Para melhores cuidados na área de saúde, aceitem a irracionalidade
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0:01 - 0:04Estamos em abril de 2007
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0:04 - 0:07e Jon Corzine, o governador de Nova Jersey
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0:07 - 0:09tem um acidente de viação horrível.
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0:09 - 0:12Está no banco do passageiro
da frente de um SUV -
0:12 - 0:14quando tem um acidente
na Garden State Parkway. -
0:14 - 0:17É transportado para um centro
de trauma de Nova Jersey -
0:17 - 0:20com vários ossos partidos
e muitas lacerações. -
0:20 - 0:23Precisa de uma operação imediata,
sete unidades de sangue, -
0:23 - 0:25um ventilador mecânico
para o ajudar a respirar -
0:25 - 0:28e diversas outras operações posteriores.
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0:28 - 0:30É espantoso ele ter sobrevivido.
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0:30 - 0:32Mas talvez ainda mais espantoso
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0:32 - 0:34era ele estar sem cinto de segurança.
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0:34 - 0:36Na verdade, ele nunca usava
cinto de segurança. -
0:37 - 0:40Os agentes da polícia de Nova Jersey
que conduziam o Governador Corzine -
0:40 - 0:42costumavam pedir-lhe para pôr o cinto
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0:42 - 0:43mas ele não o punha.
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0:43 - 0:46Antes de Corzine ser governador
de Nova Jersey -
0:46 - 0:48tinha sido senador de Nova Jersey
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0:48 - 0:51e antes disso, tinha sido
o CEO da Goldman Sachs, -
0:52 - 0:54responsável pela oferta pública
da Goldman Sachs, -
0:54 - 0:56que lhe rendeu centenas
de milhões de dólares. -
0:56 - 0:59Independentemente do que vocês
achem das políticas dele -
0:59 - 1:00ou sobre como ele ganhou dinheiro,
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1:00 - 1:02ninguém diria que ele era estúpido.
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1:02 - 1:04Mas ali estava ele,
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1:04 - 1:06um passageiro sem cinto
num acidente de viação, -
1:06 - 1:11numa época em que todos os americanos
sabem que os cintos salvam vidas. -
1:12 - 1:15Esta história mostra uma fraqueza básica
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1:15 - 1:18na nossa abordagem para melhorar
os comportamentos de saúde. -
1:18 - 1:22Quase tudo o que dizemos aos médicos
e tudo o que dizemos aos pacientes -
1:22 - 1:25baseia-se na ideia de que
nos comportamos racionalmente. -
1:25 - 1:29Se me derem informações, eu processo
essas informações na minha cabeça -
1:29 - 1:32e, como resultado,
o meu comportamento mudará. -
1:32 - 1:35Jon Corzine não sabia
que os cintos de segurança salvam vidas? -
1:35 - 1:37Acham que ele não recebeu
o memorando? -
1:37 - 1:39(Risos)
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1:39 - 1:41Jon Corzine não tinha
nenhum défice de conhecimento -
1:41 - 1:43tinha um défice de comportamento.
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1:43 - 1:45Não é que ele não soubesse.
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1:45 - 1:47Ele sabia muito bem.
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1:47 - 1:50Mas não agia como devia.
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1:50 - 1:55Penso que a mente é uma via
de alta resistência. -
1:56 - 1:59Mudar a mente de alguém
com informações já é muito difícil. -
1:59 - 2:02Mudar o comportamento de alguém
com informações -
2:02 - 2:04ainda é mais difícil.
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2:04 - 2:07A única maneira de podermos fazer
melhorias substanciais -
2:07 - 2:09na saúde e nos cuidados de saúde
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2:09 - 2:14é fazendo melhorias substanciais
no comportamento e nos cuidados de saúde. -
2:14 - 2:17Se alguém acertar no meu tendão patelar
com um martelo de reflexos, -
2:17 - 2:19a minha perna salta para a frente
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2:20 - 2:23e salta para a frente mais
depressa e mais previsivelmente -
2:23 - 2:25do que eu tenho tempo para pensar.
