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Desconfie das histórias simples

  • 0:00 - 0:03
    Me disseram para vir aqui hoje
    e lhes contar histórias,
  • 0:03 - 0:08
    mas, em vez disso, queria contar
    por que desconfio das histórias,
  • 0:08 - 0:10
    por que as histórias me deixam nervoso.
  • 0:10 - 0:13
    Na verdade, quanto mais inspirado
    uma história me faz sentir,
  • 0:13 - 0:15
    normalmente mais nervoso fico.
  • 0:15 - 0:17
    (Risos)
  • 0:17 - 0:19
    Assim, em geral as melhores histórias
    são as mais complicadas.
  • 0:19 - 0:23
    O bom e o ruim das histórias
    é que elas são um tipo de filtro.
  • 0:23 - 0:27
    São repletas de informações, mas deixam
    algumas de fora, e outras dentro.
  • 0:27 - 0:32
    Mas o problema do filtro é que ele
    sempre deixa dentro as mesmas coisas.
  • 0:32 - 0:35
    Sempre acabamos com as mesmas
    e poucas histórias simples.
  • 0:35 - 0:37
    Uma velha máxima diz
    que quase toda história
  • 0:37 - 0:40
    pode ser resumida assim:
    "um forasteiro chegou à cidade".
  • 0:40 - 0:42
    Há um livro de Cristopher Booker
  • 0:42 - 0:45
    no qual ele afirma haver
    apenas sete tipos de histórias:
  • 0:45 - 0:48
    de monstro, da miséria à riqueza, busca,
  • 0:48 - 0:52
    viagem e retorno, comédia,
    tragédia e renascimento.
  • 0:52 - 0:54
    Não precisamos concordar com a lista toda,
  • 0:54 - 0:58
    mas a questão é: se raciocinarmos
    em termos de histórias,
  • 0:58 - 1:02
    estamos dizendo a nós mesmos
    sempre as mesmas coisas.
  • 1:02 - 1:05
    Fizemos um estudo no qual
    pedimos a algumas pessoas
  • 1:11 - 1:14
    que descrevessem sua vida.
  • 1:14 - 1:16
    Quando pedimos isso,
  • 1:16 - 1:19
    foi interessante ver quão pouca
    gente disse: "um caos".
  • 1:19 - 1:20
    (Risos)
  • 1:20 - 1:24
    Essa é provavelmente a melhor resposta,
    e não falo no mau sentido.
  • 1:24 - 1:27
    "Caos" pode ser liberador,
    "caos" pode ser empoderante,
  • 1:27 - 1:30
    "caos" pode ser uma forma
    de tirar proveito de forças múltiplas.
  • 1:30 - 1:34
    Mas o que as pessoas queriam dizer
    era: "Minha vida é uma jornada".
  • 1:35 - 1:39
    Bem, 51% queriam transformar
    sua vida em uma história,
  • 1:39 - 1:44
    11% disseram: "Minha vida é uma luta",
    o que é um tipo de história;
  • 1:44 - 1:48
    8% disseram: "Minha vida é um romance",
    e 5% disseram: "Minha vida é uma peça".
  • 1:48 - 1:52
    Não acho que alguém tenha dito:
    "Minha vida é um reality show".
  • 1:52 - 1:53
    (Risos)
  • 1:53 - 1:57
    Mas estamos impondo
    uma ordem ao caos que observamos,
  • 1:57 - 1:58
    e isso demanda os mesmos padrões,
  • 1:58 - 2:01
    e o fato é que, quando algo
    está na forma de história,
  • 2:01 - 2:04
    geralmente lembramos dela
    quando não deveríamos.
  • 2:04 - 2:08
    Assim, quantos aqui conhecem a história
    de George Washington e a cerejeira?
  • 2:08 - 2:10
    Não está claro que seja
    exatamente o que aconteceu.
  • 2:10 - 2:15
    O mesmo com a história de Paul Revere.
  • 2:15 - 2:19
    Por isso, deveríamos
    duvidar das histórias.
  • 2:19 - 2:22
    Somos biologicamente programados
    para reagir a elas.
  • 2:22 - 2:25
    Elas contêm muitas informações,
    têm força social
  • 2:25 - 2:27
    e nos conectam às outras pessoas.
  • 2:27 - 2:30
    Assim, elas são como um doce
    do qual nos alimentamos.
  • 2:30 - 2:34
    Quando consumimos informação política,
    quando lemos romances,
  • 2:34 - 2:37
    quando lemos não ficção,
    estamos sendo alimentados por histórias.
