Return to Video

Segredos da mente e do livre-arbítrio revelados por truques de mágica

  • 0:01 - 0:02
    Tudo bem.
  • 0:02 - 0:05
    Eu gostaria de começar
    com um pequeno exercício de imaginação.
  • 0:06 - 0:09
    Imagine que você está sentado a esta mesa,
    de frente para mim, neste momento.
  • 0:09 - 0:13
    Agora, vou lhe pedir para tirar
    uma destas cartas para mim.
  • 0:13 - 0:17
    Então, por favor, imagine-se
    tirando uma destas cartas para mim.
  • 0:19 - 0:22
    Certo, pegue o número
    correspondente à carta que você tirou
  • 0:22 - 0:23
    e lembre-se dele;
  • 0:23 - 0:24
    será importante para mais tarde.
  • 0:25 - 0:28
    Agora, vou passar rapidamente
    pelas cartas deste baralho
  • 0:28 - 0:31
    e pedir para você escolher
    uma carta que verá nele.
  • 0:31 - 0:33
    Preparado?
  • 0:36 - 0:39
    Tudo bem, agora que você
    memorizou sua carta,
  • 0:39 - 0:42
    some o valor dela ao número anterior.
  • 0:43 - 0:46
    Por exemplo, se você escolheu
    6 de paus, some 6;
  • 0:46 - 0:48
    se for um ás, some 1,
  • 0:48 - 0:50
    e some 11 para cartas com figura.
  • 0:52 - 0:54
    Você memorizou seu número final?
  • 0:55 - 0:56
    Perfeito.
  • 0:56 - 1:00
    Por favor, escolha o item
    correspondente ao seu número final.
  • 1:01 - 1:03
    Agora, veja que curioso.
  • 1:03 - 1:06
    Muitas pessoas assistirão a este vídeo,
  • 1:06 - 1:10
    e todas têm peculiaridades
    e preferências diferentes.
  • 1:11 - 1:12
    E, no entanto,
  • 1:12 - 1:17
    a grande maioria está pensando
    agora em um kiwi
  • 1:17 - 1:20
    ou, para quem for canhoto,
    talvez em uma espiga de milho.
  • 1:20 - 1:23
    Sim, acabei de pregar uma peça em você.
  • 1:23 - 1:28
    E usei seu viés psicológico
    para influenciar suas duas decisões.
  • 1:29 - 1:32
    Eu trabalho no MAGIC Lab
    da Goldsmiths University of London,
  • 1:32 - 1:36
    que não é apenas um lugar
    onde fazemos os assistentes desaparecerem,
  • 1:36 - 1:41
    mas onde usamos truques de mágica
    para estudar processos psicológicos,
  • 1:41 - 1:45
    como atenção, percepção,
    engano e livre-arbítrio.
  • 1:46 - 1:51
    Fico fascinada pelos fatores sutis
    que influenciam nossas escolhas
  • 1:51 - 1:54
    e pelo modo como entender nossas falhas
    pode nos devolver algum poder.
  • 1:55 - 1:59
    Truques de mágica fornecem um instrumento
    poderoso para essa investigação,
  • 1:59 - 2:02
    e nossos experimentos revelam isso.
  • 2:03 - 2:09
    Primeiro, nós, seres humanos,
    tendemos a tomar as decisões mais fáceis.
  • 2:10 - 2:12
    Com meu truque de cartas,
  • 2:12 - 2:15
    a maioria das pessoas tende a escolher
    a carta que eu quero que escolham,
  • 2:15 - 2:18
    porque demoro um pouco mais
    para apresentá-la do que as demais.
  • 2:18 - 2:21
    E ela se torna a opção
    mais fácil para o cérebro.
  • 2:22 - 2:23
    Em nosso caso,
  • 2:23 - 2:26
    a maioria deve ter escolhido
    o dez de copas, não é mesmo?
  • 2:27 - 2:31
    E muitos outros truques se baseiam
    nesse princípio da decisão fácil.
  • 2:31 - 2:36
    Porque os mágicos estão muito cientes
    de que o cérebro, para não dizer "nós",
  • 2:36 - 2:39
    tende a ser um pouco preguiçoso.
  • 2:39 - 2:44
    Nosso exercício com as quatro cartas
    também é um bom exemplo disso.
  • 2:44 - 2:46
    Ele se baseia em outro truque
    que investiguei,
  • 2:46 - 2:50
    no qual peço aos participantes que movam
    uma das quatro cartas em minha direção.
  • 2:50 - 2:55
    Descobrimos que cerca de 60% das pessoas
    escolhem a 3ª carta da esquerda
  • 2:55 - 2:56
    e, se elas forem canhotas,
  • 2:56 - 2:59
    costumam escolher a 2ª carta da esquerda.
  • 2:59 - 3:02
    Isso se baseia novamente
    no princípio da opção fácil,
  • 3:02 - 3:04
