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A Arte em Questão 2: MANET- "Na Estufa"

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    A Arte...
  • 0:06 - 0:08
    ...em questão.
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    Um homem.
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    Uma mulher.
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    Uma cortina vegetal luxuriante.
  • 0:18 - 0:20
    Um quadro de Manet.
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    À primeira vista, trata-se de uma versão
    citadina de Adão e Eva...
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    ...ou de um namoro na floresta.
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    Mas tudo isso soa a falso!
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    Em vez de exprimir uma atração,
    o casal parece petrificado.
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    Em vez do paraíso terrestre ou da natureza, vemos
    plantas num vaso, num apartamento parisiense.
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    Mesmo o quadro não passa,
    por vezes, de um esboço...
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    Manet parece ter prazer em nos dececionar:
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    Em vez de nos fazer sonhar com
    uma requintada imagem erótica...
  • 1:01 - 1:03
    ...ele oferece-nos um casal unido
    pelo matrimónio...
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    ..."à beira de uma crise de nervos."
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    Então, para Manet, o que existe de tão interessante
    nos estados de alma deste casal parisiense?
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    Título: "Episódio 2. Manet - na Estufa.
    O olhar da mulher na pintura moderna".
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    Parte 1: "Delírios masculinos."
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    Este quadro é, em primeiro lugar, a história de
    uma implacável oposição.
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    Em primeiro plano, a mulher, bela, desejável,
    e na útima moda.
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    Com corpete cinzento e vestido plissado,
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    Ela parece uma sereia ou um lagostim na sua carapaça.
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    Graças às grades do banco, ela está protegida
    da "selva" do apartamento...
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    ... e da sátira urbana que ela abriga.
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    Este homem, Manet fez tudo para que parecesse
    submisso, acessório ou inofensivo.
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    Leão na sua jaula,
  • 2:02 - 2:03
    curvado sob o limite superior do quadro,
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    ele implora a atenção de uma mulher-esfinge.
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    O charuto ainda incandescente parece
    bem frágil e tímido...
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    ...diante do guarda-chuva
  • 2:16 - 2:19
    ... foi superado em armas!
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    Única consolação, única esperança no centro
    do quadro
  • 2:22 - 2:25
    a meio do caminho entre dois mundos:
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    uma mão esquerda sem luva, que ele tenta
    aproximar timidamente.
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    A isso junta-se uma outra dinâmica, que vai
    da esquerda para a direita.
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    Do lado feminino: flores, folhagens delicadas,
    cores ácidas.
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    Do lado masculino: tons mais sombrios,
    folhas largas e explosivas.
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    O vaso de porcelana imita a mulher: azul, branco, rosa!
  • 2:55 - 3:00
    Colado a ele, o vaso de terra, assinado Manet,
    prefigura o homem.
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    Este ramo de flores exprime
    o magnetismo do desejo:
  • 3:05 - 3:09
    estas flores cor de rosa lembram
    a tez e os lábios;
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    Os lírios prolongam o olhar;
  • 3:12 - 3:17
    As duas rosas vermelhas evocam a paixão.
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    Sobre o fundo vegetal, mesmo
    a mão torna-se flor.
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    A mulher não é estranha a estes fenómenos:
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    Pela indumentária e maquilhagem, ela imita a
    natureza, a fim de exarcerbar os seus encantos.
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    Mas é sobretudo o desejo masculino frustrado
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    que empresta às flores, às curvas e à mão,
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    a potência erótica de uma mulher inteira...
  • 3:52 - 3:55
    Parte 2: "Uma nova visão da mulher."
  • 3:57 - 3:58
    Um século antes de Manet,
  • 3:58 - 4:04
    Fragonard idealiza o encontro entre amantes
    aristocratas, na natureza.
  • 4:04 - 4:07
    Como "Na Estufa", a mulher está do lado das rosas,...
  • 4:07 - 4:09
    ... e o homem, do lado da floresta.
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    Mas o pequeno muro que os separa é feito
    para ser transposto:
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    Abraços apaixonados em perspetiva...
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    Para Manet, o cidadão, tudo isto está acabado...
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    ...Paris e os seus subúrbios, "é lá onde isso se passa" !
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    Através do retrato do Sr. e Sra. Jules Guilllemet,
    comerciantes de moda,
