Subtitles translated from English
Showing Revision 1 created 12/14/2009 by Ana Luiza Sampaio.
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Title:
David Griffin fala sobre como a fotografia nos conecta
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Description:
O diretor de fotografia da National Geographic, David Griffin, sabe o poder que a fotografia tem de nos conectar ao nosso mundo. Em uma conversa ilustrada por imagens fantásticas, ele fala sobre como usamos a fotografia para contar nossas histórias.
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Vamos começar olhando algumas grandes fotografias.
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Essa foto é um ícone da National Geographic,
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uma refugiada afegã fotografada por Steve McCurry.
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Mas o Harvard Lampoon está prestes a fazer
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uma paródia da National Geographic,
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e eu tremo só de pensar o que eles vão fazer a essa fotografia.
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A ira do Photoshop...
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Esse é um avião pousando em San Francisco, por Bruce Dale.
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Ele posicionou a câmera na cauda.
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Uma imagem poética para uma história sobre Tolstói, por Sam Abell.
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Pigmeus na RDC, por Randy Olson.
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Eu amo essa foto porque ela me lembra
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as esculturas de bronze da pequena dançarina de Degas.
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Um urso polar nadando no Ártico, por Paul Nicklin.
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Ursos polares precisam do gelo para se deslocarem --
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eles não são grandes nadadores.
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E sabemos o que está acontecendo com o gelo.
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Esses são camelos atravessando o Rift Valley na África,
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fotografados por Chris Johns.
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Foi tirada diretamente de cima, então essas são as sombras dos camelos.
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Esse é um rancheiro no Texas por William Albert Allard,
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um grande retratista.
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E Jane Goodall, fazendo seu próprio vínculo especial,
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fotografada por Nick Nichols.
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Essa é uma discoteca de sabão na Espanha, fotografada por David Alan Harvey.
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E David disse que tinha muita coisa estranha
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acontecendo na pista de dança.
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Mas pelo menos é higiênico.
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(Risos)
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Esses são leões marinhos na Austrália dançando à sua maneira
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por David Doubilet.
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E esse é um cometa, tirado pelo Dr. Euan Mason.
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Por fim, a proa do Titanic sem as estrelas de cinema,
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fotografada por Emory Kristof.
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A fotografia tem um poder que se sustenta
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sob o implacável turbilhão do saturado mundo da mídia de hoje,
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porque as fotos imitam a maneira
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como nossa mente congela um momento significativo.
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Há quatro anos, eu estava na praia com meu filho,
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e ele estava aprendendo a nadar
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no mar relativamente calmo das praias de Delaware.
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Mas me afastei por um momento e ele foi pego por uma corrente
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e começou a ser puxado em direção ao quebra-mar.
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Eu ainda posso me ver
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nadando furiosamente atrás dele,
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os momentos desacelerando e congelando nessa cena.
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Eu posso ver as pedras bem aqui.
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Há uma onda prestes a estourar em cima dele.
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Eu posso ver suas mãos estendidas,
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e posso ver o terror em sua face,
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olhando para mim e falando "Ajude-me, papai."
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Eu o peguei, a onda quebrou sobre nós.
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Voltamos para a beira, ele estava bem.
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Estávamos um pouco abalados.
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Mas essa "memória de flash", como é chamada,
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é quando todos os elementos se juntam para definir
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não apenas o evento, mas o meu vínculo emocional com ele.
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E é aí que a fotografia se encaixa
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quando ela faz seu próprio vínculo poderoso com o espectador.
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Tenho que contar a vocês,
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Estava conversando com Kyle sobre isso na semana passada,
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que eu ia contar essa história.
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E ele disse "Sim, eu me lembro disso também!
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"Eu lembro que a imagem que fiz de você
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foi ver você na beira gritando para mim."
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(Risos)
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Eu achei que era um herói.
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(Risos)
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isso representa -- isso é uma amostra
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de algumas imagens notáveis tiradas pelos melhores fotojornalistas do mundo
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dando o máximo de si.
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Exceto uma.
