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ZEITGEIST: MOVING FORWARD | OFFICIAL RELEASE | 2011

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    "Numa sociedade decadente, a arte,
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    se verdadeira, deve também refletir essa decadência.
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    E a menos que ela deseje trair sua função social,
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    a arte deve mostrar o mundo como mutável.
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    E ajudar a mudá-lo."
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    -- Ernst Fischer
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    Revoltas violentas contra o plano do governo
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    para evitar calotes...
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    É que o desemprego continua
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    a aumentar e continuará assim
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    porque há uma oferta excessiva de bens de consumo...
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    São empréstimos...
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    ...e esta dívida está retida em bancos estrangeiros...
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    D-I-N-H-E-I-R-O na forma de um conveniente empréstimo pessoal...
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    ...cigarro com filtro que não altera o sabor...
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    Licor de malte "Colt 45"... Você é sexy?
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    Os EUA planejam bombardear o Irã...
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    ...os EUA estão financiando ataques terroristas no Irã...
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    Minha avó era uma pessoa maravilhosa.
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    Ela me ensinou a jogar Banco Imobiliário.
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    Ela entendia que o objetivo do jogo é comprar.
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    Ela acumulava tudo o que podia
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    e sempre acabava dominando o tabuleiro.
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    E depois ela sempre me dizia a mesma coisa.
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    Ela olhava para mim e dizia:
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    "um dia você vai aprender a jogar o jogo".
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    Num verão, eu joguei quase todos os dias, o dia inteiro
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    e então aprendi a jogar o jogo.
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    Compreendi que a única forma de ganhar
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    é se comprometendo totalmente à aquisição.
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    Aprendi que o dinheiro e as posses
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    são as formas de continuar pontuando.
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    Ao final daquele verão,
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    tornei-me mais impiedoso que minha avó.
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    Estava pronto para dobrar as regras para ganhar o jogo.
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    Naquele outono, me sentei para jogar com ela.
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    Tomei tudo que ela tinha. Eu a observei
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    entregar seu último dólar e desistir em completa derrota.
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    E então ela tinha algo a mais para me ensinar.
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    Então ela disse:
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    "agora tudo volta para a caixa.
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    Todas aquelas casas e hotéis.
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    Todas as ferrovias e utilidades públicas.
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    Todas as propriedades e todo esse dinheiro maravilhoso.
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    Agora tudo volta para a caixa.
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    Nada disso era realmente seu.
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    Você se empolgou muito com isso por um tempo.
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    Mas tudo já estava aqui muito antes de você se sentar à mesa
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    e continuará aqui depois de você ir embora -- jogadores vem e vão.
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    Casas e carros...
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    Títulos e roupas...
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    até o seu corpo".
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    Porque o fato é que tudo que eu pego, consumo e guardo
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    voltará para a caixa e irei perder tudo.
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    Então você precisa se perguntar
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    quando finalmente receber a melhor promoção
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    quando fizer a melhor compra
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    quando comprar a melhor casa
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    quando tiver segurança financeira
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    e subido a escada do sucesso
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    até o degrau mais alto que você pode alcançar...
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    E a emoção acabar
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    e ela vai acabar...
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    e depois?
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    Quão longe você precisa seguir nesta estrada
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    até perceber aonde ela leva.
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    Certamente você entende
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    que nunca será o bastante.
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    Portanto, você precisa se perguntar:
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    o que importa?
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    Eles são sexy!
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    Eles são ricos!
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    E eles são mimados!
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    O programa nº 1 dos EUA está de volta!
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    Gentle Machine Productions apresenta
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    um filme de Peter Joseph
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    Quando eu era um jovem
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    crescendo na cidade de Nova Iorque
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    me recusei a jurar lealdade à bandeira.
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    Obviamente, fui mandado para a sala do diretor.
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    E ele me perguntou: "por que não quer fazer o juramento?
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    Todos fazem".
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    Respondi que todos já acreditaram que a Terra era plana
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    mas que isso não a tornava plana.
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    Expliquei que os EUA deviam tudo o que tinham
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    a outras culturas
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    e outras nações
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    e que eu preferiria fazer juramento
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    à Terra
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    e a todos os seus habitantes.
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    Nem preciso dizer que não demorou
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    para eu sair da escola completamente.
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    Montei um laboratório em meu quarto.
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    Lá comecei a aprender sobre ciência
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    e natureza.
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    Percebi, então,
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    que o universo é regido por leis
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    e que o ser humano,
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    junto com a sociedade em si,
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    não estava livre destas leis.
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    Veio então a crise de 1929,
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    que iniciou o que hoje chamamos de
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    a "Grande Depressão".
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    Eu achava difícil de entender porque milhões
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    estavam desempregados, sem teto, passando fome
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    enquanto todas as fábricas estavam lá paradas.
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    Os recursos seguiam os mesmos.
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    Foi então que percebi
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    que as regras do jogo econômico
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    eram inerentemente inválidas.
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    Logo depois, veio a Segunda Guerra Mundial
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    onde várias nações revezavam-se
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    destruindo sistematicamente umas às outras.
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    Eu depois calculei que toda a destruição
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    e recursos desperdiçados
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    naquela guerra
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    poderiam ter facilmente satisfeito todas
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    as necessidades da humanidade.
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    Desde então, tenho observado a humanidade
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    preparar a sua própria extinção.
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    Vi os recursos preciosos e finitos
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    serem continuamente desperdiçados e destruídos
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    em nome do lucro e do livre mercado.
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    Vi os valores da sociedade serem reduzidos
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    a uma artificialidade baixa de materialismo
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    e consumo irracional
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    e vi o poder monetário
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    controlar a estrutura política
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    de sociedades supostamente livres.
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    Hoje, tenho 94 anos
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    e receio que minha postura
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    seja a mesma
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    de 75 anos atrás.
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    Essa merda precisa acabar.
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    ZEITGEIST
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    ZEITGEIST: MOVING FORWARD
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    "Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos
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    prestativos e responsáveis possa mudar o mundo.
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    Na verdade, é assim que tem acontecido sempre."
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    -- Margaret Mead
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    PARTE 1: NATUREZA HUMANA
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    Então, você é um cientista
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    e à certa altura, martelam na sua cabeça
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    o inevitável "natureza versus criação"
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    e que é mais ou menos como a disputa entre Coca e Pepsi
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    ou Gregos versus Troianos.
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    A "natureza versus criação" é, a esta altura
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    uma visão completamente simplificada
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    de onde as influências estão.
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    Influências no modo como as células lidam com
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    uma crise de energia ou até com
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    o que nos molda nos níveis mais
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    individuais de personalidade.
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    Temos essa dicotomia completamente falsa
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    construída em torno da "natureza humana"
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    como determinante na base de toda a causalidade.
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    A vida é DNA e o código dos códigos
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    e o Santo Graal, e tudo é guiado por ele...
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    e na outra extremidade, uma perspectiva
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    muito mais sociocientífica onde
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    somos "organismos sociais"
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    e que biologia é para micetozoários.
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    Os seres humanos não dependem da biologia
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    e, obviamente, as duas visões são absurdas.
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    Em vez disso, vemos que é
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    praticamente impossível compreender
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    como a biologia funciona
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    fora do contexto ambiental.
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    É GENÉTICO
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    Uma das ideias mais frustrantes,
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    ainda que difundida e
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    potencialmente perigosa é:
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    "ah, aquele comportamento é genético".
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    O que isso significa?
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    Significa todo tipo de sutileza se você
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    sabe biologia moderna, mas para a maioria das
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    pessoas, acaba significando
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    uma visão determinista da vida,
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    que têm suas raízes na biologia e na genética,
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    em que genes representam coisas imutáveis
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    e inevitáveis
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    e que talvez não valha a pena
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    gastar recursos tentando consertá-las,
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    nem usar as forças da sociedade tentando
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    melhorá-las, já que são inevitáveis e imutáveis...
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    e isto é totalmente absurdo.
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    DOENÇAS
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    É amplamente aceito que doenças como
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    TDAH são programadas geneticamente,
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    assim como distúrbios como a esquizofrenia.
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    A verdade é o oposto.
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    Nada é programado geneticamente.
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    Existem doenças raríssimas,
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    muito poucas,
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    representadas de forma muito dispersa na população
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    que são mesmo determinadas geneticamente.
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    A maioria das doenças complexas
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    talvez tenha uma predisposição com um componente genético
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    mas predisposição não é o mesmo que predeterminação.
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    Toda a pesquisa sobre a causa das doenças no genoma
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    estava condenada ao fracasso antes mesmo de alguém pensar nisto,
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    porque a maior parte das doenças não é predeterminada geneticamente.
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    Doenças cardíacas, câncer, derrames,
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    reumatismo, doenças autoimunes em geral,
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    distúrbios mentais, vícios...
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    nada disto é geneticamente determinado.
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    Por exemplo, a cada 100 mulheres com câncer de mama
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    apenas sete carregam os genes de câncer.
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    93 não.
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    E de 100 mulheres que têm os genes
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    nem todas terão câncer.
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    COMPORTAMENTO
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    Genes não são apenas coisas que fazem nos comportarmos
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    de maneira específica independentemente do ambiente.
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    Os genes nos proporcionam formas diferentes de reagir ao ambiente.
