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O ato radical de escolher um consenso

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    Em 1994, foi aprovada a Lei de Controlo
    dos Crimes Violentos e Aplicação da Lei
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    Provavelmente conhecem-na
    como a Lei do Crime.
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    Foi uma péssima lei.
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    Entrou em vigor numa época
    de encarceramento em massa
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    que permitia penas mínimas obrigatórias,
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    leis para reincidentes habituais.
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    o alargamento da pena de morte
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    — era horrível.
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    E foi aprovada
    com o apoio bipartidário.
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    Newt Gingrich, presidente
    da Câmara dos Representantes,
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    arquiteto da Revolução Republicana
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    assumiu a liderança.
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    Foi promulgada por Bill Clinton,
    o Presidente Democrata.
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    Nesse ano de 1994, eu estava
    no último ano do secundário
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    quando essa lei foi aprovada,
  • 0:37 - 0:39
    e, provavelmente, encontrar-me-iam
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    nas ruas a manifestar-me
    por uma série de causas
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    — pela Lei do Crime, inclusive.
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    É isso que torna este cenário
    ainda mais surpreendente.
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    Newt não estava no topo da minha lista
    de "Pessoa Favorita neste País".
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    Mas esta foto foi tirada em 2015.
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    Isto foi o início de um movimento
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    que iria aprovar aquilo a que chamamos
    Lei da Primeira Etapa.
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    O "New York Times" chamou-lhe
    a reforma mais significativa
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    da justiça criminal numa geração.
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    A Nisha, de 1994
    — uma ativista nas ruas —
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    pode ficar desapontada com esta foto.
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    Alguns de vocês também podem ficar.
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    Mas eu, hoje e aqui, não fico.
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    É sobre isso que vim falar hoje com vocês.
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    Isto é um consenso radical.
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    Eu não estou a falar
    daquele tipo de consensos
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    em que falamos de como
    amamos a primavera
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    ou de como os filhotes são super fofos.
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    E também não é
    um consenso comprometido.
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    É um consenso que é difícil.
  • 1:28 - 1:29
    Dói.
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    É o tipo de consenso em que
    vamos ser ridicularizados e julgados.
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    Mas é o tipo de consenso que pode
    assegurar a liberdade humana
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    Pode salvar vidas.
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    E é o tipo de consenso
    que eu nasci para encontrar
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    Está no meu ADN.
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    O meu pai nasceu
    durante a partição da Índia.
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    Após o movimento de independência
    da Índia, o país estava dividido
  • 1:55 - 1:57
    entre as pessoas que queriam
    manter a união do país
  • 1:57 - 2:00
    e as pessoas que queriam
    nações diferentes e independentes.
  • 2:00 - 2:02
    E quando a Inglaterra se foi embora,
  • 2:02 - 2:07
    eles decidiram desenhar uma linha,
    a partição, e fazer um novo país.
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    Isso iniciou a maior migração de massas
    forçada, na história da Humanidade
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    Quinze milhões de pessoas presas
    do lado errado dessa nova fronteira.
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    Dois milhões de pessoas mortas
    durante a partição.
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    O meu pai era o filho mais novo
    duma família hindu
  • 2:24 - 2:26
    no lado errado da fronteira.
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    Tal como as famílias de ambos
    os lados da fronteira
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    esconderam-se.
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    Contaram-me, quando eu era pequena,
    a história da minha família escondida.
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    Um dia, quando homens armados invadiram
    a casa onde eles estavam escondidos,
  • 2:41 - 2:44
    à procura de famílias,
    o meu pai começou a chorar.
  • 2:44 - 2:47
    A minha avó começou a embalá-lo.
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    E o meu avô, naquele momento,
  • 2:50 - 2:54
    decidiu que tinha de sacrificar o filho
    para salvar a família.
  • 2:55 - 2:57
    Mas, por sorte, naquela altura,
    ele deixou de chorar.
  • 2:57 - 3:00
    A minha avó embalou-o,
    e ele deixou de chorar.
  • 3:00 - 3:03
    Eu estou aqui hoje
    porque ele deixou de chorar.
  • 3:04 - 3:06
    Mas também estou aqui hoje,
  • 3:06 - 3:09
    por causa daquela família muçulmana
    que os escondera.
  • 3:09 - 3:13
    Eles também foram ameaçados
    na mira de uma arma
  • 3:13 - 3:17
    e um homem armado perguntou
    se eles estavam a esconder alguém.
