ideia de intimidade
-
8:55 - 8:59muito presente nessas coisas,
-
8:59 - 9:01a ideia de que, imagine só,
-
9:01 - 9:05você pode sentar lá e conversar com Fitz.
-
9:05 - 9:09Ou sentar enquanto Fitz conversa com você,
o presidente Fitzgerald Grant III. -
9:09 - 9:13Ele te explica por que está fazendo
determinada escolha -
9:13 - 9:14e é um momento muito emocionante.
-
9:14 - 9:20E, em vez de assistir na tela da TV,
você se senta perto dele e conversa. -
9:20 - 9:24Bem, se você se apaixona
pelo homem assistindo-o pela TV, -
9:24 - 9:25imagine sentado ao lado dele.
-
9:25 - 9:29Ou com um personagem como Huck,
que está prestes a executar alguém. -
9:29 - 9:31E, em vez de ter uma cena
-
9:31 - 9:35em que ele está falando
de outro personagem bem rápido, -
9:35 - 9:39ele entra no armário, se vira pra você
e diz o que vai acontecer, -
9:39 - 9:41e por que ele está com medo e nervoso.
-
9:41 - 9:43É parecido com teatro,
e não sei se vai funcionar, -
9:43 - 9:47mas estou fascinada pelo conceito
e o que significa para o público. -
9:47 - 9:51E brincar com essas ideias
seria interessante, -
9:51 - 9:56e acho que, para as pessoas
que assistem às minhas séries, -
9:56 - 10:01que são mulheres dos 12 aos 75 anos,
há algo interessante lá para elas. -
10:03 - 10:05CS: E a contribuição do público?
-
10:06 - 10:11Você se interessa por algo
em que o público vai até certo ponto -
10:11 - 10:14e depois decide: "Espere, vou escolher
minha própria aventura. -
10:14 - 10:16Vou fugir com Fitz…
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10:16 - 10:19SR: Escolher a própria aventura...
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10:19 - 10:21é um pouco complicado pra mim.
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10:21 - 10:24Não necessariamente
porque quero controlar tudo, -
10:24 - 10:27mas porque, quando estou
assistindo à TV ou a um filme, -
10:27 - 10:32só tenho certeza
de que uma história não é tão boa -
10:32 - 10:35quando controlo exatamente
o que vai acontecer -
10:35 - 10:37com o personagem de alguém.
-
10:37 - 10:41Sabe, se eu pudesse dizer exatamente
o que ia acontecer com Walter White, -
10:41 - 10:44seria ótimo, mas a história
não seria a mesma nem tão poderosa. -
10:44 - 10:47Se eu decidisse o final de "Os Sopranos",
-
10:47 - 10:50seria ótimo e eu teria
o final que é legal e satisfatório, -
10:50 - 10:53mas não é a mesma história
e não tem o mesmo impacto emocional. -
10:53 - 10:57CS: Não consigo parar
de pensar em como seria. -
10:57 - 10:58Desculpe, estou viajando um pouco.
-
10:58 - 11:01SR: Mas não preciso imaginar,
-
11:01 - 11:03porque Vince tem seu próprio final.
-
11:03 - 11:07E é poderoso saber que outro o fez.
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11:07 - 11:09Se você pudesse decidir isso
-
11:09 - 11:11em "Tubarão", o tubarão
vencer ou algo assim, -
11:11 - 11:14a história não faz
o que precisa fazer por você. -
11:14 - 11:20Ela é a que é contada, e você pode ficar
com raiva, discutir, ou brigar, -
11:20 - 11:22mas é por isso que funciona.
-
11:22 - 11:24É por isso que é arte.
-
11:24 - 11:25Se não fosse assim, seria apenas jogo.
-
11:25 - 11:28E jogos podem ser arte,
mas de uma forma muito diferente. -
11:28 - 11:32CS: Jogadores na verdade
vendem o direito de se sentarem ali -
11:32 - 11:34e comentar o que está acontecendo.
