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Uma poderosa maneira de libertar a vossa criatividade natural

  • 0:02 - 0:06
    "Fazer duas coisas ao mesmo tempo
    é não fazer nenhuma delas".
  • 0:06 - 0:09
    É uma grande derrota
    para as multitarefas, não é?
  • 0:09 - 0:12
    frequentemente atribuída
    ao escritor romano Públio Siro,
  • 0:12 - 0:16
    mas, como sabemos,
    ele provavelmente nunca disse isso.
  • 0:17 - 0:20
    O que me interessa, porém,
    é se será verdade.
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    Quer dizer, é obviamente verdade
    para enviar um "e-mail" à mesa de jantar
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    ou mandar um SMS a conduzir
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    ou, talvez, enviar um "tweet"
    ao vivo numa palestra TED.
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    Mas eu gostaria de dizer que,
    para um tipo importante de atividade,
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    fazer duas coisas ao mesmo tempo
    — ou três, ou até quatro —
  • 0:37 - 0:40
    é exatamente o que devíamos fazer.
  • 0:40 - 0:43
    Reparem em Albert Einstein.
  • 0:43 - 0:47
    Em 1905, ele publicou
    quatro artigos científicos notáveis.
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    Um deles sobre o movimento browniano,
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    que fornecia provas empíricas
    da existência de átomos
  • 0:52 - 0:56
    e estabeleceu a base para a matemática
    básica por trás da economia financeira.
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    Um outro foi sobre a teoria
    da relatividade especial.
  • 0:59 - 1:02
    Outro sobre o efeito fotoelétrico,
  • 1:02 - 1:05
    a forma como funcionam
    os painéis solares, é muito útil.
  • 1:05 - 1:07
    Recebeu o prémio Nobel por este.
  • 1:08 - 1:11
    E o quarto introduziu uma equação
    de que talvez já tenham ouvido falar:
  • 1:11 - 1:13
    E igual a mc ao quadrado.
  • 1:13 - 1:16
    Então, digam-me de novo
    porque é que não devemos fazer
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    várias coisas ao mesmo tempo.
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    Obviamente, trabalhar simultaneamente
  • 1:20 - 1:24
    em movimentos brownianos,
    em relatividade e no efeito fotoelétrico
  • 1:24 - 1:26
    não é exatamente
    o mesmo tipo de multitarefas
  • 1:26 - 1:29
    que usar o Snapchat enquanto
    assistimos a "Westworld".
  • 1:29 - 1:31
    É muito diferente.
  • 1:31 - 1:34
    E Einstein, bem, Einstein... é Einstein,
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    não há igual, ele é único.
  • 1:37 - 1:40
    Mas o padrão de comportamento
    que Einstein demonstrou,
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    não é único.
  • 1:43 - 1:46
    É muito comum entre pessoas
    altamente criativas,
  • 1:46 - 1:48
    tanto artistas como cientistas,
  • 1:49 - 1:50
    e eu gostaria de lhe dar um nome:
  • 1:50 - 1:54
    multitarefas em câmara lenta.
  • 1:54 - 1:59
    Multitarefas em câmara lenta
    parece ser uma ideia contraintuitiva.
  • 1:59 - 2:00
    O que estou a descrever aqui
  • 2:00 - 2:04
    é termos vários projetos
    em andamento ao mesmo tempo,
  • 2:04 - 2:08
    e navegarmos entre tópicos
    conforme nos apetecer
  • 2:08 - 2:11
    ou conforme a situação exigir.
  • 2:11 - 2:13
    Mas parece contraintuitivo
  • 2:13 - 2:17
    porque estamos acostumados
    a cair nas multitarefas por desespero.
  • 2:17 - 2:20
    Estamos com pressa,
    queremos fazer tudo ao mesmo tempo.
  • 2:21 - 2:25
    Se estivéssemos dispostos
    a abrandar as multitarefas,
  • 2:25 - 2:29
    talvez descobríssemos
    que isto funciona brilhantemente.
  • 2:30 - 2:34
    Há 60 anos, uma jovem psicóloga
    chamada Bernice Eiduson
  • 2:34 - 2:36
    começou um longo projeto de pesquisa
  • 2:36 - 2:40
    sobre as personalidades
    e os hábitos de trabalho
  • 2:40 - 2:42
    de 40 cientistas relevantes.
  • 2:42 - 2:44
    Einstein já tinha morrido
  • 2:44 - 2:47
    mas quatro dos estudados
    eram laureados com o Prémio Nobel,
  • 2:47 - 2:50
    incluindo Linus Pauling
    e Richard Feynman.