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    E, na realidade, parece que algumas das primeiras
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    influências na infância e o modo de criar os filhos
  • 12:59 - 13:02
    afetam a expressão genética,
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    ligando e desligando diferentes genes,
  • 13:04 - 13:08
    para mudar nossa linha de desenvolvimento para uma
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    que seja compatível com o tipo de mundo em que vivemos.
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    Por exemplo:
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    um estudo realizado em Montreal com vítimas de suicídio
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    verificou as autopsias dos cérebros dessas pessoas
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    e constatou-se que, se uma vítima de suicídio
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    -- geralmente adultos jovens --
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    tivesse sofrido abuso quando criança, esse abuso
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    teria provocado uma mudança genética no cérebro
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    inexistente nos cérebros de pessoas que não sofreram abusos.
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    Isso é um efeito epigenético.
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    "Epi" significa no "topo de", portanto,
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    influência epigenética é o que acontece
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    no ambiente e que ativa ou desativa certos genes.
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    Na Nova Zelândia, realizou-se um estudo
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    numa cidade chamada Dunedin
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    envolvendo alguns milhares de indivíduos,
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    do nascimento aos 20 anos de idade.
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    Eles descobriram que conseguiam identificar
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    uma mutação genética, um gene anormal
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    que tinha alguma relação com
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    a predisposição à violência,
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    mas somente se o indivíduo também tivesse
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    sido severamente abusado na infância.
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    Em outras palavras, uma criança com este gene anormal
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    não está mais propensa que as outras a ser violenta
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    e, na realidade, elas tinham um índice de violência menor
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    que o de pessoas com genes normais,
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    contanto que não fossem abusadas na infância.
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    Mais um grande exemplo das formas
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    em que os genes não são uma coisa definitiva:
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    uma técnica curiosa, na qual você pode
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    retirar um gene específico de um camundongo,
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    de modo que ele e seus descendentes não tenham mais esse gene.
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    Você "extinguiu" aquele gene.
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    Existe um gene responsável pela codificação
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    de uma proteína relacionada
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    à aprendizagem e à memória e, com esta incrível demonstração,
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    você "extingue" o gene e o seu
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    camundongo já não conseguirá mais aprender.
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    "Oh! Uma base genética para a inteligência!"
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    O que foi ainda mais desprezado neste memorável estudo
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    que foi divulgado pela mídia por toda parte,
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    é pegar os camundongos geneticamente deficientes
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    e criá-los num ambiente muito mais rico
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    e estimulante que uma gaiola comum de laboratório,
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    onde eles superam completamente essa deficiência.
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    Portanto, quando alguém diz, num sentido atual
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    "ah, este comportamento é genético",
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    considerando que essa frase seja mesmo válida,
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    quer dizer que existe uma
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    contribuição genética de como este
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    organismo reage ao ambiente;
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    os genes podem influenciar a
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    prontidão com que cada organismo
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    lidará com dado desafio do ambiente.
  • 15:53 - 15:57
    Não é esta a versão que a maioria das pessoas tem em mente
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    e não quero fazer um "discurso extravagante",
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    mas aceite a velha
  • 16:02 - 16:04
    versão de "isto é genético"
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    e não estará muito longe da história da eugenia
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    e coisas do tipo.
  • 16:09 - 16:11
    É um equívoco muito disseminado
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    e potencialmente perigoso.
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    Um motivo pelo qual
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    a explicação biológica para a violência...
  • 16:21 - 16:23
    Um motivo pelo qual essa hipótese é
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    perigosa, não apenas equivocada,
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    ela realmente pode ser prejudicial...
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    é que se você acredita mesmo nisso,
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    pode facilmente dizer:
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    "bem, não há nada que possamos fazer
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    para mudar a predisposição
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    que as pessoas têm em se tornar violentas.
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    Tudo o que podemos fazer é puni-las, prendê-las
  • 16:44 - 16:46
    ou executá-las.
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    Mas não precisamos nos preocupar em mudar
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    o ambiente ou as condições sociais prévias
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    que podem tornar as pessoas violentas porque
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    isso é irrelevante".
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    A explicação genética nos dá o luxo de ignorar
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    o passado e o presente de fatores históricos e sociais
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    e, como disse Louis Menand,
  • 17:08 - 17:10
    que escreveu na revista The New Yorker
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    de forma muito perspicaz:
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    "'está tudo nos genes' é uma explicação para nossa condição atual
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    que não ameaça nossa condição atual.
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    Por que alguém deveria se sentir triste
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    ou praticar um comportamento antissocial
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    quando vive na nação mais
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    livre e próspera da face da Terra?
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    Não pode ser o sistema.
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    Deve haver uma falha interna em algum lugar".
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    O que é uma boa maneira de transmitir a ideia.
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    Portanto, o argumento genético é só um pretexto
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    para ignorar os fatores
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    sociais, econômicos e políticos
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    que estão por trás de
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    muitos comportamentos problemáticos.
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    ESTUDO DE CASO: VÍCIOS
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    Vícios são geralmente
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    considerados uma questão relacionada às drogas.
  • 18:00 - 18:02
    Mas olhando de maneira mais ampla,
  • 18:02 - 18:04
    eu defino vício como qualquer comportamento
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    que esteja associado à ânsia
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    por um alívio temporário,
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    com consequências negativas a longo prazo,
  • 18:12 - 18:15
    junto com a perda do controle sobre isso, de modo que a pessoa
  • 18:15 - 18:18
    quer largar ou promete fazê-lo,
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    mas não consegue.
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    Quando você compreende isso, nota que
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    há muito mais vícios
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    que os relacionados às drogas.
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    Há o vício em trabalhar; em comprar;
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    o vício em internet, em jogos eletrônicos...
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    Há o vício no poder. Pessoas que têm poder mas que
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    desejam mais e mais; nada nunca é suficiente para elas.
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    Na aquisição: corporações que precisam possuir mais e mais.
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    O vício no petróleo
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    ou pelo menos na riqueza e nos produtos
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    que nos são acessíveis pelo petróleo.
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    Olhe para as consequências negativas no meio ambiente.
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    Nós estamos destruindo nosso
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    planeta por causa desse vício.
  • 18:55 - 18:57
    Esses vícios são muito mais
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    devastadores em suas consequências sociais
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    que o uso de cocaína ou heroína de meus pacientes em Downtown Eastside.
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    Ainda assim, eles são recompensados e considerados respeitáveis.
  • 19:08 - 19:11
    O executivo da empresa de tabaco que mostra lucros mais altos,
  • 19:11 - 19:14
    irá receber uma recompensa muito maior.
  • 19:15 - 19:19
    Ele não enfrenta nenhuma consequência negativa legal ou de outros tipos.
  • 19:19 - 19:22
    Na verdade, ele é um membro respeitado da
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    diretoria de várias outras corporações.
  • 19:24 - 19:27
    Porém, doenças relacionadas ao fumo
  • 19:27 - 19:31
    matam 5 milhões e meio de pessoas ao redor do mundo a cada ano.
  • 19:31 - 19:35
    Nos EUA, matam 400 mil por ano.
  • 19:36 - 19:38
    E essas pessoas são viciadas em que? Em lucro.
  • 19:38 - 19:40
    Viciadas a tal ponto
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    que se recusam a reconhecer
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    os impactos de suas atividades,
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    o que é típico de viciados: a negação.
  • 19:48 - 19:50
    Esse vício é respeitável. É respeitável
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    ser viciado no lucro a todo custo.
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    Portanto, o que é aceitável e respeitável
  • 19:56 - 19:59
    na nossa sociedade são coisas altamente arbitrárias
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    e parece que quanto maior
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    o dano, mais respeitável é o vício.
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    O MITO
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    Há um mito comum de que as drogas em si são viciantes.
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    Na verdade, a guerra contra as drogas se baseia na
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    ideia de que proibindo a fonte
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    das drogas, você poderá lidar com a dependência.
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    Se considerarmos o vício no sentido mais amplo
  • 20:22 - 20:24
    veremos que nada é viciante em si.
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    Nenhuma substância, nenhuma droga é por si só viciante
  • 20:27 - 20:29
    e nenhum comportamento é por si só, viciante.
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    Muitas pessoas podem fazer compras sem se tornar viciadas em compras.
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    Nem todo mundo se torna um viciado em comida.
  • 20:34 - 20:37
    Nem todo mundo que bebe um copo de vinho torna-se alcoólatra.
  • 20:37 - 20:40
    Então, a questão real é o que torna as pessoas suscetíveis
  • 20:40 - 20:44
    porque é a combinação de um indivíduo suscetível
  • 20:44 - 20:47
    com as substâncias ou comportamentos potencialmente viciantes,
  • 20:47 - 20:52
    que contribuem para o pleno desenvolvimento da dependência.
  • 20:52 - 20:55
    Em suma, não é a droga que vicia
  • 20:55 - 20:57
    e sim a questão da suscetibilidade do indivíduo
  • 20:57 - 21:01
    em ser viciado em dada substância ou comportamento.
  • 21:01 - 21:02
    AMBIENTE
  • 21:03 - 21:04
    Se quisermos entender o que
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    torna algumas pessoas suscetíveis,
  • 21:06 - 21:09
    teremos de considerar a experiência de vida.
  • 21:09 - 21:14
    A velha ideia -- antiga mas ainda
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    amplamente aceita -- de que os vícios devem-se a uma causa genética,
  • 21:17 - 21:20
    é cientificamente insustentável.
