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Porque é que a violência forma grupos nas cidades — e como reduzi-la

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    Vocês são um cirurgião de traumas,
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    que trabalham no turno da meia-noite,
    num serviço de urgências da cidade.
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    Aparece-vos um jovem
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    inconsciente numa maca.
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    Levou um tiro na perna e está
    a sangrar abundantemente.
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    A julgar pela ferida de entrada e saída,
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    e pela quantidade da hemorragia,
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    a bala provavelmente
    atingiu a artéria femoral
  • 0:22 - 0:25
    um dos maiores vasos sanguíneos do corpo.
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    Enquanto médico do jovem,
    o que é que devem fazer?
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    Ou mais precisamente
    o que devem fazer primeiro?
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    Vocês olham para a roupa do jovem
    e percebe que elas são velhas e usadas.
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    Ele pode estar sem trabalho, sem casa,
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    sem uma educação decente.
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    Começam o tratamento
    arranjando-lhe um emprego,
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    arranjando-lhe um apartamento
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    ou ajudando-o a acabar
    o ensino obrigatório?
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    Por outro lado,
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    o jovem pode estar envolvido
    nalgum tipo de conflito
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    e pode ser perigoso.
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    Será que, antes de ele acordar,
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    lhe colocam algemas,
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    e avisam a segurança do hospital
    ou ligam para polícia?
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    A maioria de nós não iria fazer
    nenhuma dessas coisas.
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    Em vez disso, agiríamos do único modo
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    sensato e humano possível
    naquele momento.
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    Primeiro, faríamos parar a hemorragia.
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    Porque, se a hemorragia não parasse,
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    nada mais importaria.
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    O que é verdade na sala de urgências,
    é verdade para as cidades de todo o país.
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    Quando se trata de violência urbana,
    a prioridade é salvar vidas.
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    Tratar essa violência com a mesma urgência
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    com que trataríamos uma ferida de bala
    no serviço de urgências.
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    Do que é que estamos a falar
    quando falamos em "violência urbana"?
  • 1:36 - 1:39
    A violência urbana é a violência letal
    ou potencialmente letal
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    que acontece nas ruas das nossas cidades.
  • 1:42 - 1:43
    Usam-se muitos nomes:
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    violência de rua, violência juvenil,
  • 1:45 - 1:48
    violência de gangues, violência armada.
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    A violência urbana acontece
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    entre os mais desfavorecidos
    e destituídos de privilégios entre nós.
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    Na maioria das vezes são jovens
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    sem muitas opções ou esperança.
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    Eu passei centenas
    de horas com esses jovens.
  • 2:02 - 2:05
    Ensinei-os no ensino secundário
    em Washington, DC,
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    onde um dos meus estudantes
    foi assassinado.
  • 2:07 - 2:10
    Eu fiquei do lado deles,
    nas salas de audiência em Nova Iorque,
  • 2:11 - 2:12
    onde trabalhava como promotor.
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    E finalmente,
  • 2:13 - 2:17
    fui de cidade em cidade, como formulador
    de políticas e como investigador,
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    encontrando esses jovens
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    e trocando ideias de como tornar
    o nosso país mais seguro.
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    Porque é que devia importar-me
    com esses jovens?
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    Porque é que é importante
    a violência urbana?
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    A violência urbana é importante
  • 2:33 - 2:35
    porque é a maior causa
    de mortes aqui nos EUA
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    do que qualquer outra forma de violência.
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    A violência urbana também é importante
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    porque todos nós podemos
    fazer algo sobre ela
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    Controlá-la não é o problema
    impossível, intratável
  • 2:46 - 2:48
    que muitos acreditam que seja.
  • 2:48 - 2:52
    Na verdade, existem hoje
    várias soluções possíveis
  • 2:52 - 2:54
    que já deram provas de funcionarem.
  • 2:54 - 2:58
    O que essas soluções têm em comum
    é um ingrediente chave.
  • 2:59 - 3:02
    Todas elas reconhecem
    que a violência urbana é pegajosa,
  • 3:02 - 3:05
    ou seja, ela forma grupos
  • 3:05 - 3:08
    num número surpreendentemente
    pequeno de pessoas e lugares.