    porque a carta que a maioria
    das pessoas escolhe
  • 3:05 - 3:08
    é a mais fácil de alcançar
    pela mão dominante.
  • 3:09 - 3:12
    Então, eu sabia que a maioria
  • 3:12 - 3:14
    acabaria escolhendo
    um desses dois números,
  • 3:14 - 3:19
    e isso me permitiu avaliar
    suas duas escolhas mais prováveis.
  • 3:20 - 3:25
    Mas não se trata apenas de mágica.
  • 3:25 - 3:29
    Também tem a ver com a maneira
    como somos influenciados no dia a dia.
  • 3:31 - 3:34
    Você sabe, histórias e políticos
  • 3:34 - 3:37
    brincam com nossa mente o tempo todo,
  • 3:37 - 3:41
    porque eles também sabem
    que tendemos a escolher e apreciar
  • 3:41 - 3:43
    o que é fácil de pegar ou ver.
  • 3:44 - 3:46
    Por exemplo, quando você
    está no supermercado,
  • 3:46 - 3:48
    escolhendo um vinho ou um pacote de arroz,
  • 3:48 - 3:51
    entre muitos produtos
    dispostos em prateleiras verticais,
  • 3:51 - 3:53
    seu primeiro instinto é olhar
  • 3:53 - 3:58
    somente para os produtos nas prateleiras
    no nível de seus olhos, não é mesmo?
  • 3:58 - 4:01
    É mais fácil e requer menos esforço.
  • 4:02 - 4:03
    Você sabia que muitas marcas
  • 4:03 - 4:07
    negociam para seu produto ficar
    nas prateleiras no nível dos olhos
  • 4:07 - 4:09
    por causa do princípio da opção fácil?
  • 4:10 - 4:14
    E essa é uma tática
    usada por muitos políticos.
  • 4:15 - 4:19
    Quando as informações estão
    bem diante dos olhos nas redes sociais,
  • 4:19 - 4:20
    elas são facilmente acessadas
  • 4:20 - 4:23
    e afetam de maneira absoluta
    nosso comportamento de votação.
  • 4:24 - 4:27
    Resultados políticos,
    como o referendo do Brexit
  • 4:27 - 4:29
    ou a eleição norte-americana de 2016,
  • 4:29 - 4:33
    tiveram uma forte influência
    da publicidade direcionada,
  • 4:33 - 4:34
    o que tornou algumas informações,
  • 4:35 - 4:37
    que não eram necessariamente verdadeiras,
  • 4:37 - 4:42
    desproporcionalmente acessíveis
    e visíveis para públicos específicos
  • 4:42 - 4:44
    para influenciar o voto.
  • 4:44 - 4:48
    Mas eis a boa notícia.
  • 4:48 - 4:52
    Alguns fatores simples têm impacto
    sobre o quanto somos influenciáveis.
  • 4:53 - 4:56
    Em um experimento usando
    o truque com as quatro cartas,
  • 4:56 - 4:59
    descobrimos que informar
    explicitamente aos participantes
  • 4:59 - 5:00
    que eles têm uma escolha
  • 5:00 - 5:04
    pode, na verdade, levá-los a tomarem
    decisões mais deliberadas,
  • 5:04 - 5:08
    em vez de se comportarem da maneira
    que tentamos fazê-los se comportar.
  • 5:08 - 5:10
    Em outras palavras,
  • 5:10 - 5:14
    ou eu simplesmente pedia aos participantes
    que movessem uma das cartas
  • 5:14 - 5:16
    ou dizia:
  • 5:16 - 5:18
    "Escolha uma carta e então a mova".
  • 5:19 - 5:21
    Quando pedimos para escolher uma carta,
  • 5:21 - 5:24
    o percentual de pessoas que escolheram
    por impulso a mais acessível
  • 5:25 - 5:28
    caiu de 60% para 35%.
  • 5:29 - 5:35
    Portanto, parece que, ao sermos lembrados
    de que temos controle de nossas escolhas,
  • 5:35 - 5:37
    e sabemos que nossas ações
    são importantes,
  • 5:37 - 5:39
    em vez de agir sem pensar,
  • 5:39 - 5:42
    podemos tomar decisões mais pessoais
  • 5:42 - 5:44
    e ser menos facilmente influenciados.
  • 5:44 - 5:46
    Vou lhe mostrar outro truque,
  • 5:46 - 5:49
    inventado por Derren Brown,
    mentalista britânico,
  • 5:49 - 5:50
    para explicar meu ponto de vista.
  • 5:51 - 5:54
    Esse truque usa o "priming",
    ou pré-ativação, em psicologia.
  • 5:55 - 5:58
    O priming acontece
    quando a exposição a algo
  • 5:58 - 6:01
    influencia nossos pensamentos
    e comportamento mais tarde,
  • 6:01 - 6:02
    sem que nos demos conta
  • 6:02 - 6:05