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    Manet interessa-se pelos novos relacionamentos
    entre homens e mulheres na cidade.
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    O casamento transforma-se frequentemente
    numa fachada, incluindo na família Manet.
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    Aqui, a rigidez do pai trai a sífilis,
  • 4:42 - 4:46
    doença sexualmente transmissível da qual
    o pintor também morrerá.
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    A natureza não é idealizada.
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    Contrariamente a este banco, de Monet,
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    Manet suprime a perspetiva, a linha do horizonte.
  • 4:59 - 5:01
    A imagem da mulher modifica-se.
  • 5:01 - 5:05
    Para Courbet, são seres incompletos,
    que brincam com os animais,
  • 5:05 - 5:08
    à espera de "um homem, um verdadeiro!"
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    Para Manet, elas têm uma existência própria.
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    São elas que mantêm os animais em respeito.
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    E quando o homem aparece, ele é frequentemente marginalizado, esquecido...
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    Quando as mulheres são cortadas,
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    são pedaços de pernas e de braços, com que
    se deve contentar "o macho" à distância.
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    A Sra. Guillemet é então uma destas mulheres
    que interessa a Manet:
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    ela possui a independência e a resolução interior
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    que lhe confere o seu estatuto "de empresária
    da moda."
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    Parte 3: "As mulheres na pintura moderna."
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    Através das mulheres, Manet inventa uma nova arte
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    que joga com as expetativas e os desejos
    do espetador.
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    "No Barco" e em "Nana", nós permanecemos
    exteriores à cena,
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    mas o olhar do homem indica que somos intrusos...
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    ...e a olhadela da comediante ao eleito do momento.
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    "Na Estufa" e "o Bar das Folies Bergères",
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    o espetador exibe-se no quadro como
    num espelho:
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    A Sra. Guillemet ignora-nos tanto
    quanto ao seu marido.
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    Ele e nós somos então duplos,
    unidos pelo mesmo fascínio.
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    E no "Bar", este homem que aparece refletido atrás da mulher...
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    ... somos nós! Apanhados em flagrante delito!
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    Ora, o olhar cansado que nos é lançado,
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    é também aquele que a pintura de Manet
    lança sobre os seus espetadores.
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    Tradicionalmente, a pintura tenta fazer esquecer
    a superfície da tela, modelando os corpos...
  • 7:07 - 7:09
    ...e construindo a cena.
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    Manet, pelo contrário, joga com
    o lado plano do quadro:
  • 7:13 - 7:16
    redução da profundidade,
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    verticais e horizontais, que lembram
    a trama da tela
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    relevos mais brutais e contrastantes,
  • 7:30 - 7:34
    partes com aspetos "inacabados".
  • 7:37 - 7:42
    A sua pintura impõe assim, mais firmemente
    ao espetador, o que ele deve ver:
  • 7:42 - 7:50
    impossível de se deleitar hipocritamente diante
    de um pedaço de carne pretendendo olhar para
    a pincelada.
  • 7:50 - 7:55
    A pintura torna-se mais autónoma: ela não dá
    o que havia decidido conceder.
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    Nisto, a Sra. Guillemet, musa da moda, é também
    uma alegoria da pintura moderna.
  • 8:01 - 8:09
    Ela excita os nossos desejos, ao ponto de nos dar
    vontade de esticar o dedo para lhe tocar...
  • 8:09 - 8:15
    ...mas é para melhor nos reconduzir à
    superfície da tela.
  • 8:16 - 8:20
    Artificialidade assumida e superficialidade
    sabiamente controlada:
  • 8:20 - 8:26
    tal é a cilada que Manet e a Sra. Guillemet armam
    ao desejo de seus espetadores,
  • 8:26 - 8:30
    ao mesmo tempo atraídos e rejeitados.
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    "Próximo episódio: O Nascimento de Vénus de Botticelli - Você conhece verdadeiramente esta mulher?"
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    Mais informações em: www. canal-educatif. fr
  • 8:41 - 8:44
    Escrito e realizado por:
  • 8:44 - 8:47
    Produzido por:
  • 8:47 - 8:50
    Consultor científico:
  • 8:50 - 8:53
    Este film existe graças ao apoio muitos mecenas (por que não você?) e do Ministério da Cultura.
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    Voz - off:
  • 8:56 - 8:59
    Montagem e videografismo:
  • 8:59 - 9:02
    Pós-produção e gravação sonora:
  • 9:02 - 9:05
    Seleção musical:
  • 9:05 - 9:08
    Música:
  • 9:08 - 9:11
    Agradecimentos:
    Tradução em português: Isabel Vaz Belchior
  • 9:11 - 9:13
    Uma produção CED.
Title:
A Arte em Questão 2: MANET- "Na Estufa"
Description:

Sem descrição.

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Video Language:
French

Portuguese subtitles

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