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    Em Nova Orleães, por exemplo,
  • 3:11 - 3:13
    uma rede de menos de 700 pessoas,
  • 3:13 - 3:17
    é responsável pela maior parte
    da violência da cidade.
  • 3:17 - 3:19
    Alguns chamam a esses indivíduos
    "pessoas quentes."
  • 3:20 - 3:21
    Aqui em Boston,
  • 3:21 - 3:23
    70% dos tiroteios
  • 3:23 - 3:26
    estão concentrados
    em quarteirões e esquinas
  • 3:26 - 3:28
    que cobrem apenas 5% da cidade.
  • 3:28 - 3:31
    Essas localizações são conhecidas
    por "lugares quentes".
  • 3:31 - 3:33
    Em cidade após cidade,
  • 3:33 - 3:36
    um pequeno número de pessoas
    quentes e lugares quentes
  • 3:36 - 3:39
    representam a clara maioria
    da violência letal.
  • 3:39 - 3:42
    De facto, esta conclusão
    repetiu-se tantas vezes
  • 3:43 - 3:45
    que os investigadores
    chamam a esse fenómeno
  • 3:45 - 3:47
    a lei de concentração do crime.
  • 3:47 - 3:49
    Quando olhamos para a ciência,
  • 3:49 - 3:52
    vemos que as soluções pegajosas
    funcionam melhor.
  • 3:52 - 3:54
    Para ser sincero,
  • 3:54 - 3:58
    não podemos parar com os tiroteios
    se não lidarmos com os atiradores.
  • 3:59 - 4:03
    E não podemos parar com os assassínios
    se não formos onde eles estão a ocorrer.
  • 4:04 - 4:05
    Há quatro anos,
  • 4:05 - 4:08
    os meus colegas e eu
    realizámos uma revisão sistemática
  • 4:08 - 4:09
    das estratégias anti violência,
  • 4:10 - 4:15
    resumindo os resultados de mais de 1400
    avaliações de impacto individual.
  • 4:16 - 4:18
    O que encontrámos, repetidamente,
  • 4:18 - 4:21
    foi que as estratégias
    que foram mais focadas,
  • 4:21 - 4:22
    mais direcionadas,
  • 4:22 - 4:24
    as estratégias mais pegajosas,
  • 4:24 - 4:26
    eram as de maior sucesso.
  • 4:26 - 4:28
    Vimos que a criminologia
  • 4:28 - 4:31
    nos estudos da polícia,
    da prevenção e reentrada de gangues.
  • 4:31 - 4:34
    Mas também vimos o mesmo
    na saúde pública,
  • 4:34 - 4:37
    onde o alvo terciário
    e a prevenção secundária
  • 4:37 - 4:39
    tiveram um desempenho melhor
  • 4:39 - 4:41
    do que a prevenção primária
    mais generalizada.
  • 4:41 - 4:45
    Quando os políticos se concentram
    nas pessoas e nos lugares mais perigosos,
  • 4:45 - 4:47
    conseguem melhores resultados.
  • 4:48 - 4:52
    Vocês podem perguntar:
    "Então e a substituição e a deslocação?"
  • 4:52 - 4:55
    A investigação mostra que,
    quando os traficantes estão presos,
  • 4:56 - 4:59
    há novos traficantes
    que substituem os anteriores.
  • 4:59 - 5:03
    Alguns consideram que, quando a polícia
    se concentra em certas localidades,
  • 5:03 - 5:04
    o crime desloca-se,
  • 5:04 - 5:07
    descendo a rua ou virando a esquina.
  • 5:08 - 5:12
    Felizmente, sabemos que, por causa
    desse fenómeno pegajoso,
  • 5:12 - 5:16
    são mínimos os efeitos
    de substituição e deslocação
  • 5:16 - 5:18
    associados a estas estratégias difíceis.
  • 5:18 - 5:21
    É precisa uma vida inteira de traumas
    para criar um atirador
  • 5:21 - 5:24
    e décadas de desinvestimento
    para criar um lugar quente.
  • 5:25 - 5:28
    Então, essas pessoas e esses lugares
    não se movem muito facilmente.
