Return to Video

A música clássica não é clássica | Alejandro Puerta Cantalapiedra | TEDxYouth@Valladolid

  • 0:17 - 0:20
    (Música de Juan Antonio Simarro)
  • 1:13 - 1:15
    (Fim da música)
  • 1:18 - 1:21
    (Aplausos)
  • 1:24 - 1:27
    Se nos pusermos na pele de um jovem
  • 1:27 - 1:29
    que vai a um concerto de música clássica,
  • 1:29 - 1:31
    o que é que encontramos?
  • 1:31 - 1:35
    Em primeiro lugar, a informação
    que recebemos sobre o concerto é escassa:
  • 1:35 - 1:38
    basicamente, o nome do maestro,
    o nome da orquestra
  • 1:38 - 1:41
    e o repertório que vai ser executado.
  • 1:41 - 1:46
    A sala, magnífica, mas neutra,
    igual para todos os concertos.
  • 1:46 - 1:51
    O público, em geral adulto,
    vestido a rigor, como para a ocasião.
  • 1:51 - 1:53
    A orquestra, vestida de preto,
  • 1:54 - 1:57
    formada por músicos fantásticos
    mas que não conhecemos
  • 1:57 - 2:00
    nem teremos o prazer de conhecer
    depois do concerto.
  • 2:00 - 2:05
    O próprio evento em si,
    duas horas de música maravilhosa,
  • 2:05 - 2:08
    estruturadas nas já típicas duas partes,
  • 2:08 - 2:11
    com repertório pouco variado,
    mas mesmo assim fantástico.
  • 2:11 - 2:14
    Que pena! Preso na minha cadeira,
    quase sem poder respirar,
  • 2:14 - 2:17
    aplaudindo simplesmente,
    quando está estipulado,
  • 2:17 - 2:19
    sem poder exprimir as emoções
  • 2:19 - 2:21
    que essa música me está a transmitir.
  • 2:22 - 2:25
    Termina o concerto
    e voltamos para casa.
  • 2:25 - 2:29
    O que há de atraente em tudo isto?
  • 2:29 - 2:31
    A música, claro.
  • 2:31 - 2:33
    Mas, para um jovem pouco entendido
    em música clássica,
  • 2:33 - 2:35
    será muito diferente ficar em casa
  • 2:35 - 2:38
    a ver o concerto pelo YouTube
  • 2:38 - 2:39
    enquanto bebe uma Coca-Cola,
  • 2:39 - 2:44
    podendo levantar-se, aplaudir
    ou dançar ao som da música?
  • 2:46 - 2:48
    Os jovens estão cada vez
    mais acostumados
  • 2:48 - 2:51
    a um mundo dinâmico
    com eventos de todo o tipo
  • 2:51 - 2:55
    em que é fundamental a interação,
    o sentir-se parte do evento.
  • 2:56 - 2:59
    Não é isto que se passa atualmente
    nos concertos de música clássica.
  • 2:59 - 3:02
    É por isso que cada vez vemos
    menos jovens nos auditórios
  • 3:02 - 3:05
    — cuja idade média é de 60 anos —
  • 3:06 - 3:11
    associando a este tipo de música
    uma coisa aborrecida, de que não gostam.
  • 3:11 - 3:13
    Com efeito, muitos jovens,
  • 3:13 - 3:16
    ao escutar o binómio "música clássica",
  • 3:16 - 3:19
    sofrem uma espécie
    de reação alérgica e dizem:
  • 3:19 - 3:22
    "Não, isso não é para mim".
  • 3:22 - 3:25
    Mas, o que se passa, se eu tocar isto?
  • 3:30 - 3:33
    (Música)
  • 3:41 - 3:43
    (Fim da música)
  • 3:44 - 3:48
    Certamente que, para muitos de vós,
    esta melodia é familiar.
  • 3:48 - 3:51
    Alguns até se emocionarão
    ao recordar os tempos
  • 3:51 - 3:55
    em que, em crianças, viam
    a série "Era Uma Vez… o Homem",
  • 3:55 - 4:00
    mas quem reparou
    que isto é uma música clássica?
  • 4:00 - 4:01
    Quem percebeu
  • 4:01 - 4:06
    que isto é o segundo movimento
    da sonata n.º 20 de Beethoven?
  • 4:06 - 4:08
    Possivelmente ninguém.
  • 4:09 - 4:11
    Não precisamos de analisar o conteúdo
  • 4:11 - 4:13
    nem mergulhar no seu significado.