    de que a primeira coisa
    está nos guiando até certo ponto.
  • 6:05 - 6:08
    O truque costuma ser feito
    em um contexto mais íntimo,
  • 6:08 - 6:10
    em que eu estaria de frente para você,
  • 6:10 - 6:12
    mas vamos tentar juntos.
  • 6:12 - 6:15
    Concentre-se em mim
    da melhor maneira possível,
  • 6:15 - 6:19
    mas não me deixe influenciar sua escolha.
  • 6:20 - 6:21
    Vou tentar transmitir mentalmente
  • 6:21 - 6:24
    a identidade de uma carta de baralho
    em que estou pensando.
  • 6:24 - 6:25
    Preparado?
  • 6:26 - 6:29
    Tudo bem, então primeiro
    torne a cor brilhante e viva.
  • 6:29 - 6:31
    Imagine, em sua mente, uma tela
  • 6:31 - 6:36
    com pequenos números nos cantos
    inferior e superior das cartas.
  • 6:36 - 6:38
    E depois as coisas no meio,
  • 6:38 - 6:39
    no centro das cartas,
  • 6:39 - 6:41
    o bum, bum, bum, os naipes.
  • 6:42 - 6:43
    Você entendeu?
  • 6:45 - 6:50
    Está bem, aposto que a maioria
    pensou no três de ouros,
  • 6:50 - 6:54
    mas escolheu outra carta, não é mesmo?
  • 6:54 - 6:56
    Como você deve ter notado,
  • 6:56 - 7:00
    tentei influenciar fortemente
    sua escolha com meus gestos
  • 7:00 - 7:01
    enquanto dava as instruções.
  • 7:02 - 7:03
    Ao estudar esse truque,
  • 7:03 - 7:07
    descobrimos que cerca de 18%
    das pessoas escolhem o três de ouros
  • 7:07 - 7:11
    e quase 40% escolhem
    o três de qualquer naipe,
  • 7:11 - 7:15
    embora totalmente inconscientes
    do fato de que eu os manipulava.
  • 7:15 - 7:18
    Então o que aconteceu aqui?
  • 7:19 - 7:22
    Como você sabia que eu tentava
    influenciar sua escolha,
  • 7:22 - 7:25
    deve ter prestado
    mais atenção ao que eu fazia.
  • 7:25 - 7:29
    E isso levou a maioria das pessoas
    a escolherem de modo mais consciente
  • 7:29 - 7:33
    do que os participantes que não sabem
    quem eu sou, o que estou estudando
  • 7:33 - 7:36
    ou o que estou tentando fazer
    com a mente deles.
  • 7:37 - 7:42
    Então a questão é que, em todos
    os nossos experimentos,
  • 7:42 - 7:46
    conseguimos influenciar fortemente
    as escolhas de cartas das pessoas,
  • 7:46 - 7:49
    embora elas digam que se sentem
    livres e no controle de suas escolhas.
  • 7:50 - 7:52
    E essa falta de autoconsciência
  • 7:52 - 7:58
    torna a influência de políticos, empresas
    e de outras pessoas ainda mais poderosa,
  • 7:58 - 8:01
    porque podemos pensar que controlamos
    nossas escolhas e crenças,
  • 8:01 - 8:02
    mas não controlamos.
  • 8:04 - 8:07
    Politicamente ou em nosso
    comportamento de consumidor,
  • 8:07 - 8:08
    se não prestarmos atenção,
  • 8:08 - 8:13
    conteúdo enganoso ou anúncios chamativos
    podem simplesmente enganar a mente.
  • 8:13 - 8:16
    E se, em nosso dia a dia,
  • 8:17 - 8:21
    parássemos com mais frequência
    e fizéssemos uma escolha consciente
  • 8:21 - 8:25
    antes de agir segundo essa fera
    impulsiva e reativa dentro de nós?
  • 8:25 - 8:28
    Podemos agir de forma mais consciente
  • 8:28 - 8:30
    se tivermos em mente
  • 8:30 - 8:32
    que temos a capacidade
    de sermos influenciados.
  • 8:33 - 8:34
    Obrigada.
Title:
Segredos da mente e do livre-arbítrio revelados por truques de mágica
Speaker:
Alice Pailhès
Description:

Será que temos o controle de nossas escolhas? Truques de mágica podem revelar o contrário, diz a cientista e ilusionista Alice Pailhès. Observe atentamente enquanto ela realiza truques de mágica que revelam como funciona o cérebro, como podemos ser influenciados de modo sutil e o que isso significa para o livre-arbítrio e para o nosso dia a dia. Ela adivinhou a sua carta, não é mesmo?

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
08:48

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions