As raízes da religião | Genvieve Von Petzinger | TEDxVictoria
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0:07 - 0:08Vivemos num mundo
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0:08 - 0:12imerso em religiosidade e espiritualidade,
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0:12 - 0:15às vezes, ao ponto de que não conseguimos
nem talvez reconhecer isso. -
0:15 - 0:19Afeta tudo, desde coisas
simples como feriados, -
0:19 - 0:21os nomes que damos às crianças,
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0:21 - 0:24até coisas muito tristes e desanimadoras,
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0:24 - 0:27como conflitos num outro lado do mundo.
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0:27 - 0:29Num determinado dia,
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0:29 - 0:33alguém, em algum lugar, está lutando
em nome da religião e da espiritualidade. -
0:34 - 0:38Vejamos como tudo isso
ocorre numa escala global. -
0:38 - 0:41Dependendo com quem se fala, há cerca
de 20 religiões principais no mundo -
0:41 - 0:46algumas existem em mais de um país
ou em mais de um continente. -
0:46 - 0:48Adicione a isso, centenas de crenças
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0:48 - 0:53e as 7 bilhões de pessoas que vivem
neste planeta atualmente, -
0:53 - 0:56pouco menos que 6 bilhões
declaram algum tipo de fé. -
0:58 - 1:01Imaginemos um mundo sem religião.
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1:01 - 1:03Como seria?
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1:03 - 1:05Porque o mundo era assim,
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1:05 - 1:09se voltarmos tempo suficiente
na nossa própria história, -
1:09 - 1:13houve um tempo,
talvez ainda do homo sapiens, -
1:13 - 1:15em que não havia religião.
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1:15 - 1:18Como se pode ver no slide,
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1:18 - 1:20que é um gráfico
evolucionário simplificado, -
1:20 - 1:24há uma pergunta que a minha área,
a paleoantropologia faz: -
1:24 - 1:27há quanto tempo existe a religião?
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1:27 - 1:30E como podemos entender isso?
É incrivelmente subjetivo, certo? -
1:30 - 1:33Obviamente, o homo sapiens estará no topo.
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1:33 - 1:36Sabemos que o homo sapiens
tem religião, ou seja, nós. -
1:36 - 1:39E os heidelbergensis
antes de nós, o erectus, -
1:39 - 1:41e tudo volta ao homo habilis.
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1:41 - 1:44O homo habilis, há 2,5 milhões de anos
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1:44 - 1:48foi considerado um bom candidato
a inventor das primeiras ferramentas. -
1:48 - 1:52Você deve imaginar: ferramentas,
religião, o que isso tem em comum? -
1:53 - 1:58Se pensarmos no salto cognitivo
que é fabricar ferramentas, -
1:58 - 2:00haverá algumas coisas em comum.
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2:00 - 2:03Por exemplo, quando se está
fabricando uma ferramenta, -
2:03 - 2:07é necessário pegar um pedaço de pedra
para moldar uma outra pedra, -
2:07 - 2:09deve-se manter uma imagem mental
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2:09 - 2:12de como deve ficar o produto final.
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2:12 - 2:15O que se percebe
com esses primeiros fabricantes -
2:15 - 2:20é que eles já previam e planejavam
as coisas com antecedência. -
2:20 - 2:23Eles pegavam um pedaço de pedra
-
2:23 - 2:25em qualquer lugar
e quando a ferramenta acabava -
2:25 - 2:29ou se desgastava, eles mesmos
fabricavam uma nova. -
2:29 - 2:32Existem alguns pesquisadores no meu campo,
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2:32 - 2:34especialmente um colega
chamado Thomas Wynn, -
2:34 - 2:38que se associou a um neuropsicólogo
chamado Frederick Coolidge, -
2:38 - 2:41e eles apareceram com uma coisa
chamada memória de trabalho. -
2:41 - 2:46Isso não é um ponto no cérebro,
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2:46 - 2:49mas sim várias funções trabalhando juntas
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2:49 - 2:53e permitindo coisas como imagens
mentais e pré-planejamento. -
2:53 - 2:56Eles argumentam que, mesmo
em um nível muito básico, -
2:56 - 2:59chimpanzés também têm memória de trabalho.