  • 4:13 - 4:14
    Simplesmente, gostamos dela,
  • 4:14 - 4:18
    tal como gostamos de um bom filme
    de Tarantino ou de um presunto Serrano.
  • 4:19 - 4:22
    E, claro, gostaríamos
    de ouvi-la outra vez.
  • 4:22 - 4:25
    Mas, se eu tivesse começado com:
  • 4:25 - 4:29
    "Olá, bom dia, vou interpretar
    música clássica".
  • 4:29 - 4:33
    muitos de vocês diriam:
    "Hum, talvez noutra ocasião".
  • 4:33 - 4:37
    Mas não se trata apenas
    de gostar dela ou de a conhecer
  • 4:37 - 4:39
    é preciso sabê-la.
  • 4:39 - 4:41
    Para isso, vamos fazer aqui,
    todos juntos,
  • 4:41 - 4:43
    uma pequena experiência
  • 4:43 - 4:46
    e vamos formar o novo coro
    de TEDxYouth Valladolid,
  • 4:46 - 4:48
    formado por todos nós.
  • 4:48 - 4:52
    (Aplausos)
  • 4:54 - 4:58
    Vou tocar quatro notas no piano
  • 4:58 - 5:01
    e preciso que me respondam
    com as notas seguintes.
  • 5:01 - 5:03
    Não há problema se desafinarem
    um pouco, é normal.
  • 5:03 - 5:06
    Mas preciso de energia neste coro.
    Está bem?
  • 5:12 - 5:14
    (Música)
  • 5:14 - 5:16
    (Público canta)
  • 5:17 - 5:18
    Bravo!
  • 5:18 - 5:22
    (Aplausos)
  • 5:22 - 5:24
    Fantástico. Vocês sabem mesmo.
  • 5:24 - 5:26
    Agora, uma pergunta.
  • 5:26 - 5:30
    Quantos de vocês
    já o viram em direto?
  • 5:31 - 5:33
    Estou a ver que são poucos.
  • 5:33 - 5:37
    Como é possível que a conheçam
    sem tê-la escutado em direto?
  • 5:37 - 5:41
    Mais ainda, como é possível
    que gostem tanto dela
  • 5:41 - 5:44
    e nunca a tenham ido ver ao vivo?
  • 5:44 - 5:48
    Perguntávamos isso mesmo,
    um grupo de jovens
  • 5:48 - 5:51
    chegados a Madrid para estudar
    diferentes cursos universitários
  • 5:51 - 5:53
    que viram que não havia nada
  • 5:53 - 5:55
    para podermos continuar
    com a música
  • 5:55 - 5:57
    ao mesmo tempo que os estudos.
  • 5:57 - 6:00
    Ao mesmo tempo, víamos
    como os nossos amigos e colegas
  • 6:00 - 6:03
    rejeitavam a música clássica
    só ao ouvirem o nome
  • 6:03 - 6:05
    e isso não podia ser.
  • 6:05 - 6:10
    Então, decidimos criar a Jovem
    Orquestra de Estudantes e Faculdades.
  • 6:10 - 6:15
    Uma orquestra que nos servisse
    para continuar com a nossa paixão
  • 6:15 - 6:17
    e, ao mesmo tempo, tínhamos
    a certeza, desde o início,
  • 6:17 - 6:20
    de que tínhamos de inovar,
    de chegar aos jovens
  • 6:20 - 6:22
    que viessem aos nossos concertos
  • 6:22 - 6:26
    e acabassem por amar a música clássica
    pelo menos tanto como nós.
  • 6:26 - 6:29
    Não só a música clássica,
    mas a música em geral,
  • 6:29 - 6:34
    pois um bom músico gosta
    de qualquer música, desde que seja boa.
  • 6:35 - 6:38
    Dessa forma, começámos
    a aventura, sete loucos.
  • 6:38 - 6:41
    Ao princípio, não tínhamos
    nenhum violino.
  • 6:41 - 6:44
    O nosso único violino
    era uma flauta transversal.
  • 6:44 - 6:47
    Mesmo assim, estávamos convencidos
    de que, se nós estivéssemos ali,
  • 6:47 - 6:50
    haveria mais pessoas
    na mesma situação,
  • 6:50 - 6:52
    só era preciso encontrá-las.
  • 6:52 - 6:55
    Através de ferramentas que temos
    ao alcance das mãos,
  • 6:55 - 6:59
    podíamos chegar a esses jovens
    e mudar o discurso de um jovem
  • 6:59 - 7:02
    que vai a um concerto de música clássica.
