1.ª pessoa vs. 2.ª pessoa vs. 3.ª pessoa — Rebekah Bergman
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0:14 - 0:16"Eu sou um homem invisível."
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0:17 - 0:20"A Mrs. Dalloway disse
que ela mesma compraria as flores." -
0:21 - 0:25"Estás prestes a ler
o novo romance de Italo Calvino." -
0:27 - 0:31Estas três frases de abertura,
do "Homem Invisível" de Ralph Ellison, -
0:31 - 0:33de "Mrs. Dalloway" de Virginia Woolf,
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0:33 - 0:37e de "Se um viajante numa noite
de inverno" de Italo Calvino -
0:37 - 0:40estabelecem um ponto de vista diferente.
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0:40 - 0:43Quem conta uma história,
e de que perspetiva, -
0:43 - 0:47são algumas das escolhas mais importantes
que um autor tem de fazer. -
0:47 - 0:51Uma história pode-se transformar,
contada de um ponto de vista diferente. -
0:53 - 0:55Por exemplo, neste conto:
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0:55 - 0:59"Rapunzel, Rapunzel," pediu o princípe:
"Solta os teus cabelos." -
1:00 - 1:03"A Rapunzel desfez a trança
e atirou o cabelo pela janela. -
1:03 - 1:06"O príncipe trepou
pelas madeixas até à torre." -
1:07 - 1:11Esta história é normalmente
contada assim, com o narrador de fora. -
1:11 - 1:14Este é o ponto de vista da 3.ª pessoa.
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1:14 - 1:18Mas a história pode ser contada
por uma personagem dentro dela. -
1:18 - 1:20por um narrador na 1.ª pessoa.
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1:20 - 1:23"As pontas dos cabelos de Rapunzel
caíram-me aos pés. -
1:23 - 1:26"Agarrei neles e comecei a trepar.
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1:27 - 1:29"Não me conseguia desembaraçar.
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1:29 - 1:32"Cabelos por todo o lado,
colados ao meu suor." -
1:32 - 1:37Numa narrativa de 1.ª pessoa,
a história pode-se alterar drasticamente -
1:37 - 1:39dependendo da personagem
que seja o narrador. -
1:41 - 1:44Digamos que a Rapunzel é a narradora,
em vez do príncipe: -
1:45 - 1:50"Espero que ele saiba o trabalho que dá
desfazer tranças de oito metros. -
1:52 - 1:53"Vou ser sincera,
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1:53 - 1:56"pensei que o couro cabeludo
me ia saltar do crânio. -
1:57 - 1:59"Não podes ser mais rápido?" gritei.
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2:00 - 2:04Na 2.ª pessoa, o narrador
dirige a história ao leitor, -
2:05 - 2:09chama por nós,
quer que soltemos os cabelos. -
2:10 - 2:14"Acabaste de os entrançar, mas bem...
não costumas ter muitas visitas." -
2:15 - 2:18As perspetivas na 3.ª pessoa,
na 1.ª pessoa e na 2.ª pessoa, -
2:18 - 2:22cada uma tem possibilidades
e restrições únicas. -
2:22 - 2:25Então como escolher um ponto de vista
para a nossa história? -
2:26 - 2:28As restrições não são
necessariamente uma coisa má. -
2:29 - 2:32Podem ajudar a concentrarmo-nos
ou a salientarmos certos elementos. -
2:33 - 2:38Por exemplo, um narrador na 3.ª pessoa
está sempre um pouco afastado -
2:38 - 2:39das personagens.
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2:39 - 2:41Mas isso pode ser bom para histórias
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2:41 - 2:44em que a sensação
de distância é importante. -
2:44 - 2:47Um narrador na 3.ª pessoa
pode ser limitado, -
2:47 - 2:51só estar próximo dos pensamentos
e sentimentos de uma personagem, -
2:51 - 2:55ou ser omnisciente, esvoaçar
entre as mentes das personagens -
2:55 - 2:57e disponibilizar
mais informação ao leitor. -
2:57 - 3:02A 1.ª pessoa cria proximidade
entre o leitor e o narrador. -
3:02 - 3:05Mas também fica limitada
pelo conhecimento do narrador. -
3:05 - 3:07Isso pode criar "suspense"
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3:07 - 3:11pois o leitor vai descobrindo
o mesmo que a personagem. -
3:11 - 3:14Um narrador na 1.ª pessoa
não tem de representar -
3:14 - 3:17fidedignamente a experiência
da personagem, -
3:17 - 3:19pode ser enganador ou desonesto.
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3:20 - 3:23No romance "Os Despojos do Dia"
de Kazuo Ishiguro, -
3:23 - 3:27Stevens, um idoso mordomo
britânico em 1956, -
3:27 - 3:30recorda os muitos anos de serviço,
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3:30 - 3:33mas não consegue reconhecer
os defeitos do homem que serve. -
3:33 - 3:37As falhas na sua narrativa acabam
por chamar a atenção do leitor -
3:37 - 3:41para as falhas não reconhecidas
da cultura e do sistema de classes -
3:41 - 3:43em que ele vive.
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3:43 - 3:45O romance "We The Animals"
de Justin Torres, -
3:46 - 3:48começa com um narrador
na 1.ª pessoa do plural: -
3:49 - 3:53"Éramos seis mãos esticadas,
seis pés a bater; -
3:53 - 3:55"éramos irmãos, rapazes,
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3:55 - 3:58"três pequenos reis
presos numa disputa por mais." -
3:59 - 4:02A meio da história,
o ponto de vista é alterado -
4:02 - 4:08para a 1.ª pessoa do singular,
de "nós" para "eu", à medida que crescem -
4:08 - 4:10e um dos irmãos se sente
afastado dos outros. -
4:11 - 4:13A 2.ª pessoa é uma escolha menos comum.
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4:14 - 4:18Requer que o leitor suspenda
a descrença e se torne noutro "tu". -
4:19 - 4:21Colocar o leitor na perspetiva
da personagem -
4:21 - 4:24pode criar urgência e "suspense".
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4:24 - 4:27Mas, por vezes,
a 2.ª pessoa pretende distanciar -
4:27 - 4:29o narrador da própria história,
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4:29 - 4:32em vez de aproximar o leitor da história.
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4:32 - 4:35Nestes casos, o narrador
na 2.ª pessoa refere-se a si mesmo -
4:35 - 4:37como "tu" em vez de "eu".
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4:38 - 4:43Os escritores estão sempre a experimentar
variações de ponto de vista. -
4:43 - 4:46As novas tecnologias virtuais
e da realidade aumentada -
4:46 - 4:49podem expandir as possibilidades
destas experiências. -
4:50 - 4:54Ao colocar pessoas num ponto de vantagem
específico no espaço virtual, -
4:54 - 4:58como poderemos alterar a forma
de contar e experienciar histórias?
- Title:
- 1.ª pessoa vs. 2.ª pessoa vs. 3.ª pessoa — Rebekah Bergman
- Speaker:
- Rebekah Bergman
- Description:
-
Vejam a lição completa em: https://ed.ted.com/lessons/first-person-vs-second-person-vs-third-person-rebekah-bergman
Algumas das escolhas mais importantes que um autor tem de fazer é quem conta uma história e qual a sua perspetiva. Uma história pode-se transformar completamente consoante o ponto de vista em que é contada. As perspetivas da 3.ª pessoa, da 1.ª pessoa e da 2.ª pessoa têm possibilidades e restrições únicas. Então, como escolher um ponto de vista para a nossa história? Rebekah Bergman explora as diferentes maneiras de focar uma história.Lição de Rebekah Bergman, realização de Gibbons Studio.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 05:00
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