  • 2:37 - 2:39
    Não ficção, de certa forma,
    é a nova ficção.
  • 2:39 - 2:42
    Pode ser que haja fatos reais no livro,
  • 2:42 - 2:46
    mas tudo está tomando
    a mesma forma dessas histórias.
  • 2:47 - 2:50
    Assim, quais são os problemas
    de se confiar demais em histórias?
  • 2:50 - 2:55
    Começamos a ver nossa vida dessa forma,
    em vez do caos que é ou talvez seja.
  • 2:56 - 3:00
    Mas, mais especificamente,
    percebo problemas maiores
  • 3:00 - 3:03
    quando pensamos muito
    em termos de narrativa.
  • 3:03 - 3:05
    Primeiro, elas tendem
    a ser simples demais,
  • 3:05 - 3:08
    pois a questão da narrativa é simplificar,
  • 3:08 - 3:10
    não apenas em 18 minutos,
  • 3:10 - 3:13
    mas a maioria das narrativas pode
    ser resumida numa sentença ou duas.
  • 3:13 - 3:15
    Assim, quando eliminamos detalhes,
  • 3:15 - 3:18
    tendemos a contar histórias
    em termos do bem contra o mal,
  • 3:18 - 3:22
    seja uma história
    sobre sua vida ou sobre política.
  • 3:23 - 3:26
    Sabemos que algumas coisas são
    de fato "o bem contra o mal", certo?
  • 3:26 - 3:30
    Mas, como regra geral,
    penso que estamos inclinados demais
  • 3:30 - 3:32
    a contar histórias nesses moldes,
    do bem contra o mal.
  • 3:32 - 3:34
    Como regra fundamental, basta pensar
  • 3:34 - 3:38
    que, sempre que contamos
    uma história do bem contra o mal,
  • 3:38 - 3:42
    basicamente estamos diminuindo
    nosso QI em cerca de dez pontos ou mais.
  • 3:42 - 3:45
    Se adotarmos isso como um hábito mental,
  • 3:45 - 3:48
    penso que seria uma forma de ficar
    bem mais inteligente rapidamente.
  • 3:48 - 3:50
    Não temos de ler nenhum livro.
  • 3:50 - 3:52
    Apenas nos imaginar apertando um botão
  • 3:52 - 3:55
    quando contarmos uma história
    do bem contra o mal,
  • 3:55 - 3:56
    e, ao apertar tal botão,
  • 3:56 - 3:59
    estamos diminuindo
    nosso QI em dez pontos ou mais.
  • 3:59 - 4:01
    Há outra série de histórias populares.
  • 4:01 - 4:05
    Para quem conhece os filmes
    do Oliver Stone ou Michael Moore,
  • 4:05 - 4:08
    não se pode fazer um filme e dizer:
    "Foi tudo um grande acidente".
  • 4:08 - 4:13
    Não, tem de ser uma conspiração,
    pessoas conspirando juntas,
  • 4:13 - 4:16
    porque as histórias são sobre intenção.
  • 4:16 - 4:21
    Uma história não é sobre ordem espontânea
    ou instituições humanas complexas,
  • 4:21 - 4:24
    que são produto da ação humana,
    mas não do projeto humano.
  • 4:24 - 4:28
    Não, uma história é sobre pessoas más
    conspirando juntas.
  • 4:28 - 4:30
    Então, quando ouvimos
    histórias sobre intrigas,
  • 4:30 - 4:33
    ou mesmo histórias
    sobre pessoas boas conspirando juntas,
  • 4:33 - 4:36
    como ocorre nos filmes,
  • 4:36 - 4:38
    essa é uma razão para desconfiar.
  • 4:38 - 4:40
    Uma dica básica é se perguntar:
  • 4:40 - 4:44
    "Ao ouvir uma história,
    quando devo ficar mais desconfiado?"
  • 4:44 - 4:49
    Quando ouvimos uma história e pensamos:
    "Puxa! Isso daria um ótimo filme!"
  • 4:49 - 4:50
    (Risos)
  • 4:50 - 4:54
    E é aí que devemos reagir com um "Opa",
  • 4:54 - 4:56
    e começar a pensar em termos
  • 4:56 - 4:59
    de como a coisa toda talvez
    seja um pouco mais caótica.
  • 4:59 - 5:04
    Um outro tipo de história ou enredo
    é a ideia de que "temos de ser duros".
  • 5:05 - 5:08
    Ouvimos isso em muitos contextos.