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2:59 - 3:02Eles podem usar ferramentas,
mas não são muito bons com elas. -
3:02 - 3:05Basicamente, eles pegam um galho
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3:05 - 3:08arrancam algumas folhas
e o usam pra pegar cupins, -
3:08 - 3:09mas depois jogam o galho fora.
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3:09 - 3:12Praticamente, não usarão
mais essa ferramenta. -
3:12 - 3:15Não há muitos exemplos de reutilização
de ferramentas por chimpanzés -
3:15 - 3:20ou de algum tipo desse comportamento
como aquele do homo habilis. -
3:21 - 3:24Tomando isso como base
e a ideia de memória de trabalho, -
3:24 - 3:26eles extrapolaram isso
-
3:26 - 3:30e decidiram falar sobre o que chamaram
de memória de trabalho aprimorada. -
3:31 - 3:35Assim, a memória de trabalho aprimorada
tem diversos componentes. -
3:35 - 3:38É como que pegar aquilo
e aplicar esteroides. -
3:39 - 3:42Não apenas a imagem mental e planejamento,
-
3:42 - 3:46mas vamos adicionar a capacidade de prever
e de trabalhar conceitos abstratos. -
3:46 - 3:48Vamos falar sobre viagem mental no tempo.
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3:48 - 3:50Viagem mental no tempo
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3:50 - 3:53é a habilidade de pensar
sobre o passado e o futuro. -
3:53 - 3:55São coisas muito incomuns.
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3:55 - 4:00Para nós isso é fácil, mas outras espécies
podem não compreender. -
4:01 - 4:04Obviamente, seu cão talvez
se lembre de ter ido ao veterinário, -
4:04 - 4:06o que é algo interessante,
-
4:06 - 4:11mas ele não tem uma lembrança clara
de já ter ido ao veterinário outras vezes, -
4:11 - 4:14além de: é desagradável
entrar naquele edifício, -
4:14 - 4:18ele tem um certo cheiro,
é um perigo iminente. -
4:18 - 4:22A habilidade clara, digamos,
usando a viagem mental no tempo: -
4:22 - 4:24"Quando tentei uma ferramenta
com este material antes, -
4:24 - 4:28não funcionou bem, então,
farei diferente desta vez". -
4:28 - 4:31Ou: "Vi uma pessoa do grupo
de caçadores-coletores fazer algo -
4:31 - 4:34que funcionou muito bem, vou fazer igual".
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4:34 - 4:37Todas essas coisas,
bem como pensar à frente, -
4:37 - 4:39como planejamento, mas num grau superior.
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4:39 - 4:43Imaginação, pois a capacidade
de conceber algo, -
4:43 - 4:46como a imagem mental
quando se faz uma ferramenta, -
4:46 - 4:49depende da capacidade de visualizar
algo que ainda não existe; -
4:50 - 4:53novamente, estamos olhando à frente.
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4:53 - 4:56Ou seja, é a capacidade
de entender e manipular símbolos. -
4:56 - 4:59É neste ponto que chegamos
a coisas como linguagem e arte. -
5:00 - 5:03Vocês provavelmente
viram o "ponto de Deus", -
5:03 - 5:08e isso quer dizer que algo começou,
acredito, na década de 1990, -
5:08 - 5:10com os neuropsicólogos,
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5:10 - 5:13que usaram a ressonância
e outros tipos de imagens, -
5:13 - 5:15eles começaram a procurar
-
5:15 - 5:19uma área no cérebro
que pudesse ser associada a Deus. -
5:19 - 5:22E até mesmo fizeram um estudo
-
5:22 - 5:24no qual pessoas submetidas à ressonância,
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5:24 - 5:27que estavam bem e que pensassem
-
5:27 - 5:30em sua própria visão de Deus,
fé ou espiritualidade -
5:30 - 5:32mostrariam isso nas áreas do cérebro
que seriam mapeadas -
5:32 - 5:34e iluminadas enquanto você pensava.