  • 21:21 - 21:24
    Na realidade, são certas experiências de vida
  • 21:24 - 21:26
    que tornam as pessoas suscetíveis.
  • 21:26 - 21:30
    As experiências de vida não só moldam a personalidade
  • 21:30 - 21:33
    da pessoa e suas necessidades psicológicas,
  • 21:33 - 21:36
    como também seu cérebro de maneiras específicas.
  • 21:36 - 21:39
    Esse processo começa no útero.
  • 21:41 - 21:43
    PRÉ-NATAL
  • 21:43 - 21:45
    Foi demonstrado, por exemplo,
  • 21:45 - 21:48
    que se uma mãe sofrer estresse durante a gravidez,
  • 21:49 - 21:50
    seus filhos terão maiores chances de adquirir
  • 21:50 - 21:53
    características que os tornarão propensos a vícios.
  • 21:53 - 21:55
    Isso ocorre porque seu desenvolvimento é moldado
  • 21:55 - 21:57
    pelo ambiente psicológico e social.
  • 21:57 - 22:02
    Portanto, a biologia dos seres humanos é muito afetada
  • 22:02 - 22:07
    e programada pelas experiências de vida desde o útero.
  • 22:07 - 22:09
    O ambiente não começa no nascimento.
  • 22:09 - 22:11
    O ambiente começa logo que você tem um ambiente.
  • 22:11 - 22:15
    Assim que você é um feto, está sujeito a qualquer
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    informação que vier através do sistema circulatório da mãe.
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    Hormônios, níveis de nutrientes...
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    Um memorável exemplo disto é
  • 22:22 - 22:24
    a chamada "Fome Holandesa de 1944".
  • 22:24 - 22:28
    Em 1944, os nazistas ocuparam a Holanda
  • 22:28 - 22:30
    e, por vários motivos, decidiram
  • 22:30 - 22:32
    pegar toda a comida e enviar para a Alemanha.
  • 22:32 - 22:35
    Por três meses, o povo de lá ficou faminto
  • 22:35 - 22:37
    e dezenas de milhares de pessoas morreram de fome.
  • 22:37 - 22:39
    O efeito da "Fome Holandesa" é:
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    se você fosse um feto no segundo ou terceiro trimestre durante a fome,
  • 22:44 - 22:48
    seu corpo "aprenderia" algo único nesse período.
  • 22:48 - 22:51
    Ocorre que é no segundo e terceiro trimestre que seu corpo está
  • 22:51 - 22:54
    tentando aprender sobre o ambiente.
  • 22:54 - 22:57
    O quão ameaçador é lá fora?
  • 22:57 - 23:00
    O quão abundante? Quantos nutrientes estou recebendo
  • 23:00 - 23:02
    pela circulação de minha mãe?
  • 23:02 - 23:07
    Seja um feto faminto durante esse período e seu corpo
  • 23:07 - 23:09
    será programado para ser sempre
  • 23:09 - 23:14
    muito mesquinho com os açúcares e gorduras
  • 23:14 - 23:16
    e você acabará armazenando cada porção deles.
  • 23:16 - 23:20
    Seja um feto da "Fome Holandesa" e meio século depois,
  • 23:20 - 23:22
    com todo o resto igual,
  • 23:22 - 23:25
    você será mais propenso a ter pressão alta,
  • 23:25 - 23:27
    obesidade ou síndrome metabólica.
  • 23:27 - 23:31
    É o ambiente agindo num local inesperado.
  • 23:31 - 23:34
    Você pode estressar fêmeas grávidas em laboratório
  • 23:34 - 23:36
    e sua prole terá uma tendência
  • 23:36 - 23:38
    maior a usar cocaína e álcool, quando adultos.
  • 23:38 - 23:42
    Você pode estressar grávidas. Por exemplo, um estudo britânico,
  • 23:42 - 23:45
    mostra que mulheres abusadas na gravidez
  • 23:45 - 23:47
    têm um nível maior
  • 23:47 - 23:50
    do hormônio cortisol em suas placentas durante o parto
  • 23:50 - 23:52
    e seus filhos são mais propensos a condições que
  • 23:52 - 23:56
    os tornarão predispostos a vícios por volta dos 7, 8 anos.
  • 23:56 - 23:59
    Assim, no útero, o estresse já prepara o terreno
  • 23:59 - 24:01
    para todo tipo de problemas de saúde mental.
  • 24:01 - 24:04
    Um estudo israelense realizado em crianças
  • 24:04 - 24:07
    nascidas de mães que estavam grávidas
  • 24:07 - 24:12
    antes do início da guerra em 1967...
  • 24:12 - 24:14
    Estas mulheres, claro, estavam muito estressadas
  • 24:14 - 24:17
    e seus filhos tiveram uma maior incidência de esquizofrenia
  • 24:17 - 24:19
    em relação ao grupo médio.
  • 24:19 - 24:22
    Portanto, hoje há bastante evidência de que os efeitos
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    do pré-natal têm um enorme impacto no desenvolvimento humano.
  • 24:28 - 24:30
    INFÂNCIA
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    O detalhe do desenvolvimento humano
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    particularmente do desenvolvimento do cérebro humano
  • 24:33 - 24:35
    é que este ocorre na maior parte sob o impacto do ambiente
  • 24:35 - 24:37
    e após o nascimento.
  • 24:37 - 24:40
    Ao nos compararmos ao cavalo
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    que consegue correr no primeiro dia de vida
  • 24:42 - 24:46
    vemos que somos pouco desenvolvidos.
  • 24:46 - 24:50
    Não conseguimos reunir tanta coordenação neurológica,
  • 24:50 - 24:52
    equilíbrio, força muscular e acuidade visual
  • 24:52 - 24:54
    até um ano e meio ou dois de idade.
  • 24:54 - 24:57
    Isto porque o desenvolvimento do cérebro no cavalo
  • 24:57 - 24:59
    acontece na segurança do útero.
  • 24:59 - 25:02
    Já no homem, precisa ocorrer depois do nascimento.
  • 25:02 - 25:04
    Isso tem a ver com uma simples lógica evolucionária.
  • 25:04 - 25:09
    Conforme a cabeça cresce, que é o que nos faz humanos
  • 25:09 - 25:11
    -- o desenvolvimento do cérebro anterior é
  • 25:11 - 25:14
    o que cria a espécie humana, na prática --
  • 25:14 - 25:17
    ao mesmo tempo, andamos sobre duas pernas, fazendo a pélvis
  • 25:17 - 25:18
    se estreitar para se adaptar a isso. Ficamos então com
  • 25:18 - 25:21
    uma pélvis mais estreita, uma cabeça maior
  • 25:21 - 25:23
    e bingo: precisamos nascer prematuramente.
  • 25:23 - 25:25
    E isso significa que o desenvolvimento do cérebro, que em outros
  • 25:25 - 25:26
    animais ocorre no útero,
  • 25:26 - 25:29
    ocorre em nós depois do nascimento
  • 25:29 - 25:31
    e em grande parte sob o impacto do ambiente.
  • 25:31 - 25:35
    O conceito de darwinismo neural significa
  • 25:35 - 25:38
    que os circuitos que recebem do meio a informação apropriada
  • 25:38 - 25:41
    vão se desenvolver da melhor forma, e os que não recebem,
  • 25:41 - 25:44
    ou se desenvolverão mal, ou nem mesmo se desenvolverão.
  • 25:44 - 25:47
    Se você pegar um bebê com olhos perfeitamente funcionais
  • 25:47 - 25:49
    e colocá-lo num quarto escuro por cinco anos,
  • 25:49 - 25:52
    ele ficará cego pelo resto da vida,
  • 25:52 - 25:55
    já que os circuitos da visão requerem luz para se desenvolver,
  • 25:55 - 25:58
    e sem esta luz, até mesmo os circuitos básicos
  • 25:58 - 26:00
    presentes e ativos no nascimento
  • 26:00 - 26:04
    vão se atrofiar e morrer, e novos circuitos não se formarão.
  • 26:06 - 26:08
    MEMÓRIA
  • 26:08 - 26:11
    Há uma maneira significativa pela qual
  • 26:11 - 26:15
    experiências na infância influenciam o comportamento adulto,
  • 26:16 - 26:18
    até mesmo, e particularmente, as primeiras
  • 26:18 - 26:22
    experiências, das quais não há recordações.
  • 26:22 - 26:24
    Ocorre que há dois tipos de memória:
  • 26:24 - 26:27
    a memória explícita, que é a recordação,
  • 26:27 - 26:30
    pela qual você se recorda de fatos,
  • 26:30 - 26:32
    detalhes, episódios e circunstâncias.
  • 26:33 - 26:35
    Mas a estrutura cerebral chamada hipocampo,
  • 26:35 - 26:37
    que codifica as lembranças,
  • 26:37 - 26:40
    não começa a se desenvolver antes de um ano e meio
  • 26:40 - 26:42
    e não se desenvolve por completo até muito depois.
  • 26:42 - 26:45
    É por esta razão que quase ninguém possui
  • 26:45 - 26:47
    nenhuma recordação de antes dos 18 meses.