  • 5:08 - 5:13
    Temos de ser duros com os bancos;
    temos de ser duros com os sindicatos;
  • 5:13 - 5:15
    temos ser duros com outros países,
  • 5:15 - 5:19
    com um ditador estrangeiro,
    com alguém com quem estamos negociando.
  • 5:19 - 5:21
    Não que eu seja contra ser duro.
  • 5:21 - 5:23
    Às vezes, temos de ser duros.
  • 5:23 - 5:26
    Ter sido duro com os nazistas
    foi uma coisa boa.
  • 5:27 - 5:32
    Mas esse é o tipo de história
    em que caímos muito fácil e rapidamente.
  • 5:32 - 5:34
    Quando não sabemos por que algo aconteceu,
  • 5:34 - 5:38
    culpamos as pessoas e dizemos:
    "Precisamos ser duros com eles!"
  • 5:38 - 5:41
    Como se nunca tivesse
    ocorrido a seu antecessor
  • 5:41 - 5:43
    a ideia de ser duro.
  • 5:43 - 5:46
    Normalmente, vejo isso
    como sinal de preguiça mental.
  • 5:46 - 5:49
    É uma história simples que contamos:
    "Precisamos ser duros,
  • 5:49 - 5:52
    foi preciso sermos duros,
    vamos ter de ser duros".
  • 5:52 - 5:55
    Normalmente, isso é um tipo de alerta.
  • 5:56 - 5:58
    Outro tipo de problema com histórias
  • 5:58 - 6:02
    é que conseguimos ter na cabeça
    apenas algumas histórias por vez,
  • 6:02 - 6:05
    seja ao longo de um dia,
    ou mesmo ao longo da vida.
  • 6:05 - 6:08
    Assim, nossas histórias acabam
    servindo a propósitos demais.
  • 6:08 - 6:11
    Por exemplo, para conseguimos
    sair da cama de manhã,
  • 6:11 - 6:13
    contamos a nós mesmos a história
  • 6:13 - 6:17
    de que nosso emprego é importante,
    de que o que fazemos é muito importante,
  • 6:17 - 6:18
    (Risos)
  • 6:18 - 6:20
    e talvez seja,
  • 6:21 - 6:25
    mas contamos a nós mesmos
    essa história mesmo quando não é o caso.
  • 6:25 - 6:27
    E sabem de uma coisa? Ela funciona.
  • 6:27 - 6:29
    Ela nos tira da cama.
  • 6:29 - 6:31
    É um tipo de autoilusão,
  • 6:31 - 6:34
    mas o problema é quando precisamos
    mudar essa história.
  • 6:34 - 6:38
    A questão da história é que nos agarramos
    a ela e não largamos,
  • 6:38 - 6:40
    e ela nos tira da cama.
  • 6:40 - 6:43
    Assim, quando fazemos algo
    que na verdade é uma perda de tempo,
  • 6:43 - 6:45
    no caos da nossa vida,
  • 6:45 - 6:49
    estamos ligados demais à história
    que nos tirou da cama
  • 6:49 - 6:53
    e, idealmente, tenho de ter algum mapa
    bem complexo dessa história na cabeça,
  • 6:53 - 6:57
    com combinatórias e uma matriz
    de computação, e coisas assim,
  • 6:57 - 6:59
    mas as histórias não funcionam assim.
  • 6:59 - 7:01
    Para funcionarem,
    elas precisam ser simples,
  • 7:01 - 7:05
    fáceis de serem entendidas,
    contadas, lembradas.
  • 7:05 - 7:08
    Assim, histórias vão servir
    a propósitos duais e conflitantes,
  • 7:08 - 7:11
    e comumente elas nos deixam perdidos.
  • 7:11 - 7:13
    Eu achava que eu pertencia
    ao campo dos economistas,
  • 7:13 - 7:18
    que era da turma do bem,
    e que estava ligado a boas pessoas,
  • 7:18 - 7:21
    e estávamos lutando contra
    as ideias da turma do mal.
  • 7:21 - 7:22
    Eu costumava pensar isso!
  • 7:23 - 7:25
    E provavelmente estava errado!
  • 7:25 - 7:27
    Talvez às vezes eu seja do bem,
  • 7:27 - 7:31
    mas, em algumas questões, finalmente
    percebi: "Ei, eu não fui do bem aqui".
  • 7:31 - 7:35
    Não tenho certeza se eu era do mal
    no sentido de ter más intenções,
  • 7:35 - 7:38
    mas era muito difícil pra mim
    sair impune com aquela história.