-
11:34 - 11:37Para mim, isso é mais comunitário
do que contar histórias. -
11:37 - 11:39SR: É sua própria forma de fogueira.
-
11:39 - 11:42Não descarto isso como
uma forma de contar histórias, -
11:42 - 11:45mas é uma forma em grupo, suponho.
-
11:46 - 11:52CS: Tudo bem, que tal o fato de que tudo
está ficando cada vez mais curto. -
11:53 - 11:56Por exemplo, o Snapchat
agora tem algo chamado shows -
11:56 - 11:58com a duração de um minuto.
-
11:59 - 12:01SR: Isso é interessante.
-
12:03 - 12:06Em parte, considero isso comerciais.
-
12:06 - 12:09E são, pois são patrocinados.
-
12:09 - 12:12Mas, em parte,
compreendo completamente. -
12:12 - 12:14Tem algo de maravilhoso nisso.
-
12:14 - 12:17Se pensarmos num mundo
em que a maioria assiste à TV no celular, -
12:17 - 12:21se pensarmos num lugar como a Índia,
de onde a maioria das ideias está vindo -
12:21 - 12:25e pra onde muitos dos produtos estão indo,
mais curto faz todo sentido. -
12:25 - 12:29Se você puder cobrar mais
por períodos mais curtos de conteúdo, -
12:29 - 12:32um distribuidor vai descobrir um jeito
de ganhar muito dinheiro assim. -
12:32 - 12:37Se você está produzindo conteúdo,
custa menos dinheiro fazer e lançar. -
12:37 - 12:43E, aliás, se você tem 14 anos
e pouca concentração, como minha filha, -
12:43 - 12:45é isso o que você quer ver e fazer.
-
12:46 - 12:47É assim que funciona.
-
12:47 - 12:51E, se você fizer certo,
e ficar com cara de narrativa, -
12:51 - 12:54as pessoas vão assistir.
-
12:54 - 12:56CS: Bom saber sobre suas filhas,
-
12:56 - 13:01porque estou imaginando como elas
vão consumir entretenimento, -
13:01 - 13:05e não apenas entretenimento,
mas notícias também, -
13:06 - 13:12quando o senhor dos algoritmos
der a elas o que elas já têm. -
13:12 - 13:17Como você acha que vamos corrigir isso
e fazer cidadãos mais complexos? -
13:18 - 13:23SR: Minha forma de corrigir isso
pode ser bem diferente da de outra pessoa. -
13:23 - 13:25CS: Fique à vontade para especular.
-
13:25 - 13:28SR: Realmente não sei
como vamos fazer isso no futuro. -
13:28 - 13:31As coitadas das minhas filhas têm sido
o alvo de todos os meus experimentos. -
13:31 - 13:34Ainda fazemos o que chamo
de "férias amish", -
13:34 - 13:37em que desligo todos os eletrônicos
e guardo todos os computadores, -
13:37 - 13:43e as deixo espernear até se acostumarem
com férias sem eletrônicos. -
13:44 - 13:47Mas, honestamente,
é um mundo muito difícil -
13:47 - 13:49no qual agora, como adultos,
-
13:49 - 13:52estamos tão interessados
em assistir às nossas próprias coisas, -
13:52 - 13:55e nem sabemos que estamos
sendo alimentados, às vezes, -
13:55 - 13:57apenas com nossas próprias opiniões.
-
13:57 - 14:00A forma como isso funciona
hoje é que lemos "feeds" -
14:00 - 14:03que são ajustados para conteúdos
que reforçam nossas opiniões, -
14:03 - 14:05e reforçamos nossas certezas.
-
14:05 - 14:08Assim, como começar a discernir?
-
14:08 - 14:10Está ficando preocupante.
-
14:11 - 14:13Talvez vá ser hipercorrigido,
ou talvez vá explodir, -
14:13 - 14:15ou talvez todos vamos ficar...