  • 26:47 - 26:48
    Mas há um outro tipo de memória,
  • 26:48 - 26:50
    chamada memória implícita,
  • 26:50 - 26:53
    que na verdade é uma memória emocional,
  • 26:53 - 26:57
    na qual o impacto emocional e a interpretação da criança
  • 26:57 - 27:00
    das experiências emocionais é impregnada no cérebro
  • 27:00 - 27:02
    na forma de circuitos nervosos prontos para disparar
  • 27:02 - 27:03
    sem uma recordação específica.
  • 27:03 - 27:05
    Um exemplo claro disso:
  • 27:05 - 27:07
    pessoas que foram adotadas, muitas vezes
  • 27:07 - 27:10
    sentem por toda a vida um sentimento de rejeição.
  • 27:10 - 27:11
    Elas não se recordam da adoção.
  • 27:11 - 27:13
    Elas não se recordam da separação da mãe biológica
  • 27:13 - 27:15
    porque não há o que recordar.
  • 27:15 - 27:19
    Mas a memória emocional de separação e rejeição
  • 27:19 - 27:21
    está profundamente enraizada em seus cérebros.
  • 27:21 - 27:22
    Assim, elas são muito mais propensas
  • 27:22 - 27:24
    a experimentar um sentimento de rejeição
  • 27:24 - 27:27
    e uma grande perturbação emocional
  • 27:27 - 27:29
    quando se veem rejeitadas,
  • 27:29 - 27:30
    do que as outras pessoas.
  • 27:30 - 27:32
    E isso não vale só para pessoas
  • 27:32 - 27:34
    adotadas, mas tem um efeito mais forte nelas
  • 27:34 - 27:36
    por causa desta função da memória implícita.
  • 27:36 - 27:39
    Com base em toda a literatura e na minha
  • 27:39 - 27:43
    experiência, os dependentes mais compulsivos
  • 27:43 - 27:47
    são aqueles que foram consideravelmente
  • 27:47 - 27:49
    abusados quando crianças
  • 27:49 - 27:52
    ou sofreram perdas emocionais graves.
  • 27:52 - 27:54
    Suas memórias emocionais ou implícitas
  • 27:54 - 27:56
    são aquelas de um mundo inseguro
  • 27:56 - 28:00
    e não favorável, de cuidadores nos quais não podiam confiar
  • 28:01 - 28:03
    e relacionamentos inseguros
  • 28:03 - 28:06
    demais para se abrirem totalmente a eles
  • 28:06 - 28:08
    e, portanto, suas reações tendem
  • 28:08 - 28:10
    a ser as de se manterem distantes
  • 28:10 - 28:12
    de relacionamentos muito íntimos;
  • 28:12 - 28:14
    não confiam em cuidadores,
  • 28:14 - 28:17
    médicos e outras pessoas que tentam ajudá-los
  • 28:17 - 28:20
    e geralmente veem o mundo como um lugar inseguro...
  • 28:20 - 28:25
    e isso é precisamente uma função da memória implícita
  • 28:25 - 28:29
    o que às vezes tem a ver com incidentes que eles sequer lembram.
  • 28:32 - 28:34
    TOQUE
  • 28:34 - 28:37
    Bebês que nascem prematuros ou muitas vezes em incubadoras
  • 28:37 - 28:39
    e vários tipos de aparelhos
  • 28:39 - 28:42
    e máquinas por semanas e talvez até meses...
  • 28:42 - 28:44
    Sabe-se agora que, se estas
  • 28:44 - 28:46
    crianças forem tocadas e acariciadas nas costas
  • 28:46 - 28:50
    por apenas 10 minutos por dia, estimula-se seus desenvolvimentos cerebrais.
  • 28:50 - 28:52
    Portanto, o toque humano é essencial para o desenvolvimento
  • 28:52 - 28:56
    e, na verdade, as crianças que nunca são pegas no colo tendem a morrer.
  • 28:56 - 28:59
    Isso demonstra o quão fundamental
  • 28:59 - 29:01
    é a necessidade do ser humano em ser tocado.
  • 29:01 - 29:04
    Na nossa sociedade há uma infeliz tendência
  • 29:04 - 29:07
    de dizer aos pais para não pegarem seus filhos, não segurá-los,
  • 29:07 - 29:13
    de não abraçar os bebês que choram por medo de mimá-los
  • 29:13 - 29:15
    ou que para encorajá-los a dormir durante a noite
  • 29:15 - 29:16
    você não deve abraçá-los...
  • 29:16 - 29:19
    o que é justamente o oposto do que a criança necessita.
  • 29:19 - 29:22
    Essas crianças podem voltar a dormir pelo cansaço
  • 29:22 - 29:24
    e seus cérebros se desligam como um modo
  • 29:24 - 29:27
    de se defender da vulnerabilidade
  • 29:27 - 29:30
    de serem abandonados pelos pais.
  • 29:30 - 29:32
    Mas suas memórias implícitas serão
  • 29:32 - 29:34
    de que o mundo não lhes dá a mínima.
  • 29:36 - 29:37
    INFÂNCIA
  • 29:38 - 29:43
    Muitas dessas diferenças são definidas muito cedo.
  • 29:43 - 29:48
    De certo modo, a experiência dos pais nas adversidades,
  • 29:48 - 29:51
    sobre o quão difícil ou fácil a vida pode ser
  • 29:51 - 29:53
    é passada aos filhos,
  • 29:53 - 29:55
    seja por meio da depressão materna
  • 29:55 - 29:57
    ou quando os pais estão bravos com
  • 29:57 - 29:59
    seus filhos porque tiveram um dia ruim
  • 29:59 - 30:03
    ou por estarem muito cansados ao final do dia...
  • 30:03 - 30:06
    Isso tem um poderoso efeito programador
  • 30:06 - 30:10
    no desenvolvimento das crianças, pelo que já conhecemos agora.
  • 30:10 - 30:15
    Mas essa sensibilidade prematura não é apenas um erro evolucionário.
  • 30:15 - 30:17
    Ela existe em muitas espécies diferentes,
  • 30:17 - 30:21
    mesmos em plantas há um processo prematuro de adaptação
  • 30:21 - 30:23
    ao tipo de ambiente em que estão se desenvolvendo.
  • 30:23 - 30:28
    Mas nos humanos a adaptação se dá na qualidade das relações sociais.
  • 30:28 - 30:31
    Assim, no início da vida:
  • 30:31 - 30:35
    quanto estímulo, quantos conflitos, quanta atenção se tem,
  • 30:35 - 30:40
    isto é uma "prova" do tipo de mundo em que você poderá crescer.
  • 30:40 - 30:42
    Se você cresce num mundo onde
  • 30:42 - 30:43
    precisa lutar para conseguir algo,
  • 30:43 - 30:47
    ficar alerta, cuidar de si mesmo, aprender a não confiar em ninguém...
  • 30:47 - 30:50
    Ou se cresce numa sociedade onde depende
  • 30:50 - 30:55
    de reciprocidade, mutualidade, cooperação, onde empatia é importante,
  • 30:55 - 30:59
    onde sua segurança depende de boas relações com outros...
  • 30:59 - 31:01
    precisará então de um desenvolvimento
  • 31:01 - 31:03
    emocional e cognitivo muito diferente.
  • 31:03 - 31:07
    E é disso que se trata a sensibilidade prematura.
  • 31:07 - 31:11
    A paternidade é quase que inconscientemente
  • 31:11 - 31:14
    um sistema de passagem de experiência para os filhos...
  • 31:14 - 31:17
    do tipo de mundo em que se encontram.
  • 31:17 - 31:20
    O grande psiquiatra infantil britânico, D. W. Winnicott, disse
  • 31:20 - 31:23
    que, essencialmente, duas coisas podem dar errado na infância.
  • 31:23 - 31:26
    Uma delas é quando acontece o que não deveria acontecer
  • 31:26 - 31:30
    e a outra, quando o que deveria acontecer, não acontece.
  • 31:30 - 31:34
    Na primeira categoria, estão as experiências dramáticas,
  • 31:34 - 31:36
    abusivas e de abandono de meus
  • 31:36 - 31:39
    pacientes em Downtown Eastside e de muitos viciados.
  • 31:40 - 31:42
    Isso é o que não deveria acontecer, mas aconteceu.
  • 31:42 - 31:46
    Mas há também a atenção paterna livre de
  • 31:46 - 31:49
    estresse, sintonizada e sem distração
  • 31:49 - 31:51
    de que toda criança precisa
  • 31:51 - 31:53
    mas poucas recebem.
  • 31:53 - 31:55
    Elas não são abusadas, não são negligenciadas
  • 31:55 - 31:58
    nem estão traumatizadas.
  • 31:58 - 32:00
    Mas o que deveria acontecer,
  • 32:00 - 32:03
    a presença estimulante de pais emocionalmente dispostos
  • 32:03 - 32:05
    simplesmente não está disponível para elas por causa
  • 32:05 - 32:08
    do estresse em nossa sociedade e no ambiente familiar.
  • 32:08 - 32:14
    O psicólogo Allan Schore chama isso de "abandono próximo"
  • 32:14 - 32:17
    quando o pai está presente fisicamente
  • 32:17 - 32:19
    mas emocionalmente ausente.
  • 32:20 - 32:23
    Eu passei...
