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Rumores, confiança e vacinas

  • 0:02 - 0:03
    Eu estudo rumores.
  • 0:04 - 0:05
    Não fofoca,
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    ou o tipo de rumores que estão fazendo
    com que o mercado de ações caia,
  • 0:09 - 0:10
    ou suba,
  • 0:10 - 0:13
    mas o tipo de rumor que afeta a sua saúde
  • 0:13 - 0:15
    e a saúde mundial.
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    Rumores como: comer muito alho
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    ou beber muita água
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    ajuda a nos proteger contra o coronavírus.
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    Quem dera!
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    Rumores têm uma má reputação.
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    Eles são vistos como não reais,
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    errados,
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    ou "somente um rumor".
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    Mas venho estudando rumores há anos,
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    e uma coisa que pude perceber
    é que todos eles têm uma história,
  • 0:39 - 0:42
    e geralmente uma história importante.
  • 0:42 - 0:48
    Um dos rumores mais comoventes,
    ou alarmantes que eu investiguei
  • 0:48 - 0:51
    foi no norte da Nigéria.
  • 0:51 - 0:54
    Eu estava trabalhando com o programa
    de imunização global da UNICEF.
  • 0:55 - 0:59
    E não foram os rumores em si
    que achei alarmante:
  • 0:59 - 1:02
    e sim seu impacto global no mundo.
  • 1:03 - 1:05
    O rumor era sobre a suspeita
  • 1:05 - 1:09
    de que a vacina para a pólio
    era na realidade um contraceptivo
  • 1:09 - 1:12
    para controlar o crescimento populacional.
  • 1:12 - 1:15
    Ou talvez para causar AIDS.
  • 1:16 - 1:20
    Não, não, talvez seja a CIA
    os espionando, ou talvez os contando.
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    Qual seria o outro motivo para eles
    continuarem batendo nas portas
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    oferecendo a mesma vacina várias vezes?
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    Quando crianças estavam
    morrendo de sarampo,
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    não havia ninguém oferecendo
    a vacina contra o sarampo.
  • 1:38 - 1:41
    O que estava em questão não se tratava
    sobre acertar os fatos.
  • 1:41 - 1:43
    Era sobre confiança,
  • 1:43 - 1:45
    sobre a quebra da confiança.
  • 1:45 - 1:47
    Por que tanta desconfiança?
  • 1:48 - 1:52
    Na verdade, não eram as mães
    que tinham essa desconfiança.
  • 1:52 - 1:54
    Eram os líderes locais,
  • 1:54 - 1:55
    os líderes religiosos,
  • 1:55 - 1:57
    os líderes políticos locais.
  • 1:57 - 2:00
    Foi o governador do estado de Kano
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    que decidiu boicotar
  • 2:02 - 2:07
    o esforço para erradicar
    o pólio do estado...
  • 2:07 - 2:09
    por 11 meses.
  • 2:10 - 2:12
    Por que essa desconfiança?
  • 2:12 - 2:15
    Bem, o ano era 2003.
  • 2:15 - 2:18
    Dois anos após o atentado
    de 11 de setembro.
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    E eles estavam certos de que o Ocidente,
  • 2:22 - 2:24
    e particularmente os Estados Unidos,
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    estavam em guerra contra os muçulmanos.
  • 2:26 - 2:28
    E eles sabiam que o Ocidente,
  • 2:28 - 2:31
    e particularmente os Estados Unidos,
  • 2:31 - 2:32
    era um grande apoiador
  • 2:32 - 2:34
    e financiador
  • 2:34 - 2:37
    da iniciativa de erradicação
    global do pólio.
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    Eles tinham seus motivos.
  • 2:40 - 2:43
    A falta de confiança,
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    aquele "apenas um ou dois rumores"
  • 2:46 - 2:52
    custou ao programa de erradicação
    do pólio US$ 500 milhões
  • 2:52 - 2:54
    para correr atrás,
  • 2:54 - 2:58
    para recuperar o progresso perdido
    naqueles 11 meses
  • 2:58 - 2:59
    e além.
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    A cepa nigeriana do pólio
    viajou por mais de 20 países,
  • 3:06 - 3:08
    para lugares tão distantes
    quanto a Indonésia.
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    O preço de um rumor.
  • 3:12 - 3:16
    Esse episódio na Nigéria
    foi um dos muitos que investiguei
  • 3:16 - 3:17
    quando eu estava na UNICEF
  • 3:17 - 3:22
    e fui nomeada "diretora
    do corpo de bombeiros da UNICEF".