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2:25 - 2:27É um reflexo.
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2:27 - 2:30Precisamos de procurar os reflexos
comportamentais equivalentes -
2:30 - 2:33e basear os cuidados de saúde neles.
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2:34 - 2:35Mas acontece
-
2:35 - 2:38que a maioria das abordagens
convencionais à motivação humana -
2:38 - 2:41baseiam-se na ideia de educação.
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2:42 - 2:44Assumimos que, se as pessoas
não se portam como deviam, -
2:44 - 2:46é porque não sabiam.
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2:46 - 2:50"Se as pessoas soubessem
como é perigoso fumar, não fumavam." -
2:50 - 2:52Ou, pensamos na economia.
-
2:52 - 2:55Presumimos que estamos todos
sempre a calcular -
2:55 - 2:57os custos e os benefícios
de cada uma das nossas ações, -
2:57 - 3:02a tentar otimizá-las para tomar a decisão
mais correta e racional possível. -
3:02 - 3:04Se isso fosse verdade,
bastaria encontrar -
3:04 - 3:06o sistema perfeito
de remuneração para os médicos -
3:06 - 3:09ou as prestações e as deduções
perfeitas para os doentes. -
3:09 - 3:10e tudo correria bem.
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3:10 - 3:14Uma abordagem melhor está
na economia comportamental. -
3:14 - 3:17Os economistas comportamentais
reconhecem que somos irracionais. -
3:18 - 3:20As nossas decisões baseiam-se em emoções,
-
3:20 - 3:23ou se elas são sensíveis ao enquadramento
ou ao contexto social. -
3:23 - 3:27Nem sempre fazemos o que é
do nosso interesse a longo prazo. -
3:27 - 3:29Mas a contribuição principal
para a economia comportamental -
3:29 - 3:32não é reconhecer que somos irracionais,
-
3:32 - 3:37é reconhecer que somos irracionais
de formas altamente previsíveis. -
3:37 - 3:40Na verdade, é a previsibilidade
de nossas fraquezas psicológicas -
3:40 - 3:43que nos permite elaborar
estratégias para superá-las. -
3:43 - 3:46Avisar é prevenir.
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3:46 - 3:48Na verdade, os economistas
comportamentais -
3:48 - 3:52usam esses mesmos comportamentos
reflexos que nos causam problemas -
3:52 - 3:54e alteram-nos para nos ajudarem
-
3:54 - 3:56em vez de nos prejudicarem.
-
3:57 - 3:59Vemos a irracionalidade a funcionar
-
3:59 - 4:01numa coisa chamada
"preconceito do presente", -
4:01 - 4:05em que os resultados à nossa frente
são muito mais motivadores -
4:05 - 4:09do que os resultados futuros
ainda mais importantes -
4:10 - 4:13Se eu estiver de dieta
— eu estou sempre de dieta — -
4:13 - 4:14(Risos)
-
4:14 - 4:19e alguém me oferecer
um tentador bolo de chocolate, -
4:19 - 4:22eu sei que não devia comer
esse bolo de chocolate. -
4:22 - 4:27Esse bolo vai ficar naquela parte
do meu corpo — permanentemente — -
4:27 - 4:29onde esse tipo de comida
normalmente se aloja. -
4:29 - 4:32Mas o bolo de chocolate
parece tão bom e tão delicioso -
4:32 - 4:33e está mesmo à minha frente
-
4:34 - 4:36que a dieta pode esperar até amanhã.
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4:36 - 4:38Eu adorava o comediante Steven Wright.
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4:38 - 4:41Ele tinha aquelas saídas zen.
-
4:40 - 4:42A minha favorita era:
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4:42 - 4:44"O trabalho duro dá frutos no futuro
-
4:44 - 4:47"mas a preguiça dá frutos agora mesmo."