-
14:16 - 14:18odeio ser negativa sobre isso,
-
14:18 - 14:22mas talvez nós todos
vamos ficar mais idiotas. -
14:22 - 14:23(Risos)
-
14:23 - 14:27CS: Sim, você consegue pensar
numa forma de corrigir isso -
14:27 - 14:30com trabalho ficcional, roteiros?
-
14:30 - 14:33SR: Penso muito no fato
de que a televisão tem o poder -
14:33 - 14:36de educar as pessoas
de uma forma poderosa. -
14:36 - 14:39E, em estudos feitos
sobre programas médicos na TV, -
14:39 - 14:4687% das pessoas obtêm a maioria de seu
conhecimento sobre medicina e saúde -
14:46 - 14:47nos programas de televisão.
-
14:47 - 14:51Muito mais do que de seus
próprios médicos ou de artigos. -
14:51 - 14:54Assim tentamos ser bastante precisos.
-
14:54 - 14:57Toda vez que erramos, me sinto culpada,
como se tivesse feito algo ruim. -
14:57 - 15:00Mas também damos muitas informações boas.
-
15:00 - 15:03Existem tantas maneiras
de dar informação nesses programas. -
15:03 - 15:06As pessoas estão sendo entretidas
e talvez não queiram ler as notícias, -
15:06 - 15:10mas há muitas maneiras
de dar boa informação nessas séries. -
15:10 - 15:14Não de uma forma bizarra,
tipo vamos controlar a mente das pessoas, -
15:15 - 15:17mas de uma maneira
muito interessante e inteligente, -
15:17 - 15:21sem forçar uma versão ou outra,
-
15:21 - 15:22mas transmitindo a verdade.
-
15:22 - 15:24Seria estranho, no entanto,
-
15:24 - 15:28se o drama televisivo
virasse um telejornal. -
15:28 - 15:33CS: E Isso seria estranho, mas li
que muito do que você escreveu como ficção -
15:33 - 15:35se tornou realidade nesta temporada.
-
15:36 - 15:39SR: Sabe,"Scandal" ficou
bem perturbador por causa disso. -
15:39 - 15:42Temos essa série mostrando
como a política enlouqueceu, -
15:42 - 15:45e basicamente a forma
que sempre fizemos a série... -
15:45 - 15:49todo mundo fica atento às notícias,
lemos e falamos sobre tudo, -
15:49 - 15:54temos muitos amigos em Washington,
e sempre fizemos a série como especulação. -
15:54 - 15:56Sentamos na nossa sala e pensamos:
-
15:56 - 15:59"O que aconteceria se algo
desse errado e tudo ficasse louco? -
15:59 - 16:01E isso sempre foi funcionou,
-
16:01 - 16:06exceto agora, quando parece que as coisas
estão dando errado, uma loucura. -
16:06 - 16:09Assim, nossas especulações
estão se tornando realidade. -
16:09 - 16:14A temporada este ano ia terminar com
os russos controlando as eleições nos EUA. -
16:14 - 16:18Tínhamos escrito, estava
tudo planejado, estava tudo lá. -
16:18 - 16:22E aí os russos são suspeitos de estar
envolvidos na eleição norte-americana, -
16:22 - 16:25e de repente tivemos de mudar
nossa temporada. -
16:25 - 16:29Eu falei: "Aquela cena em que
nossa mulher misteriosa fala russo? -
16:29 - 16:32Temos de mudar aquilo
e pensar no que vamos fazer". -
16:32 - 16:36Isso veio de extrapolar o que tínhamos
pensado que iria acontecer, -
16:36 - 16:38ou o que achamos que ia ser louco.
-
16:39 - 16:40CS: Que ótimo.