  • 3:23 - 3:24
    (Risos)
  • 3:24 - 3:28
    Naquele momento percebi
    que nunca tive tempo suficiente.
  • 3:28 - 3:31
    Eu estava muito ocupada apagando
    incêndios, e não tinha tempo suficiente
  • 3:31 - 3:33
    para entender o que estava causando
  • 3:33 - 3:36
    não só os episódios individuais,
  • 3:36 - 3:41
    mas porque existia uma epidemia
    disso ao redor do mundo.
  • 3:41 - 3:45
    Deixei a UNICEF e voltei para a pesquisa,
  • 3:45 - 3:47
    pesquisa aplicada.
  • 3:47 - 3:54
    Em 2010, criei o Vaccine Confidence
    Project, projeto confiança na vacina.
  • 3:54 - 3:58
    na London School of Hygiene
    and Tropical Medicine.
  • 3:58 - 4:01
    Convoquei antropólogos, epidemiologistas,
  • 4:01 - 4:03
    psicólogos,
  • 4:03 - 4:06
    especialistas em mídia digital
  • 4:06 - 4:08
    e modeladores matemáticos.
  • 4:08 - 4:11
    E nós nos propusemos a tarefa
  • 4:11 - 4:15
    de investigar episódios
    históricos de rumores
  • 4:15 - 4:17
    e seus impactos,
  • 4:17 - 4:21
    para tentar entender quais foram
    seus primeiros sinais de surgimento,
  • 4:21 - 4:23
    quais foram os fatores amplificadores
  • 4:23 - 4:25
    e os impactos,
  • 4:25 - 4:26
    como eles ganharam força,
  • 4:26 - 4:30
    para que pudéssemos entender
    com o que precisamos tomar cuidado,
  • 4:30 - 4:32
    como podemos ajudar os governos
  • 4:32 - 4:37
    e programas de imunização
    a serem mais alertas e responsivos
  • 4:37 - 4:40
    aos primeiros sinais de problemas.
  • 4:40 - 4:43
    Era um sistema de alerta precoce.
  • 4:43 - 4:47
    Em 2015, nós criamos
    o índice de confiança das vacinas.
  • 4:47 - 4:53
    É um levantamento que tenta entender
    o quanto as pessoas
  • 4:53 - 4:57
    são a favor ou contra as vacinas,
  • 4:57 - 4:59
    que as vacinas são seguras, efetivas,
  • 4:59 - 5:00
    elas funcionam,
  • 5:00 - 5:04
    e se elas são compatíveis
    com as crenças religiosas das pessoas.
  • 5:04 - 5:08
    Nós já entrevistamos centenas
    de milhares de pessoas no mundo todo,
  • 5:08 - 5:14
    tentando achar a "veia" da confiança,
  • 5:14 - 5:20
    mas também, e ainda mais importante,
    quando essa confiança aumenta, ou diminui
  • 5:20 - 5:23
    porque queremos mapear
    quando ela começa a cair,
  • 5:23 - 5:26
    Essa é a hora de começar a agir,
  • 5:26 - 5:30
    para chegarmos no local antes
    que uma crise aconteça, como na Nigéria.
  • 5:32 - 5:37
    Também monitoramos as redes sociais,
    24 horas por dia em todo o mundo,
  • 5:37 - 5:38
    em vários idiomas,
  • 5:38 - 5:43
    para escutarmos o que está rolando
    nas conversas sobre vacinas,
  • 5:43 - 5:47
    tentando identificar preocupações
    ou mudanças de posição sobre ela,
  • 5:47 - 5:49
    em que deveríamos prestar atenção.
  • 5:49 - 5:54
    Nós criamos um eco sistema
    de diferentes tipos de informação
  • 5:54 - 5:56
    para tentarmos entender:
  • 5:56 - 6:00
    qual é a opinião pública,
    e como podemos interferir?
  • 6:00 - 6:02
    Procuramos por sinais precoces.
  • 6:02 - 6:03
    Quando achamos algum,
  • 6:03 - 6:07
    temos uma rede global
    de colaboradores em diversos países
  • 6:07 - 6:10
    que têm mais inteligência
    local naquela área,
  • 6:10 - 6:11
    para tentar entender
  • 6:12 - 6:14
    se aquele era sinal de uma desinformação,
  • 6:14 - 6:17
    ou se existia algo ali
    em que precisaríamos prestar atenção.
  • 6:17 - 6:19
    Em Londres, nós podemos
    enxergar o quadro inteiro.
  • 6:19 - 6:24
    Observamos os milhares de rumores
    viajar, não somente no local de origem
  • 6:24 - 6:25
    mas de um país para outro.