  • 7:03 - 7:06
    A forma de lidar com isso
    tinha de ser totalmente diferente.
  • 7:06 - 7:08
    O próprio cartaz de promoção
  • 7:08 - 7:10
    tinha de criar a vontade
    de chegar o momento,
  • 7:10 - 7:13
    tinha de transmitir que,
    nessas duas horas,
  • 7:13 - 7:16
    iam viver uma experiência
    totalmente diferente.
  • 7:17 - 7:21
    A orquestra, vestida com elegância,
    mas nada formal,
  • 7:21 - 7:24
    era formada em grande parte
    por amigos do público
  • 7:24 - 7:27
    e, se não fossem, haveria ocasião
    para conhecê-los depois
  • 7:27 - 7:29
    na altura das fotografias,
    ou da confraternização
  • 7:29 - 7:32
    que podia fazer-se
    para partilhar a experiência.
  • 7:32 - 7:35
    O repertório, fundamental,
    vai-se revelando
  • 7:35 - 7:38
    ao longo das duas semanas anteriores,
    através das redes sociais,
  • 7:38 - 7:40
    mas sempre com um fator surpresa
  • 7:40 - 7:42
    para tocar o público
  • 7:42 - 7:46
    e, além disso, estruturado
    em três pilares fundamentais:
  • 7:46 - 7:50
    o primeiro, as bandas sonoras,
    a música de que todos gostamos
  • 7:50 - 7:53
    das séries e dos filmes
    que vemos todos os dias
  • 7:53 - 7:55
    e que sempre gostaríamos
    de ver em direto por uma orquestra.
  • 7:55 - 7:59
    Em segundo lugar, o repertório
    clássico: sinfonias, concertos,
  • 7:59 - 8:02
    mas apresentados tal como são.
  • 8:02 - 8:06
    Por exemplo, imaginam Mozart
    a tocar isto, sério?
  • 8:10 - 8:13
    (Música)
  • 8:16 - 8:18
    Claro que não.
  • 8:18 - 8:23
    E o terceiro pilar, a estreia de obras
    de compositores espanhóis jovens,
  • 8:23 - 8:27
    porque eles são o presente
    e o futuro da música clássica.
  • 8:28 - 8:32
    O próprio concerto, que deve servir
    para aprender, desfrutar,
  • 8:32 - 8:35
    e, ao mesmo tempo, ter experiências
    que não podemos ter
  • 8:35 - 8:38
    em nenhum outro sítio
    que não nesse cenário.
  • 8:38 - 8:41
    Por exemplo, sentar-me entre a orquestra
  • 8:41 - 8:43
    e ver o concerto
    de um ponto de vista diferente
  • 8:43 - 8:46
    ou mesmo subir e dirigirmo-nos ao público
  • 8:46 - 8:49
    ou, melhor ainda, dirigir a orquestra.
  • 8:49 - 8:52
    Não é emocionante poder
    enfrentar uma orquestra?
  • 8:53 - 8:56
    Além disso, porque não,
    ao mesmo tempo que a música toca,
  • 8:56 - 9:01
    haver um pintor ou um escultor
    a traduzir a música numa obra sua?
  • 9:02 - 9:04
    Não seria genial?
  • 9:04 - 9:07
    Partilhar tudo isso
    através das redes sociais
  • 9:07 - 9:10
    onde os jovens podem
    publicar fotos, vídeos,
  • 9:10 - 9:12
    para chegarem a mais jovens
    que não puderam ir ao concerto
  • 9:13 - 9:17
    e vejam como um concerto
    de música clássica pode agradar.
  • 9:17 - 9:20
    Portanto, o objetivo
    é gerar uma experiência
  • 9:20 - 9:22
    em volta da música clássica
  • 9:22 - 9:24
    que também sirva para aprendermos,
  • 9:24 - 9:27
    pois, quanto mais sabemos
    sobre uma coisa, mais gostamos dela.
  • 9:27 - 9:31
    Isso pode transmitir-se
    aos colégios e aos institutos,
  • 9:31 - 9:36
    onde cada vez se aposta menos
    na arte, na cultura e no pensamento.
  • 9:36 - 9:39
    Porque é que não poderá
    acontecer como na Alemanha
  • 9:39 - 9:41
    onde, para além de haver
    uma equipa de futebol,
  • 9:41 - 9:45
    tivéssemos uma orquestra em cada escola?