-
4:47 - 4:48(Risos)
-
4:48 - 4:51Os doentes também sofrem
do preconceito do presente -
4:51 - 4:53Se tivermos pressão arterial alta,
-
4:53 - 4:56mesmo que queiramos evitar
desesperadamente um enfarte -
4:56 - 4:58e sabemos que tomar
medicação anti-hipertensiva -
4:59 - 5:01é uma das melhores formas
de reduzir esse risco, -
5:01 - 5:06o enfarte que evitamos pertence ao futuro
e tomar os medicamentos está no presente. -
5:06 - 5:11Quase metade dos pacientes que tomam
comprimidos para a tensão alta -
5:11 - 5:13deixam de os tomar ao fim de um ano.
-
5:13 - 5:15Pensem em quantas vidas podíamos salvar
-
5:15 - 5:19se conseguíssemos resolver
somente este problema. -
5:20 - 5:24Também temos tendência a sobrevalorizar
o valor de pequenas possibilidades. -
5:24 - 5:27Isto explica porque é
que as lotarias são tão populares, -
5:27 - 5:30apesar de as possibilidades
de retorno serem tão pequenas. -
5:30 - 5:32Alguns de vocês talvez joguem na lotaria
-
5:32 - 5:35— é divertido, há a hipótese
de ficarem ricos... -
5:35 - 5:36Mas sejamos sinceros:
-
5:36 - 5:40isso seria uma péssima forma de investir
as nossas poupanças para a reforma. -
5:40 - 5:44Uma vez vi um autocolante num carro
que dizia — e não estou a inventar: -
5:44 - 5:48"As lotarias são um imposto especial
para quem não sabe fazer contas." -
5:48 - 5:50(Risos)
-
5:50 - 5:52Não é que não saibamos fazer as contas,
-
5:52 - 5:55é que não sentimos as contas.
-
5:55 - 5:58Também prestamos
muita atenção ao arrependimento. -
5:58 - 6:01Todos odiamos a sensação
de não participar. -
6:01 - 6:04Houve recentemente uma lotaria,
uma mega loteria, -
6:04 - 6:07que tinha um prémio enorme,
mais de mil milhões de dólares. -
6:07 - 6:10E todos no meu escritório
se juntaram para comprar bilhetes, -
6:10 - 6:12mas eu não me juntei.
-
6:12 - 6:14E lá estava eu, às voltas no escritório:
-
6:14 - 6:17"As lotarias são um imposto especial
para quem não faz contas." -
6:17 - 6:18(Risos)
-
6:18 - 6:20E depois percebi:
-
6:20 - 6:23"Oh oh. E se eles ganharem?"
-
6:23 - 6:25(Risos)
-
6:25 - 6:27"Vou ser o único a aparecer
para trabalhar amanhã." -
6:27 - 6:28(Risos)
-
6:28 - 6:31Não é que eu não quisesse
que os meus colegas ganhassem. -
6:31 - 6:33Só não queria que ganhassem sem mim.
-
6:34 - 6:37Teria sido mais fácil
pôr uma nota de 20 dólares -
6:37 - 6:39no triturador de papel
-
6:39 - 6:41porque os resultados seriam os mesmos.
-
6:41 - 6:43Mesmo sabendo que não devia participar,
-
6:43 - 6:46dei-lhes a nota de 20 dólares
-
6:46 - 6:48e nunca mais a vi.
-
6:48 - 6:50(Risos)
-
6:50 - 6:53Fizemos muitas experiências com pacientes
-
6:53 - 6:56em que lhes damos
frascos de comprimidos eletrónicos -
6:56 - 6:59para vermos se eles estão
a tomar o medicamento ou não. -
6:59 - 7:01E recompensamo-los com um prémio.
-
7:02 - 7:03Eles ganham prémios.
-
7:03 - 7:06Mas só ganham prémios
-
7:06 - 7:08se tiverem tomado os medicamentos
no dia anterior. -
7:08 - 7:12Se não tomaram, recebem uma mensagem
que diz qualquer coisa como: -
7:12 - 7:13"Você podia ter ganho cem dólares
-
7:13 - 7:16"mas como ontem não tomou
o medicamento, não ganha." -
7:16 - 7:19Bem, os pacientes odeiam isto.