  • 5:32 - 5:34
    E quanto à causa raiz?
  • 5:34 - 5:36
    Não será acabar com a pobreza,
    com a desigualdade
  • 5:36 - 5:38
    ou com a falta de oportunidade
  • 5:38 - 5:40
    a melhor maneira de evitar a violência?
  • 5:40 - 5:41
    Bom, de acordo com a ciência,
  • 5:41 - 5:43
    sim e não.
  • 5:43 - 5:46
    Sim, as altas taxas de violência
    estão claramente associadas
  • 5:46 - 5:50
    a várias formas de desvantagem
    social e económica.
  • 5:50 - 5:52
    Mas não, isso não muda os fatores
  • 5:52 - 5:55
    e não muda necessariamente a violência.
  • 5:55 - 5:57
    especificamente não a curto prazo.
  • 5:57 - 5:59
    Pensem na pobreza, por exemplo.
  • 5:59 - 6:03
    Um progresso significativo na pobreza
    levará décadas a alcançar,
  • 6:03 - 6:07
    embora as pessoas pobres mereçam
    um descanso da violência já hoje.
  • 6:07 - 6:10
    As causas de raiz
    também não podem explicar
  • 6:10 - 6:11
    o fenómeno da viscosidade
  • 6:11 - 6:13
    Se a pobreza levasse sempre à violência,
  • 6:13 - 6:16
    devíamos esperar ver a violência
    em todos os pobres.
  • 6:17 - 6:18
    Mas não vemos isso.
  • 6:18 - 6:23
    Em vez disso, podemos observar
    empiricamente que a pobreza se concentra,
  • 6:24 - 6:26
    e o crime se concentra ainda mais
  • 6:26 - 6:28
    e a violência se concentra mais que tudo.
  • 6:29 - 6:32
    É por isso que as soluções
    pegajosas funcionam.
  • 6:32 - 6:35
    Funcionam porque lidam primeiro
    com as primeiras coisas.
  • 6:36 - 6:37
    E isto é importante,
  • 6:37 - 6:40
    porque, enquanto a pobreza
    pode levar à violência,
  • 6:40 - 6:44
    há fortes indícios que mostram
    que a violência pode perpetuar a pobreza.
  • 6:45 - 6:47
    Este é um exemplo de como isso acontece.
  • 6:47 - 6:49
    Como documentado por Patrick Sharkey,
  • 6:49 - 6:50
    um sociólogo,
  • 6:50 - 6:55
    quando pessoas pobres
    são expostas à violência,
  • 6:55 - 6:56
    isso traumatiza-as.
  • 6:56 - 6:59
    Tem impacto na capacidade de dormirem,
  • 6:59 - 7:02
    de prestarem atenção,
    de se comportarem e aprenderem.
  • 7:02 - 7:05
    Se as crianças pobres
    não puderem aprender,
  • 7:05 - 7:07
    não podem ir bem na escola.
  • 7:07 - 7:11
    E. por fim, causa impacto em como
    vão ganhar um salário na sua vida.
  • 7:11 - 7:13
    que seja suficiente para fugir da pobreza.
  • 7:13 - 7:16
    Infelizmente, numa série
    de estudos de referência
  • 7:16 - 7:18
    pelo economista Raj Chetty,
  • 7:18 - 7:20
    é exatamente isso que vimos.
  • 7:21 - 7:25
    As crianças pobres expostas à violência
    têm menor mobilidade de receitas
  • 7:25 - 7:28
    do que as crianças pobres
    que crescem pacificamente.
  • 7:28 - 7:31
    A violência amarra
    as crianças pobres à pobreza.
  • 7:32 - 7:33
    Por causa disso, é muito importante
  • 7:33 - 7:36
    concentrarmo-nos incansavelmente
    na violência urbana.
  • 7:37 - 7:39
    Aqui vão dois exemplos de como,
  • 7:39 - 7:42
    aqui em Boston, nos anos 90,
  • 7:42 - 7:45
    uma parceria entre polícias
    e membros da comunidade
  • 7:45 - 7:49
    atingiu uns impressionantes 63%
    de redução no homicídio juvenil.
