Desconfie das histórias simples
-
0:00 - 0:03Me disseram para vir aqui hoje
e lhes contar histórias, -
0:03 - 0:08mas, em vez disso, queria contar
por que desconfio das histórias, -
0:08 - 0:10por que as histórias me deixam nervoso.
-
0:10 - 0:13Na verdade, quanto mais inspirado
uma história me faz sentir, -
0:13 - 0:15normalmente mais nervoso fico.
-
0:15 - 0:17(Risos)
-
0:17 - 0:19Assim, em geral as melhores histórias
são as mais complicadas. -
0:19 - 0:23O bom e o ruim das histórias
é que elas são um tipo de filtro. -
0:23 - 0:27São repletas de informações, mas deixam
algumas de fora, e outras dentro. -
0:27 - 0:32Mas o problema do filtro é que ele
sempre deixa dentro as mesmas coisas. -
0:32 - 0:35Sempre acabamos com as mesmas
e poucas histórias simples. -
0:35 - 0:37Uma velha máxima diz
que quase toda história -
0:37 - 0:40pode ser resumida assim:
"um forasteiro chegou à cidade". -
0:40 - 0:42Há um livro de Cristopher Booker
-
0:42 - 0:45no qual ele afirma haver
apenas sete tipos de histórias: -
0:45 - 0:48de monstro, da miséria à riqueza, busca,
-
0:48 - 0:52viagem e retorno, comédia,
tragédia e renascimento. -
0:52 - 0:54Não precisamos concordar com a lista toda,
-
0:54 - 0:58mas a questão é: se raciocinarmos
em termos de histórias, -
0:58 - 1:02estamos dizendo a nós mesmos
sempre as mesmas coisas. -
1:02 - 1:05Fizemos um estudo no qual
pedimos a algumas pessoas -
1:11 - 1:14que descrevessem sua vida.
-
1:14 - 1:16Quando pedimos isso,
-
1:16 - 1:19foi interessante ver quão pouca
gente disse: "um caos". -
1:19 - 1:20(Risos)
-
1:20 - 1:24Essa é provavelmente a melhor resposta,
e não falo no mau sentido. -
1:24 - 1:27"Caos" pode ser liberador,
"caos" pode ser empoderante, -
1:27 - 1:30"caos" pode ser uma forma
de tirar proveito de forças múltiplas. -
1:30 - 1:34Mas o que as pessoas queriam dizer
era: "Minha vida é uma jornada". -
1:35 - 1:39Bem, 51% queriam transformar
sua vida em uma história, -
1:39 - 1:4411% disseram: "Minha vida é uma luta",
o que é um tipo de história; -
1:44 - 1:488% disseram: "Minha vida é um romance",
e 5% disseram: "Minha vida é uma peça". -
1:48 - 1:52Não acho que alguém tenha dito:
"Minha vida é um reality show". -
1:52 - 1:53(Risos)
-
1:53 - 1:57Mas estamos impondo
uma ordem ao caos que observamos, -
1:57 - 1:58e isso demanda os mesmos padrões,
-
1:58 - 2:01e o fato é que, quando algo
está na forma de história, -
2:01 - 2:04geralmente lembramos dela
quando não deveríamos. -
2:04 - 2:08Assim, quantos aqui conhecem a história
de George Washington e a cerejeira? -
2:08 - 2:10Não está claro que seja
exatamente o que aconteceu. -
2:10 - 2:15O mesmo com a história de Paul Revere.
-
2:15 - 2:19Por isso, deveríamos
duvidar das histórias. -
2:19 - 2:22Somos biologicamente programados
para reagir a elas. -
2:22 - 2:25Elas contêm muitas informações,
têm força social -
2:25 - 2:27e nos conectam às outras pessoas.