-
16:40 - 16:45Que outro lugar no mundo
ou nos EUA você acha -
16:45 - 16:47que se criam histórias
interessantes hoje em dia? -
16:47 - 16:50SR: Não sei bem, há muita coisa
interessante por aí. -
16:50 - 16:56Obviamente a televisão britânica sempre
é incrível e faz coisas interessantes. -
16:56 - 17:01Eu não assisto muito à TV,
principalmente por estar trabalhando. -
17:01 - 17:05E tento não assistir muita TV em geral,
mesmo a norte-americana, -
17:05 - 17:07até terminar uma temporada,
-
17:07 - 17:10porque senão as coisas tomam
conta da minha cabeça -
17:10 - 17:12e começo a pensar
-
17:12 - 17:15por que nossos personagens não usam
coroas e e tentam tomar o trono. -
17:15 - 17:17Vira uma loucura.
-
17:17 - 17:21Assim, tento não assistir muito
até que as temporadas terminem. -
17:21 - 17:24Mas penso que há muita TV
europeia interessante por aí. -
17:24 - 17:27Eu estava nos Emmy internacionais
e dei uma olhada, -
17:27 - 17:30vi alguns trabalhos europeus
e fiquei fascinada. -
17:30 - 17:33Há algumas coisas que quero assistir.
-
17:34 - 17:38CS: Sei que você não passa muito tempo
pensando em coisas técnicas, -
17:38 - 17:41mas há alguns anos
tivemos uma palestra TED -
17:41 - 17:49com alguém falando sobre usar Google Glass
e assistir a programas de TV nos olhos? -
17:49 - 17:52Você alguma vez fantasiou,
-
17:52 - 17:56quando menina, sentada no chão
da casa dos seus pais, -
17:56 - 17:59alguma vez você imaginou
algum outro meio? -
18:00 - 18:02Ou imaginaria agora?
-
18:02 - 18:05SR: Outro meio... pra contar
histórias, além dos livros? -
18:05 - 18:08Quer dizer, cresci querendo ser
Toni Morrison, então, não. -
18:08 - 18:10Nem imaginava escrever para TV.
-
18:10 - 18:13A ideia de poder haver um mundo maior,
-
18:13 - 18:16alguma forma mais mágica
de fazer as coisas, -
18:16 - 18:18sempre fico empolgada
com novas tecnologias -
18:18 - 18:20e sou sempre a primeira
a querer experimentá-las. -
18:21 - 18:25As possibilidades parecem
infinitas e animadoras agora, -
18:25 - 18:27que é o que me deixa animada.
-
18:27 - 18:32Parece que estamos no tempo do faroeste,
porque ninguém sabe onde vamos parar. -
18:32 - 18:36Podemos colocar histórias em qualquer
lugar agora, e tudo bem pra mim. -
18:36 - 18:40E acho que, quando descobrirmos
como juntar a tecnologia -
18:40 - 18:46e a criatividade de criar histórias,
as possibilidades são infinitas. -
18:46 - 18:51CS: A tecnologia também permitiu
algo que mencionei antes: -
18:51 - 18:54assistir aos episódios em maratonas,
que é um fenômeno recente, -
18:54 - 18:56desde que você faz séries, certo?
-
18:56 - 19:01Como você acha que isso muda
o processo de criação de histórias? -
19:01 - 19:05Sempre havia um planejamento
para temporada inteira, certo? -
19:05 - 19:08SR: Não, eu só sabia como íamos terminar.
-
19:08 - 19:12Para mim, a única forma de comentar isso
-
19:13 - 19:17é que eu tenho uma série
que já tem 14 temporadas, -
19:17 - 19:21então há pessoas que
acompanharam as 14 temporadas, -
19:21 - 19:24e há meninas de 12 anos de idade
que encontro no supermercado -
19:24 - 19:27que tinham assistido
a 297 episódios em 3 semanas. -
19:27 - 19:28(Risos)
-
19:28 - 19:31Sério, e essa é uma experiência
bem diferente para elas, -
19:31 - 19:33porque elas imergiram em algo
-
19:33 - 19:38bastante intenso por um período
muito curto de tempo. -
19:38 - 19:41E para elas a história tem um arco
completamente diferente, -
19:41 - 19:44um significado completamente diferente,
porque não teve pausas. -
19:44 - 19:47CS: É como visitar um país
e depois partir. É estranho… -
19:47 - 19:51SR: É como ler um romance
incrível e depois largá-lo. -
19:51 - 19:54Acho que aí está a beleza da experiência.