  • 7:49 - 7:51
    Em Oakland, a mesma estratégia
  • 7:51 - 7:54
    reduziu 55% de roubos.
  • 7:55 - 7:59
    Em Cincinnati, em Indianapolis
    e em New Heaven,
  • 7:59 - 8:01
    reduziu a violência armada
    em mais de um terço.
  • 8:01 - 8:03
    Na sua forma mais simples,
  • 8:03 - 8:05
    a estratégia simples identifica
  • 8:05 - 8:08
    aqueles que são
    os mais propensos a disparar
  • 8:08 - 8:10
    ou a levar um tiro,
  • 8:10 - 8:12
    e confronta-os com uma mensagem dupla
  • 8:12 - 8:14
    de empatia e responsabilidade:
  • 8:14 - 8:17
    "Sabemos que é você que está a disparar.
  • 8:17 - 8:19
    "Isso precisa de parar.
  • 8:19 - 8:21
    "Se nos deixar, iremos ajudá-lo.
  • 8:22 - 8:24
    "Se nos ignorar, vamos impedi-lo. "
  • 8:25 - 8:28
    Estas são mudanças simples
    que oferecem serviços e apoio.
  • 8:29 - 8:31
    Os que persistem
    no seu comportamento violento
  • 8:31 - 8:35
    são apresentados à justiça
    por ação direcionada da aplicação da lei.
  • 8:35 - 8:40
    Em Chicago, há outro programa
    que usa a terapia comportamental
  • 8:40 - 8:41
    que ajuda jovens adolescentes
  • 8:42 - 8:44
    a gerir pensamentos e emoções difíceis
  • 8:44 - 8:47
    ensinando-os a evitar
    ou atenuar conflitos.
  • 8:47 - 8:50
    Esse programa reduziu para metade
  • 8:50 - 8:52
    prisões por crimes violentos
    entre os participantes.
  • 8:52 - 8:55
    Estratégias similares reduziram
    a reincidência criminal
  • 8:55 - 8:57
    de 25% a 50%,
  • 8:57 - 8:59
    Chicago experimentou
    uma tentativa diferente,
  • 8:59 - 9:01
    usando as mesmas técnicas,
  • 9:01 - 9:04
    mas com os que corriam
    maior risco com a violência armada.
  • 9:04 - 9:07
    O programa está a mostrar
    resultados promissores.
  • 9:07 - 9:09
    Mais ainda,
  • 9:09 - 9:12
    como essas estratégias
    são muito focadas, muito direcionadas,
  • 9:12 - 9:15
    habitualmente não custam muito
    em termos absolutos.
  • 9:15 - 9:18
    E trabalham com as leis
    que já estão hoje nos livros.
  • 9:19 - 9:21
    Isso é uma boa notícia.
  • 9:21 - 9:23
    Podemos ter paz nas nossas cidades,
  • 9:23 - 9:25
    neste momento,
  • 9:25 - 9:27
    sem grandes orçamentos
  • 9:27 - 9:29
    e sem novas leis.
  • 9:30 - 9:33
    Então, porque é que isso
    ainda não aconteceu?
  • 9:33 - 9:35
    Porque é que essas soluções
  • 9:35 - 9:37
    ainda estão limitadas
    a um pequeno número de cidades
  • 9:37 - 9:40
    e porque é que tem havido dificuldades
    mesmo quando há êxito,
  • 9:40 - 9:42
    em manterem o apoio?
  • 9:42 - 9:44
    Bom, esta é a má noticia.
  • 9:44 - 9:48
    A verdade é que não temos sido muito bons
    a organizar os nossos esforços
  • 9:48 - 9:50
    em torno desse fenómeno pegajoso.
  • 9:50 - 9:53
    Há pelo menos três razões
    para não seguirmos os indícios
  • 9:54 - 9:56
    quando se trata da redução
    da violência urbana.
  • 9:56 - 9:59
    O primeiro, como é de esperar,
    é a política.
  • 10:00 - 10:02
    A maioria das soluções pegajosas
  • 10:02 - 10:04
    não se conforma com uma
    qualquer plataforma política.
  • 10:05 - 10:08
    Em vez disso, eles oferecem
    cenouras e chicotes.
  • 10:08 - 10:11
    equilibrando a promessa de tratamento
    com a ameaça de prisão,
  • 10:11 - 10:13
    combinando o investimento
  • 10:13 - 10:15
    com base em locais com policiamento
    de pontos quentes.
  • 10:15 - 10:16
    Por outras palavras,
  • 10:17 - 10:21
    essas soluções são fracas e duras
    ao mesmo tempo.
  • 10:21 - 10:23
    Como não se alinham ordenadamente
  • 10:23 - 10:27
    com os pontos de discussão
    típicos da direita ou da esquerda,
  • 10:27 - 10:32
    os políticos não irão adotar
    essas ideias sem formação
  • 10:32 - 10:34
    e talvez até sem um pouco de pressão.
  • 10:34 - 10:35
    Não será fácil,
  • 10:35 - 10:38
    mas podemos mudar os políticos
    em relação a esses problemas
  • 10:38 - 10:42
    reafirmando apenas que a violência
    é um problema para ser resolvido,
  • 10:42 - 10:45
    não uma discussão para ser ganha.
  • 10:45 - 10:48
    Nós devíamos destacar
    a evidência sobre a ideologia
  • 10:48 - 10:50
    e o que funciona contra o que parece bom.
  • 10:51 - 10:54
    A segunda razão por que não seguimos
    sempre as evidências
  • 10:54 - 10:57
    é a natureza um tanto complicada
    dessas soluções.
  • 10:57 - 10:59
    Há aqui uma ironia.
  • 10:59 - 11:02
    Qual é o modo mais fácil
    de reduzir a violência?
  • 11:03 - 11:04
    Mais polícias.
  • 11:04 - 11:06
    Mais empregos.
  • 11:06 - 11:07
    Menos armas.
  • 11:08 - 11:10
    Estes são muito fáceis de escrever,
  • 11:10 - 11:12
    mas não funcionam
    lá muito bem na prática.
  • 11:13 - 11:14
    Enquanto, por outro lado,
  • 11:14 - 11:17
    as soluções com base na investigação
    são mais difíceis de explicar
  • 11:17 - 11:19
    mas têm melhores resultados.
  • 11:20 - 11:22
    Neste momento, temos muitos professores
  • 11:22 - 11:25
    que escrevem sobre a violência
    em revistas académicas.
  • 11:25 - 11:28
    Temos muitas pessoas
    que nos mantêm a salvo nas ruas.
  • 11:28 - 11:31
    Mas não temos muita comunicação
    entre esses dois grupos.
  • 11:31 - 11:35
    Não temos uma forte ponte
    entre investigação e prática.
  • 11:36 - 11:38
    e quando a investigação
    finalmente informa a prática,
  • 11:38 - 11:40
    a ponte não é construída por acaso.
  • 11:40 - 11:43
    Acontece quando alguém tem tempo
  • 11:43 - 11:45
    para explicar o que significa
    a investigação
  • 11:45 - 11:47
    porque é que é importante
  • 11:47 - 11:50
    e como pode fazer a diferença no terreno.
  • 11:50 - 11:52
    Nós passamos muito tempo
    a fazer investigação,
  • 11:52 - 11:56
    mas não tempo suficiente
    a reparti-la em pedaços pequenos
  • 11:56 - 11:58
    que um polícia atarefado
    ou um assistente social
  • 11:58 - 12:01
    possa digerir facilmente.
  • 12:03 - 12:05
    Isso pode ser difícil
    de aceitar e reconhecer.
  • 12:05 - 12:08
    A raça é a terceira e final razão
  • 12:08 - 12:12
    por que nada tem sido feito
    para reduzir a violência.
  • 12:13 - 12:17
    A violência urbana concentra-se
    em comunidades pobres e de cor.
  • 12:17 - 12:21
    Para aqueles que não vivem
    nessas comunidades
  • 12:21 - 12:25
    é fácil ignorar o problema ou fingir
    que não é problema seu para resolver.
  • 12:25 - 12:27
    Isso é errado, claro.
  • 12:27 - 12:30
    A violência urbana
    é um problema de todos.