  • 32:23 - 32:27
    aproximadamente, os últimos 40 anos da minha vida
  • 32:27 - 32:32
    trabalhando com as mais violentas pessoas produzidas pela nossa sociedade:
  • 32:32 - 32:34
    assassinos, estupradores etc.
  • 32:34 - 32:38
    Na tentativa de compreender o que causa essa violência,
  • 32:38 - 32:42
    descobri que os criminosos mais violentos em nossas prisões
  • 32:42 - 32:45
    tinham eles mesmos sido vítimas
  • 32:45 - 32:48
    de um grau de abuso infantil que ultrapassou
  • 32:48 - 32:51
    tudo que já pensei em chamar de "abuso infantil".
  • 32:51 - 32:55
    Eu não fazia ideia do grau
  • 32:55 - 32:59
    de perversão com que as crianças em nossa sociedade
  • 32:59 - 33:01
    são muitas vezes tratadas.
  • 33:01 - 33:04
    As pessoas mais violentas que vi são sobreviventes
  • 33:04 - 33:08
    de suas próprias tentativas de assassinato, muitas vezes armadas pelos pais
  • 33:08 - 33:11
    ou outras pessoas em seu meio social
  • 33:11 - 33:15
    ou então são sobreviventes que viram seus familiares
  • 33:15 - 33:18
    mais próximos serem mortos por outras pessoas.
  • 33:19 - 33:24
    Buda defendia que tudo depende de todo o resto.
  • 33:24 - 33:27
    Disse: "o Um contém o Todo e o Todo contém o Um".
  • 33:27 - 33:30
    Não se pode compreender nada em isolamento de seu ambiente.
  • 33:30 - 33:38
    A folha contém o sol, o céu e a terra, obviamente.
  • 33:39 - 33:41
    Isto já foi comprovado, é claro.
  • 33:41 - 33:44
    Sobretudo em se tratando do desenvolvimento humano.
  • 33:44 - 33:47
    O termo científico moderno para isso
  • 33:47 - 33:50
    é a natureza biopsicossocial do desenvolvimento humano,
  • 33:50 - 33:52
    que diz que a biologia dos seres humanos
  • 33:52 - 33:54
    depende muito da interação com
  • 33:54 - 33:57
    o ambiente social e psicológico.
  • 33:57 - 34:02
    Especificamente, o psiquiatra e pesquisador
  • 34:02 - 34:07
    Daniel Siegel da Universidade da Califórnia, LA, UCLA
  • 34:07 - 34:10
    cunhou a expressão "neurobiologia interpessoal"
  • 34:10 - 34:12
    que quer dizer que a maneira
  • 34:12 - 34:15
    como nosso sistema nervoso funciona
  • 34:15 - 34:17
    depende muito das nossas relações pessoais.
  • 34:17 - 34:20
    Em primeiro lugar, das relações com nossos pais.
  • 34:20 - 34:23
    Em segundo lugar, com outras pessoas importantes em nossas vidas.
  • 34:23 - 34:26
    E em terceiro lugar, com toda a nossa cultura.
  • 34:26 - 34:28
    Assim, não se pode separar o
  • 34:28 - 34:31
    funcionamento neurológico de seres humanos
  • 34:31 - 34:35
    do ambiente onde foram criados
  • 34:35 - 34:38
    e continuam vivendo.
  • 34:38 - 34:40
    Isto vale para todo o ciclo de vida.
  • 34:40 - 34:42
    Especialmente durante o desenvolvimento
  • 34:42 - 34:45
    de nossos cérebros, quando estamos vulneráveis.
  • 34:45 - 34:49
    Mas também vale para adultos e idosos.
  • 34:52 - 34:53
    CULTURA
  • 34:53 - 34:57
    Seres humanos viveram em quase todo tipo de sociedade.
  • 34:57 - 35:02
    Desde as mais igualitárias... As sociedades de caça e coleta
  • 35:02 - 35:04
    parecem ter sido bastante igualitárias
  • 35:04 - 35:06
    com base na divisão de alimentos, troca de presentes...
  • 35:07 - 35:10
    Pequenos grupos de pessoas vivendo principalmente
  • 35:10 - 35:13
    da coleta e um pouco da caça,
  • 35:13 - 35:15
    basicamente entre pessoas que
  • 35:15 - 35:17
    conheceram por toda vida,
  • 35:17 - 35:20
    cercados de primos de terceiro grau ou mais próximos,
  • 35:20 - 35:22
    num mundo no qual há uma grande
  • 35:22 - 35:24
    fluidez entre diferentes grupos,
  • 35:24 - 35:26
    num mundo em que não há
  • 35:26 - 35:28
    muita coisa em termos de cultura material...
  • 35:28 - 35:31
    Foi assim que os seres humanos passaram a maior parte de sua história.
  • 35:31 - 35:35
    Naturalmente, isto contribui para um mundo muito diferente.
  • 35:35 - 35:39
    Uma das consequências, é muito menos violência.
  • 35:39 - 35:41
    A violência grupal organizada não é
  • 35:41 - 35:43
    uma coisa que acontecia naquele período
  • 35:43 - 35:47
    da história humana e isso parece óbvio.
  • 35:47 - 35:50
    Onde então foi que erramos?
  • 35:50 - 35:54
    A violência não é universal.
  • 35:54 - 35:58
    Ela não é simetricamente distribuída entre os homens.
  • 35:58 - 36:03
    Há enormes variações no nível de violência em diferentes sociedades.
  • 36:03 - 36:07
    Há sociedades sem praticamente nenhuma violência.
  • 36:07 - 36:11
    Há outras que destroem a si mesmas.
  • 36:11 - 36:14
    Alguns grupos da religião anabatista
  • 36:14 - 36:18
    são totalmente pacíficos,
  • 36:18 - 36:21
    como os amish, os menonitas, os huteritas...
  • 36:21 - 36:24
    Entre alguns desses grupos, os huteritas,
  • 36:24 - 36:28
    não há registros de homicídio.
  • 36:29 - 36:33
    Durante as Grandes Guerras, como a Segunda Guerra Mundial,
  • 36:33 - 36:35
    quando as pessoas estavam sendo recrutadas,
  • 36:35 - 36:37
    eles se negavam a servir no exército.
  • 36:37 - 36:40
    Preferiam ser presos a servir.
  • 36:40 - 36:42
    Nos kibutzim de Israel
  • 36:42 - 36:46
    o nível de violência é tão baixo que as cortes criminais de lá
  • 36:46 - 36:49
    muitas vezes enviam infratores violentos,
  • 36:49 - 36:51
    pessoas que cometeram crimes,
  • 36:51 - 36:54
    para viver nos kibutzim, para aprenderem
  • 36:54 - 36:56
    a viver de modo pacífico...
  • 36:56 - 36:59
    porque é assim que as pessoas vivem lá.
  • 36:59 - 37:02
    Portanto, somos amplamente moldados pela sociedade.
  • 37:02 - 37:08
    Nossas sociedades são, num sentido mais amplo,
  • 37:08 - 37:11
    nossas influências teológicas, metafísicas, linguísticas etc.
  • 37:11 - 37:15
    Elas participam na formação de acharmos ou não que
  • 37:15 - 37:18
    a vida é basicamente pecado ou beleza;
  • 37:18 - 37:21
    se na vida após a morte seremos cobrados pelo
  • 37:21 - 37:23
    modo como vivemos ou se isso é irrelevante.
  • 37:24 - 37:27
    De maneira geral, diferentes sociedades podem
  • 37:27 - 37:29
    ser consideradas individualistas ou
  • 37:29 - 37:32
    coletivistas, o que gera pessoas muito diferentes,
  • 37:32 - 37:34
    diferentes mentalidades e, suspeito eu,
  • 37:34 - 37:36
    diferentes cérebros como resultado.
  • 37:36 - 37:40
    Nós, nos EUA, vivemos numa das sociedades mais individualistas,
  • 37:40 - 37:44
    e como o capitalismo é um sistema que nos permite
  • 37:44 - 37:48
    subir cada vez mais alto numa pirâmide em potencial,
  • 37:48 - 37:51
    a questão é que isso surge com cada vez menos segurança.
  • 37:51 - 37:54
    Por definição, quanto mais estratificada a sociedade,
  • 37:54 - 37:58
    menor a igualdade, menor o número de pessoas com quem
  • 37:58 - 38:01
    você terá relacionamentos recíprocos e simétricos,
  • 38:01 - 38:06
    e em vez disso, terá apenas posições diferentes e hierarquias sem fim...
  • 38:06 - 38:09
    Um mundo onde você possui poucos parceiros recíprocos
  • 38:09 - 38:11
    é um mundo com muito menos altruísmo.
  • 38:14 - 38:17
    NATUREZA HUMANA
  • 38:18 - 38:22
    Então, isso nos leva a uma situação impossível que é
  • 38:22 - 38:26
    tentar buscar uma lógica na ciência da perspectiva...
  • 38:26 - 38:28
    sobre quanto dessa índole é da natureza humana.
  • 38:28 - 38:31
    Em certo nível
  • 38:31 - 38:33
    a essência da nossa natureza não nos torna
  • 38:33 - 38:36
    particularmente limitados por nossa natureza.
  • 38:36 - 38:38
    Temos mais variabilidade social
  • 38:38 - 38:40
    do que qualquer outra espécie.
