Os caminhos possíveis do jornalismo independente | Vanessa Rodrigues | TEDxOporto
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0:10 - 0:12(Vídeo)
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0:20 - 0:22Cheira a terra molhada e a verde.
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0:22 - 0:24Ao redor, árvores colossais.
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0:24 - 0:29Do chão não se consegue avistar o céu,
tapado por folhas enormes, -
0:29 - 0:33Há um breu de selva, há uma unidade
que nos suga a água do corpo, -
0:33 - 0:36há um pulsar gigante
neste bioma da Humanidade. -
0:36 - 0:38Que terra é esta?
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0:38 - 0:39Todos sabemos, o mundo sabe
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0:40 - 0:42a importância estratégica
da Amazónia para nós e para o mundo. -
0:43 - 0:46É um grande território
está a ser fiscalizado, -
0:46 - 0:49a maior reserva de água doce do mundo,
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0:49 - 0:51uma biodiversidade enorme
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0:51 - 0:54riquezas minerais
incalculáveis no subsolo. -
0:56 - 0:59A Amazónia, dividida por nove países:
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0:59 - 1:02Guiana Francesa, Colômbia, Guiana,
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1:02 - 1:06Venezuela, Peru, Suriname,
Bolívia, Equador, Brasil -
1:07 - 1:08e algumas arritmias.
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1:08 - 1:10É uma terra tensa, sim, com certeza.
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1:10 - 1:12E num mapa de vidas?
Que histórias? -
1:13 - 1:15Tem muita história, muita história mesmo.
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1:15 - 1:16Por exemplo?
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1:16 - 1:18Tem pessoas que nunca
viram um médico -
1:18 - 1:21E quem é que vive
nesta Amazónia brasileira? -
1:21 - 1:24Uma etnia muito diversificada
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1:24 - 1:27com povos indígenas
ainda com culturas desconhecidas. -
1:27 - 1:29São filhos da Amazónia.
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1:29 - 1:29Mais...
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1:29 - 1:34Os nossos antepassados portugueses
que ocuparam as calhas dos rios -
1:35 - 1:38Se eu tenho sangue de índio,
está nessa veia aqui. -
1:38 - 1:40Um tratado etnográfico.
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1:40 - 1:43Quem conhece a Amazónia,
realmente pode dizer: -
1:43 - 1:45"Eu conheço o Brasil,
eu conheço a Amazónia." -
1:45 - 1:47porque a Amazónia
ela está sempre em foco. -
1:47 - 1:49Terra ampliada na lente do mundo.
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1:49 - 1:52Porque num lugar desses aqui
só fica quem tem coragem -
1:52 - 1:54porque a ameaça é muito forte
em cima da gente. -
1:54 - 1:56Heróis nacionais para tanta terra.
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1:56 - 2:01A Amazónia corresponde a 51%
do território nacional. -
2:01 - 2:05Muitas vezes as histórias de tudo
o que existe aqui na Amazónia... -
2:05 - 2:08Já vamos ouvi-las quando
embarcarmos pelo Amazonas, -
2:08 - 2:10rio de mitos, falta pouco.
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2:10 - 2:12Na cidade, as pessoas têm medo
de bandido, -
2:13 - 2:15aqui é cobra, surucucu.
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2:15 - 2:17Agarramos as vozes
da Amazónia brasileira -
2:17 - 2:19geografia de nove Estados:
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2:19 - 2:24Amazonas, Tocantins, Mato Grosso,
Pará, Rondónia, Acre, -
2:24 - 2:26Roraima, Amapá e Maranhão
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2:27 - 2:29e seguimos numa viagem de quatro meses
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2:29 - 2:31ao encontro de um labirinto infinito,
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2:31 - 2:33uma região que deslumbra aventureiros,
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2:33 - 2:35cobiça oportunistas,
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2:35 - 2:39vamos ouvir-lhe as dores, as curas,
num linguajar exótico, -
2:39 - 2:41vamos pôr a mochila às costas.
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2:41 - 2:42Preparados?
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2:42 - 2:45"Tudo pela Amazónia, SELVA!"
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2:48 - 2:49(Fim do vídeo)
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2:49 - 2:52(Aplausos)
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2:56 - 2:57Olá, boa tarde.