  • 12:30 - 12:31
    Direta ou indiretamente,
  • 12:31 - 12:34
    todos nós pagamos o preço
    pelos tiroteios e assassínios
  • 12:34 - 12:36
    que acontecem nas nossas cidades.
  • 12:36 - 12:38
    É por causa disso
    que precisamos de achar
  • 12:38 - 12:40
    uma forma de motivar mais pessoas
  • 12:40 - 12:44
    a cruzar as linhas de classe e de cor
    para se juntaram nessa luta.
  • 12:44 - 12:47
    Como estas estratégias
    não consomem muitos recursos,
  • 12:47 - 12:49
    não precisamos de motivar
    muitos novos aliados.
  • 12:50 - 12:51
    Precisamos de poucos.
  • 12:51 - 12:53
    E precisamos que eles sejam barulhentos.
  • 12:55 - 12:57
    Se conseguirmos superar esses desafios
  • 12:57 - 13:00
    e espalhar essas soluções pegajosas
    pelos bairros que precisam delas,
  • 13:00 - 13:03
    nós salvaremos milhares de vidas.
  • 13:04 - 13:06
    Se essas estratégias
    que analisámos aqui hoje
  • 13:06 - 13:11
    fossem implementadas agora
    nas 40 cidades mais violentas da nação.
  • 13:11 - 13:13
    podíamos salvar mais de 12 000 almas
  • 13:13 - 13:16
    nos próximos oito anos.
  • 13:17 - 13:18
    Quanto é que isso iria custar?
  • 13:18 - 13:21
    Mais ou menos 100 milhões por ano.
  • 13:21 - 13:23
    Isso pode parecer muito,
  • 13:24 - 13:26
    mas na verdade, esse número
    representa menos de 1%
  • 13:26 - 13:29
    do 1% do orçamento federal anual.
  • 13:29 - 13:34
    O Departamento de Defesa
    gasta isso num jato F-35
  • 13:35 - 13:38
    Metaforicamente,
    o tratamento é o mesmo,
  • 13:38 - 13:41
    quando é um jovem a sofrer
    de uma ferida de bala,
  • 13:41 - 13:44
    uma comunidade cheia de feridas de bala,
  • 13:44 - 13:46
    ou uma nação cheia dessas comunidades.
  • 13:46 - 13:50
    Em cada caso, o tratamento,
    em primeiro lugar,
  • 13:50 - 13:52
    é parar a hemorragia.
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    Eu sei que isso pode funcionar.
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    Eu sei porque já vi.
  • 14:01 - 14:04
    Já vi atiradores abaixarem
    as suas armas
  • 14:04 - 14:07
    e dedicarem a vida
    para outros fazerem o mesmo.
  • 14:07 - 14:11
    Eu andei por projetos habitacionais
    que eram conhecidos por tiroteios,
  • 14:11 - 14:14
    e por crianças que a eles assistiam
    a brincar do lado de fora.
  • 14:14 - 14:16
    Eu já reuni com polícias
    e membros das comunidades
  • 14:16 - 14:19
    que se odiavam uns aos outros
    e agora trabalham juntos.
  • 14:19 - 14:21
    Eu já vi pessoas de todos
    os tipos de vida,
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    pessoas como vocês,
  • 14:23 - 14:26
    que finalmente decidiram
    envolver-se nessa luta.
  • 14:26 - 14:28
    É por isso que eu sei que, em conjunto,
  • 14:28 - 14:32
    podemos e iremos terminar
    com essa matança sem sentido.
  • 14:33 - 14:34
    Obrigado.
  • 14:34 - 14:38
    (Aplausos)
Title:
Porque é que a violência forma grupos nas cidades — e como reduzi-la
Speaker:
Thomas Abt
Description:

Reduzir a violência nas cidades dos EUA não é o problema impossível e intratável que muitos acreditam que seja, diz Thomas Abt, investigador do crime e educador. Ele explica como a violência urbana é "peganhenta"— ou seja, agrupa-se entre um número surpreendentemente pequeno de pessoas e lugares — e apresenta uma estratégia inovadora e direcionada para tornar mais seguras as nossas cidades, sem grandes orçamentos nem novas leis.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:51

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