-
7:19 - 7:21Odeiam a sensação de perderem algo
-
7:21 - 7:24e, como conseguem antecipar
aquele sentimento de arrependimento -
7:24 - 7:25e querem evitá-lo,
-
7:26 - 7:28ficam mais propensos
a tomarem os medicamentos. -
7:28 - 7:32Aproveitar esse sentimento
de odiar arrepender-se, funciona. -
7:32 - 7:35E leva-nos ao ponto mais importante:
-
7:35 - 7:38quando reconhecemos
que as pessoas são irracionais, -
7:38 - 7:42ficamos numa posição
muito melhor para as ajudar. -
7:42 - 7:47Este tipo de irracionalidade funciona
até nos lavabos masculinos. -
7:47 - 7:52Para quem não frequenta urinóis públicos,
-
7:52 - 7:54vou explicar como funciona.
-
7:54 - 7:55(Risos)
-
7:55 - 7:57O chão está cheio de urina.
-
7:57 - 7:59(Risos)
-
7:59 - 8:02Parece que se consegue
resolver este problema -
8:02 - 8:06gravando a imagem de uma mosca
no fundo do urinol. -
8:06 - 8:09(Risos) (Aplausos)
-
8:09 - 8:11E faz todo o sentido.
-
8:11 - 8:12(Risos)
-
8:12 - 8:16Se eu vir uma mosca,
vou querer apanhá-la. -
8:16 - 8:19(Risos)
-
8:19 - 8:21Aquela mosca vai descer
-
8:21 - 8:23(Risos)
-
8:23 - 8:26Isto faz-nos perguntar porque é
que, se os homens sabem fazer pontaria, -
8:26 - 8:29porque é que urinam no chão?
-
8:29 - 8:32Se vão urinar para o chão, porque é
que se põem em frente do urinol? -
8:32 - 8:34Podem urinar em qualquer lugar.
-
8:34 - 8:35(Risos)
-
8:35 - 8:38A mesma coisa acontece
nos cuidados de saúde. -
8:39 - 8:41Tivemos um problema no nosso hospital
-
8:41 - 8:45em que os médicos
receitavam medicamentos de marca -
8:45 - 8:48quando havia medicamentos
genéricos disponíveis. -
8:48 - 8:51Cada uma destas linhas no gráfico
representa um medicamento diferente. -
8:51 - 8:54Estão organizados pela frequência
com que são receitados -
8:54 - 8:56como medicamentos genéricos.
-
8:56 - 8:59Os que estão no topo são receitados
100% das vezes como genéricos. -
8:59 - 9:02Os que estão em baixo
são receitados como genéricos -
9:02 - 9:03menos de 20% das vezes.
-
9:03 - 9:07Tivemos reuniões com clínicos
e todo o tipo de sessões educativas -
9:07 - 9:08e nada funcionou
-
9:08 - 9:11— todas as linhas são
praticamente horizontais. -
9:11 - 9:14Até que alguém instalou
um pequeno item de "software" -
9:14 - 9:16nos registos eletrónicos de saúde
-
9:16 - 9:20que colocava como "default"
nas prescrições os medicamentos genéricos -
9:20 - 9:22em vez dos medicamentos de marca.
-
9:22 - 9:24Não é necessário um estatístico
-
9:24 - 9:27para ver que esse problema
foi resolvido da noite para o dia, -
9:27 - 9:30e que se manteve resolvido desde então.
-
9:30 - 9:33Na verdade, nos últimos dois anos e meio
desde que esse programa começou, -
9:33 - 9:36o nosso hospital economizou
32 milhões de dólares -
9:36 - 9:39Vou repetir: 32 milhões de dólares.