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2:57 - 2:58O meu nome é Vanessa Rodrigues.
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2:58 - 3:00Eu sou jornalista
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3:00 - 3:03e aquilo que realmente
me fascina é contar histórias. -
3:03 - 3:05é poder contar histórias.
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3:05 - 3:08É contar histórias sobre
a Amazónia brasileira -
3:08 - 3:11como vocês acabaram
de ver e de ouvir, -
3:11 - 3:15de contar histórias
sobre o nosso bairro, o fim da rua, -
3:15 - 3:21de denunciar casos como os que
o Chalana conta e convive diariamente -
3:21 - 3:23numa lógica de denúncia
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3:23 - 3:25porque ser jornalista
é ter algum poder. -
3:25 - 3:27e o poder é também responsabilidade.
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3:28 - 3:34Mas, acima de tudo, é também poder
resgatar as histórias da nossa família. -
3:35 - 3:38Sobre isso, vou-vos contar
uma pequenina história. -
3:38 - 3:41Esta paixão por contar histórias
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3:41 - 3:46tem muito que ver também
com o nosso resgate da nossa infância. -
3:46 - 3:48Eu recordo-me, quando era pequena,
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3:48 - 3:50eu e o meu irmão pedirmos à minha avó
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3:50 - 3:51para contar histórias.
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3:51 - 3:53A minha avó tinha pouca instrução,
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3:53 - 3:56mas tinha uma imaginação incrível.
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3:56 - 4:00Ou então, as histórias que o meu tio conta
de Moçambique, do Ultramar, -
4:00 - 4:02da Operação Nó Górdio,
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4:02 - 4:05do cheiro da selva,
do cheiro da terra molhada. -
4:05 - 4:10Essas histórias foram muito importantes
para mim, enquanto pessoa, -
4:10 - 4:12acima de tudo, essa partilha,
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4:12 - 4:16mas também foram importantes
na minha própria formação. -
4:16 - 4:19Todas essas histórias ou essa formação
-
4:19 - 4:22ou esse convívio
com a vontade de partilhar -
4:22 - 4:23e de querer ouvir histórias
-
4:23 - 4:25que está intrínseco no nosso ADN,
-
4:25 - 4:29que está intrínseco na vontade
de querermos ouvir e saber histórias -
4:29 - 4:34fez parte da minha formação
de querer continuar a caçar histórias. -
4:34 - 4:39Não é por acaso que existe muito
o epíteto relacionado com a Vanessa -
4:39 - 4:41de querer contar histórias.
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4:41 - 4:45Porém, há muitas realidades
para contarmos histórias. -
4:46 - 4:51E acima de tudo, essa realidade
hoje em dia tem também um protagonista, -
4:51 - 4:53um vilão, chamado crise.
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4:54 - 4:56É evidente que essa crise também atingiu
-
4:56 - 5:00as redações dos órgãos
de comunicação social, -
5:00 - 5:02no emagrecimento das redações,
-
5:02 - 5:04nos despedimentos coletivos.
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5:04 - 5:10Enfim, eu faço parte dessa geração
da "prestação de serviços", -
5:10 - 5:14do jornalismo "freelancer",
do jornalismo independente. -
5:14 - 5:18Existem alguns estereótipos relacionados
com o jornalismo independente. -
5:19 - 5:22É muito comum, por exemplo,
num jantar de amigos, -
5:22 - 5:25amigos entre amigos,
conhecer outros amigos, -
5:25 - 5:26e alguém pergunta:
-
5:26 - 5:29- Então, o que é que tu fazes?
- Eu sou jornalista. -
5:29 - 5:31"Ai sim, e trabalhas onde?
-
5:31 - 5:34"Sou jornalista 'freelancer',
trabalho com vários locais". -
5:34 - 5:36"Ah, estás desempregada."