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5:34 - 5:37Havia um ponto
que sempre estava iluminado -
5:37 - 5:40e foi tão evidente que dissemos,
encontramos o ponto de Deus. -
5:40 - 5:44Esta é a área que se ilumina
quando as pessoas se concentram. -
5:44 - 5:46(Risos)
-
5:46 - 5:49Sabemos onde fica
a concentração no cérebro -
5:49 - 5:52mas, naturalmente,
todos estavam pensando em Deus -
5:52 - 5:53e aí é que está o problema.
-
5:53 - 5:57Acho que os neuropsicólogos
e as pessoas que trabalham com evolução -
5:57 - 6:00estão tentando mostrar
que não existe este ponto de Deus. -
6:00 - 6:02Analogamente à memória aprimorada,
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6:02 - 6:06existem várias regiões do cérebro
que trabalham em conjunto -
6:06 - 6:10para criar esse espaço
e esses tipos de habilidades. -
6:11 - 6:13Está tudo nos lobos?
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6:13 - 6:14Neste slide, vocês verão
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6:14 - 6:18que no lado esquerdo, está o homo erectus,
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6:18 - 6:20há 1,65 milhões de anos.
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6:20 - 6:23E no lado direito está
o crânio do homo sapiens -
6:23 - 6:26de cerca de 20 mil anos na Alemanha.
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6:26 - 6:31Esse crânio é idêntico ao nosso,
só achei que seria mais legal usar -
6:31 - 6:34uma espécie de fóssil de crânio
para o homo sapiens. -
6:34 - 6:39Eu gostaria que observassem o perfil,
-
6:39 - 6:42o erectus tem uma grande testa saliente,
-
6:42 - 6:44mas, podemos observar que, atrás dela,
-
6:44 - 6:48existe um ângulo bastante
acentuado até atrás. -
6:48 - 6:53Agora vejam essa grande e linda testa
no crânio do homo sapiens. -
6:54 - 6:58Esses são os lobos frontais;
eles são, em muitos casos... -
6:58 - 7:02é dai que vem, praticamente,
todo o nosso raciocínio superior, -
7:02 - 7:05daqueles pontos ali.
-
7:05 - 7:07O interessante quando pensamos nisso
-
7:07 - 7:11é que, enquanto estamos
sentados aqui, conversando, -
7:11 - 7:14estamos usando essas partes
frontais de seus lobos, não é? -
7:14 - 7:17Mas a grande questão é:
-
7:17 - 7:21pode estar fisicamente ali,
mas tem a ver mais com conexão? -
7:21 - 7:24Não é apenas sobre o tamanho,
mas também como está conectado, -
7:24 - 7:27como são os movimentos neurais.
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7:27 - 7:29É neste ponto em que
os estudiosos que mencionei, -
7:29 - 7:31Wynn e Coolidge, trabalhando juntos,
-
7:31 - 7:36estabeleceram o argumento em que
acreditavam que o pensamento moderno, -
7:36 - 7:40a capacidade de imaginar,
fazer uma viagem mental, -
7:40 - 7:42começou com humanos modernos.
-
7:42 - 7:44E quem são os humanos modernos?
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7:45 - 7:46Há cerca de 200 mil anos,
-
7:46 - 7:49encontramos os primeiros esqueletos
-
7:49 - 7:52que chamaríamos de humanos
totalmente modernos. -
7:52 - 7:55Quer dizer que seus esqueletos
eram idênticos aos nossos -
7:55 - 7:58e o tamanho do cérebro
era exatamente o mesmo. -
7:58 - 8:00No entanto, isso não significa
-
8:00 - 8:03que eles tinham todas
as habilidades que temos -
8:03 - 8:05e este é um ponto particular da minha área
-
8:05 - 8:08que também acho fascinante
e que tento entender -
8:08 - 8:10quando eles se tornaram nós.
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8:10 - 8:13Somos mais do que apenas
o tamanho do cérebro e do corpo, -
8:13 - 8:15tem a ver sobre como usamos o cérebro.
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8:15 - 8:18O que é tão fascinante sobre
os primeiros humanos na África, -
8:18 - 8:23é que, nos primeiros 80 mil anos,
aproximadamente, -
8:23 - 8:27eles não fizeram muita coisa diferente
das espécies que vieram antes deles. -
8:27 - 8:29Fizeram boas ferramentas,
-
8:29 - 8:32sobreviveram muito bem
fazendo bom uso daquele ambiente -
8:32 - 8:34e todas essas coisas.