  • 6:25 - 6:29
    Observamos os rumores
    pularem do Japão para a Colômbia,
  • 6:29 - 6:31
    através da Europa.
  • 6:31 - 6:32
    Eles se movem.
  • 6:32 - 6:36
    Vivemos em um ambiente hiperconectado.
  • 6:36 - 6:39
    Uma das coisas que achamos fascinante,
  • 6:39 - 6:41
    e aprendemos muito nos últimos dez anos,
  • 6:41 - 6:44
    este é o nosso aniversário de dez anos,
  • 6:44 - 6:47
    afinal os rumores
    não são uma coisa recente,
  • 6:47 - 6:48
    e uma das coisas que aprendemos
  • 6:48 - 6:51
    no nosso monitoramento global
  • 6:51 - 6:55
    foi que a Europa
    é o local mais cético do mundo.
  • 6:55 - 6:57
    Na verdade, a França ganhou o prêmio.
  • 6:58 - 6:59
    (Risos)
  • 6:59 - 7:00
    De longe.
  • 7:00 - 7:04
    Alguns desses rumores viajaram
    para outras partes do mundo.
  • 7:05 - 7:07
    Mas estamos tentando entender a Europa.
  • 7:07 - 7:09
    Hmm. Por que a Europa?
  • 7:09 - 7:11
    Achei que os EUA fosse, na verdade,
  • 7:11 - 7:13
    os mais céticos,
  • 7:13 - 7:15
    mas eu estava errada.
  • 7:15 - 7:18
    E um cientista político,
    um colega com quem trabalhamos,
  • 7:18 - 7:20
    Jon Kennedy,
  • 7:20 - 7:24
    coletou os dados de 28 países Europeus,
  • 7:24 - 7:26
    os observou
  • 7:26 - 7:28
    e os correlacionou com as sondagens
    de opiniões políticas.
  • 7:29 - 7:31
    E o que ele descobriu?
  • 7:31 - 7:37
    Que pessoas com maior probabilidade
    de votar em um partido populista
  • 7:37 - 7:41
    também eram as com maior probabilidade
    de discordar veementemente
  • 7:41 - 7:44
    de que as vacinas são importantes,
    seguras ou eficientes.
  • 7:44 - 7:46
    O que nós aprendemos?
  • 7:46 - 7:51
    As vacinas não conseguem escapar
    das turbulências sociais e políticas
  • 7:51 - 7:53
    que as cercam.
  • 7:53 - 7:58
    Os cientistas não estavam preparados
    para esse tsunami de dúvidas,
  • 7:58 - 8:01
    questionamentos e falta de confiança.
  • 8:01 - 8:06
    Por que as vacinas sofrem
    tanta resistência?
  • 8:06 - 8:08
    Bem, nós identificamos alguns fatores,
  • 8:08 - 8:09
    mas em especial:
  • 8:09 - 8:12
    elas são altamente mediadas pelos governos
  • 8:12 - 8:18
    que exige, regula, e algumas vezes
    recomenda vacinas,
  • 8:18 - 8:21
    ou às vezes recomenda e às vezes exige.
  • 8:22 - 8:24
    Grandes companhias produzem as vacinas,
  • 8:24 - 8:28
    e nenhum desses dois,
    governos ou grandes empresas,
  • 8:28 - 8:31
    estão com muita credibilidade
    nos dias de hoje.
  • 8:31 - 8:35
    E também existem os cientistas
    que descobrem e criam vacinas.
  • 8:35 - 8:37
    E eles são da elite
  • 8:37 - 8:39
    não acessível para população em geral,
  • 8:39 - 8:42
    pelo menos a linguagem falada por eles.
  • 8:42 - 8:46
    Em terceiro, vivemos
    em um mundo hiperconectado,
  • 8:46 - 8:48
    ainda mais com as mídias
    sociais hoje em dia,
  • 8:48 - 8:51
    e as pessoas podem publicar
    suas opiniões sem restrições,
  • 8:51 - 8:55
    preocupações, ansiedades e cuidados.
  • 8:55 - 8:59
    E acham pessoas que compartilham
    das suas ideias
  • 8:59 - 9:05
    e pensam que talvez as suas preocupações
    sejam dignas de atenção.
  • 9:05 - 9:06
    E, por último,
  • 9:06 - 9:11
    as vacinas tocam
    todas as pessoas no planeta.
  • 9:11 - 9:13
    Qual outra intervenção médica,
  • 9:13 - 9:16
    além da água,
  • 9:16 - 9:19
    toca todas as vidas do planeta?