  • 3:18 - 3:22
    Eles juraram pelo Corão
    que não havia ali ninguém.
  • 3:23 - 3:25
    Naquele momento,
    quando o país inteiro,
  • 3:25 - 3:27
    quando toda a gente na região,
  • 3:27 - 3:30
    odiavam as pessoas que tinham
    opiniões políticas diferentes,
  • 3:30 - 3:31
    diferentes religiões,
  • 3:31 - 3:33
    podiam matar pessoas
  • 3:33 - 3:35
    — era o que estava a acontecer —
  • 3:35 - 3:38
    eles juraram sobre o seu Livro Sagrado
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    escolheram a humanidade em comum
  • 3:41 - 3:44
    em vez de política
    naquele dia, e nós vivemos
  • 3:44 - 3:46
    e sobrevivemos.
  • 3:46 - 3:49
    Eu contei esta história porque
    as pessoas dizem-me muitas vezes
  • 3:49 - 3:52
    que a minha vocação para um consenso
    é uma posição fraca.
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    Mas eu pergunto: como é que a ação
    daquela família muçulmana foi fraca?
  • 3:58 - 4:01
    Por conta daquilo,
    o meu pai cresceu saudável na Índia
  • 4:01 - 4:02
    e imigrou para este país.
  • 4:02 - 4:05
    Eu nasci aqui no final dos anos 70.
  • 4:05 - 4:08
    Como a maioria das crianças
    da primeira geração,
  • 4:08 - 4:10
    nasci para criar pontes.
  • 4:10 - 4:13
    Eu era uma ponte entre
    o país antigo e o novo.
  • 4:13 - 4:15
    E à medida que cresci, foi o que eu fiz.
  • 4:15 - 4:19
    Eu era a miúda de cor, no Sul, Atlanta,
    a preto e branco, na Geórgia.
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    Por um lado, eu era
    a filha indiana perfeita
  • 4:21 - 4:22
    — só tirava notas altas,
  • 4:22 - 4:24
    era a capitã da equipa de debate —
  • 4:24 - 4:28
    mas, por outro lado, eu também
    era essa feminista radical,
  • 4:28 - 4:31
    ativista de "punk-rock",
    saía às escondidas de casa para concertos
  • 4:31 - 4:34
    e estava sempre a ser presa
    pelas causas.
  • 4:34 - 4:37
    Eu era uma mistura de muitas coisas.
  • 4:37 - 4:41
    Mas todas essas coisas viviam
    harmoniosamente em mim.
  • 4:41 - 4:43
    Construir pontes era uma coisa natural,
  • 4:43 - 4:46
    e penso que todos nós representamos
    uma mistura de várias coisas.
  • 4:46 - 4:50
    Acho que temos a capacidade
    de encontrar um consenso.
  • 4:50 - 4:53
    Mas não era assim que eu estava
    a viver a minha vida, minimamente.
  • 4:53 - 4:56
    Mudei-me para a área da Baía em 2001.
  • 4:56 - 4:58
    Para mim, foi um ponto de viragem.
  • 4:58 - 5:00
    Foi no começo da segunda guerra do Iraque
  • 5:00 - 5:02
    Eu estava a organizar com vários ativistas
  • 5:02 - 5:03
    — claro —
  • 5:03 - 5:06
    e estávamos a pensar que, provavelmente,
  • 5:06 - 5:08
    precisávamos de expandir
    um pouco o nosso círculo.
  • 5:08 - 5:11
    Não íamos acabar
    com a guerra de forma eficaz,
  • 5:11 - 5:12
    se fôssemos só nós.
  • 5:12 - 5:14
    Então, decidimos criar pontes,
  • 5:14 - 5:16
    alargar o nosso círculo.
  • 5:16 - 5:19
    Então, em 2001, nasceu
    o fantástico torneio de futebol
  • 5:19 - 5:21
    do anarquismo contra o comunismo.
  • 5:21 - 5:22
    (Risos)
  • 5:22 - 5:23
    É verdade.
  • 5:24 - 5:26
    Foi só até aí que o meu círculo
    pôde crescer.
  • 5:27 - 5:29
    Construir pontes
    com os Democratas liberais?
  • 5:29 - 5:32
    Oh, impossível,
    essa era uma ponte muito longe.
  • 5:32 - 5:33
    Com os eleitos locais?
  • 5:33 - 5:35
    Era uma ponte muito longe.
  • 5:36 - 5:38
    E isso foi em 2001.
  • 5:38 - 5:40
    Acho que vocês vão concordar comigo:
  • 5:40 - 5:42
    em 2020 as coisas ainda pioraram
  • 5:42 - 5:44
    — aquela divisão, aquele tribalismo?
  • 5:44 - 5:45
    Não nos vamos sentar para jantar
  • 5:45 - 5:47
    com pessoas que votaram
    diferente de nós.
  • 5:47 - 5:50
    Vemos um "tweet" maldoso
    do nosso melhor amigo,
  • 5:50 - 5:52
    um "tweet" que não se encaixa
    na nossa visão do mundo,
  • 5:53 - 5:54
    e, de súbito, eles são cancelados.
  • 5:54 - 5:57
    A pureza política do momento desapareceu.
  • 5:57 - 5:59
    Eu, às vezes, acordo
    e não sei o que vamos fazer.
  • 6:00 - 6:03
    As pessoas perguntam-me:
    "Como é que fazemos isso?"
  • 6:03 - 6:05
    Mas eu conheço o consenso.
  • 6:05 - 6:08
    Sinto que podemos criar essas pontes.
  • 6:08 - 6:10
    Mas não é uma tarefa fácil.
  • 6:10 - 6:12
    Eu tenho um conceito
    a que sempre volto,
  • 6:12 - 6:15
    um conceito que devia ser familiar
    para toda a gente
  • 6:15 - 6:17
    desde o começo da história da Humanidade.
  • 6:17 - 6:18
    É a ideia dos bens comuns.
  • 6:18 - 6:21
    Aquele local partilhado
    no centro da cidade,
  • 6:21 - 6:23
    a praça da cidade,
  • 6:23 - 6:25
    um lugar onde nos reunimos,
  • 6:25 - 6:27
    a nossa comunidade,
  • 6:27 - 6:29
    e podemos ouvir pessoas
    sobre caixotes de sabão
  • 6:29 - 6:31
    com ideias diferentes
    e podemos ser muito diferentes.
  • 6:31 - 6:33
    Mas reunimo-nos porque sabemos
  • 6:33 - 6:35
    que juntos somos mais fortes
    do que separados.
  • 6:35 - 6:37
    Hoje, quando penso nos bens comuns,
  • 6:37 - 6:40
    alargo isso para os recursos
    que partilhamos
  • 6:40 - 6:41
    como uma propriedade coletiva,
  • 6:41 - 6:43
    como o ar que respiramos.
  • 6:43 - 6:45
    Penso nas escolas, nos parques.
  • 6:46 - 6:49
    Penso nos conhecimentos
    que partilhamos.
  • 6:49 - 6:52
    Podemos partilhá-los
    nas bibliotecas ou na Internet.
  • 6:52 - 6:53
    Acho que a Internet é importante.
  • 6:53 - 6:55
    Nesta era digital,
  • 6:55 - 6:56
    esta Humanidade partilhada,
  • 6:56 - 6:59
    esta possibilidade de estarmos
    juntos nos espaços públicos
  • 6:59 - 7:01
    está ao nosso alcance.
  • 7:01 - 7:02
    Mas não estamos a usá-los dessa forma.
  • 7:03 - 7:04
    Não estamos a reunir-nos.
  • 7:04 - 7:08
    Para escolher esse caminho para
    os bens comuns e para estarmos juntos
  • 7:08 - 7:10
    também temos de escolher o amor.
  • 7:11 - 7:13
    Essa é a parte difícil.
  • 7:13 - 7:15
    mas eu sei que não podemos ir
    para a praça da cidade
  • 7:15 - 7:17
    cheios de ódio pela cidade.
  • 7:17 - 7:20
    Não conseguimos liderar pessoas
    que não amamos.
  • 7:20 - 7:23
    Não conseguimos liderar
    um país que não amamos.
  • 7:23 - 7:27
    E acho que não podemos
    mudar o mundo e dizer:
  • 7:27 - 7:29
    "Estou a mudar o mundo
    só para as pessoas como eu,
  • 7:29 - 7:31
    "para o meu círculo de amigos,
  • 7:31 - 7:33
    "e não para as pessoas que odeio".
  • 7:33 - 7:34
    Isso não funciona assim.
  • 7:34 - 7:36
    É uma péssima estratégia, não funciona.
  • 7:36 - 7:38
    mas é o que continuamos a fazer.