-
8:34 - 8:39O que não se vê, são comportamentos
que nos mostrem: eles são como nós. -
8:39 - 8:42Então, de repente,
há cerca de 120 mil anos, -
8:42 - 8:48começa-se a encontrar o que chamamos
de comportamento simbólico. -
8:48 - 8:53E essas são coisas que não são úteis.
-
8:54 - 8:59Ou seja, não é algo 100%
útil para a sobrevivência, -
9:00 - 9:04para mantê-lo aquecido à noite,
para comer ou para se proteger. -
9:04 - 9:07Começamos a encontrar sepulturas.
-
9:07 - 9:11As sepulturas mais antigas
que conhecemos têm 120 mil anos -
9:11 - 9:14e não somente sepulturas,
mas havia objetos dentro delas. -
9:14 - 9:19Neste caso, estamos falando
sobre o limite de 120 mil anos, -
9:19 - 9:22encontraram-se conchas
que apresentavam perfurações -
9:23 - 9:26algumas perfurações pareciam
ter ocorrido naturalmente, -
9:26 - 9:28outras podem ter
sido feitas por ferramentas, -
9:28 - 9:33mas o surpreendente é que os buracos
nas conchas tinham marcas de desgaste, -
9:33 - 9:36ou seja, elas estavam sendo
usadas com outros objetivos. -
9:36 - 9:39Não há nada sobre isso
que seja remotamente útil -
9:39 - 9:42para se aquecer, como abrigo ou comida.
-
9:42 - 9:45O que aconteceu? O que mudou?
-
9:45 - 9:48Este é um tipo de história que avança;
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9:48 - 9:53Wynn e Coolidge usaram esse fato,
e outros estudiosos também, -
9:53 - 9:56que os humanos modernos surgem
quando essa grande mudança ocorre. -
9:56 - 10:00Eles usaram esse argumento dizendo
que a mudança começou naquele momento, -
10:00 - 10:03mas algum tipo de mutação
genética ou outra coisa -
10:03 - 10:06aconteceu há cerca de 40 a 50 mil anos,
-
10:06 - 10:09e foi quando o comportamento
verdadeiramente moderno, -
10:09 - 10:13o conjunto completo de comportamentos
que associamos com "ser moderno", -
10:13 - 10:17música, matemática e a capacidade
de visualizar coisas abstratas, -
10:17 - 10:20e todas essas coisas
que nos dizem respeito, -
10:20 - 10:24e, claro, a linguagem completa,
a comunicação e outras coisas. -
10:24 - 10:27Isso teria acontecido há
cerca de 40 mil a 50 mil anos, -
10:27 - 10:29o que coincide com a saída
dos humanos modernos da África. -
10:29 - 10:34Pode ter sido entre 40 mil a 60 mil anos,
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10:34 - 10:39e é quando os humanos deixaram a África,
se espalharam e povoaram o velho mundo. -
10:40 - 10:43Vamos falar sobre a era do gelo na Europa
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10:43 - 10:46e não é que não houvesse
coisas interessantes sendo feitas -
10:46 - 10:49pelos humanos modernos
que partiram pra outras partes. -
10:49 - 10:52Na Ásia e na Austrália,
aconteceram coisas fascinantes, -
10:52 - 10:54mas estudo e conheço melhor a era do gelo.
-
10:54 - 10:57Então, vamos ficar com isso hoje.
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10:57 - 11:00Quando se trata da Europa,
vamos descrever o panorama. -
11:00 - 11:06Obviamente, houve uma era do gelo
e ela não é nada estática. -
11:06 - 11:08Existe o movimento das placas de gelo,
-
11:08 - 11:14e muito frio, um ambiente gelado,
mas com muitos animais. -
11:14 - 11:17Bandos de búfalos e mamutes
e todos esses animais no cenário. -
11:17 - 11:22Havia muito para comer, o que era um fator
que mantinha os humanos modernos lá. -
11:22 - 11:26Eles surgiram na Europa há cerca de 40 mil
e até mesmo 45 mil anos em alguns locais, -
11:26 - 11:28se espalharam pela região
-
11:28 - 11:33e isso novamente coincide
com a chamada explosão criativa. -
11:33 - 11:36Não que não estivessem fazendo
coisas interessantes antes, -
11:36 - 11:39mas aqui começa a ficar
realmente interessante -
11:39 - 11:42e começamos a encontrar
muitos materiais simbólicos, -
11:42 - 11:46como peças de artes manuais,
muitas joias e outras peças, -
11:46 - 11:48juntamente com ferramentas de pedra.