  • 9:19 - 9:22
    Então, se você está procurando
    por algo para atrapalhar,
  • 9:22 - 9:24
    é o palco perfeito.
  • 9:25 - 9:29
    talvez seja por isso que precisemos
    prestar mais atenção
  • 9:29 - 9:33
    e reconstruir nossa confiança
    nessas questões.
  • 9:33 - 9:36
    As pessoas estão fazendo
    todo o tipo de perguntas.
  • 9:36 - 9:38
    Elas perguntam:
  • 9:38 - 9:40
    "Por que as vacinas...",
  • 9:40 - 9:44
    e esses são os tipos de coisas
    que ouvimos em nossas redes sociais:
  • 9:44 - 9:50
    "Por que meu filho não pode ter
    um cronograma de vacinação personalizado?"
  • 9:50 - 9:53
    "Qual é o motivo de tantas vacinas?"
  • 9:54 - 9:58
    "E todos aqueles ingredientes
    e conservantes?"
  • 9:58 - 10:00
    Estas pessoas não são loucas,
  • 10:00 - 10:02
    ou ignorantes;
  • 10:02 - 10:04
    são, na realidade, mães preocupadas.
  • 10:05 - 10:10
    Mas algumas delas já vieram me dizer:
    "Nós nos sentimos ignoradas,
  • 10:10 - 10:14
    nos sentimos julgadas
    se fizermos perguntas,
  • 10:14 - 10:15
    e até demonizadas
  • 10:15 - 10:19
    como se fizéssemos
    parte de um grupo antivacina".
  • 10:20 - 10:23
    Nós temos que ouvir.
  • 10:23 - 10:25
    E talvez seja por isso que, no último ano,
  • 10:25 - 10:27
    uma pesquisa descobriu
  • 10:27 - 10:31
    que em 6 meses em 2019,
  • 10:33 - 10:35
    on-line,
  • 10:35 - 10:36
    com milhares de pessoas,
  • 10:36 - 10:40
    100 milhões de diferentes usuários
    nas redes sociais,
  • 10:40 - 10:46
    apesar de o número de pessoas
    nos grupos on-line que se expressaram
  • 10:46 - 10:47
    de forma positiva,
  • 10:47 - 10:49
    como grupos,
  • 10:49 - 10:51
    os que foram mais negativos
  • 10:51 - 10:55
    estavam buscando as conversas nos meios
  • 10:55 - 11:00
    que estavam indecisos
    sobre vacinar ou não seus filhos.
  • 11:00 - 11:01
    Os mais negativos,
  • 11:01 - 11:04
    que chamamos de grupos antivacina,
  • 11:04 - 11:06
    estavam recrutando os indecisos
  • 11:06 - 11:11
    500 vezes mais rápido
  • 11:11 - 11:14
    que os grupos pró-vacina,
  • 11:14 - 11:17
    500 vezes mais rápido.
  • 11:17 - 11:19
    Eles foram mais ágeis, mais responsivos
  • 11:19 - 11:21
    e estavam ouvindo.
  • 11:21 - 11:24
    A maioria das pessoas
    acreditam que vacinas são boas
  • 11:24 - 11:26
    e acreditam na sua importância.
  • 11:26 - 11:29
    Mas essa crença está sob ataque.
  • 11:29 - 11:34
    Nós precisamos criar
    mais oportunidades para conversas.
  • 11:34 - 11:36
    E existem meios para fazermos isso.
  • 11:36 - 11:40
    Não é fácil para profissionais
    de saúde terem conversas
  • 11:40 - 11:42
    em que sua autoridade é questionada.
  • 11:42 - 11:44
    É desconfortável.
  • 11:44 - 11:48
    E eles estão muito ocupados
    para ouvir todas essas perguntas.
  • 11:48 - 11:50
    Mas nós precisamos fazer
    algo a respeito disso,
  • 11:50 - 11:54
    porque nós estamos perdendo
    muitos pais preocupados
  • 11:54 - 11:57
    que só querem uma conversa.
  • 11:57 - 12:02
    Nós devíamos ter voluntários treinados
    para sentar em salas de espera,
  • 12:02 - 12:04
    ter linhas diretas,
  • 12:04 - 12:06
    ter fóruns on-line,
  • 12:06 - 12:08
    bate-papo on-line.
  • 12:08 - 12:11
    Com as crianças mais novas na escola,
  • 12:11 - 12:14
    ensinar a elas sobre o sistema imunológico
  • 12:14 - 12:18
    e ensinar a elas que: "Sabe aquela vacina
    que seu irmão mais novo tomou?
  • 12:18 - 12:23
    Bem, ela foi só para inspirar
    o seu sistema imunológico.