-
19:54 - 19:57Você não precisa assistir algo
durante as 14 temporadas. -
19:57 - 20:00Não é assim necessariamente
a forma como tudo tem de ser. -
20:00 - 20:04CS: Você acha que existe algum tópico
que não deveria ser abordado nas séries? -
20:05 - 20:07SR: Não penso na história desse jeito.
-
20:07 - 20:11Penso em termos do que os personagens
fariam ou precisam fazer -
20:11 - 20:13para avançarem.
-
20:13 - 20:16Assim nunca penso na história
apenas em termos do enredo. -
20:16 - 20:19E quando roteiristas vêm
a minha sala apresentar um roteiro, -
20:19 - 20:21eu falo: "Você não está falando inglês".
-
20:22 - 20:26É isto o que digo: "Não estamos falando
inglês. Preciso de algo que real". -
20:26 - 20:30Como não penso nisso dessa forma,
não sei pensar em termos do que não faria, -
20:30 - 20:34porque isso parece que estou tirando
peças do enredo de uma parede. -
20:34 - 20:37CS: Ótimo. Até que ponto
você acha que vai usar… -
20:38 - 20:41recentemente você fez parte
do conselho de paternidade planejada -
20:41 - 20:43e se envolveu na campanha
da Hillary Clinton... -
20:43 - 20:47Em que medida você acha
que vai usar sua criação de histórias -
20:47 - 20:49no mundo real
-
20:49 - 20:50para efetuar mudanças?
-
20:52 - 20:54SR: Bem, existe...
-
20:55 - 21:00Esse é um assunto intenso pra mim,
pois acho que essa falta de narrativa -
21:00 - 21:06que muitas pessoas têm é difícil.
-
21:06 - 21:08Existem muitas organizações
-
21:08 - 21:12que não têm uma narrativa positiva
criadas por elas mesmas -
21:12 - 21:14que poderia ajudá-las.
-
21:14 - 21:17Existem muitas campanhas
que poderiam ser ajudadas -
21:17 - 21:19por uma narrativa melhor.
-
21:19 - 21:24Os democratas poderiam fazer muito
com uma narrativa forte para si mesmos. -
21:24 - 21:28Há várias coisas possíveis em termos
de usar a voz da criação de histórias. -
21:28 - 21:34E não digo no sentido fictício,
mas no sentido de um redator de discursos. -
21:34 - 21:40Enxergo isso, mas não sei
se caberia a mim fazê-lo. -
21:40 - 21:41CS: Tudo bem.
-
21:41 - 21:43Por favor, me ajudem a agradecer Shonda.
-
21:43 - 21:44(Aplausos)
-
21:44 - 21:45SR: Obrigada.
- Title:
- O futuro da criação de histórias
- Speaker:
- Shonda Rhimes e Cyndi Stivers
- Description:
-
"Todos sentimos uma necessidade irresistível de assistir a histórias, de contar histórias… de discutir as coisas que dizem a cada um de nós que não estamos sozinhos no mundo", diz a titânide da TV Shonda Rhimes. Uma força dominante na TV desde que "Grey's Anatomy" entrou no ar, Rhimes discute o futuro das redes de mídia, como ela está usando suas habilidades de construir narrativas como uma força para o bem, assim como um conceito intrigante conhecido como "férias amish" e muito mais, numa conversa com Cyndi Stivers, diretora da Residência TED.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 21:58
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