-
5:37 - 5:41Ou seja, existe muito este estereótipo
em relação a quem faz -
5:41 - 5:44um jornalismo "freelancer",
um jornalismo independente -
5:44 - 5:48e que pode não ser um jornalismo
de excelência, dizem as más línguas. -
5:48 - 5:51Porém, hoje, até em conversa
com o Miguel Neiva, -
5:51 - 5:53que já foi orador TEDx
-
5:53 - 5:56e desenvolveu um projeto monocromático
-
5:56 - 6:00que pode ser útil
para daltónicos, por exemplo, -
6:00 - 6:05ele disse-me que usufruiu muito
dos jornalistas "freelancers" -
6:05 - 6:09que eles lhe deram algum destaque
porque puderam ir à procura de histórias. -
6:09 - 6:13Então, deixem que vos dê
alguns exemplos -
6:13 - 6:17de que ser jornalista "freelancer"
não é uma coisa nova, -
6:17 - 6:22é uma coisa que já remonta, por exemplo,
a escritores como Mark Twain -
6:22 - 6:25que vocês devem conhecer
de "As aventuras de Tom Sawyer", -
6:25 - 6:27ou "Huckleberry Finn",
-
6:27 - 6:31ou ainda Charles Dickens
ou ainda Salinger -
6:31 - 6:35ou ainda alguns nomes contemporâneos
-
6:35 - 6:37como Jonah Kessel,
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6:38 - 6:41que faz documentário
e videojornalismo em Pequim, -
6:41 - 6:44um jovem, 28 anos, premiado,
-
6:44 - 6:49que colabora com
The Washington Post, GlobalPost -
6:49 - 6:52e faz um trabalho
de excelência independente. -
6:52 - 6:54Ou ainda Tracey Shelton,
-
6:54 - 6:56documentário e videojornalismo
-
6:56 - 6:59que faz um trabalho
muito importante na Síria -
6:59 - 7:01a cobrir o conflito sírio.
-
7:01 - 7:06Foi raptada, fugiu,
esteve em situações extremas -
7:06 - 7:11como algumas daquelas
que ouvimos hoje de manhã -
7:11 - 7:13do Henrique Cymerman, por exemplo,
-
7:13 - 7:16e fazem um trabalho de excelência.
-
7:16 - 7:20Jonah Kessel tem um "site"
onde tem alguns trabalhos -
7:20 - 7:22sobre jornalismo independente
-
7:22 - 7:25trabalhos belíssimos sobre documentário.
-
7:26 - 7:29Ou então Tracey Shelton,
conforme vos referi -
7:29 - 7:32que tem imagens poderosas
-
7:32 - 7:38com o poder de denunciar
com o poder de mexer, -
7:38 - 7:42o poder visceral
de nos deixar à flor da pele -
7:42 - 7:46para denunciar, para mexer
de alguma forma com o nosso quotidiano. -
7:49 - 7:51O jornalismo independente
-
7:51 - 7:54como Jonah Kessel,
como Tracey Shelton -
7:54 - 7:57que acabamos de referenciar,
-
7:57 - 8:01são trabalhos muito importantes
no âmbito do jornalismo independente. -
8:01 - 8:03Ser jornalista independente, na realidade,
-
8:03 - 8:06significa acordar de manhã e perceber
-
8:06 - 8:08como é que eu vou reinventar
o meu dia a dia. -
8:09 - 8:11OK, tenho contas para pagar, também.
-
8:11 - 8:13O jornalismo independente é isso.
-
8:13 - 8:17É disciplina, é reinvenção,
é desgaste, claro, é cansaço. -
8:17 - 8:22É ter ideias, é todos os dias
perceber enfim, afinal, -
8:22 - 8:26como é que eu vou conseguir
reinventar o meu dia a dia. -
8:26 - 8:29Mas há um trabalho também de excelência
-
8:29 - 8:31e deixem que vos diga uma coisa.
-
8:32 - 8:35O jornalismo independente não existe.
-
8:35 - 8:40O jornalismo independente, em rigor,
depende de muitas coisas, -
8:40 - 8:42depende da nossa vontade,
-
8:42 - 8:44depende da nossa curiosidade,
-
8:45 - 8:49depende da nossa capacidade
de nos reinventarmos todos os dias. -
8:49 - 8:50de querermos mais,
-
8:50 - 8:52de querer ir mais além, sempre.