  • 7:38 - 7:40
    Eu vejo isso todos os dias.
  • 7:40 - 7:43
    Esses silos estão a ficar mais fortes.
  • 7:43 - 7:45
    E, como sabem,
  • 7:45 - 7:47
    no nosso cantinho na Internet,
  • 7:47 - 7:49
    como o Instagram ou o Twitter,
  • 7:49 - 7:51
    estamos numa câmara de eco
    a falar uns com os outros.
  • 7:52 - 7:53
    Eu posso estar muito confortável
  • 7:53 - 7:56
    nos meus consensos socialistas
    democráticos de Barkeley
  • 7:56 - 7:57
    a conversar com vocês.
  • 7:57 - 8:01
    O meu pai pode estar nos seus merecidos
    consensos de um imigrante Republicano,
  • 8:01 - 8:03
    eu posso assistir à MSNBC,
  • 8:03 - 8:05
    ele pode assistir à Fox News
  • 8:05 - 8:07
    e não vamos saber as mesmas coisas.
  • 8:08 - 8:09
    Não vamos ter o mesmo...
  • 8:09 - 8:12
    quero dizer, não vamos viver
    no mesmo mundo
  • 8:12 - 8:16
    Até podemos nunca mais nos conhecermos
    nem estarmos uns com os outros.
  • 8:16 - 8:19
    Eu não quero continuar nesse caminho.
  • 8:19 - 8:22
    Eu sei que podemos voltar
    a um caminho melhor.
  • 8:22 - 8:24
    Eu sei que podemos achar
    o nosso caminho até aos consensos.
  • 8:24 - 8:28
    Eu sei porque fui a primeira da fila,
    em primeira mão
  • 8:28 - 8:30
    a ter a capacidade de fazer isso
  • 8:30 - 8:31
    e fazer isso em grande escala.
  • 8:31 - 8:34
    Então, vou regressar
    à Lei da Primeira Etapa
  • 8:34 - 8:36
    e à reforma da justiça criminal.
  • 8:36 - 8:39
    Fui entrevistada para um emprego
    por Van Jones há cerca de sete anos.
  • 8:39 - 8:42
    Ele tem sido um mentor e meu chefe
  • 8:42 - 8:46
    e é uma inspiração enorme
    para esta palestra.
  • 8:46 - 8:50
    Contou-me que íamos aprovar uma reforma
    bipartidária da justiça criminal,
  • 8:50 - 8:54
    e eu ri-me porque pensei
    que era um paradoxo.
  • 8:54 - 8:56
    Eu andava nas ruas
  • 8:56 - 8:58
    — imaginem só —
  • 8:58 - 9:00
    na Convenção Nacional
    Republicana em 2000
  • 9:00 - 9:01
    em Filadélfia.
  • 9:01 - 9:04
    Estávamos a protestar contra
    o sistema de justiça criminal.
  • 9:04 - 9:07
    E não havia nenhum Republicano
    nas ruas a protestar connosco.
  • 9:07 - 9:09
    Lembrei-me da Lei do Crime.
  • 9:09 - 9:11
    Eu vivi durante a era dura do crime.
  • 9:11 - 9:12
    Não vi isso.
  • 9:12 - 9:14
    Mas ele viu e explicou-me aquilo.
  • 9:14 - 9:17
    Ele viu -me a mim e a pessoas
    como ele, na Esquerda,
  • 9:17 - 9:20
    que sempre consideraram
    uma questão de dignidade e justiça,
  • 9:20 - 9:23
    que este sistema
    era racista desde o início
  • 9:23 - 9:25
    discriminando as pessoas pobres
    e as pessoas de cor
  • 9:25 - 9:27
    e era uma questão de justiça e dignidade.
  • 9:27 - 9:29
    Então, lá estávamos nós.
  • 9:29 - 9:32
    Mas ele também viu algo diferente
    nos nossos colegas da Direita.
  • 9:32 - 9:36
    Os Conservadores fiscais tiveram
    um incentivo económico para fazê-lo:
  • 9:36 - 9:39
    viram um sistema que custava
    muito dinheiro aos contribuintes
  • 9:39 - 9:41
    e que estava a ter
    péssimos resultados
  • 9:41 - 9:43
    e não estava a tornar
    as comunidades mais seguras.