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Essa foto foi tirada pelo Dr. Euan Mason
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na Nova Zelândia no ano passado,
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e foi enviada e publicada na National Geographic.
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Ano passado, nós criamos a seção "Sua Foto" em nosso website,
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onde qualquer um pode enviar fotos para possível publicação.
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E se tornou um estrondoso sucesso,
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repercutindo na entusiasta comunidade fotográfica.
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A qualidade dessas fotos amadoras
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pode, às vezes, ser surpreendente.
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E ver isso reforça a idéia, para mim,
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de que cada um de nós tem ao menos uma ou duas
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grandes fotos em si.
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Mas para ser um grande fotojornalista,
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Você precisa ter mais do que apenas uma ou duas
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grandes fotos em si.
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Você tem que ser capaz de tirá-las o tempo todo.
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Mas ainda mais importante,
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você precisa saber como criar uma narrativa visual.
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Precisa saber como contar uma história.
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Vou compartilhar com vocês algumas amostras
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que eu sinto que demonstram o poder da fotografia de contar histórias.
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O fotógrafo Nick Nichols foi documentar
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um pequeno e relativamente desconhecido santuário selvagem
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no Chade, chamado Zakouma.
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A intenção inicial era viajar para lá
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e trazer uma história clássica das diversas espécies
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de um local exótico.
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E foi isso que Nick fez até certo ponto.
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Esse é um Serval.
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Na verdade, ele está tirando sua própria fotografia,
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o que é feito com a chamada armadilha de câmera.
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Há um feixe infravermelho atravessando esse local,
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e ele pisou no feixe e tirou sua própria foto.
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Esses são babuínos em um buraco de água.
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Nick -- novamente, com uma câmera automática --
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tirou milhares de fotos deles.
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E Nick acabou ficando com uma porção de fotos
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dos traseiros dos babuínos.
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(Risos)
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Um leão fazendo seu lanche noturno --
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reparem que ele tem um dente quebrado.
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E um crocodilo anda na margem do rio em direção ao seu esconderijo.
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Eu amo esse tantinho de água
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que pinga da ponta do rabo dele.
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Mas a principal espécie de Zakouma são os elefantes.
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Essa é uma da maiores manadas intactas dessa parte da África.
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Eis uma foto tirada à luz do luar,
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uma coisa na qual a fotografia digital fez uma grande diferença.
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Foi com os elefantes que essa história deu uma reviravolta.
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Nick, junto com o pesquisador Dr. Michael Fay,
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colocou um colar na matriarca da manada.
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Eles a chamaram de Annie
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e começaram a monitorar seus movimentos.
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A manada estava a salvo dentro dos limites do parque
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devido à dedicação desse grupo de guardas florestais do parque.
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Mas quando começaram as chuvas anuais,
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a manada começou a migrar para locais de alimentação fora do parque.
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E foi aí que eles encontraram problemas.
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Porque fora da segurança do parque haviam caçadores ilegais
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que os matariam só pelo valor das suas presas de marfim.
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A matriarca que eles estavam monitorando,
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depois de semanas entrando e saindo do parque,
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parou de se mover fora do parque.
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Annie havia sido morta junto com 20 membros de sua manada.
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E eles só vieram pelo marfim.
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Esse é um dos guardas florestais.
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Eles conseguiram perseguir um dos caçadores e recuperaram esse marfim.
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Eles não podiam deixar isso lá,
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porque ele é muito valioso.
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Mas o que Nick fez foi trazer de volta
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uma história que foi além do método linear da velha escola,
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"Esse não é um mundo surpreendente?"
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Ao invés disso, criou uma história que tocou profundamente nossas platéias.
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Em vez de apenas conhecimento desse parque,
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ele criou um entendimento e uma empatia
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pelos elefantes, pelos guardas florestais e pelos variados aspectos
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que permeiam os conflitos entre humanos e a vida selvagem.
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Agora vamos para a Índia.
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Às vezes você pode contar uma história abrangente de forma centrada.