-
11:49 - 11:51Afinal, o que estamos procurando?
-
11:51 - 11:54Voltemos às ideias
de religião e espiritualidade -
11:54 - 11:56e como se obtém isso
nos registros arqueológicos. -
11:56 - 12:01Quando pensamos em milênios,
imaginamos as ferramentas de pedra. -
12:01 - 12:03Não há muito para trabalhar,
-
12:03 - 12:08então, como tentar ir além
e procurar pistas indiretas? -
12:09 - 12:13Há três coisas principais no meu campo
que podem ser usadas como pistas. -
12:13 - 12:16A primeira são sepultamentos
com objetos trabalhados. -
12:16 - 12:21Colares de 120 mil anos,
muito interessante, muito legal, -
12:21 - 12:23mas temos que ir um pouco mais longe
-
12:23 - 12:28e dizer: E se houver muitos itens
trabalhados numa sepultura? -
12:28 - 12:30Podem representar coisas fantásticas.
-
12:30 - 12:32Quando digo coisas fantásticas,
-
12:32 - 12:36estou me referindo a coisas
que não aparecem na natureza. -
12:36 - 12:40Não estamos nos referindo
a nada do mundo real. -
12:40 - 12:44Tipo meio animal e meio humano,
seria uma entidade impossível. -
12:44 - 12:49Tentamos identificar coisas mágicas
e espirituais na própria arte. -
12:49 - 12:53Em peças manuais e na minha área
de estudo, as paredes de caverna. -
12:54 - 12:56Para passar rapidamente algumas coisas
-
12:56 - 12:59vamos a algumas ideias
sobre o que estamos vendo. -
12:59 - 13:02Uma sepultura elaborada:
esta é muito famosa -
13:02 - 13:04e é absolutamente fascinante.
-
13:04 - 13:06Esta é uma das três
sepulturas deste local. -
13:06 - 13:08Esta é de um homem adulto,
-
13:08 - 13:12tem cerca de 28 mil anos, da Rússia,
-
13:12 - 13:16e podemos observar umas coisas
brancas em todo o esqueleto. -
13:16 - 13:18São contas de marfim.
-
13:19 - 13:23Existem aproximadamente
3,5 mil contas de marfim aqui. -
13:23 - 13:29O arqueólogo Randy White tentou fazer
o que chamamos arqueologia experimental -
13:29 - 13:35e pegou marfim de mamute e praticou
até que pudesse fazer as contas, -
13:35 - 13:38e mesmo assim ele levou
uma hora em cada conta. -
13:38 - 13:39Calculem isso.
-
13:39 - 13:42Com isso, descobrimos
-
13:42 - 13:44que as outras duas sepulturas nesse local
-
13:44 - 13:46são de duas crianças.
-
13:47 - 13:50Um menino e uma menina
enterrados numa sepultura dupla. -
13:50 - 13:52O menino tem 4,5 mil contas,
-
13:52 - 13:56mil a mais que o macho adulto,
e a menina tem mais de 5 mil. -
13:56 - 13:59Observamos, potencialmente, o fato
-
13:59 - 14:04de que eles viam a morte
como um estado diferente da vida -
14:04 - 14:06e vale a pena reconhecer
e prestar atenção. -
14:06 - 14:12Vamos admitir, francamente, o enorme
esforço de fazer todas essas contas -
14:12 - 14:14somente para enterrá-las
e depois cobri-las. -
14:14 - 14:17Alguma coisa definitivamente
está acontecendo. -
14:19 - 14:21Chegamos às entidades fantásticas.