  • 12:23 - 12:26
    Isso é muito bom, e isso porque...".
  • 12:27 - 12:29
    Precisamos criar essa confiança;
  • 12:29 - 12:31
    precisamos ouvir.
  • 12:32 - 12:35
    Apesar de todos esses questionamentos,
  • 12:35 - 12:37
    e há muitos,
  • 12:37 - 12:40
    eu provavelmente ouço
    mais que a maioria das pessoas,
  • 12:41 - 12:42
    sou otimista.
  • 12:42 - 12:47
    E o meu otimismo é
    com a geração mais nova.
  • 12:47 - 12:53
    A geração mais nova que na realidade
    está cada vez mais atenta
  • 12:53 - 12:55
    aos riscos nas mídias sociais,
  • 12:55 - 12:57
    notícias falsas,
  • 12:57 - 12:58
    identidades falsas,
  • 13:00 - 13:03
    e estão começando a adotar a ciência.
  • 13:03 - 13:08
    E alguns deles são de um grupo
    cujas mães se recusaram a vaciná-los.
  • 13:10 - 13:13
    No primeiro semestre de 2019,
  • 13:13 - 13:17
    um jovem de 18 anos, Ethan Linderberger,
  • 13:17 - 13:20
    foi ao Reddit e postou:
  • 13:22 - 13:25
    "A minha mãe não acredita em vacinas,
  • 13:25 - 13:27
    ela se preocupa que elas
    possam causar autismo.
  • 13:27 - 13:30
    Na realidade ela acredita
    fortemente nisso.
  • 13:30 - 13:32
    Mas eu tenho 18 anos.
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    Estou no meu último ano do colégio,
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    posso dirigir, votar
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    e posso me vacinar.
  • 13:39 - 13:41
    Alguém pode me dizer
    onde posso me vacinar?"
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    Aquela postagem viralizou.
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    Começou um grande movimento de jovens.
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    Eu vi o Ethan falando em uma conferência,
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    Global Vaccine Summit,
    na União Europeia, no segundo semestre.
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    Ele falou eloquentemente,
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    E eu fiquei impressionada.
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    Na frente de milhares de pessoas,
  • 14:03 - 14:05
    ele contou a sua história de vida,
  • 14:05 - 14:06
    e então falou para todos.
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    Ele disse: "Muitas pessoas
    falam sobre desinformação,
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    mas quero falar para vocês
    sobre uma desinformação diferente,
  • 14:14 - 14:19
    e essa desinformação fala
    que pessoas como a minha mãe,
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    que é uma mãe muito carinhosa,
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    são pessoas más
    porque não vacinam os filhos
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    Bem, eu queria dizer a todos vocês
    que ela não me vacinou,
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    porque ela me ama,
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    e porque ela acreditou
    que essa era a coisa certa a se fazer.
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    Eu penso diferente
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    e nunca vou conseguir
    fazê-la mudar de ideia,
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    mas ela não é uma pessoa ruim".
  • 14:45 - 14:48
    Essa foi a mensagem de um adolescente.
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    Empatia, gentileza e compreensão.
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    Temos informação científica em abundância
  • 14:57 - 14:59
    para desbancar falsos rumores.
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    Esse não é o nosso problema.
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    Temos um problema no relacionamento,
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    não um problema de desinformação.
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    A desinformação é um sintoma,
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    não a causa.
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    Se as pessoas confiassem,
  • 15:13 - 15:17
    elas assumiriam um pequeno risco
    para evitar um grande risco.
  • 15:17 - 15:21
    A única coisa que quero e desejo
  • 15:21 - 15:25
    é que nós, como comunidade médica,
  • 15:25 - 15:29
    tenhamos a coragem moral e humildade
  • 15:29 - 15:31
    para nos engajar produtivamente,
  • 15:31 - 15:33
    assim como o Ethan,
  • 15:33 - 15:36
    com aqueles que discordam de nós.
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    Assim espero.
  • 15:37 - 15:38
    Muito obrigada!
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    (Aplausos)
Title:
Rumores, confiança e vacinas
Speaker:
Heidi Larson
Description:

Por que as pessoas não confiam nas vacinas? A antropóloga Heidi Larson explora como rumores médicos nascem, se espalham e alimentam a resistência contra vacinas ao redor do mundo. Enquanto as vacinas não conseguem escapar da "turbulência social e política" que as cercam, segundo ela, o primeiro passo para deter a propagação de doenças é simplesmente conversar com as pessoas, ouvi-las e ganhar a confiança delas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:54

Portuguese, Brazilian subtitles

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