  • 7:40 - 7:44
    Uma coisa interessante
    sobre tendências cognitivas
  • 7:44 - 7:46
    é que atualmente
    elas são tema de muitos livros.
  • 7:46 - 7:51
    Há o "Nudge book",
    o "Sway book", o "Blink book",
  • 7:51 - 7:53
    como livros de um título só,
  • 7:53 - 7:56
    tudo sobre como metemos os pés pelas mãos.
  • 7:56 - 7:57
    E há muitas maneiras,
  • 7:57 - 8:01
    mas o interessante é
    que nenhum desses livros identifica
  • 8:01 - 8:05
    o que penso ser a forma mais
    importante como estragamos tudo,
  • 8:05 - 8:09
    que é o fato de contarmos
    a nós mesmos histórias demais,
  • 8:09 - 8:11
    ou sermos facilmente
    seduzidos pelas histórias.
  • 8:11 - 8:14
    Por que esses livros não falam disso?
  • 8:14 - 8:17
    É porque eles próprios
    são todos sobre histórias.
  • 8:17 - 8:21
    Quanto mais os lemos, mais aprendemos
    sobre algumas de nossas tendências,
  • 8:21 - 8:25
    mas agravamos outras.
  • 8:25 - 8:28
    Assim, os próprios livros são parte
    de nossas tendências cognitivas.
  • 8:29 - 8:31
    É comum comprá-los
    como um tipo de talismã:
  • 8:31 - 8:35
    "Comprei este livro. Não vou ser
    'previsivelmente irracional'".
  • 8:35 - 8:38
    (Risos)
  • 8:38 - 8:40
    É como se a gente quisesse ouvir o pior,
  • 8:40 - 8:44
    para, psicologicamente, nos prepararmos
    para ele ou nos defendermos dele.
  • 8:44 - 8:47
    É porque há um mercado para o pessimismo.
  • 8:47 - 8:50
    Mas pensar que comprar
    o livro nos leva a algum lugar
  • 8:50 - 8:52
    talvez seja a maior das falácias.
  • 8:52 - 8:55
    Isso lembra a evidência que mostra
    que as pessoas mais perigosas
  • 8:55 - 8:58
    são as que têm alguma formação financeira.
  • 8:58 - 9:00
    São elas que saem por aí
    cometendo os piores erros.
  • 9:00 - 9:03
    As pessoas que percebem
    que não sabem coisa nenhuma
  • 9:03 - 9:05
    é que acabam se dando muito bem.
  • 9:06 - 9:10
    Um terceiro problema é o fato de estranhos
    usarem histórias para nos manipular,
  • 9:11 - 9:14
    e gostamos de achar que a propaganda
    funciona só com os outros,
  • 9:14 - 9:18
    mas, claro, não é assim,
    a propaganda funciona com todos nós.
  • 9:18 - 9:21
    Por isso, se formos
    muito apegados a histórias,
  • 9:21 - 9:25
    as pessoas que vendem
    produtos chegam junto
  • 9:25 - 9:27
    e vão embalar seu produto
    com uma história.
  • 9:27 - 9:29
    E a gente: "Ei, história grátis!"
  • 9:29 - 9:31
    E terminamos comprando o produto,
  • 9:31 - 9:33
    pois o produto e a história andam juntos.
  • 9:33 - 9:34
    (Risos)
  • 9:34 - 9:37
    Se pensarmos como funciona o capitalismo,
    existe uma tendência aí.
  • 9:37 - 9:40
    Vamos considerar dois tipos
    de histórias sobre carros.
  • 9:40 - 9:43
    A história A é: "Compre este carro,
  • 9:43 - 9:47
    e você vai ter parceiros lindos,
    românticos e uma vida fascinante".
  • 9:47 - 9:49
    (Risos)
  • 9:49 - 9:51
    Há muitas pessoas
  • 9:51 - 9:53
    com incentivo financeiro
    para promover essa história.
  • 9:53 - 9:55
    Mas digamos que a história
    alternativa seja:
  • 9:56 - 10:00
    "Você na verdade não precisa de um carro
    tão legal como sua renda possibilita.
  • 10:00 - 10:03
    Normalmente, o que fazemos é olhar
    para os colegas e imitá-los.
  • 10:03 - 10:05
    Essa é uma boa heurística
    para muitos problemas,
  • 10:05 - 10:08
    mas, quando se trata de carros,
    simplesmente compre um Toyota".