-
14:21 - 14:24Este é um exemplo clássico e maravilhoso.
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14:24 - 14:27Esta é uma figura esculpida em marfim,
provavelmente deste tamanho. -
14:27 - 14:29Cabeça de leão e corpo humano.
-
14:29 - 14:32Novamente, isso não existe na natureza.
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14:32 - 14:35O que está acontecendo?
Por que criar isso? -
14:35 - 14:36Esta não é uma autorrepresentação.
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14:36 - 14:39Algumas pessoas da minha área propuseram
-
14:39 - 14:42que poderia ser uma espécie de mitologia,
-
14:42 - 14:45alguma coisa relacionada
ao passado ou coisa assim. -
14:45 - 14:49Existem exemplos interessantes, presentes
em todos os registros arqueológicos. -
14:49 - 14:52Este tem cerca de 32 mil anos.
-
14:54 - 14:55E quanto à caça mágica?
-
14:55 - 14:59Refiro-me a um desenho como este
na caverna Niaux, na França, -
14:59 - 15:03onde existe um búfalo pintado
numa parede de caverna -
15:03 - 15:07e parece haver um tipo
de lança sobressaindo ao seu lado. -
15:07 - 15:10Neste caso, foi proposto
-
15:10 - 15:15que pode-se ver que eles tentam
matar o animal num ritual, -
15:15 - 15:16na caverna primeiro,
-
15:16 - 15:19para garantir sucesso
quando saírem para a caçada real. -
15:19 - 15:23Existem alguns exemplos
em que não há apenas as lanças, -
15:23 - 15:26mas também há marcas de pontas,
-
15:26 - 15:32que parecem alguém furando a imagem
com uma lança real ou algo assim -
15:32 - 15:38Isso sugere algum tipo de simulação
de algum mundo invisível acontecendo. -
15:38 - 15:42Este é outro excelente exemplo
de uma entidade fantástica, -
15:42 - 15:45potencialmente identificado como um xamã.
-
15:46 - 15:50O motivo baseia-se na ideia de que talvez
eles estejam usando uma máscara. -
15:50 - 15:52E se, ao invés de uma entidade fantástica,
-
15:52 - 15:56essa for a representação real
de alguém vestido como um animal? -
15:56 - 15:58As pernas parecem ter
um aspecto mais humano, -
15:58 - 16:03não parece um búfalo, mas a cabeça sim,
e os braços são muito humanos. -
16:04 - 16:08Foi quando eles começaram
a ter ideias de práticas xamânicas. -
16:08 - 16:13O termo xamã é proveniente da Rússia,
-
16:13 - 16:16mas é muito aplicado
em práticas religiosas -
16:16 - 16:19em que há membros específicos da tribo
-
16:19 - 16:22que intercedem em seu favor
num mundo invisível. -
16:22 - 16:25Seja para influenciar o clima, a caça,
-
16:25 - 16:29ou a saúde, se as pessoas
estão doentes e tentam curá-las; -
16:29 - 16:31existem pessoas que fazem isso.
-
16:32 - 16:35O interessante sobre alguns
exemplos modernos... -
16:35 - 16:39Meu colega David Lewis-Williams,
-
16:39 - 16:43é pesquisador em arte
rupestre na África do Sul, -
16:43 - 16:47e teve a oportunidade
de falar com o povo San, -
16:47 - 16:50um grupo de caçadores-coletores
do norte da África austral. -
16:50 - 16:55Eles vivem no deserto e ainda adotam
o estilo de vida caçador-coletor. -
16:55 - 16:57E ainda praticam a arte rupestre.
-
16:57 - 17:00Ele teve a oportunidade de perguntar:
"Por que vocês praticam esta arte?" -
17:00 - 17:02Isso não explica toda a arte,
-
17:02 - 17:06mas as práticas xamânicas
tiveram um papel importante nela. -
17:06 - 17:07Coisas como as marcas da mão.