-
2:27 - 2:30Assim, elas são como um doce
do qual nos alimentamos. -
2:30 - 2:34Quando consumimos informação política,
quando lemos romances, -
2:34 - 2:37quando lemos não ficção,
estamos sendo alimentados por histórias. -
2:37 - 2:39Não ficção, de certa forma,
é a nova ficção. -
2:39 - 2:42Pode ser que haja fatos reais no livro,
-
2:42 - 2:46mas tudo está tomando
a mesma forma dessas histórias. -
2:47 - 2:50Assim, quais são os problemas
de se confiar demais em histórias? -
2:50 - 2:55Começamos a ver nossa vida dessa forma,
em vez do caos que é ou talvez seja. -
2:56 - 3:00Mas, mais especificamente,
percebo problemas maiores -
3:00 - 3:03quando pensamos muito
em termos de narrativa. -
3:03 - 3:05Primeiro, elas tendem
a ser simples demais, -
3:05 - 3:08pois a questão da narrativa é simplificar,
-
3:08 - 3:10não apenas em 18 minutos,
-
3:10 - 3:13mas a maioria das narrativas pode
ser resumida numa sentença ou duas. -
3:13 - 3:15Assim, quando eliminamos detalhes,
-
3:15 - 3:18tendemos a contar histórias
em termos do bem contra o mal, -
3:18 - 3:22seja uma história
sobre sua vida ou sobre política. -
3:23 - 3:26Sabemos que algumas coisas são
de fato "o bem contra o mal", certo? -
3:26 - 3:30Mas, como regra geral,
penso que estamos inclinados demais -
3:30 - 3:32a contar histórias nesses moldes,
do bem contra o mal. -
3:32 - 3:34Como regra fundamental, basta pensar
-
3:34 - 3:38que, sempre que contamos
uma história do bem contra o mal, -
3:38 - 3:42basicamente estamos diminuindo
nosso QI em cerca de dez pontos ou mais. -
3:42 - 3:45Se adotarmos isso como um hábito mental,
-
3:45 - 3:48penso que seria uma forma de ficar
bem mais inteligente rapidamente. -
3:48 - 3:50Não temos de ler nenhum livro.
-
3:50 - 3:52Apenas nos imaginar apertando um botão
-
3:52 - 3:55quando contarmos uma história
do bem contra o mal, -
3:55 - 3:56e, ao apertar tal botão,
-
3:56 - 3:59estamos diminuindo
nosso QI em dez pontos ou mais. -
3:59 - 4:01Há outra série de histórias populares.
-
4:01 - 4:05Para quem conhece os filmes
do Oliver Stone ou Michael Moore, -
4:05 - 4:08não se pode fazer um filme e dizer:
"Foi tudo um grande acidente". -
4:08 - 4:13Não, tem de ser uma conspiração,
pessoas conspirando juntas, -
4:13 - 4:16porque as histórias são sobre intenção.
-
4:16 - 4:21Uma história não é sobre ordem espontânea
ou instituições humanas complexas, -
4:21 - 4:24que são produto da ação humana,
mas não do projeto humano. -
4:24 - 4:28Não, uma história é sobre pessoas más
conspirando juntas. -
4:28 - 4:30Então, quando ouvimos
histórias sobre intrigas, -
4:30 - 4:33ou mesmo histórias
sobre pessoas boas conspirando juntas, -
4:33 - 4:36como ocorre nos filmes,
-
4:36 - 4:38essa é uma razão para desconfiar.
-
4:38 - 4:40Uma dica básica é se perguntar:
-
4:40 - 4:44"Ao ouvir uma história,
quando devo ficar mais desconfiado?" -
4:44 - 4:49Quando ouvimos uma história e pensamos:
"Puxa! Isso daria um ótimo filme!" -
4:49 - 4:50(Risos)
-
4:50 - 4:54E é aí que devemos reagir com um "Opa",
-
4:54 - 4:56e começar a pensar em termos
-
4:56 - 4:59de como a coisa toda talvez
seja um pouco mais caótica. -
4:59 - 5:04Um outro tipo de história ou enredo
é a ideia de que "temos de ser duros". -
5:05 - 5:08Ouvimos isso em muitos contextos.
-
5:08 - 5:13Temos de ser duros com os bancos;
temos de ser duros com os sindicatos; -
5:13 - 5:15temos ser duros com outros países,
-
5:15 - 5:19com um ditador estrangeiro,
com alguém com quem estamos negociando. -
5:19 - 5:21Não que eu seja contra ser duro.