  • 9:43 - 9:45
    A Direita Libertária,
  • 9:45 - 9:47
    que acredita em menos governo,
  • 9:47 - 9:49
    viu um aumento do controlo do governo,
  • 9:50 - 9:52
    um alargamento do estado policial,
  • 9:52 - 9:54
    o encarceramento em massa
    era antiético para eles.
  • 9:54 - 9:56
    E a Direita religiosa:
  • 9:56 - 9:58
    segundas hipóteses
  • 9:58 - 9:59
    — redenção.
  • 10:00 - 10:02
    Estes eram os valores
    que eles valorizavam,
  • 10:02 - 10:06
    e o sistema de justiça criminal
    não os apresenta em lugar nenhum.
  • 10:06 - 10:09
    Então, era possível chegar a um consenso.
  • 10:09 - 10:11
    E foi nisso que nos empenhámos.
  • 10:11 - 10:14
    Sob a liderança de pessoas
    anteriormente encarceradas
  • 10:14 - 10:16
    que têm liderado isto desde sempre,
  • 10:16 - 10:18
    construímos uma aliança bipartidária
  • 10:18 - 10:20
    para aprovar a reforma
    da justiça criminal.
  • 10:20 - 10:24
    87 senadores votaram a favor
    da Lei da Primeira Etapa,
  • 10:24 - 10:27
    e sim, o Presidente Trump assinou-a.
  • 10:27 - 10:29
    E como nós conseguimos fazer isso,
  • 10:29 - 10:32
    como conseguimos olhar para aquela
    humanidade em comum,
  • 10:32 - 10:34
    superar a nossa aversão
    a trabalhar em conjunto,
  • 10:34 - 10:37
    foram beneficiadas 20 mil pessoas
    só no ano passado.
  • 10:37 - 10:40
    Foram 7000 lares
    que não teriam sido lares,
  • 10:40 - 10:45
    17 000 anos de liberdade humana
    recuperados só no ano passado.
  • 10:46 - 10:49
    (Aplausos)
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    Republicanos e Democratas
    neste ciclo eleitoral,
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    quase todos eles a candidatarem-se,
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    estão a candidatar-se em plataformas
    de reforma da justiça criminal.
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    Estão a tentar fazer reformas maiores,
    mais fortes e mais ousadas,
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    onde quer que estejam.
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    Isto era impossível na dura era do crime.
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    Mas eu também olho para isto.
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    Estas são as pessoas que voltam para casa.
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    No meu escritório, recebemos vídeos
    como este quase todos os dias.
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    Milhares de pessoas que voltam para casa.
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    Quando as pessoas me dizem
    que este consenso é uma posição fraca
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    ou que o meu amor pelas pessoas
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    ou a minha crença na nossa
    Humanidade comum é ingénua,
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    ou que, se eu trabalhar
    com pessoas diferentes,
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    estou, de certa forma,
    a tentar beneficiar-me,
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    eu apenas olho para isto:
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    olho para as pessoas e digo:
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    "Digam isso às pessoas
    que voltam para casa.
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    "Digam isso aos 2,2 milhões de pessoas
    que ainda estão atrás das grades."
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    O nosso desafio é tornar isso possível
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    através de uma série
    de outros problemas:
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    direitos humanos, imigração
    — as mais variadas coisas —
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    o serviço de saúde, a saúde mental.
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    Eu acho que é possível
    chegar a um consenso.
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    Mas não é fácil.
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    Se quisermos mudar em grande escala,
  • 11:57 - 11:59
    precisamos de grandes movimentos.
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    Os nossos círculos precisam de crescer.
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    E não é fácil ser de Esquerda
    e trabalhar com a Direita.
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    Eu recebo a minha quota-parte
    de cartas de ódio,
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    mas penso que é dessa abordagem
    radical que precisamos agora.
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    Esta é Jenny Kim.
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    É alguém que leva a sério
    a contratação de segunda hipótese.
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    Ela quer assegurar que os ex-encarcerados
    tenham hipóteses de trabalho
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    e que essas empresas sejam um lugar ótimo
    para essas pessoas trabalharem.
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    Ela também é a vice-conselheira geral
    das Indústrias Koch.
  • 12:24 - 12:26
    K-O-C-H, Koch.
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    Ela é uma organizadora fantástica,
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    tenho orgulho em trabalhar com ela
    neste problema.
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    Um problema que me preocupa muito,
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    e, provavelmente, a vocês também,
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    é o clima, que parece ser
    um fator de divisão.