  • 2:51 - 2:53
    A investigação continuou durante décadas.
  • 2:53 - 2:56
    Na verdade, continuou até depois
    de a professora Eiduson morrer.
  • 2:56 - 2:59
    Uma das questões a que ela respondeu foi:
  • 3:00 - 3:05
    "Porque é que alguns cientistas conseguem
    continuar a produzir trabalhos importantes
  • 3:06 - 3:08
    "ao longo da sua vida?"
  • 3:08 - 3:10
    O que é que essas pessoas têm?
  • 3:10 - 3:13
    É a personalidade, as capacidades,
  • 3:13 - 3:16
    as suas rotinas diárias, o que é?
  • 3:16 - 3:22
    Um padrão que surgiu era claro,
    e eu acho que surpreendente para alguns.
  • 3:23 - 3:27
    Os melhores cientistas estavam sempre
    a mudar de tema.
  • 3:27 - 3:30
    Trocavam de tópico, repetidamente,
  • 3:30 - 3:34
    durante os 100 primeiros
    artigos de pesquisa publicados.
  • 3:34 - 3:36
    Querem saber com que frequência?
  • 3:37 - 3:38
    Três vezes?
  • 3:38 - 3:40
    Cinco vezes?
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    Não. Em média, os cientistas criativos
    mais persistentes
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    mudaram de tópico 43 vezes
    nos seus primeiros 100 artigos.
  • 3:52 - 3:56
    Parece que o segredo da criatividade
    são as multitarefas
  • 3:57 - 3:58
    em câmara lenta.
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    A investigação de Eiduson sugere
  • 4:01 - 4:04
    que precisamos
    de reconquistar as multitarefas
  • 4:04 - 4:06
    e lembrar-nos de como
    poderoso isso pode ser.
  • 4:06 - 4:09
    E ela não é a única a achar isso.
  • 4:09 - 4:10
    Diferentes investigadores
  • 4:10 - 4:13
    usando métodos diferentes
    para estudar pessoas altamente criativas
  • 4:14 - 4:17
    descobriram que, muito frequentemente,
    elas têm vários projetos em andamento
  • 4:17 - 4:19
    ao mesmo tempo,
  • 4:19 - 4:21
    e geralmente têm mais tendência do que nós
  • 4:21 - 4:23
    para ter mais passatempos sérios.
  • 4:23 - 4:28
    As multitarefas em câmara lenta
    entre pessoas criativas são omnipresentes.
  • 4:28 - 4:30
    Então, porquê?
  • 4:31 - 4:33
    Eu acho que há três motivos.
  • 4:33 - 4:35
    O primeiro é o mais simples.
  • 4:35 - 4:37
    A criatividade frequentemente aparece
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    quando tiramos uma ideia
    do seu contexto original
  • 4:40 - 4:41
    e a passamos para outro lugar.
  • 4:41 - 4:43
    É mais fácil pensar fora da caixa
  • 4:43 - 4:46
    se passarmos o tempo a mudar
    de uma caixa para outra.
  • 4:47 - 4:52
    Como exemplo,
    considerem o momento "eureka" original.
  • 4:53 - 4:56
    Arquimedes está a lutar
    com um problema difícil
  • 4:56 - 4:59
    e percebe, num relâmpago,
  • 4:59 - 5:02
    que consegue resolvê-lo,
    usando a deslocação da água.
  • 5:02 - 5:04
    Se acreditarmos na história,
  • 5:04 - 5:08
    essa ideia surge-lhe
    quando ele está a tomar banho,
  • 5:08 - 5:13
    ao entrar na banheira, e ao ver
    o nível da água subir e descer.
  • 5:13 - 5:17
    Se resolver um problema enquanto
    se toma banho não é uma multitarefa,
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    então não sei o que é.
  • 5:20 - 5:23
    O segundo motivo
    por que as multitarefas podem funcionar
  • 5:23 - 5:26
    é que aprender a fazer uma coisa bem feita
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    pode ajudar a fazer outra coisa.
  • 5:29 - 5:32
    Qualquer atleta pode falar
    sobre os benefícios do treino cruzado.
  • 5:32 - 5:35
    Também é possível
    fazer treino cruzado com a mente.
  • 5:35 - 5:40
    Há uns anos, os investigadores escolheram
    18 estudantes de medicina aleatoriamente
  • 5:41 - 5:46
    e matricularam-nos num curso
    no Museu de Arte da Filadélfia,
  • 5:46 - 5:50
    onde eles aprenderam a criticar
    e a analisar trabalhos de arte visual.