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Nós estávamos olhando para a mesma questão que Richard Wurman
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toca em seu Projeto da População do Novo Mundo.
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Pela primeira vez na história,
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mais pessoas vivem em ambientes urbanos do que em rurais.
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E a maior parte desse crescimento não está nas cidades,
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mas nas favelas que as cercam.
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Jonas Bendiksen, um fotógrafo cheio de energia,
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veio até mim e disse,
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"Precisamos documentar isso e aqui está minha proposta:
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Vamos fotografar cada favela ao redor do mundo."
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Eu falei, "Você sabe que isso pode ser um pouco ambicioso para o nosso orçamento".
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Então, o que nós fizemos foi,
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em vez de fazer aquilo que resultaria
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no que consideramos uma espécie de história de pesquisa,
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na qual você entra e vê apenas um pouquinho de tudo,
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nós colocamos Jonas em Dharavi,
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que é parte de Mumbai, na Índia.
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nós o deixamos ficar lá e realmente penetrar
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no coração e na alma da parte mais importante da cidade.
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O que Jonas fez não foi só olhar superficialmente
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para as péssimas condições que há em lugares como esses.
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Ele viu que se tratava de uma parte vital e pulsante
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de como toda a área urbana funcionava.
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Ficando firmemente focado em um só lugar,
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Jonas se envolveu na alma e no resistente espírito humano
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subjacentes a essa comunidade.
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E ele fez isso de uma forma linda.
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Porém, às vezes, a única forma de contar uma história é com uma foto arrebatadora.
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Nós reunimos o fotógrafo subaquático Brian Skerry
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e o fotojornalista Randy Olson
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para documentar a devastação da pesca no mundo.
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Não éramos os únicos a abordar esse assunto,
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mas as fotos que Brian e Randy criaram
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estão entre as melhores que capturaram tanto a devastação humana
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quanto a devastação natural causadas pela pesca abusiva.
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Aqui, em uma foto de Brian,
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um tubarão aparentemente crucificado foi pego
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numa rede em Baja.
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Já vi boas fotos de pesca secundária,
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que ocorre quando animais são pegos acidentalmente
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enquanto eles estão pescando certas espécies.
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Mas aqui, Brian capturou uma visão única
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posicionando-se debaixo do barco
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enquanto eles jogavam o lixo ao mar.
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E Brian continuou arriscando-se ainda mais
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para conseguir essa foto nunca antes tirada
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de uma rede de arrasto varrendo o fundo do mar.
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Já em terra, Randy Olson fotografou
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um mercado de peixe improvisado na África,
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onde restos de postas de peixe são vendidos aos nativos,
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as partes principais já tendo sido vendidas para a Europa.
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E aqui na China, Randy fotografou um mercado de águas-vivas.
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Enquanto as fontes primárias de alimentos são devastadas,
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a colheita vai mais fundo nos oceanos
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e traz mais essas fontes de proteína.
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Isso é chamado de pescar abaixo na cadeia alimentar.
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Mas também há vislumbres de esperança,
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e acho que sempre que estamos fazendo uma grande história sobre isso,
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nós não queremos realmente
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olhar apenas para todos os problemas.
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Também queremos procurar soluções.
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Brian fotografou um santuário marinho na Nova Zelândia
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onde a pesca comercial havia sido proibida,
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o resultado foi que as espécies pescadas em excesso foram restauradas,
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e com elas uma possível solução para uma pesca sustentável.
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A fotografia pode também nos forçar a confrontar
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questões que são potencialmente angustiantes e controversas.
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James Nachtwey, que foi homenageado no TED do ano passado,
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deu uma olhada no circuito do sistema médico
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que é utilizado para lidar com os americanos feridos que vêm do Iraque.
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É como se fosse um tubo por onde o soldado ferido entra em uma ponta
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e sai na outra, de volta para casa.
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Jim começou no campo de batalha.
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Aqui, um técnico em medicina cuida de um soldado ferido
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dentro do helicóptero de volta para o hospital de campanha.