-
5:21 - 5:23Às vezes, temos de ser duros.
-
5:23 - 5:26Ter sido duro com os nazistas
foi uma coisa boa. -
5:27 - 5:32Mas esse é o tipo de história
em que caímos muito fácil e rapidamente. -
5:32 - 5:34Quando não sabemos por que algo aconteceu,
-
5:34 - 5:38culpamos as pessoas e dizemos:
"Precisamos ser duros com eles!" -
5:38 - 5:41Como se nunca tivesse
ocorrido a seu antecessor -
5:41 - 5:43a ideia de ser duro.
-
5:43 - 5:46Normalmente, vejo isso
como sinal de preguiça mental. -
5:46 - 5:49É uma história simples que contamos:
"Precisamos ser duros, -
5:49 - 5:52foi preciso sermos duros,
vamos ter de ser duros". -
5:52 - 5:55Normalmente, isso é um tipo de alerta.
-
5:56 - 5:58Outro tipo de problema com histórias
-
5:58 - 6:02é que conseguimos ter na cabeça
apenas algumas histórias por vez, -
6:02 - 6:05seja ao longo de um dia,
ou mesmo ao longo da vida. -
6:05 - 6:08Assim, nossas histórias acabam
servindo a propósitos demais. -
6:08 - 6:11Por exemplo, para conseguimos
sair da cama de manhã, -
6:11 - 6:13contamos a nós mesmos a história
-
6:13 - 6:17de que nosso emprego é importante,
de que o que fazemos é muito importante, -
6:17 - 6:18(Risos)
-
6:18 - 6:20e talvez seja,
-
6:21 - 6:25mas contamos a nós mesmos
essa história mesmo quando não é o caso. -
6:25 - 6:27E sabem de uma coisa? Ela funciona.
-
6:27 - 6:29Ela nos tira da cama.
-
6:29 - 6:31É um tipo de autoilusão,
-
6:31 - 6:34mas o problema é quando precisamos
mudar essa história. -
6:34 - 6:38A questão da história é que nos agarramos
a ela e não largamos, -
6:38 - 6:40e ela nos tira da cama.
-
6:40 - 6:43Assim, quando fazemos algo
que na verdade é uma perda de tempo, -
6:43 - 6:45no caos da nossa vida,
-
6:45 - 6:49estamos ligados demais à história
que nos tirou da cama -
6:49 - 6:53e, idealmente, tenho de ter algum mapa
bem complexo dessa história na cabeça, -
6:53 - 6:57com combinatórias e uma matriz
de computação, e coisas assim, -
6:57 - 6:59mas as histórias não funcionam assim.
-
6:59 - 7:01Para funcionarem,
elas precisam ser simples, -
7:01 - 7:05fáceis de serem entendidas,
contadas, lembradas. -
7:05 - 7:08Assim, histórias vão servir
a propósitos duais e conflitantes, -
7:08 - 7:11e comumente elas nos deixam perdidos.
-
7:11 - 7:13Eu achava que eu pertencia
ao campo dos economistas, -
7:13 - 7:18que era da turma do bem,
e que estava ligado a boas pessoas, -
7:18 - 7:21e estávamos lutando contra
as ideias da turma do mal. -
7:21 - 7:22Eu costumava pensar isso!
-
7:23 - 7:25E provavelmente estava errado!
-
7:25 - 7:27Talvez às vezes eu seja do bem,
-
7:27 - 7:31mas, em algumas questões, finalmente
percebi: "Ei, eu não fui do bem aqui". -
7:31 - 7:35Não tenho certeza se eu era do mal
no sentido de ter más intenções, -
7:35 - 7:38mas era muito difícil pra mim
sair impune com aquela história. -
7:40 - 7:44Uma coisa interessante
sobre tendências cognitivas -
7:44 - 7:46é que atualmente
elas são tema de muitos livros. -
7:46 - 7:51Há o "Nudge book",
o "Sway book", o "Blink book", -
7:51 - 7:53como livros de um título só,
-
7:53 - 7:56tudo sobre como metemos os pés pelas mãos.
-
7:56 - 7:57E há muitas maneiras,
-
7:57 - 8:01mas o interessante é
que nenhum desses livros identifica -
8:01 - 8:05o que penso ser a forma mais
importante como estragamos tudo, -
8:05 - 8:09que é o fato de contarmos
a nós mesmos histórias demais, -
8:09 - 8:11ou sermos facilmente
seduzidos pelas histórias. -
8:11 - 8:14Por que esses livros não falam disso?
-
8:14 - 8:17É porque eles próprios
são todos sobre histórias. -
8:17 - 8:21Quanto mais os lemos, mais aprendemos
sobre algumas de nossas tendências, -
8:21 - 8:25mas agravamos outras.
-
8:25 - 8:28Assim, os próprios livros são parte
de nossas tendências cognitivas. -
8:29 - 8:31É comum comprá-los
como um tipo de talismã: -
8:31 - 8:35"Comprei este livro. Não vou ser
'previsivelmente irracional'". -
8:35 - 8:38(Risos)
-
8:38 - 8:40É como se a gente quisesse ouvir o pior,
-
8:40 - 8:44para, psicologicamente, nos prepararmos
para ele ou nos defendermos dele. -
8:44 - 8:47É porque há um mercado para o pessimismo.
-
8:47 - 8:50Mas pensar que comprar
o livro nos leva a algum lugar -
8:50 - 8:52talvez seja a maior das falácias.
-
8:52 - 8:55Isso lembra a evidência que mostra
que as pessoas mais perigosas -
8:55 - 8:58são as que têm alguma formação financeira.
-
8:58 - 9:00São elas que saem por aí
cometendo os piores erros. -
9:00 - 9:03As pessoas que percebem
que não sabem coisa nenhuma -
9:03 - 9:05é que acabam se dando muito bem.
-
9:06 - 9:10Um terceiro problema é o fato de estranhos
usarem histórias para nos manipular, -
9:11 - 9:14e gostamos de achar que a propaganda
funciona só com os outros, -
9:14 - 9:18mas, claro, não é assim,
a propaganda funciona com todos nós. -
9:18 - 9:21Por isso, se formos
muito apegados a histórias, -
9:21 - 9:25as pessoas que vendem
produtos chegam junto -
9:25 - 9:27e vão embalar seu produto
com uma história. -
9:27 - 9:29E a gente: "Ei, história grátis!"
-
9:29 - 9:31E terminamos comprando o produto,
-
9:31 - 9:33pois o produto e a história andam juntos.
-
9:33 - 9:34(Risos)
-
9:34 - 9:37Se pensarmos como funciona o capitalismo,
existe uma tendência aí. -
9:37 - 9:40Vamos considerar dois tipos
de histórias sobre carros. -
9:40 - 9:43A história A é: "Compre este carro,
-
9:43 - 9:47e você vai ter parceiros lindos,
românticos e uma vida fascinante". -
9:47 - 9:49(Risos)
-
9:49 - 9:51Há muitas pessoas
-
9:51 - 9:53com incentivo financeiro
para promover essa história. -
9:53 - 9:55Mas digamos que a história
alternativa seja: -
9:56 - 10:00"Você na verdade não precisa de um carro
tão legal como sua renda possibilita. -
10:00 - 10:03Normalmente, o que fazemos é olhar
para os colegas e imitá-los. -
10:03 - 10:05Essa é uma boa heurística
para muitos problemas, -
10:05 - 10:08mas, quando se trata de carros,
simplesmente compre um Toyota". -
10:08 - 10:10(Risos)
-
10:10 - 10:12Talvez a Toyota tenha um incentivo aí,
-
10:12 - 10:15mas mesmo a Toyota está ganhando
mais dinheiro com carros de luxo, -
10:15 - 10:17e menos dinheiro com carros populares.
-
10:17 - 10:19Assim, se pensarem nas histórias
que vão acabar ouvindo, -
10:19 - 10:23são histórias glamorosas, sedutoras,
-
10:23 - 10:25e torno a avisar: não acreditem nelas.
-
10:25 - 10:29Há pessoas usando seu amor
pelas histórias para manipular vocês. -
10:30 - 10:31E parem um pouco e pensem:
-
10:31 - 10:35"Quais são as mensagens, ou as histórias
que ninguém tem incentivo para contar?" -
10:35 - 10:40Comecem contando a si mesmos essas, e aí
vejam se alguma de suas decisões mudou. -
10:40 - 10:42Esse é um jeito simples.
-
10:42 - 10:45Não podemos nunca sair do padrão
de pensar em termos de histórias, -
10:45 - 10:49mas podemos melhorar a extensão
na qual pensamos em histórias, -
10:49 - 10:51e tomar decisões melhores.
-
10:51 - 10:55Então, pensando nesta palestra,
obviamente estou imaginando: -
10:55 - 10:57o que vocês vão levar desta palestra?
-
10:57 - 11:01Que história vocês vão levar
de Tyler Cowen? -
11:01 - 11:05Uma história poderia ser a de busca.
-
11:05 - 11:07"Tyler era um homem numa busca.
-
11:07 - 11:13Tyler veio aqui e nos disse para não
pensarmos muito em termos de histórias". -
11:13 - 11:16Seria uma história que poderiam
contar sobre esta palestra. -
11:16 - 11:18(Risos)
-
11:18 - 11:20Esse seria um padrão bem conhecido.
-
11:20 - 11:23Dá para se lembrar dele,
poderiam contá-lo a outras pessoas: -
11:23 - 11:26"Veio um cara esquisito e disse:
'Não pensem em termos de histórias -
11:26 - 11:28Deixem-me contar o que aconteceu hoje!'"
-
11:28 - 11:29(Risos)
-
11:29 - 11:30E vocês contam a sua história.
-
11:30 - 11:32(Risos)
-
11:33 - 11:37Outra possibilidade é contarem
uma história de renascimento. -
11:38 - 11:42Poderiam dizer: "Eu costumava pensar
demais em termos de histórias, -
11:42 - 11:45(Risos)
-
11:45 - 11:47mas então eu ouvi Tyler Cowen
-
11:47 - 11:48(Risos)
-
11:48 - 11:51e agora penso menos
em termos de histórias!" -
11:51 - 11:54Essa também é uma narrativa
de que vão se lembrar, -
11:54 - 11:58que podem contar
a outras pessoas, e pode colar. -
11:58 - 12:03Também poderiam contar
uma história bem trágica. -
12:03 - 12:05"Chegou esse cara, Tyler Cowen,
-
12:05 - 12:06(Risos)
-
12:06 - 12:09e nos disse para não pensarmos
em termos de histórias, -
12:09 - 12:11mas tudo que ele fez
foi nos contar histórias -
12:11 - 12:12(Risos)
-
12:12 - 12:16sobre como outras pessoas pensam
demais em termos de histórias". -
12:16 - 12:18(Risos)
-
12:18 - 12:23Assim, hoje, qual tipo seria?
Busca, renascimento, tragédia? -
12:24 - 12:26Ou talvez alguma combinação dos três?
-
12:27 - 12:29Não tenho certeza,
e não estou aqui para pedir -
12:29 - 12:33para queimarem seu aparelho de DVD
e jogarem fora o seu Tolstói. -
12:34 - 12:38Pensar em termos de histórias
é fundamentalmente humano. -
12:38 - 12:43Em sua autobiografia, "Viver Para Contar",
Gabriel Garcia Marquez diz -
12:44 - 12:47que usamos a memória nas histórias
para dar sentido ao que fizemos, -
12:47 - 12:52dar significado a nossa vida,
estabelecer conexões com outras pessoas. -
12:52 - 12:56Nada disso vai embora,
deveria ir embora, ou pode ir embora. -
12:56 - 13:01Mas, novamente, como economista,
estou pensando na vida na margem, -
13:01 - 13:03a decisão extra.
-
13:03 - 13:07Deveríamos pensar mais
em termos de histórias, ou menos? -
13:07 - 13:11Quando ouvimos histórias,
devemos ficar com o pé atrás? -
13:11 - 13:14E de que tipo de história
devemos desconfiar? -
13:14 - 13:19Normalmente, das histórias
de que mais gostamos, -
13:19 - 13:22que achamos mais gratificantes,
mais inspiradoras, -
13:22 - 13:26das histórias que não focam
o custo de oportunidade -
13:26 - 13:30ou as consequências das ações
humanas complexas, imprevistas, -
13:30 - 13:34porque isso normalmente
não dá uma boa história. -
13:34 - 13:39Assim, normalmente uma história
é uma história de triunfo, de luta; -
13:39 - 13:43há forças opostas,
que são ou maléficas ou ignorantes; -
13:43 - 13:46há uma pessoa numa busca,
alguém fazendo uma viagem, -
13:46 - 13:49e um estranho chegando à cidade.
-
13:49 - 13:54E essas são suas categorias, mas não
fiquem satisfeitos demais com elas. -
13:55 - 13:57(Risos)
-
13:57 - 13:59Por isso, como alternativa,
-
14:00 - 14:03paralelamente, mas sem queimar Tolstói,
-
14:03 - 14:06apenas sejam um pouco mais caóticos.
-
14:07 - 14:11Se na realidade tivéssemos de viver
essas jornadas, buscas e lutas, -
14:11 - 14:13isso seria opressivo demais pra mim!
-
14:13 - 14:16Seria tipo: "Minha nossa,
não posso viver em paz -
14:16 - 14:20nesse caos e -- hesito em dizer
esta palavra -- glória ordinária, -
14:20 - 14:22mas que é divertido pra mim?"
-
14:22 - 14:24Tenho realmente de seguir
algum tipo de narrativa? -
14:24 - 14:26Não posso simplesmente viver?
-
14:26 - 14:29Então, sintam-se
mais confortáveis no caos. -
14:29 - 14:32Fiquem mais confortáveis com o ceticismo,
-
14:32 - 14:35e me refiro àquelas coisas
que nos fazem sentir bem. -
14:35 - 14:39É tão fácil escolher umas poucas áreas
para ser cético, e se sentir bem com isso, -
14:39 - 14:43tipo: "Sou cético
com a religião ou a política". -
14:43 - 14:47É um álibi para sermos mais
dogmáticos em outras áreas, certo? -
14:47 - 14:49(Risos)
-
14:49 - 14:53Às vezes, as pessoas mais confiáveis
intelectualmente são aquelas -
14:53 - 14:55que escolhem uma área,
e são totalmente dogmáticas nela, -
14:55 - 14:57tão irracionalmente obstinadas,
-
14:57 - 15:00que pensamos: "Como é possível
que acreditam nisso?" -
15:00 - 15:04Mas isso canaliza toda a teimosia delas
-
15:04 - 15:07e então, em outras coisas,
elas podem ter a mente bem berta. -
15:07 - 15:11Assim, não caiam na armadilha de pensar
que, por serem céticos em algumas coisas, -
15:11 - 15:16estão sendo razoáveis sobre a autoilusão,
suas histórias e sua mente aberta. -
15:16 - 15:18(Risos)
-
15:19 - 15:23Pensem nessa ideia de flutuar,
de flutuação epistemológica, -
15:23 - 15:26em caos e incompletude,
-
15:26 - 15:29e como nem tudo acaba num final feliz,
-
15:29 - 15:32e que vocês não estão numa jornada aqui.
-
15:32 - 15:35Vocês estão aqui por alguma
razão ou razões caóticas, -
15:35 - 15:39e talvez não saibam o que é,
e talvez eu não saiba o que é, -
15:39 - 15:43mas, de qualquer forma, estou feliz de ter
sido convidado e obrigado pela atenção. -
15:43 - 15:44(Risos)
-
15:44 - 15:45(Aplausos)
- Title:
- Desconfie das histórias simples
- Speaker:
- Tyler Cowen
- Description:
-
Como todos nós, o economista Tyler Cowen ama uma boa história. No entanto, nesta palestra instigante, ele nos pede para evitarmos pensar sobre nossa vida -- e nosso mundo caótico, complicado e irracional -- em termos de uma narrativa simples.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 15:57
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