  • 5:51 - 5:52
    No final do curso,
  • 5:52 - 5:55
    esses estudantes foram comparados
    a um grupo de controlo
  • 5:55 - 5:57
    formado por colegas seus de medicina.
  • 5:57 - 5:59
    Os que tinham feito o curso de arte
  • 5:59 - 6:03
    tinham-se tornado substancialmente
    melhores a realizar tarefas
  • 6:03 - 6:08
    como diagnosticar doenças dos olhos
    ao analisar fotografias.
  • 6:08 - 6:11
    Tornaram.se melhores oftalmologistas.
  • 6:11 - 6:14
    Então, se queremos melhorar
    no que fazemos,
  • 6:14 - 6:17
    talvez devêssemos passar
    um tempo a fazer outra coisa,
  • 6:17 - 6:20
    mesmo que as duas áreas
    pareçam completamente distintas,
  • 6:20 - 6:24
    como oftalmologia e história da arte.
  • 6:24 - 6:27
    E se quiserem outro exemplo,
  • 6:27 - 6:31
    arranjámos um exemplo menos
    intimidativo do que o de Einstein.
  • 6:31 - 6:33
    Michael Crichton, criador
    do "Parque Jurássico"
  • 6:33 - 6:35
    e do "Serviço de Urgências",
  • 6:35 - 6:38
    formou-se como médico nos anos 70,
  • 6:38 - 6:41
    mas depois escreveu romances
  • 6:41 - 6:44
    e realizou o filme original "Westworld".
  • 6:44 - 6:46
    Mas também
    — e isso é menos conhecido —
  • 6:46 - 6:48
    escreveu livros de não-ficção
  • 6:48 - 6:52
    sobre arte, sobre medicina,
    sobre programação.
  • 6:52 - 6:58
    Então, em 1995, aproveitou
    os frutos dessa variedade
  • 6:58 - 7:02
    ao escrever o livro com maior êxito
    comercial do mundo
  • 7:02 - 7:07
    e a série televisiva com maior êxito
    comercial do mundo.
  • 7:08 - 7:12
    E o filme com maior êxito
    comercial do mundo.
  • 7:12 - 7:15
    Em 1996, ele fez isso de novo.
  • 7:17 - 7:19
    Há um terceiro motivo
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    para que as multitarefas em câmara lenta
    nos possam ajudar a resolver problemas.
  • 7:23 - 7:27
    Elas podem ajudar-nos
    quando estamos bloqueados.
  • 7:27 - 7:29
    Isso pode acontecer num instante.
  • 7:29 - 7:33
    Então, imaginem aquela sensação
    de fazer palavras cruzadas
  • 7:33 - 7:34
    e não conseguir descobrir a resposta,
  • 7:34 - 7:36
    e não conseguimos resposta
  • 7:36 - 7:39
    porque a resposta errada
    está presa na nossa cabeça.
  • 7:39 - 7:41
    É muito fácil —
    vamos fazer outra coisa.
  • 7:41 - 7:44
    Mudamos de tópico, de contexto,
  • 7:44 - 7:46
    vamos esquecer a resposta errada
  • 7:46 - 7:50
    e isso dá-nos espaço para a resposta certa
    aparecer na nossa cabeça.
  • 7:50 - 7:54
    Mas, na escala de tempo mais lenta,
    aquela que me interessa,
  • 7:54 - 7:57
    estar bloqueado é uma coisa
    muito mais complicada.
  • 7:57 - 8:00
    Negam-nos financiamento.
  • 8:00 - 8:02
    As nossas culturas de células
    não crescem,
  • 8:02 - 8:04
    os foguetões continuam a despenhar-se.
  • 8:04 - 8:08
    Ninguém quer publicar o nosso romance
    de ficção sobre uma escola de feiticeiros.
  • 8:09 - 8:11
    Ou talvez não consigamos achar a solução
  • 8:11 - 8:14
    para o problema
    em que estamos a trabalhar.
  • 8:14 - 8:18
    Estar bloqueado assim
    significa o estase, o "stress",
  • 8:18 - 8:21
    possivelmente até a depressão.
  • 8:21 - 8:26
    Mas, se tivermos outro projeto
    animador e desafiador para trabalhar,
  • 8:26 - 8:30
    estar bloqueado num deles
    é a oportunidade de fazer outra coisa.
  • 8:31 - 8:35
    Todos nós podemos ficar bloqueados
    às vezes, até Albert Einstein.