-
8:52 - 8:55Então, o jornalismo depende
de muitas coisas. -
8:55 - 8:59Talvez tenha sido isso,
essa eventual dependência, -
8:59 - 9:04que me levou a pensar
em fazer alguns projetos independentes -
9:04 - 9:05como, por exemplo,
-
9:05 - 9:08— vocês tiveram
um cheirinho no início -
9:08 - 9:13que foi obtida de uma grande reportagem
que foi veiculada pela TSF -
9:13 - 9:17e os "Sinais da Gente"
foi o início de uma convergência -
9:18 - 9:20que comecei a fazer
nas várias linguagens -
9:20 - 9:24em que tento mover-me,
como o vídeo, o áudio -
9:24 - 9:27a fotografia e o texto.
-
9:27 - 9:31E esse talvez tenha sido ainda
os primórdios da reinvenção -
9:31 - 9:34da convergência do jornalismo "online",
-
9:34 - 9:36que estava a dar ainda passos tímidos
-
9:36 - 9:40nessa conquista do espaço
cibernético e digital em Portugal. -
9:42 - 9:47Existem, realmente, na atualidade,
imensas plataformas -
9:47 - 9:50que podem mudar a forma
como nós contamos as histórias. -
9:51 - 9:53E uma dessas linguagens,
-
9:53 - 9:56essa fusão de linguagens
que está a emergir -
9:56 - 10:01é sem dúvida, a fusão
entre o documentário e o jornalismo. -
10:02 - 10:06Vimos alguns trabalhos anteriormente
de Jonah Kassel e Tracey Shelton -
10:06 - 10:10há projetos fantásticos e com excelência
e do jornalismo independente -
10:10 - 10:16como MediaStorm,
uma publicação norte-americana -
10:16 - 10:20que tem já alguma história
mesmo na formação multimédia; -
10:20 - 10:23The Activist, que criara inclusivamente
-
10:23 - 10:25uma plataforma de narrativas "online"
-
10:25 - 10:28para contar histórias com excelência
-
10:28 - 10:32usando uma linguagem
muito mais cinemática -
10:32 - 10:33o "Noor Collective"
-
10:33 - 10:40— "noor" significa luz, vem do árabe
e, traduzido, significa luz, trazer à luz. -
10:40 - 10:43É um coletivo de fotógrafos
e cinematógrafos -
10:44 - 10:45que contam histórias,
-
10:45 - 10:48juntando o jornalismo e o documentário.
-
10:49 - 10:52Talvez intuitivamente,
comecei a perceber -
10:52 - 10:55que, de alguma forma,
o meu trabalho -
10:55 - 10:58acabava por encaminhar-se
também nesse sentido, -
10:58 - 11:01o documentário e o jornalismo.
-
11:01 - 11:04O ano passado trabalhei
num documentário na Jordânia -
11:04 - 11:08sobre um campo de refugiados,
em Jerash, a norte de Amã, -
11:08 - 11:12precisamente para contar
essas histórias escondidas, -
11:12 - 11:16essas tentativas de denúncias
de casos que estão ainda -
11:16 - 11:20muito escondidos dentro
da própria sociedade jordana. -
11:20 - 11:24E criei um blogue para contar
algumas dessas histórias -
11:24 - 11:27além da pesquisa que estava a ser feita
-
11:27 - 11:31e algumas fotografias
dos campos de refugiados. -
11:31 - 11:34Esta transformação
do jornalismo é visceral. -
11:34 - 11:38Esta transformação do jornalismo
é à flor da pele -
11:38 - 11:41porque, se numa altura se fala em crise,
-
11:41 - 11:46a crise como uma grande vilã
da nossa contemporaneidade, -
11:46 - 11:49ao mesmo tempo existem
várias plataformas -
11:49 - 11:51que nos permitem também
fazer um trabalho melhor -
11:51 - 11:54e contar histórias a partir
de outras linguagens. -
11:54 - 11:56Então, falamos de velhos valores,
-
11:56 - 11:59os valores de rigor, da informação,
-
11:59 - 12:02os valores dos elementos do jornalismo,
-
12:02 - 12:06que são, no fundo,
o escrutínio da democracia. -
12:06 - 12:10Não nos podemos esquecer nunca
qual é o nosso papel enquanto jornalistas: -
12:10 - 12:12ser o escrutínio do poder.