  • 38:40 - 38:45
    Mais sistemas de crença, de estilos de estruturas familiares,
  • 38:45 - 38:48
    de maneiras de criar os filhos. A capacidade
  • 38:48 - 38:51
    de variação que temos é extraordinária.
  • 38:52 - 38:55
    Numa sociedade baseada em competição
  • 38:56 - 39:01
    e, muitas vezes, na exploração implacável
  • 39:01 - 39:03
    de um ser humano por outro,
  • 39:03 - 39:06
    o ato de lucrar com os problemas alheios
  • 39:06 - 39:09
    e, muitas vezes, a criação de
  • 39:09 - 39:12
    problemas com o propósito de se beneficiar,
  • 39:12 - 39:15
    é um comportamento que a ideologia dominante muitas vezes
  • 39:15 - 39:19
    justifica apelando a uma natureza humana fundamental e imutável.
  • 39:19 - 39:21
    Assim, o mito na sociedade é
  • 39:21 - 39:23
    que pessoas são competitivas por natureza,
  • 39:23 - 39:27
    e que são individualistas e egoístas.
  • 39:27 - 39:30
    A verdadeira realidade é o oposto.
  • 39:30 - 39:32
    Temos certas necessidades humanas.
  • 39:32 - 39:34
    A única maneira de falar concretamente sobre a natureza humana
  • 39:35 - 39:37
    é reconhecendo que há certas necessidades humanas.
  • 39:37 - 39:40
    Temos uma necessidade humana de companheirismo e contato íntimo,
  • 39:40 - 39:43
    de sermos amados, conectados e aceitos,
  • 39:43 - 39:47
    de sermos vistos e recebidos por quem somos.
  • 39:48 - 39:50
    Se essas necessidades são atendidas, evoluímos para
  • 39:50 - 39:52
    pessoas compassivas,
  • 39:52 - 39:58
    cooperativas e empáticas para com os outros.
  • 39:58 - 40:01
    Então...
  • 40:01 - 40:03
    o oposto, que muitas vezes vemos em nossa
  • 40:03 - 40:06
    sociedade é, na realidade, uma distorção da natureza humana
  • 40:06 - 40:09
    precisamente porque tão poucos têm suas necessidades atendidas.
  • 40:09 - 40:12
    Portanto, sim, podemos falar em natureza humana
  • 40:12 - 40:14
    mas apenas no sentido de necessidades humanas básicas
  • 40:14 - 40:16
    que são naturalmente incitadas
  • 40:16 - 40:19
    ou, devo dizer, certas necessidades humanas
  • 40:19 - 40:22
    que levam a certos traços se forem atendidas
  • 40:22 - 40:24
    e a um diferente conjunto de traços se forem negadas.
  • 40:27 - 40:29
    Então...
  • 40:29 - 40:32
    ao reconhecermos o fato de que o organismo humano,
  • 40:32 - 40:34
    o qual possui bastante flexibilidade para adaptar-se
  • 40:34 - 40:38
    permitindo-nos sobreviver em varias condições diferentes,
  • 40:38 - 40:42
    é também rigidamente programado para certas exigências ambientais
  • 40:42 - 40:44
    ou necessidades humanas,
  • 40:45 - 40:48
    um imperativo social começa a emergir.
  • 40:48 - 40:51
    Da mesma forma que nossos corpos precisam de nutrientes,
  • 40:51 - 40:55
    o cérebro humano precisa de formas positivas de estímulo ambiental
  • 40:55 - 40:57
    em todos os estágios do desenvolvimento,
  • 40:58 - 41:00
    ao mesmo tempo que precisa ser protegido
  • 41:00 - 41:03
    das formas negativas de estímulo.
  • 41:03 - 41:05
    E se o que precisa acontecer, não acontece...
  • 41:06 - 41:08
    ou o que não deveria acontecer, acontece...
  • 41:08 - 41:11
    é evidente que a porta pode ser aberta não apenas para
  • 41:11 - 41:15
    uma porção de doenças mentais e físicas,
  • 41:15 - 41:18
    como também para muitos comportamentos humanos prejudiciais.
  • 41:18 - 41:21
    Assim, ao ampliarmos nossa perspectiva
  • 41:21 - 41:24
    e tomarmos consciência das atualidades,
  • 41:24 - 41:26
    devemos perguntar:
  • 41:26 - 41:29
    a condição que criamos no mundo moderno está
  • 41:29 - 41:32
    realmente a favor da nossa saúde?
  • 41:32 - 41:34
    A base de nosso sistema socioeconômico
  • 41:34 - 41:36
    funciona como uma força positiva
  • 41:36 - 41:40
    para o desenvolvimento humano e social e para o progresso?
  • 41:40 - 41:44
    Ou a tendência básica de nossa sociedade
  • 41:44 - 41:49
    está na realidade indo contra os requisitos evolucionários centrais
  • 41:49 - 41:51
    para criar e manter
  • 41:51 - 41:54
    nosso bem-estar pessoal e social?
  • 42:12 - 42:17
    PARTE II: PATOLOGIA SOCIAL
  • 42:18 - 42:21
    Alguém pode perguntar: de onde veio isso tudo?
  • 42:21 - 42:25
    O que temos hoje é mesmo um mundo em estado
  • 42:25 - 42:27
    de colapso acumulativo.
  • 42:28 - 42:31
    O MERCADO
  • 42:31 - 42:33
    Tudo começa com John Locke.
  • 42:33 - 42:36
    Ele introduz o conceito de propriedade,
  • 42:36 - 42:41
    e três pré-requisitos para os direitos à privacidade e à propriedade.
  • 42:41 - 42:43
    Os três pré-requisitos são:
  • 42:43 - 42:45
    deve haver excedente suficiente para os outros,
  • 42:45 - 42:47
    você não pode permitir que a propriedade sofra danos
  • 42:47 - 42:51
    e, acima de tudo, deve integrar seu trabalho à ela.
  • 42:51 - 42:54
    Parece justo: você combina sua mão de obra com o mundo
  • 42:54 - 42:56
    e então você tem direito ao produto.
  • 42:56 - 42:59
    Enquanto há excedente suficiente para os outros
  • 42:59 - 43:02
    e enquanto não houver danos
  • 43:02 - 43:04
    e você evitar o desperdício, estará tudo certo.
  • 43:04 - 43:07
    Ele passa um bom tempo em seu famoso tratado sobre governo,
  • 43:07 - 43:10
    que desde então tem sido o texto canônico
  • 43:10 - 43:14
    para a compreensão econômica, política e legal
  • 43:14 - 43:17
    e ainda é o texto clássico estudado.
  • 43:17 - 43:20
    Depois que ele apresenta os pré-requisitos
  • 43:20 - 43:22
    e estamos quase nos perguntando se somos
  • 43:22 - 43:24
    a favor da propriedade privada ou não
  • 43:24 - 43:28
    -- ele faz uma defesa muito plausível e convincente
  • 43:28 - 43:30
    da propriedade privada --
  • 43:30 - 43:31
    ele os abandona!
  • 43:31 - 43:34
    Ele os abandona assim, em apenas uma frase.
  • 43:34 - 43:36
    Ele diz: "uma vez que a introdução
  • 43:36 - 43:39
    do dinheiro veio por um acordo tácito entre os homens,
  • 43:39 - 43:40
    tornou-se então..."
  • 43:40 - 43:44
    Ele não diz que todos os pré-requisitos foram cancelados,
  • 43:44 - 43:46
    mas é isso que acontece.
  • 43:46 - 43:48
    Portanto, agora o produto
  • 43:48 - 43:51
    e sua propriedade não são merecidos por nossa mão de obra.
  • 43:51 - 43:54
    Não, o dinheiro compra mão de obra agora.
  • 43:54 - 43:55
    Não existe mais preocupação
  • 43:55 - 43:58
    se há excedente suficiente para os outros.
  • 43:58 - 44:00
    Não existe mais preocupação se estraga ou não,
  • 44:00 - 44:02
    porque ele diz que dinheiro é como
  • 44:02 - 44:04
    prata e ouro, e ouro não estraga
  • 44:04 - 44:07
    e então o dinheiro não pode ser responsável pelo desperdício...
  • 44:07 - 44:10
    O que é ridículo, não estamos falando de dinheiro
  • 44:10 - 44:12
    e prata, mas de seus efeitos.
  • 44:12 - 44:14
    É uma falsa conclusão atrás da outra.
  • 44:14 - 44:18
    Apenas a mais surpreendente
  • 44:18 - 44:21
    trapaça lógica com a qual sai impune,
  • 44:21 - 44:25
    mas que serve aos interesses dos detentores do capital.
  • 44:26 - 44:29
    Então, Adam Smith chega e acrescenta
  • 44:29 - 44:31
    a religião disso...
  • 44:31 - 44:33
    Locke começou com "Deus fez dessa forma",
  • 44:33 - 44:35
    "este é o direito de Deus",
  • 44:35 - 44:37
    e agora também temos Smith
  • 44:37 - 44:39
    dizendo "não só de Deus..."
  • 44:39 - 44:41
    Não é exatamente o que ele diz, mas
  • 44:41 - 44:43
    é o que está acontecendo filosoficamente, em princípio.
  • 44:43 - 44:47
    Ele diz que não é apenas uma questão de propriedade privada...
  • 44:47 - 44:49
    Isso tudo se tornou "pressuposto", dado como certo.