  • 8:35 - 8:39
    Dez anos após o ano original
    e milagroso que eu descrevi,
  • 8:39 - 8:44
    Einstein estava a juntar as peças
    da sua teoria da relatividade geral,
  • 8:44 - 8:46
    o seu maior feito.
  • 8:47 - 8:48
    E estava exausto.
  • 8:49 - 8:52
    Então, mudou para
    um problema mais fácil.
  • 8:52 - 8:55
    Propôs a emissão estimulada de radiação
  • 8:55 - 9:00
    — como sabem, "-ser" é a abreviatura
    de "stimulated emission of radiation".
  • 9:00 - 9:05
    Está a estabelecer a base teórica
    para o raio "laser",
  • 9:05 - 9:07
    e aí, enquanto faz isso,
  • 9:07 - 9:10
    volta para a relatividade geral
    e sente-se renovado.
  • 9:10 - 9:13
    Vê o que a teoria implica:
  • 9:13 - 9:17
    que o universo não é estático,
  • 9:17 - 9:18
    está em expansão.
  • 9:18 - 9:20
    É uma ideia tão impressionante
  • 9:20 - 9:25
    que Einstein não consegue
    acreditar nela durante anos.
  • 9:26 - 9:28
    Olhem, se alguma vez ficarem bloqueados
  • 9:28 - 9:32
    e tentarem estabelecer
    as bases do raio "laser",
  • 9:34 - 9:35
    é porque estão em boa forma.
  • 9:35 - 9:37
    (Risos)
  • 9:37 - 9:40
    Então, esse é o caso
    a favor das multitarefas em câmara lenta.
  • 9:41 - 9:44
    Eu não estou a prometer
    que vão ser Einstein.
  • 9:44 - 9:47
    Não estou a prometer
    que vão ser Michael Crichton.
  • 9:47 - 9:50
    Mas é uma maneira poderosa
    de organizar a nossa vida criativa.
  • 9:51 - 9:53
    Mas há um problema.
  • 9:54 - 10:00
    Como impedimos que estes projetos
    se tornem esmagadores?
  • 10:01 - 10:04
    Como mantemos todas essas ideias
    em ordem na nossa mente?
  • 10:05 - 10:09
    Há uma solução simples,
    uma solução prática,
  • 10:09 - 10:12
    da grande coreógrafa americana,
    Twyla Tharp.
  • 10:12 - 10:14
    Nas últimas décadas,
  • 10:14 - 10:19
    ela esbateu os limites,
    misturou géneros, ganhou prémios,
  • 10:19 - 10:24
    dançou a música de todos,
    de Phillip Glass a Billy Joel.
  • 10:24 - 10:25
    Escreveu três livros.
  • 10:25 - 10:29
    Ou seja, ela faz multitarefas
    em câmara lenta, claro.
  • 10:30 - 10:33
    Ela diz: Temos de ser todas as coisas.
  • 10:34 - 10:36
    "Porquê excluir?
  • 10:36 - 10:38
    "Temos de ser tudo."
  • 10:39 - 10:42
    E o método de Tharp
  • 10:42 - 10:46
    para impedir que esses projetos diferentes
    se tornem esmagadores
  • 10:46 - 10:47
    é simples.
  • 10:47 - 10:50
    Ela dá uma caixa de cartão a cada projeto,
  • 10:50 - 10:53
    escreve o nome do projeto na caixa.
  • 10:53 - 10:57
    E lá dentro, mete DVD
    e livros, recortes de revistas,
  • 10:57 - 10:59
    programas de teatro, objetos físicos,
  • 10:59 - 11:04
    qualquer coisa que tenha sido
    uma fonte de inspiração criativa.
  • 11:04 - 11:06
    E escreve:
  • 11:06 - 11:10
    "A caixa significa que eu nunca
    tenho de me preocupar em esquecer.
  • 11:11 - 11:14
    "Um dos maiores medos
    de uma pessoa criativa
  • 11:14 - 11:16
    "é perder alguma ideia brilhante
  • 11:16 - 11:20
    "por não a ter anotado
    e colocado num lugar seguro.
  • 11:21 - 11:23
    "Eu não me preocupo com isso.
  • 11:23 - 11:25
    "Porque sei onde a encontrar.
  • 11:26 - 11:28
    "Está tudo na caixa.".
  • 11:29 - 11:32
    Podemos gerir muitas ideias assim,
  • 11:32 - 11:36
    quer em caixas físicas
    quer em equivalente digitais.