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Aqui é no hospital de campanha.
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O soldado da direita tem o nome de sua filha
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tatuado no peito, como uma forma de lembrar de casa.
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Daqui, os mais gravemente feridos são transportados
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de volta à Alemanha, onde encontram com suas famílias
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pela primeira vez.
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E então de volta aos EUA para se recuperarem nos hospitais de veteranos
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como esse em Walter Reed.
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Por fim, muitas vezes equipados com próteses de alta tecnologia,
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eles deixam o sistema médico e tentam
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recuperar as vidas que tinham antes da guerra.
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Jim registrou o que poderia ter sido uma pura história da ciência médica
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e deu a ela uma dimensão humana que tocou nossos leitores profundamente.
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Essas histórias são ótimos exemplos
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de como a fotografia pode ser usada
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para abordar algumas das nossas questões mais importantes.
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Mas também há ocasiões em que fotógrafos
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simplesmente encontram coisas que são, no final das contas,
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pura diversão.
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O fotógrafo Paul Nicklin viajou à Antártida
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para filmar uma história sobre as focas-leopardo.
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Elas tem sido pouco fotografadas, em parte porque são consideradas
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uns dos mais perigosos predadores dos oceanos.
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De fato, um ano antes, um pesquisador havia sido
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agarrado por uma delas, puxado para o fundo e morto.
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Vocês podem imaginar que Paul talvez estivesse um pouco hesitante
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em entrar na água.
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Agora, o que as focas leopardo mais fazem é comer pinguins.
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Vocês conhecem "A Marcha dos Pinguins",
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isso é tipo a mastigação dos pinguins.
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(Risos)
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Aqui um pinguim vai até a superfície e olha
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para ver se a costa está limpa.
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E então todos eles correm e saem.
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Mas então Paul entrou na água.
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E ele disse que nunca teve medo de fato.
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Bem, essa fêmea aproximou-se dele.
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Ela provavelmente -- é uma pena que vocês não possam ver na foto --
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mas ela mede aproximadamente três metros e meio.
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Então ela tem um tamanho significativo.
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E Paul disse que realmente não teve medo,
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porque ela estava curiosa e não sentindo-se ameaçada.
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Esse comportamento com a boca à direita
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era a forma dela dizer a ele, "Ei, olha como eu sou grande!"
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Ou, vocês sabem, "Nossa, que dentes grandes você tem."
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(Risos)
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Paul acha que ela simplesmente teve pena dele.
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Para ela, aqui estava essa criatura grande e pateta na água
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que, por alguma razão, não parecia estar interessada
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em perseguir pinguins.
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Então, ela começou a trazer pingins para ele,
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vivos,e os colocava na frente dele.
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Ela os largava lá e nadava para longe.
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Ela olhava para ele como se dissesse, "O que você está fazendo?"
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Voltava, pegava os pinguins, os trazia de volta
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e os soltava em frente a ele.
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E ela fez isso durante alguns dias
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até o momento em que ela ficou tão frustrada com ele
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que começou a colocar os pinguins bem em cima da cabeça dele.
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(Risos)
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O que resultou em uma fotografia fantástica.
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(Risos)
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Porém, no fim, Paul acha que ela se deu conta
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de que ele nunca iria sobreviver.
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Aqui ela está meio que suspirando, sabe,
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bufando para mostrar seu desgosto.
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(Risos)
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Perdeu o interesse por ele e voltou ao que ela sabe fazer de melhor.
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Paul equipou-se para fotografar uma criatura
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relativamente misteriosa e desconhecida,
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e voltou com não apenas uma coleção de fotografias,
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mas com uma experiência incrível e uma grande história.
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São esses tipos de histórias,
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essas que vão além do imediato e do superficial,
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que demonstram o poder do fotojornalismo.
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Eu acredito que a fotografia pode criar um verdadeiro vínculo com as pessoas,
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e pode ser usada como um agente positivo
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para entender os desafios e oportunidades
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que o nosso mundo enfrenta hoje.
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Obrigado.
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(Aplausos)