  • 44:49 - 44:52
    E que existem "investidores que compram mão de obra" -- dado como certo.
  • 44:52 - 44:55
    Não há limites para quanta mão de obra alheia podem comprar,
  • 44:55 - 44:57
    quanto podem acumular, quanta desigualdade
  • 44:57 - 44:59
    -- tudo se tornou dado como certo.
  • 44:59 - 45:03
    Então ele aparece com sua grande ideia
  • 45:03 - 45:07
    -- e isso é novamente deixado entre parênteses, de passagem...
  • 45:08 - 45:11
    Quando as pessoas põem bens à venda -- a oferta --
  • 45:11 - 45:16
    e outras pessoas os compram -- a procura -- etc.,
  • 45:16 - 45:20
    como fazemos a oferta equivaler à procura
  • 45:20 - 45:21
    ou a procura equivaler à oferta?
  • 45:21 - 45:23
    Como elas entram em equilíbrio?
  • 45:23 - 45:26
    Uma das ideias centrais da economia
  • 45:26 - 45:28
    é como elas entram em equilíbrio...
  • 45:28 - 45:32
    E ele diz: "é a 'mão invisível do mercado'
  • 45:32 - 45:34
    que as mantém em equilíbrio".
  • 45:34 - 45:37
    Então agora temos um "Deus" iminente.
  • 45:37 - 45:41
    Ele não apenas deu direitos à propriedade
  • 45:41 - 45:46
    e todos seus recursos e "direitos naturais"
  • 45:46 - 45:47
    dos quais Locke falou.
  • 45:47 - 45:51
    Agora o sistema em si é "Deus".
  • 45:52 - 45:55
    Na verdade, Smith diz
  • 45:55 - 45:58
    -- e você tem que ler todo o livro
  • 45:58 - 46:00
    "A Riqueza das Nações" para encontrar esta citação.
  • 46:00 - 46:03
    Ele diz que a escassez dos meios de subsistência
  • 46:03 - 46:07
    dita o limite da reprodução dos pobres
  • 46:07 - 46:11
    e que a natureza não pode lidar com isso exceto
  • 46:11 - 46:14
    pela eliminação de seus filhos.
  • 46:14 - 46:19
    Ele antecipou a teoria da evolução no pior sentido...
  • 46:19 - 46:21
    e isso bem antes de Darwin.
  • 46:21 - 46:24
    Ele os chamou de "classe de trabalhadores".
  • 46:24 - 46:27
    Nota-se aí um racismo inerente.
  • 46:27 - 46:32
    Havia uma negligência inerente à vida de matar
  • 46:32 - 46:35
    inúmeras crianças.
  • 46:35 - 46:38
    Ele pensava que essa era a mão invisível fazendo a oferta
  • 46:38 - 46:40
    corresponder à procura e a procura, à oferta.
  • 46:40 - 46:43
    Percebe quão sábio "Deus" é?
  • 46:43 - 46:46
    Nota-se que todas essas coisas
  • 46:46 - 46:51
    hostis, destrutivas e antiecológicas
  • 46:51 - 46:55
    que ocorrem agora, possuem, de certa forma,
  • 46:55 - 46:59
    uma origem lá em Smith também.
  • 47:00 - 47:03
    Quando refletimos sobre o conceito original do
  • 47:03 - 47:05
    chamado "sistema capitalista de livre mercado"
  • 47:05 - 47:08
    tal como introduzido pelos primeiros filósofos economistas,
  • 47:08 - 47:10
    como Adam Smith,
  • 47:10 - 47:13
    vemos que a intenção original de um "mercado"
  • 47:13 - 47:17
    girava em torno da troca de bens reais, tangíveis e que sustentem a vida.
  • 47:17 - 47:20
    Adam Smith nunca imaginou que os setores
  • 47:20 - 47:22
    econômicos mais rentáveis do planeta
  • 47:22 - 47:25
    acabariam na arena do mercado financeiro,
  • 47:25 - 47:27
    os chamados "investimentos",
  • 47:27 - 47:29
    onde o dinheiro em si é simplesmente
  • 47:29 - 47:31
    adquirido pela movimentação de dinheiro,
  • 47:31 - 47:33
    em um jogo arbitrário que não tem
  • 47:33 - 47:35
    nenhum mérito produtivo para a sociedade.
  • 47:36 - 47:38
    No entanto, apesar da intenção de Smith,
  • 47:38 - 47:41
    a porta para tais adventos anômalos
  • 47:41 - 47:46
    foi deixada aberta por um dos princípios fundamentais desta teoria:
  • 47:46 - 47:50
    o dinheiro é tratado como uma mercadoria, por si só.
  • 47:50 - 47:52
    Hoje, em cada economia do mundo,
  • 47:52 - 47:55
    seja qual for o sistema social alegado,
  • 47:55 - 47:59
    busca-se o dinheiro pelo dinheiro e nada mais.
  • 47:59 - 48:02
    A ideia principal, misteriosamente definida
  • 48:02 - 48:06
    por Adam Smith em sua declaração religiosa sobre
  • 48:06 - 48:08
    a "mão invisível",
  • 48:08 - 48:10
    é que a busca mesquinha e egoísta
  • 48:10 - 48:12
    desta mercadoria fictícia
  • 48:12 - 48:15
    irá de alguma forma resultar magicamente
  • 48:15 - 48:18
    em bem-estar humano e social e em progresso.
  • 48:19 - 48:22
    Na realidade, o propósito do incentivo monetário,
  • 48:22 - 48:26
    ou aquilo que alguns chamam de "sequência monetária do valor",
  • 48:26 - 48:29
    foi agora completamente separado do propósito
  • 48:29 - 48:32
    fundamental da vida, que poderia ser chamado de
  • 48:32 - 48:34
    "sequência vital do valor".
  • 48:35 - 48:38
    O que houve foi uma completa confusão
  • 48:38 - 48:40
    na doutrina econômica
  • 48:40 - 48:42
    entre estas duas sequências.
  • 48:42 - 48:45
    Pensa-se que a "sequência monetária do valor"
  • 48:45 - 48:47
    leva à "sequência vital do valor",
  • 48:47 - 48:50
    e é por isso que se diz que quando mais bens são vendidos,
  • 48:50 - 48:52
    quando o PIB cresce etc.,
  • 48:52 - 48:55
    há um aumento no bem-estar
  • 48:55 - 48:58
    e poderíamos tomar o PIB como nosso indicador básico
  • 48:58 - 49:00
    de saúde social...
  • 49:00 - 49:01
    Aqui podemos ver a confusão.
  • 49:01 - 49:03
    Fala-se da "sequência monetária do valor",
  • 49:03 - 49:05
    ou seja, todas as receitas e rendimentos
  • 49:05 - 49:08
    obtidos da venda de bens,
  • 49:08 - 49:12
    mas confunde-se isso com a reprodução da vida.
  • 49:12 - 49:16
    Assim, nós embutimos nessa coisa, desde o início,
  • 49:16 - 49:18
    uma completa mistura das sequências
  • 49:19 - 49:21
    monetária e vital do valor.
  • 49:21 - 49:24
    Lidamos com um tipo de delírio estruturado
  • 49:24 - 49:26
    que torna-se cada vez mais mortal
  • 49:27 - 49:29
    conforme a sequência monetária se desconecta da produção
  • 49:29 - 49:31
    de qualquer coisa.
  • 49:31 - 49:33
    Portanto, é um distúrbio
  • 49:33 - 49:37
    no sistema que parece ser fatal.
  • 49:38 - 49:41
    BEM-VINDOS À MÁQUINA
  • 49:41 - 49:45
    Na sociedade atual, raramente ouve-se alguém falar
  • 49:45 - 49:47
    do progresso de seu país ou sociedade
  • 49:47 - 49:51
    em termos de bem-estar físico, estado de felicidade,
  • 49:51 - 49:54
    confiança ou estabilidade social.
  • 49:54 - 49:56
    Ao contrário, os indicadores nos são apresentados
  • 49:56 - 49:58
    através de abstrações econômicas.
  • 49:58 - 50:01
    Temos o PIB, o índice de preços ao consumidor,
  • 50:01 - 50:04
    o valor do mercado de ações, índices de inflação
  • 50:04 - 50:06
    e por aí vai.
  • 50:06 - 50:08
    Mas isto nos diz algo de valor autêntico
  • 50:08 - 50:11
    quanto à qualidade de vida das pessoas?
  • 50:11 - 50:13
    Não. Todos esses indicadores têm a ver com
  • 50:13 - 50:17
    a sequência monetária em si e nada mais.
  • 50:17 - 50:20
    Por exemplo, o produto interno bruto de um país
  • 50:20 - 50:23
    mede o valor de bens e serviços vendidos.
  • 50:24 - 50:26
    Alega-se que esta medida está correlacionada ao
  • 50:26 - 50:29
    "padrão de vida" da população de um país.
  • 50:29 - 50:32
    Os gastos com saúde nos EUA representaram
  • 50:32 - 50:35
    mais de 17% do PIB em 2009,
  • 50:35 - 50:38
    totalizando mais de $2,5 trilhões
  • 50:38 - 50:42
    e criando assim um efeito positivo neste indicador econômico.