  • 11:36 - 11:39
    Então, eu queria aconselhar-vos
  • 11:39 - 11:42
    a adotarem a arte
    das multitarefas em câmara lenta.
  • 11:43 - 11:45
    Não porque estejam com pressa,
  • 11:45 - 11:48
    mas porque não têm pressa nenhuma.
  • 11:49 - 11:52
    E quero dar um último exemplo,
  • 11:52 - 11:54
    o meu favorito.
  • 11:54 - 11:56
    Charles Darwin.
  • 11:56 - 12:01
    Um homem cujas multitarefas lentas
    são tão impressionantes
  • 12:01 - 12:04
    que preciso de um diagrama
    para a explicar.
  • 12:04 - 12:07
    Sabemos o que Darwin
    fazia em momentos diferentes,
  • 12:07 - 12:10
    porque os investigadores da criatividade,
    Howard Gruber e Sara Davis,
  • 12:10 - 12:13
    analisaram os seus diários e cadernos.
  • 12:13 - 12:16
    Quando ele saiu da escola,
    aos 18 anos,
  • 12:16 - 12:18
    estava inicialmente interessado
    em duas áreas,
  • 12:18 - 12:22
    zoologia e geologia.
  • 12:22 - 12:26
    Em breve se inscreveu para ser
    o naturalista a bordo do "Beagle".
  • 12:26 - 12:29
    É o navio que acabou por levar cinco anos
  • 12:29 - 12:32
    a dar a volta aos oceanos do sul da Terra,
  • 12:32 - 12:35
    parando em Galápagos,
    passando pelo Oceano Índico.
  • 12:35 - 12:39
    Enquanto estava no "Beagle",
    começou a investigar os recifes de coral.
  • 12:39 - 12:42
    É uma ótima sinergia
    entre os seus dois interesses
  • 12:42 - 12:43
    em zoologia e geologia,
  • 12:43 - 12:48
    e começa a fazê-lo pensar
    em processos lentos.
  • 12:49 - 12:51
    Mas, quando regressa da viagem,
  • 12:52 - 12:56
    os seus interesses começam a expandir-se
    ainda mais: psicologia, botânica.
  • 12:56 - 12:58
    Até ao resto da sua vida,
  • 12:58 - 13:01
    ele vai e volta entre diferentes áreas.
    entre estas áreas diferentes.
  • 13:01 - 13:04
    Ele nunca abandona nenhuma delas.
  • 13:04 - 13:08
    Em 1837, começa a trabalhar
    em dois projetos muito interessantes.
  • 13:08 - 13:11
    Um deles: minhocas.
  • 13:11 - 13:14
    O outro, um pequeno caderno
    que ele intitula
  • 13:14 - 13:17
    "A transmutação das espécies".
  • 13:17 - 13:23
    Depois, Darwin começa
    a estudar a minha área, a economia.
  • 13:23 - 13:28
    Lê um livro do economista Thomas Malthus.
  • 13:28 - 13:30
    E tem o seu momento "eureka".
  • 13:31 - 13:36
    Num "flash", percebe como as espécies
    puderam surgir e evoluir lentamente,
  • 13:36 - 13:39
    através do processo
    de sobrevivência do mais apto.
  • 13:39 - 13:41
    Tudo se encaixa, ele anota tudo,
  • 13:41 - 13:45
    cada elemento importante
    da teoria da evolução,
  • 13:45 - 13:47
    naquele caderno.
  • 13:47 - 13:50
    Mas aí, um novo projeto.
  • 13:51 - 13:53
    Nasce o seu filho William.
  • 13:53 - 13:56
    Uma experiência natural,
  • 13:56 - 13:58
    é possível observar
    o desenvolvimento de uma criança.
  • 13:59 - 14:01
    Então, Darwin começa
    a tomar notas imediatamente.
  • 14:01 - 14:04
    Claro, ele continua a trabalhar
    na teoria da evolução
  • 14:04 - 14:07
    e no desenvolvimento da criança.
  • 14:07 - 14:09
    Mas, durante tudo isso,
  • 14:09 - 14:13
    ele percebe que não sabe
    o suficiente sobre taxonomia.
  • 14:13 - 14:15
    Então começa a estudá-la.
  • 14:15 - 14:21
    Por fim, passa oito anos a tornar-se
    o maior especialista do mundo
  • 14:21 - 14:23
    em cracas.
  • 14:23 - 14:25
    Depois, "A Seleção Natural",
  • 14:25 - 14:30
    um livro em que continua a trabalhar
    durante toda a vida, nunca o acaba.