-
9:40 - 9:43E a única coisa que fizemos
foi tornar mais fácil para os médicos -
9:43 - 9:48fazer o que eles queriam
fazer desde sempre. -
9:49 - 9:54Também ajuda mexer
com a noção de perda das pessoas. -
9:54 - 9:58Fizemos isso num concurso
para ajudar as pessoas a caminhar mais. -
9:59 - 10:02Queríamos que todos dessem
pelo menos 7000 passos, -
10:03 - 10:05e medimos as contagens
dos passos das pessoas -
10:05 - 10:07com um acelerómetro
nos telemóveis deles. -
10:07 - 10:11Ao Grupo A, o grupo de controlo,
dissemos apenas -
10:11 - 10:13que caminhassem os 7000 passos.
-
10:13 - 10:16O Grupo B teve um incentivo financeiro.
-
10:16 - 10:21Demos-lhes 1,40 dólar por cada dia
em que andassem 7000 passos. -
10:21 - 10:23O Grupo C teve
o mesmo incentivo financeiro, -
10:23 - 10:27mas foi considerado como uma perda
em vez de um ganho: -
10:27 - 10:301,40 dólar por dia
são 42 dólares por mês -
10:30 - 10:34Demos a esses participantes
os 42 dólares no início de cada mês, -
10:34 - 10:36numa conta virtual
que eles podiam acompanhar, -
10:36 - 10:41e tirávamos 1,40 dólar por cada dia
em que não caminhassem os 7000 passos. -
10:41 - 10:44Um economista diria
que esses dois incentivos financeiros -
10:44 - 10:45são a mesma coisa.
-
10:45 - 10:50Em cada dia que caminhavam 7000 passos,
ficavam 1,40 dólar mais ricos. -
10:50 - 10:53Mas um economista comportamental
diria que são incentivos diferentes. -
10:53 - 10:57porque somos muito mais motivados
a evitar a perda de 1,40 dólar -
10:57 - 11:00do que motivados a ganhar 1,40 dólar.
-
11:00 - 11:02Foi exatamente o que aconteceu.
-
11:03 - 11:07Os que recebiam 1,40 dólar por dia
em que tivessem caminhado os 7000 passos -
11:07 - 11:10não atingiam as mesmas metas
que os do grupo de controlo. -
11:10 - 11:12O incentivo financeiro não funcionou.
-
11:12 - 11:15Mas os que tinham um incentivo de perda
-
11:15 - 11:18cumpriram as metas mais de 50% das vezes.
-
11:18 - 11:21Isso não faz sentido económico,
mas faz sentido psicológico. -
11:21 - 11:24porque as perdas parecem
maiores que os ganhos -
11:24 - 11:26E hoje utilizamos incentivos
baseados na perda -
11:26 - 11:28para ajudar os pacientes a andarem mais,
-
11:28 - 11:30perder peso
-
11:30 - 11:32e tomar os medicamentos.
-
11:32 - 11:34O dinheiro pode ser uma motivação.
-
11:34 - 11:36Todos sabemos isso.
-
11:36 - 11:40Mas é muito mais influente
quando aliado à psicologia. -
11:41 - 11:43O dinheiro, certamente,
tem as suas desvantagens. -
11:43 - 11:47O meu exemplo favorito
envolve um programa de creches. -
11:47 - 11:50O maior pecado que podemos
cometer numa creche -
11:50 - 11:52é ir buscar os filhos depois da hora.
-
11:53 - 11:54Ninguém fica feliz.
-
11:54 - 11:56Os filhos choram porque não os amamos.
-
11:56 - 11:58(Risos)
-
11:58 - 12:01Os professores ficam irritados porque
têm de ficar até mais tarde. -
12:01 - 12:03E nós sentimo-nos
terrivelmente culpados. -
12:03 - 12:06Uma creche em Israel
decidiu acabar com esse problema, -
12:06 - 12:09e fizeram algo que muitas creches
nos EU fazem, -
12:09 - 12:12que é estabelecer uma multa por atrasos.
-
12:12 - 12:15A multa escolhida foi de 10 "shekels"
-
12:15 - 12:17que é mais ou menos três dólares.
-
12:17 - 12:19Sabem o que aconteceu?
-
12:19 - 12:22Os atrasos aumentaram.
-
12:22 - 12:25Se pensarmos bem, faz todo o sentido.
-
12:25 - 12:28Que grande negócio! Por 10 "shekels"...
-
12:28 - 12:29(Risos)
-
12:29 - 12:31podem cuidar dos meus filhos a noite toda!
-
12:31 - 12:33(Risos)
-
12:33 - 12:37Agarraram numa motivação intrínsica,
muito forte para não se atrasarem, -
12:37 - 12:39e aproveitaram-se dela.
-
12:39 - 12:42E o pior é que, quando o pessoal
da creche descobriu o seu erro, -
12:42 - 12:44e retirou o incentivo financeiro,
-
12:44 - 12:47os atrasos continuaram
em níveis elevados. -
12:47 - 12:50Já haviam envenenado o contrato social.
-
12:50 - 12:54A área da saúde está cheia
de fortes motivações intrínsecas. -
12:54 - 12:58Nós temos médicos e pacientes
que querem fazer a coisa certa. -
12:58 - 13:01Os incentivos financeiros podem ajudar
-
13:01 - 13:04mas não podemos esperar
que o dinheiro na área da saúde -
13:04 - 13:06faça todo o esforço pesado
-
13:06 - 13:11Pelo contrário, o maior influenciador
do comportamento na saúde -
13:11 - 13:13talvez sejam as nossas interações sociais.
-
13:13 - 13:15O compromisso social funciona na saúde
-
13:15 - 13:18e funciona em duas direções.
-
13:18 - 13:23Primeiro, fundamentalmente preocupamo-nos
com o que os outros pensam de nós. -
13:23 - 13:26Por isso, uma das mais poderosas
formas de mudar o nosso comportamento -
13:26 - 13:30é fazer com que as nossas atividades
sejam testemunhadas pelos outros. -
13:30 - 13:33Portamo-nos de modo diferente
quando estamos a ser observados. -
13:33 - 13:37Estive em restaurantes
que não têm lavatório na casa de banho. -
13:37 - 13:39Em vez disso, quando se sai,
o lavatório está cá fora, -
13:39 - 13:41na parte principal do restaurante,
-
13:41 - 13:43onde toda a gente pode ver
se lavamos as mãos ou não. -
13:43 - 13:45Não tenho a certeza,
mas estou convencido -
13:45 - 13:47de que há muito mais lavagens de mãos
-
13:47 - 13:49naqueles locais à vista.
-
13:49 - 13:52Sempre nos portamos melhor
quando estamos a ser observados. -
13:52 - 13:54De facto, houve um estudo fantástico
-
13:54 - 13:58feito numa unidade de cuidados intensivos
num hospital da Flórida. -
13:58 - 14:01A taxa de lavagens de mãos
era muito baixa, o que é perigoso, claro, -
14:01 - 14:03porque pode espalhar infeções
-
14:03 - 14:07Assim, os investigadores colocaram
um quadro com os olhos de uma pessoa -
14:07 - 14:08por cima do lavatório.
-
14:08 - 14:11Não era uma pessoa de verdade.
Era só uma fotografia. -
14:11 - 14:15Nem sequer era um rosto inteiro,
eram só aqueles olhos a olharem para nós. -
14:15 - 14:16(Risos)
-
14:16 - 14:18As lavagens de mãos mais que duplicaram.
-
14:18 - 14:20Preocupamo-nos tanto
com o que os outros pensam de nós -
14:20 - 14:22que o nosso comportamento melhora
-
14:22 - 14:25mesmo que só imaginemos
que estamos a ser observados. -
14:26 - 14:29Não só nos preocupamos
com o que os outros pensam de nós, -
14:29 - 14:33como baseamos os nossos comportamentos
naquilo que vemos os outros fazerem. -
14:34 - 14:36E tudo isso faz-nos voltar
aos cintos de segurança. -
14:37 - 14:42Quando eu era criança, adorava
a série "Batman" na TV, com Adam West. -
14:42 - 14:45Tudo o que o Batman
e o Robin faziam era tão fixe, -
14:45 - 14:48e, claro, o Batmóvel,
era o mais fixe de tudo. -
14:48 - 14:52Essa série foi para o ar de 1966 a 1968.