-
12:12 - 12:15ser o escrutínio do que está sendo feito
-
12:15 - 12:17de alguma forma, pelos nossos políticos,
-
12:17 - 12:19também para uma participação mais ativa.
-
12:19 - 12:21Isso também é resistência.
-
12:21 - 12:24Há projetos que, nesse contexto de crise,
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12:24 - 12:27projetos jornalísticos
de excelência, independentes, -
12:27 - 12:30que emergiram num contexto de crise.
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12:30 - 12:34São projetos jornalísticos
sem fins lucrativos -
12:34 - 12:38que mexem com o modelo
de negócio de alguma forma -
12:38 - 12:39do jornalismo atual,
-
12:40 - 12:43sejam projetos do jornalismo
de investigação, -
12:43 - 12:45como o ProPublica, nos EUA,
-
12:45 - 12:50que se assumem como um grupo
com a missão de desvelar -
12:50 - 12:53histórias que não aparecem
nos "media mainstream", -
12:53 - 12:58projetos como "Democracy now!"
"a daily independent global news hour"; -
12:58 - 13:02projetos de excelência
que vão ao âmago -
13:02 - 13:04das investigações jornalísticas
-
13:04 - 13:06que, atenção, não têm fins lucrativos.
-
13:07 - 13:12A Pública, a agência de reportagens
do jornalismo investigativo no Brasil, -
13:12 - 13:14outro projeto que tem três anos
-
13:14 - 13:18e já agarrou prémios
da excelência no jornalismo. -
13:18 - 13:20Ou então o Crosscut,
-
13:20 - 13:27Iniciaram um projeto mais local
do jornalismo, sem fins lucrativos. -
13:28 - 13:32Ou seja, há imensos
caminhos possíveis para o jornalismo -
13:32 - 13:34nessa reinvenção diária
-
13:34 - 13:38nessa capacidade de agarrar
a matéria do real, -
13:38 - 13:43agarrar o jornalismo
como um grande escrutínio -
13:43 - 13:45da democracia.
-
13:45 - 13:49E como fazer jornalismo
independente de excelência? -
13:49 - 13:53É muito difícil, mas não é impossível.
-
13:53 - 13:58Isto para desmistificar
alguns estereótipos ainda arraigados -
13:58 - 14:01muitos ainda na ideia de que
o jornalismo "freelancer" -
14:01 - 14:03não é um jornalismo de excelência
-
14:03 - 14:06ou seja, em projetos
como o Poynter Institute -
14:06 - 14:10ou a Knight Foundation
ou ainda o Nieman Lab -
14:10 - 14:15que são instituições
que têm cursos "online" de excelência -
14:15 - 14:17sobre o jornalismo de investigação,
-
14:17 - 14:19sobre técnicas de entrevista.
-
14:19 - 14:21Eu sou aluna frequente.
-
14:22 - 14:24São cursos gratuitos
e ainda me perguntam: -
14:25 - 14:29"Mas tu ainda precisas?
Tu ainda precisas de fazer esses cursos?" -
14:29 - 14:32"Claro, claro que ainda preciso."
-
14:33 - 14:34Nós mudamos todos os dias.
-
14:34 - 14:37As coisas mudam todos os dias.
-
14:37 - 14:41Por isso, ainda que, de alguma forma,
-
14:41 - 14:44a forma de contar histórias vá mudando
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14:44 - 14:47e o jornalismo se vá transformando
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14:47 - 14:53a magia do "Era uma vez..."
com excelência, a partir do real, -
14:53 - 14:58vai sempre mexer connosco,
visceralmente e à flor da pele. -
14:59 - 15:00Muito obrigada.
-
15:00 - 15:02(Aplausos)
- Title:
- Os caminhos possíveis do jornalismo independente | Vanessa Rodrigues | TEDxOporto
- Description:
-
Vanessa Rodrigues é jornalista e foge das pressões dos "media". É "freelancer" e procura fazer jornalismo independente e de excelência com todos os constrangimentos que ser "freelancer" acarreta. O que a motiva são as histórias, sem esquecer que, para as contar, a formação tem de ser contínua.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 15:12