-
17:07 - 17:09Eles falaram sobre
a ideia em que as cavernas -
17:09 - 17:14eram quase como um lugar
de transição entre mundos. -
17:14 - 17:17Quando entramos numa caverna,
usamos faróis e várias luzes, -
17:17 - 17:21e sabemos que é uma caverna,
mas imaginem se não soubessem. -
17:21 - 17:24É quase como ter a sensação
de um portal para uma outra realidade. -
17:24 - 17:27Eles falaram sobre
essas paredes da caverna -
17:27 - 17:33como se fossem membranas
que pudessem tocar o invisível. -
17:34 - 17:37Chegamos, especificamente, a uma pesquisa
na qual venho trabalhando, -
17:37 - 17:43e quis tentar isso, pois, como pessoas
na África moderna estão fazendo isso... -
17:43 - 17:47no mínimo uma diferença
de 10 mil anos em relação à Europa. -
17:47 - 17:49É possível?
-
17:49 - 17:54Estamos vendo nas paredes, possíveis
imagens de uma espécie de transe -
17:54 - 17:56e disseram que é por isso que eles fazem.
-
17:56 - 18:01Vejam, a mente humana...
-
18:01 - 18:04Transe é uma alteração
do estado da consciência. -
18:04 - 18:08Há muitas coisas que são culturalmente
específicas de cada lugar, -
18:08 - 18:10como os animais que se veem nas imagens,
-
18:10 - 18:13mas imagens geométricas
são quase universais. -
18:13 - 18:19Isso porque nossos olhos foram projetados
para perceber determinadas formas -
18:19 - 18:21apenas quando estamos em estado de transe.
-
18:21 - 18:26E foi assim que questionei se poderíamos
encontrar isso nas cavernas na Europa. -
18:26 - 18:28O estudo está em andamento,
-
18:28 - 18:30mas pensei em compartilhar
um pouco com vocês, -
18:30 - 18:35aquele com pontos, com linhas, com grades,
sim, certamente os encontramos. -
18:35 - 18:38Outros, nem tanto.
-
18:38 - 18:42Existem apenas cerca de 15 casos,
em mais de 300 locais, -
18:42 - 18:44que têm ziguezagues.
-
18:44 - 18:48Não há um comportamento totalmente
parecido com aqueles da África do Sul. -
18:48 - 18:51Com relação a curvas espirais,
existem apenas dois. -
18:51 - 18:54Neste sentido, as espirais
são ainda mais incomuns -
18:54 - 18:57e não as vemos ao longo
dos registros arqueológicos. -
18:57 - 18:59O que isso significa?
-
18:59 - 19:03Para mim, isso sugere, e não posso
dar uma resposta definitiva, -
19:03 - 19:08dizer: "Sim, certamente havia
religiosidade naquela época". -
19:08 - 19:13Mas, os sinais existem e sugerem que algo
estava se desenvolvendo e que existia. -
19:14 - 19:16Deixarei aqui o pensamento
de que eles somos nós. -
19:16 - 19:18Em todos os sentidos,
-
19:18 - 19:21o povo que viveu entre 10 e 40 mil anos
atrás era de seres humanos modernos. -
19:21 - 19:24Se somos capazes, por que eles não seriam?
-
19:24 - 19:25Obrigada.
-
19:25 - 19:27(Aplausos)
- Title:
- As raízes da religião | Genvieve Von Petzinger | TEDxVictoria
- Description:
-
Nesta palestra, Genevieve von Petzinger fala sobre o desenvolvimento da capacidade abstrata da mente humana, a habilidade de fabricar ferramentas e criar a religião quase que concomitantemente.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 19:33
Maricene Crus approved Portuguese, Brazilian subtitles for The roots of religion | Genvieve Von Petzinger | TEDxVictoria | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The roots of religion | Genvieve Von Petzinger | TEDxVictoria | ||
Maricene Crus accepted Portuguese, Brazilian subtitles for The roots of religion | Genvieve Von Petzinger | TEDxVictoria | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The roots of religion | Genvieve Von Petzinger | TEDxVictoria | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The roots of religion | Genvieve Von Petzinger | TEDxVictoria | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The roots of religion | Genvieve Von Petzinger | TEDxVictoria | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The roots of religion | Genvieve Von Petzinger | TEDxVictoria | ||
Maricene Crus edited Portuguese, Brazilian subtitles for The roots of religion | Genvieve Von Petzinger | TEDxVictoria |