Obrigado. A última palestra foi sobre tecnologia eletrônica e melhoria do cérebro. Minha palestra é sobre uma velha tecnologia para melhorar o cérebro; uma que todos conhecem e, claro amam, chamada de drogas. Mas já falo disso. Vou começar pelo cérebro porque é o elemento mais complexo e evoluído de todo universo. É o que trouxe você aqui hoje, e que o levará de volta para casa. O cérebro de um rato tem mais poder de processamento do que todos os computadores da Terra. E o seu cérebro é milhões de vezes mais poderoso. Mas, infelizmente, ele pode dar problema. Nos últimos anos, verificamos aumento dos problemas gerados por desordens no cérebro. O total de doenças do cérebro e seu custo para a sociedade é maior do que do câncer, de doenças cardiovasculares e diabetes juntas. Veja aqui no gráfico é equivalente a 800 bilhões de euros a cada ano. É como se pagássemos a dívida grega todos os anos apenas em doenças causadas por distúrbios cerebrais. Sabemos que o investimento nessas doenças não é suficiente. Podemos ver, no gráfico à esquerda, o círculo vermelho; "distúrbios cerebrais" estão muito fora do investimento previsto. É a maior doença, e o investimento é muito baixo. À direita do gráfico, podemos ver a razão para isso. Pode ver a taxa de desgaste para medicamentos que vai desde a descoberta até o desenvolvimento. Olhe o segundo cilindro ali. Dentre 200 medicamentos em desenvolvimento para Alzheimer, apenas um chega a clínica. É muito difícil de se tratar o cérebro. Por que o cérebro dá problema? Por fatores externos como: má nutrição, que ainda é um problema, maus-tratos físicos e psicológicos pelos pais e outras pessoas, toxinas, especialmente o álcool. Estas são imagens do meu estudo, mostrando, acima, um cérebro normal e abaixo um cérebro seriamente lesionado pelo álcool. Infecções como meningite e encefalite ainda são comuns, e traumatismo é um enorme problema que leva a danos prolongados ao cérebro principalmente em homens jovens. Existem aspectos internos do desenvolvimento cerebral que podem falhar, como o autismo. Você pode ter anomalias adquiridas, como a epilepsia e doenças relacionadas à idade, como a demência. Mas meu foco hoje é o limite que o próprio cérebro se impõe e como podemos expandir sua capacidade ou mudar seu limite. Seu cérebro é mais flexível quando você é um bebê. Algumas pessoas acreditam que todo o processo de educação tira essa flexibilidade e nos força a pensar e agir da mesma forma. É se conformar com os processos o que, claro, é útil, se você quer falar uma língua da mesma forma que os outros, mas pode não ser útil se limita a forma como podemos lidar com outros problemas. A restrição do cérebro em si mesmo também pode levar a problemas; se não há restrições o suficiente, você pode ter uma doença como TDAH ou esquizofrenia. Se você tem muitas limitações, pode acabar com doenças como TOC e vícios. A resiliência do cérebro também pode ser comprometida, o que levará a doenças como ansiedade e depressão. O foco da minha palestra é mostrar como podemos entender as limitações que o cérebro impõe à mente com uso de drogas. Essa pesquisa volta aos anos 50, para a experiência pessoal de Aldous Huxley, que usou peiote, LSD, drogas psicodélicas, para entender sua mente. Ele escreveu sobre isso no livro "As Portas da Percepção", e usou uma frase de Willian Blake para explicar como essas drogas mudaram seu cérebro. Ele disse: "Se as portas da percepção estão abertas, tudo parecerá ao homem como de fato é, infinito. O homem se fechou de tal maneira que só enxerga através de frestas em sua caverna". E Huxley percebeu que essas drogas tiram esse fenômeno que ele deduziu, que é: "O cérebro é um instrumento para focar a mente". A neurociência moderna mostrou que eles estavam certos. Porque, como sabemos o cérebro cria o que a mente pensa que está fazendo. Um exemplo. Você pode observar um glorioso pôr do sol, mas na verdade os raios entram em sua retina e se transformam em uma série de impulsos elétricos que seguem para partes do seu cérebro. Essas partes do cérebro reconstroem a imagem que elas pensam que você está vendo. E a imagem, segundo Blake, é vista através das limitações, das frestas da caverna que seu cérebro criou. Se você tem uma doença mental, como depressão ou algum vício, então o que você vê também é limitado por seu cérebro. Pessoas deprimidas não enxergam o brilho do céu. Elas o veem cinza. E claro, viciados quando veem através das frestas, só veem as drogas em que estão viciados. Drogas psicodélicas tiram essas limitações. Elas permitem que a mente seja mais flexível. Essa é nossa pesquisa, usando psilocibina do suco de cogumelo mágico. Essas duas imagens possuem o mesmo número de conexões. Mas, na imagem da esquerda, sob placebo, vemos que muitas das conexões estão nas bordas. O cérebro fala consigo mesmo de forma regional. Mas, sob psilocibina, há mais conversas cruzadas, há muito mais integração; partes que não se falaram desde o nascimento, se conectam. É assim que as pessoas adquirem novas descobertas e também podem superar algum dano ou disfunção. Outro estudo com LSD mostra a mesma coisa. À esquerda, vemos que normalmente o córtex visual trabalha localmente. Sob efeito de LSD, ao fechar os olhos, as pessoas enxergam imagens mais claras e vivas, porque o cérebro está bem mais conectado sob uso de LSD, do que o normal. Aqui vemos que o córtex visual, nesse estado, se conecta a toda aquela área do cérebro. Conseguimos utilizar essa parte liberada do cérebro, pelo uso de psicodélicos, para tratar a depressão. Em um estudo publicado ano passado, pegamos pessoas com depressão que usaram antidepressivos por duas vezes sem sucesso, e também fizeram psicoterapia sem sucesso. Receberam uma única dose de psilocibina, e, uma semana depois, todos se recuperaram de alguma forma, e metade entrou em remissão. A barra amarela mostra que a depressão desapareceu. E não é a primeira evidência de que psicodélicos têm uso terapêutico. Temos evidências do mundo todo de que psilocibina pode ser útil na dependência de álcool, de cigarros, em transtorno obsessivo-compulsivo, e, mais recentemente, dois grandes estudos mostraram que ela pode ajudar pessoas com a ansiedade e depressão que sempre acompanham o diagnóstico de uma doença terminal. Então temos enormes oportunidades para ajudar pessoas com doenças mentais. E não só drogas psicodélicas, mas outras drogas ilegais têm uso medicinal. Para não psicodélicos como MDMA, ecstasy, onde temos boas evidências no uso em estresse pós-traumático e alguns estudos sobre vício. E, claro, há a maconha onde temos uma gama de distúrbios, como dor, espasticidade, câncer, epilepsia, doenças inflamatórias e distúrbios do sono. Todos podem ser amenizados com uso de maconha. Então, porque não usamos essas drogas? Porque a WHL e a ONU dizem que são muito perigosas o que não é verdade. Posso dizer com certeza que não houve uma morte em nossos testes. Os governos mantêm essa mentira. E muitos de nós, espero que não você, temos a mente fechada. Não queremos acreditar que podem ter uso terapêutico. Então quero dizer a você, que você, se não todo mundo, deve aceitar o fato de que as drogas podem ser remédios importantes. Pelos milhões de pessoas que podem ser ajudadas, é hora de dizer que não deveria ter limite para a pesquisa terapêutica que é feita com essas drogas. Obrigado. (Aplausos)