  • 10:08 - 10:10
    (Risos)
  • 10:10 - 10:12
    Talvez a Toyota tenha um incentivo aí,
  • 10:12 - 10:15
    mas mesmo a Toyota está ganhando
    mais dinheiro com carros de luxo,
  • 10:15 - 10:17
    e menos dinheiro com carros populares.
  • 10:17 - 10:19
    Assim, se pensarem nas histórias
    que vão acabar ouvindo,
  • 10:19 - 10:23
    são histórias glamorosas, sedutoras,
  • 10:23 - 10:25
    e torno a avisar: não acreditem nelas.
  • 10:25 - 10:29
    Há pessoas usando seu amor
    pelas histórias para manipular vocês.
  • 10:30 - 10:31
    E parem um pouco e pensem:
  • 10:31 - 10:35
    "Quais são as mensagens, ou as histórias
    que ninguém tem incentivo para contar?"
  • 10:35 - 10:40
    Comecem contando a si mesmos essas, e aí
    vejam se alguma de suas decisões mudou.
  • 10:40 - 10:42
    Esse é um jeito simples.
  • 10:42 - 10:45
    Não podemos nunca sair do padrão
    de pensar em termos de histórias,
  • 10:45 - 10:49
    mas podemos melhorar a extensão
    na qual pensamos em histórias,
  • 10:49 - 10:51
    e tomar decisões melhores.
  • 10:51 - 10:55
    Então, pensando nesta palestra,
    obviamente estou imaginando:
  • 10:55 - 10:57
    o que vocês vão levar desta palestra?
  • 10:57 - 11:01
    Que história vocês vão levar
    de Tyler Cowen?
  • 11:01 - 11:05
    Uma história poderia ser a de busca.
  • 11:05 - 11:07
    "Tyler era um homem numa busca.
  • 11:07 - 11:13
    Tyler veio aqui e nos disse para não
    pensarmos muito em termos de histórias".
  • 11:13 - 11:16
    Seria uma história que poderiam
    contar sobre esta palestra.
  • 11:16 - 11:18
    (Risos)
  • 11:18 - 11:20
    Esse seria um padrão bem conhecido.
  • 11:20 - 11:23
    Dá para se lembrar dele,
    poderiam contá-lo a outras pessoas:
  • 11:23 - 11:26
    "Veio um cara esquisito e disse:
    'Não pensem em termos de histórias
  • 11:26 - 11:28
    Deixem-me contar o que aconteceu hoje!'"
  • 11:28 - 11:29
    (Risos)
  • 11:29 - 11:30
    E vocês contam a sua história.
  • 11:30 - 11:32
    (Risos)
  • 11:33 - 11:37
    Outra possibilidade é contarem
    uma história de renascimento.
  • 11:38 - 11:42
    Poderiam dizer: "Eu costumava pensar
    demais em termos de histórias,
  • 11:42 - 11:45
    (Risos)
  • 11:45 - 11:47
    mas então eu ouvi Tyler Cowen
  • 11:47 - 11:48
    (Risos)
  • 11:48 - 11:51
    e agora penso menos
    em termos de histórias!"
  • 11:51 - 11:54
    Essa também é uma narrativa
    de que vão se lembrar,
  • 11:54 - 11:58
    que podem contar
    a outras pessoas, e pode colar.
  • 11:58 - 12:03
    Também poderiam contar
    uma história bem trágica.
  • 12:03 - 12:05
    "Chegou esse cara, Tyler Cowen,
  • 12:05 - 12:06
    (Risos)
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    e nos disse para não pensarmos
    em termos de histórias,
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    mas tudo que ele fez
    foi nos contar histórias
  • 12:11 - 12:12
    (Risos)
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    sobre como outras pessoas pensam
    demais em termos de histórias".
  • 12:16 - 12:18
    (Risos)
  • 12:18 - 12:23
    Assim, hoje, qual tipo seria?
    Busca, renascimento, tragédia?
  • 12:24 - 12:26
    Ou talvez alguma combinação dos três?
  • 12:27 - 12:29
    Não tenho certeza,
    e não estou aqui para pedir
  • 12:29 - 12:33
    para queimarem seu aparelho de DVD
    e jogarem fora o seu Tolstói.
  • 12:34 - 12:38
    Pensar em termos de histórias
    é fundamentalmente humano.
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    Em sua autobiografia, "Viver Para Contar",
    Gabriel Garcia Marquez diz
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    que usamos a memória nas histórias
    para dar sentido ao que fizemos,
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    dar significado a nossa vida,
    estabelecer conexões com outras pessoas.