  • 14:31 - 14:33
    "A Origem das Espécies"
    é finalmente publicada
  • 14:33 - 14:37
    20 anos após Darwin ter definido
    os elementos básicos.
  • 14:37 - 14:40
    Depois, "A Descendência do Homem",
    um livro controverso.
  • 14:40 - 14:44
    E depois, o livro sobre
    o desenvolvimento da criança.
  • 14:44 - 14:48
    O que foi inspirado
    quando ele via seu filho, William,
  • 14:48 - 14:52
    a gatinhar no chão da sala, à sua frente.
  • 14:52 - 14:56
    Quando o livro foi publicado,
    William tinha 37 anos.
  • 14:57 - 14:59
    E, durante todo esse tempo,
  • 14:59 - 15:02
    Darwin trabalha com minhocas.
  • 15:02 - 15:08
    Enche a sala do bilhar com minhocas
    em panelas, com tampas de vidro.
  • 15:08 - 15:11
    Acende luzes sobre elas,
    para ver se elas reagem.
  • 15:11 - 15:14
    Ele segura num atiçador quente
    perto delas, para ver se elas mexem.
  • 15:14 - 15:16
    Ele masca tabaco e...
  • 15:17 - 15:19
    sopra sobre as minhocas
    para ver se elas têm olfato.
  • 15:20 - 15:23
    Até toca fagote para as minhocas.
  • 15:24 - 15:27
    Eu gosto de pensar nesse grande homem
  • 15:27 - 15:30
    quando ele está cansado, tenso,
  • 15:30 - 15:33
    ansioso com a receção do seu livro
    "A Descendência do Homem".
  • 15:34 - 15:38
    Nós podemos entrar no Facebook
    ou ligar a televisão.
  • 15:38 - 15:42
    Darwin ia para a sala de bilhar
    para relaxar
  • 15:42 - 15:46
    estudando intensamente as minhocas.
  • 15:47 - 15:51
    É por isso que é apropriado
    que um dos seus últimos grandes trabalhos
  • 15:51 - 15:56
    tenha sido "A formação de mofo vegetal
    através da ação das minhocas".
  • 15:56 - 15:57
    (Risos)
  • 15:57 - 16:02
    Ele trabalhou nesse livro durante 44 anos.
  • 16:04 - 16:07
    Nós já não vivemos no século XIX.
  • 16:07 - 16:09
    Acho que nenhum de nós podia ficar
  • 16:09 - 16:13
    com um projeto criativo ou científico
    durante 44 anos.
  • 16:14 - 16:16
    Mas temos algo a aprender
  • 16:16 - 16:19
    com os grandes das multitarefas
    em câmara lenta.
  • 16:19 - 16:25
    De Einstein e Darwin
    a Michael Crichton e a Twyla Tharp.
  • 16:25 - 16:29
    O mundo moderno parece
    apresentar-nos uma escolha.
  • 16:29 - 16:33
    Se não vamos ficar a saltitar
    de motor de busca na Internet,
  • 16:33 - 16:35
    temos de viver como eremitas,
  • 16:35 - 16:38
    focados numa coisa
    e excluindo todas as outras.
  • 16:39 - 16:41
    Eu acho que esse é um falso dilema.
  • 16:41 - 16:44
    Podemos fazer as multitarefas
    funcionarem para nós,
  • 16:44 - 16:47
    libertando a nossa criatividade natural.
  • 16:47 - 16:50
    Nós só precisamos de abrandar.
  • 16:50 - 16:51
    Então...
  • 16:53 - 16:55
    Façam uma lista dos vossos projetos.
  • 16:55 - 16:57
    Ponham de parte o telemóvel.
  • 16:58 - 17:00
    Peguem nalgumas caixas de cartão.
  • 17:01 - 17:03
    E comecem a trabalhar.
  • 17:03 - 17:05
    Muito obrigado.
  • 17:05 - 17:08
    (Aplausos)
Title:
Uma poderosa maneira de libertar a vossa criatividade natural
Speaker:
Tim Harford
Description:

O que podemos aprender com as pessoas mais persistentemente criativas do mundo? Elas fazem "multitarefas em câmara lenta", equilibrando ativamente múltiplos projetos e movendo-se entre tópicos conforme lhes apetece — sem se sentirem apressados. O autor Tim Harford comenta como inovadores como Einstein, Darwin, Twyla Tharp e Michael Crichton encontraram inspiração e produtividade ao fazerem treino cruzado das suas mentes.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:21

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