-
14:53 - 14:57Naquela época, os cintos de segurança
eram acessórios opcionais nos carros. -
14:57 - 15:00Mas os produtores daquela série
fizeram algo realmente importante. -
15:00 - 15:03Quando o Batman e o Robin
entravam no Batmóvel, -
15:03 - 15:05a câmara focava o peito deles,
-
15:05 - 15:08e víamos o Batman e o Robin
a colocar os cintos de segurança. -
15:08 - 15:10Ora, se o Batman e o Robin
colocavam os cintos, -
15:10 - 15:12podem apostar que eu
também iria colocar o meu. -
15:12 - 15:15Aposto que aquela série
salvou milhares de vidas. -
15:15 - 15:18E novamente, isso também funciona
na área de saúde. -
15:18 - 15:21Os médicos usam antibióticos
mais adequadamente -
15:21 - 15:24quando veem como outros médicos os usam.
-
15:24 - 15:28Muitas atividades na área da saúde
são ocultas, não são testemunhadas, -
15:28 - 15:30mas os médicos são animais sociais,
-
15:30 - 15:35e têm um melhor desempenho
quando veem o que outros médicos fazem. -
15:35 - 15:38Assim, a influência social funciona
na área de saúde. -
15:38 - 15:42O mesmo se aplica às noções
de arrependimento ou aversão à perda. -
15:42 - 15:47Nunca usaríamos essas ferramentas
se pensássemos que todos são racionais -
15:47 - 15:49permanentemente.
-
15:49 - 15:52Para ser claro:
Não estou a condenar a racionalidade. -
15:52 - 15:54Quero dizer, isso seria muito irracional.
-
15:55 - 15:59Mas todos sabemos que é na parte
não racional das nossas mentes -
15:59 - 16:03que obtemos a coragem,
a criatividade, a inspiração -
16:03 - 16:05e tudo o mais que desperte paixão.
-
16:05 - 16:07E sabemos algo mais, também.
-
16:07 - 16:11Sabemos que podemos ser mais eficazes
a melhorar as condutas na saúde -
16:12 - 16:16se trabalharmos com a parte
irracional da nossa natureza -
16:16 - 16:19em vez de ignorar ou de lutar contra ela.
-
16:19 - 16:21Quando se trata da área de saúde,
-
16:21 - 16:23entender a nossa irracionalidade
-
16:23 - 16:26é apenas mais um acessório
na nossa caixa de ferramentas -
16:26 - 16:28E aproveitar essa irracionalidade
-
16:29 - 16:32pode ser o movimento
mais racional de todos. -
16:32 - 16:34Obrigado.
-
16:34 - 16:38(Aplausos)
- Title:
- Para melhores cuidados na área de saúde, aceitem a irracionalidade
- Speaker:
- David Asch
- Description:
-
Porque tomamos más decisões que sabemos serem negativas para a nossa saúde? Nesta palestra franca e engraçada, o economista comportamental e especialista em políticas de saúde David Asch explica porque o nosso comportamento é muitas vezes irracional — de formas altamente previsíveis — e mostra como podemos aproveitar essa irracionalidade para tomar melhores decisões e melhorar o nosso sistema de saúde em geral.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:53
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Why it's so hard to make healthy decisions | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why it's so hard to make healthy decisions | ||
Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for Why it's so hard to make healthy decisions | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why it's so hard to make healthy decisions | ||
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why it's so hard to make healthy decisions | ||
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Genaldo Vargas edited Portuguese subtitles for Why it's so hard to make healthy decisions |