  • 12:52 - 12:56
    Nada disso vai embora,
    deveria ir embora, ou pode ir embora.
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    Mas, novamente, como economista,
    estou pensando na vida na margem,
  • 13:01 - 13:03
    a decisão extra.
  • 13:03 - 13:07
    Deveríamos pensar mais
    em termos de histórias, ou menos?
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    Quando ouvimos histórias,
    devemos ficar com o pé atrás?
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    E de que tipo de história
    devemos desconfiar?
  • 13:14 - 13:19
    Normalmente, das histórias
    de que mais gostamos,
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    que achamos mais gratificantes,
    mais inspiradoras,
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    das histórias que não focam
    o custo de oportunidade
  • 13:26 - 13:30
    ou as consequências das ações
    humanas complexas, imprevistas,
  • 13:30 - 13:34
    porque isso normalmente
    não dá uma boa história.
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    Assim, normalmente uma história
    é uma história de triunfo, de luta;
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    há forças opostas,
    que são ou maléficas ou ignorantes;
  • 13:43 - 13:46
    há uma pessoa numa busca,
    alguém fazendo uma viagem,
  • 13:46 - 13:49
    e um estranho chegando à cidade.
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    E essas são suas categorias, mas não
    fiquem satisfeitos demais com elas.
  • 13:55 - 13:57
    (Risos)
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    Por isso, como alternativa,
  • 14:00 - 14:03
    paralelamente, mas sem queimar Tolstói,
  • 14:03 - 14:06
    apenas sejam um pouco mais caóticos.
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    Se na realidade tivéssemos de viver
    essas jornadas, buscas e lutas,
  • 14:11 - 14:13
    isso seria opressivo demais pra mim!
  • 14:13 - 14:16
    Seria tipo: "Minha nossa,
    não posso viver em paz
  • 14:16 - 14:20
    nesse caos e -- hesito em dizer
    esta palavra -- glória ordinária,
  • 14:20 - 14:22
    mas que é divertido pra mim?"
  • 14:22 - 14:24
    Tenho realmente de seguir
    algum tipo de narrativa?
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    Não posso simplesmente viver?
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    Então, sintam-se
    mais confortáveis no caos.
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    Fiquem mais confortáveis com o ceticismo,
  • 14:32 - 14:35
    e me refiro àquelas coisas
    que nos fazem sentir bem.
  • 14:35 - 14:39
    É tão fácil escolher umas poucas áreas
    para ser cético, e se sentir bem com isso,
  • 14:39 - 14:43
    tipo: "Sou cético
    com a religião ou a política".
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    É um álibi para sermos mais
    dogmáticos em outras áreas, certo?
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    (Risos)
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    Às vezes, as pessoas mais confiáveis
    intelectualmente são aquelas
  • 14:53 - 14:55
    que escolhem uma área,
    e são totalmente dogmáticas nela,
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    tão irracionalmente obstinadas,
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    que pensamos: "Como é possível
    que acreditam nisso?"
  • 15:00 - 15:04
    Mas isso canaliza toda a teimosia delas
  • 15:04 - 15:07
    e então, em outras coisas,
    elas podem ter a mente bem berta.
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    Assim, não caiam na armadilha de pensar
    que, por serem céticos em algumas coisas,
  • 15:11 - 15:16
    estão sendo razoáveis sobre a autoilusão,
    suas histórias e sua mente aberta.
  • 15:16 - 15:18
    (Risos)
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    Pensem nessa ideia de flutuar,
    de flutuação epistemológica,
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    em caos e incompletude,
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    e como nem tudo acaba num final feliz,
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    e que vocês não estão numa jornada aqui.
  • 15:32 - 15:35
    Vocês estão aqui por alguma
    razão ou razões caóticas,
  • 15:35 - 15:39
    e talvez não saibam o que é,
    e talvez eu não saiba o que é,
  • 15:39 - 15:43
    mas, de qualquer forma, estou feliz de ter
    sido convidado e obrigado pela atenção.
  • 15:43 - 15:44
    (Risos)
  • 15:44 - 15:45
    (Aplausos)
Title:
Desconfie das histórias simples
Speaker:
Tyler Cowen
Description:

Como todos nós, o economista Tyler Cowen ama uma boa história. No entanto, nesta palestra instigante, ele nos pede para evitarmos pensar sobre nossa vida -- e nosso mundo caótico, complicado e irracional -- em termos de uma narrativa simples.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:57

Portuguese, Brazilian subtitles

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