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    Parece que não há consensos possíveis.
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    Eu acho que há.
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    O Departamento de Defesa de Trump
    divulgou este ano um relatório
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    que diz que todas as guerras futuras
    serão pelos recursos,
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    guerras pelo clima.
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    Então,eu quero encontrar
    uma parceria com os militares.
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    Eu já fui diretora nacional
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    — organizadora nacional
    da Liga de Resistentes à Guerra
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    a mais antiga organização
    pacifista do país.
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    Mas, se for possível um consenso,
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    eu formo uma parceria com eles.
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    Não é fácil.
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    A abordagem significa
    que temos de encontrar amor.
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    Temos de voltar àquela
    humanidade em comum
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    e àqueles consensos.
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    Mas eu conheço este amor
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    Não só nos ajuda
    no jantar de Ação de Graças.
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    É o tipo de amor que assegura a liberdade,
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    que muda o mundo.
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    Mas, para isso,
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    eu tenho de ser corajosa,
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    e quero que todos vocês sejam corajosos.
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    Tal como a família muçulmana
    foi corajosa
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    pela minha família hindu,
    há tantos anos.
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    Acho que conseguimos.
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    Mas é um pouco desconfortável.
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    Se vocês são quem eu acho que são
  • 13:39 - 13:42
    — alguém que se importa
    com a mudança e o progresso
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    e quer ver algo mudar no mundo —
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    provavelmente querem saber como
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    mas também estão um pouco
    desconfortáveis por eu estar aqui em cima
  • 13:49 - 13:52
    a celebrar estas fotos com Newt e Koch,
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    a falar sobre parcerias com os militares.
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    Eu quero que sintam estas coisas
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    Eu também as sinto.
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    Não entro nestas parcerias levianamente.
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    A minha trajetória
    de quem eu sou fez-me pensar
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    que isso nem sequer é possível,
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    mas eu sei que é.
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    Esse sentimento,
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    esse desconforto,
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    isso precedeu todos os grandes avanços
    na história da Humanidade.
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    É aquele sentimento
    que vem antes de um voo à Lua.
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    Eu quero que se sintam
    ainda mais desconfortáveis.
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    Quero que vocês pensem num problema
    que vos preocupa muito
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    — algo que vocês querem ver mudado
    numa escala nacional ou global.
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    Pensem em grande.
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    Como será a resolução?
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    Numa grande escala,
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    o que significará solucionar
    esse problema?
  • 14:40 - 14:43
    Conseguirão lá chegar
    só com o vosso círculo de amigos?
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    Sei que não conseguem.
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    O torneio de futebol anarco-comunista
  • 14:47 - 14:49
    não vai ajudar a trazer essa mudança.
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    Eu quero pensar em como podemos
    expandir o nosso círculo um pouco mais.
  • 14:53 - 14:55
    Onde encontraremos esse consenso?
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    Vocês conseguem pensar
    em quaisquer aliados improváveis?
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    Parceiros estranhos?
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    Indo mais longe,
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    quem está no vosso caminho?
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    Quem está a impedir-vos
    de achar esse consenso?
  • 15:08 - 15:10
    Há lugar para eles naquele círculo?
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    Eu acho que há.
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    Acho que temos de conseguir
    encontrar isso nesta escala
  • 15:15 - 15:19
    Isso significa que vamos ter
    de ser corajosos e incluir pessoas,
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    apegarmo-nos com força às nossas visões
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    sabermos que justiça e liberdade
    são tão importantes
  • 15:23 - 15:26
    que somos capazes de incluir mais pessoas,
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    amar as pessoas que talvez
    não retribuam esse amor.
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    E então eu te pergunto:
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    Quem é vosso Newt?
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    Quem é a vossa Koch?
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    Quem são os militares na vossa história?
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    Eu quero que vocês encontrem
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    que vocês escolham esse consenso
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    Obrigada.
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    (Aplausos)
Title:
O ato radical de escolher um consenso
Speaker:
Nisha Anand
Description:

Para conseguir uma mudança duradoura, às vezes é necessário a escolha difícil, até mesmo radical, de fazer parcerias com pessoas que menos esperaríamos. A defensora da reforma da justiça Nisha Anand partilha a sua história de trabalhar com o seu adversário ideológico para fazer história e salvar vidas — e pede a todos a ampliação dos nossos círculos a fim de progredirmos com um objetivo.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
12:59

Portuguese subtitles

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