  • 9:46 - 9:49
    Há uma frase maravilhosa
    que veremos depois
  • 9:50 - 9:53
    mas, primeiro, vou contar uma experiência,
    um episódio.
  • 9:53 - 9:54
    Foi com a JOECOM.
  • 9:54 - 9:57
    Íamos fazer um concerto
    na cafetaria da minha faculdade.
  • 9:58 - 10:02
    Era domingo à tarde
    e, por acaso, jogava o Real Madrid.
  • 10:02 - 10:06
    Então, tínhamos de arranjar
    o palco, ensaiar
  • 10:07 - 10:10
    e havia um homem que vinha sempre
    ver todos os jogos à cafetaria
  • 10:10 - 10:13
    que, quando tirámos o ecrã, disse:
  • 10:13 - 10:15
    "Porque é que me tiram esse...?"
  • 10:15 - 10:17
    Dissemos: "Não há problema.
  • 10:17 - 10:19
    "Deixamos-te um ecrã
    para poderes ver o jogo,
  • 10:19 - 10:22
    "mas temos de montar ali o palco".
  • 10:22 - 10:25
    Chegámos a acordo
    e continuámos a montar o concerto.
  • 10:25 - 10:27
    Começámos o concerto.
  • 10:27 - 10:29
    O concerto foi fantástico.
  • 10:29 - 10:32
    Como veem, uma cafetaria cheia de jovens
  • 10:32 - 10:34
    emocionados com a música clássica.
  • 10:34 - 10:36
    Tínhamos tocado a primeira
    sinfonia de Beethoven,
  • 10:36 - 10:38
    a banda sonora do Jogo de Tronos
  • 10:38 - 10:41
    e uma obra de um compositor espanhol,
    Juan Antonio Simarro,
  • 10:41 - 10:44
    o mesmo que eu interpretei
    na primeira peça.
  • 10:45 - 10:48
    Qual foi a minha surpresa
    quando, no final, naquele mesmo palco,
  • 10:48 - 10:52
    todos juntos organizámos um jantar
    para partilhar as experiências,
  • 10:52 - 10:55
    e, de repente, encontro aquele homem
  • 10:55 - 10:59
    que tinha ido a casa mudar de roupa,
    com a sua filha pequena ao lado,
  • 10:59 - 11:02
    ambos comovidos e a agradecer-me
  • 11:02 - 11:06
    por lhes termos dado a música
    de um modo tão diferente.
  • 11:06 - 11:11
    A frase a que me referi há bocado
    é esta bela frase, de Victor Hugo.
  • 11:11 - 11:12
    Diz assim:
  • 11:12 - 11:17
    "A música chega e exprime aquilo
    que as palavras não conseguem exprimir".
  • 11:20 - 11:23
    (Música)
  • 12:10 - 12:12
    (Fim da música)
  • 12:16 - 12:19
    (Aplausos)
  • 12:28 - 12:30
    Quem não gosta de um clássico?
  • 12:31 - 12:35
    Atualmente, a JOECOM
    tem 70 músicos
  • 12:35 - 12:39
    de 35 cursos diferentes
    e de 25 locais do mundo
  • 12:39 - 12:41
    que se reúnem todas as sextas-feiras
  • 12:41 - 12:43
    para partilhar a nossa paixão, a música.
  • 12:43 - 12:46
    Graças a estas pequenas ferramentas
  • 12:46 - 12:49
    conseguimos chegar
    a auditórios e cafetarias de gente jovem
  • 12:49 - 12:50
    que sai emocionada,
  • 12:50 - 12:53
    querendo voltar a um concerto
    de música clássica
  • 12:53 - 12:58
    e, sobretudo, convencidos
    de que a clássica não é clássica.
  • 12:58 - 12:59
    Muito obrigado.
  • 12:59 - 13:02
    (Aplausos)
Title:
A música clássica não é clássica | Alejandro Puerta Cantalapiedra | TEDxYouth@Valladolid
Description:

Os jovens conhecem a música clássica, mas não a apreciam porque não faz parte da sua educação nem dos seus momentos de ócio. Alejandro, nesta palestra inspiradora mostra como comunicando de outra forma, utilizando ferramentas de hoje ao alcance de todos e outros formatos, a música clássica consegue encher auditórios, cafetarias e faculdades de jovens que desejam descobrir, conhecer, partilhar e viver a paixão que é a música clássica.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em: http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
13:30

Portuguese subtitles

Revisions