  • 50:42 - 50:43
    Com base nesta lógica,
  • 50:43 - 50:46
    seria ainda melhor para a economia americana
  • 50:46 - 50:48
    que os serviços de saúde crescessem mais
  • 50:48 - 50:51
    -- talvez para $3 trilhões ou $5 trilhões --
  • 50:51 - 50:53
    já que isto iria gerar mais crescimento
  • 50:53 - 50:56
    e mais empregos e seria ostentado pelos economistas
  • 50:56 - 50:59
    como um aumento no padrão de vida de seu país.
  • 50:59 - 51:01
    Mas, espere um minuto.
  • 51:01 - 51:04
    O que de fato representam os serviços de saúde?
  • 51:04 - 51:07
    Bem... Pessoas doentes e morrendo.
  • 51:07 - 51:11
    É isso mesmo: quanto mais americanos com problemas de saúde,
  • 51:11 - 51:13
    melhor ficará a economia.
  • 51:13 - 51:17
    Isto não é um exagero ou uma perspectiva cínica.
  • 51:17 - 51:19
    De fato, se pararmos para pensar,
  • 51:19 - 51:21
    perceberemos que o PIB
  • 51:21 - 51:24
    não apenas não reflete a verdadeira saúde pública ou social
  • 51:24 - 51:26
    em qualquer nível tangível,
  • 51:26 - 51:28
    ele é, na realidade, um indicador
  • 51:28 - 51:30
    de ineficácia industrial
  • 51:30 - 51:32
    e de degradação social.
  • 51:32 - 51:36
    Quanto mais ele cresce, pior fica a situação
  • 51:36 - 51:38
    em relação à integridade pessoal,
  • 51:38 - 51:41
    social e ambiental.
  • 51:41 - 51:44
    É preciso criar problemas para gerar lucro.
  • 51:45 - 51:48
    No paradigma atual, não há lucro
  • 51:48 - 51:51
    em salvar vidas, manter o equilíbrio do planeta,
  • 51:51 - 51:53
    promover a justiça, a paz etc.
  • 51:53 - 51:56
    Não há lucro nisso.
  • 51:56 - 51:58
    Existe um ditado antigo:
  • 51:58 - 52:00
    "aprove uma lei e abrirá um negócio".
  • 52:00 - 52:03
    Seja criando um negócio para um advogado ou o que for.
  • 52:03 - 52:05
    Portanto, crimes realmente abrem
  • 52:05 - 52:07
    negócios, da mesma forma que a destruição abre
  • 52:07 - 52:09
    negócios no Haiti.
  • 52:09 - 52:12
    Há hoje 2 milhões de encarcerados
  • 52:12 - 52:13
    nos EUA,
  • 52:14 - 52:16
    muitos dos quais estão em prisões dirigidas
  • 52:16 - 52:17
    por empresas privadas
  • 52:17 - 52:19
    -- Corrections Corporation of America e Wackenhut --
  • 52:19 - 52:21
    que negociam ações em Wall Street
  • 52:21 - 52:24
    com base no número de presos.
  • 52:24 - 52:26
    Isso sim é doentio.
  • 52:26 - 52:28
    Mas é um reflexo do que
  • 52:28 - 52:32
    este paradigma econômico exige.
  • 52:32 - 52:36
    E o que exatamente esse paradigma econômico exige?
  • 52:36 - 52:39
    O que faz nosso sistema econômico girar?
  • 52:39 - 52:41
    Consumo.
  • 52:41 - 52:44
    Ou, mais precisamente, consumo cíclico.
  • 52:44 - 52:46
    Quando analisamos
  • 52:46 - 52:48
    a base da economia de mercado clássica,
  • 52:48 - 52:50
    nos é apresentado um padrão de troca monetária
  • 52:50 - 52:53
    que simplesmente não podemos deixar que pare
  • 52:53 - 52:55
    ou mesmo desacelere consideravelmente,
  • 52:55 - 52:56
    se a sociedade como a conhecemos
  • 52:56 - 52:58
    quiser se manter funcional.
  • 52:58 - 53:01
    Há três atores principais no palco econômico:
  • 53:01 - 53:03
    o empregado, o empregador
  • 53:03 - 53:05
    e o consumidor.
  • 53:05 - 53:08
    O empregado vende mão de obra ao empregador em troca de renda.
  • 53:08 - 53:11
    O empregador vende seus produtos e serviços
  • 53:11 - 53:13
    ao consumidor em troca de renda.
  • 53:13 - 53:16
    E o consumidor, naturalmente, é apenas outro papel
  • 53:16 - 53:18
    do empregador e do empregado,
  • 53:18 - 53:20
    realimentando o sistema
  • 53:20 - 53:23
    para permitir a continuação do consumo cíclico.
  • 53:23 - 53:25
    Em outras palavras, o mercado global se baseia na
  • 53:25 - 53:28
    premissa de que sempre haverá demanda suficiente
  • 53:28 - 53:30
    por produtos numa sociedade
  • 53:30 - 53:32
    para movimentar dinheiro suficiente a uma taxa
  • 53:32 - 53:35
    que possa manter o processo de consumo.
  • 53:35 - 53:37
    E quanto maior a taxa de consumo,
  • 53:37 - 53:39
    maior o suposto crescimento econômico.
  • 53:39 - 53:42
    E é assim que a máquina funciona...
  • 53:42 - 53:44
    Mas, espere aí!
  • 53:44 - 53:47
    Achei que uma economia fosse feita para, sei lá...
  • 53:47 - 53:48
    "economizar"?
  • 53:49 - 53:51
    Não seria esse termo sinônimo de preservação,
  • 53:51 - 53:55
    eficiência e redução do desperdício?
  • 53:55 - 53:58
    Como então nosso sistema que demanda consumo
  • 53:58 - 54:01
    -- e quanto mais melhor -- pode eficientemente preservar
  • 54:01 - 54:03
    ou "economizar" qualquer coisa?
  • 54:03 - 54:05
    Bem... não pode.
  • 54:05 - 54:09
    O objetivo do sistema de mercado é justamente o oposto
  • 54:09 - 54:11
    do que uma economia de verdade deveria fazer,
  • 54:11 - 54:14
    que é orientar, com eficiência e conservação,
  • 54:14 - 54:16
    os materiais para a produção e distribuição
  • 54:16 - 54:18
    de bens que sustentam a vida.
  • 54:18 - 54:21
    Vivemos num planeta finito, de recursos finitos
  • 54:21 - 54:23
    onde, por exemplo, o petróleo que utilizamos leva
  • 54:23 - 54:25
    milhões de anos para se formar
  • 54:25 - 54:29
    e os minerais que usamos, bilhões de anos.
  • 54:30 - 54:33
    Ter um sistema que intencionalmente promove
  • 54:33 - 54:35
    a aceleração do consumo,
  • 54:35 - 54:38
    em prol do suposto "crescimento econômico",
  • 54:38 - 54:42
    é puramente um ecocídio insano.
  • 54:42 - 54:45
    Ausência de desperdício, isso sim é eficiência.
  • 54:45 - 54:47
    Ausência de desperdício?
  • 54:47 - 54:50
    Este sistema desperdiça mais do que
  • 54:50 - 54:53
    qualquer outro da história do planeta.
  • 54:53 - 54:56
    Cada nível de bio-organização e biossistema
  • 54:56 - 54:58
    está em estado de crise, desafio,
  • 54:58 - 55:00
    declínio -- ou de colapso.
  • 55:00 - 55:03
    Nenhuma publicação científica dos últimos 30 anos
  • 55:03 - 55:06
    lhe dirá algo diferente:
  • 55:06 - 55:09
    todo biossistema está em declínio,
  • 55:09 - 55:11
    assim como os programas sociais
  • 55:11 - 55:13
    e nosso acesso à água.
  • 55:14 - 55:16
    Cite algum meio de vida
  • 55:16 - 55:17
    que não esteja ameaçado...
  • 55:17 - 55:18
    É impossível.
  • 55:19 - 55:22
    Não há mesmo nenhum, o que é absolutamente desesperador.
  • 55:22 - 55:25
    E ainda nem percebemos qual é o mecanismo causal.
  • 55:25 - 55:27
    Não queremos enfrentar o mecanismo causal.
  • 55:27 - 55:30
    Só queremos seguir vivendo. Aí está a insanidade:
  • 55:30 - 55:32
    continua-se a fazer sempre a mesma coisa
  • 55:32 - 55:35
    apesar de claramente não estar funcionando.
  • 55:35 - 55:37
    Portanto, não lidamos
  • 55:38 - 55:40
    com um sistema econômico,
  • 55:40 - 55:44
    mas, eu me atreveria a dizer, com um sistema antieconômico.
  • 55:45 - 55:47
    A ANTIECONOMIA
  • 55:47 - 55:49
    Há um velho ditado de que o modelo
  • 55:49 - 55:51
    de mercado competitivo busca
  • 55:51 - 55:55
    "criar os melhores produtos pelo menor preço possível".
  • 55:56 - 55:59
    Essa afirmação é essencialmente o conceito de incentivo
  • 55:59 - 56:01
    que justifica a concorrência mercantil
  • 56:01 - 56:03
    com base na suposição de que o resultado
  • 56:03 - 56:06
    é a produção de bens de melhor qualidade.
  • 56:06 - 56:09
    Se eu fosse construir uma mesa,
  • 56:09 - 56:11
    obviamente a produziria com os melhores
  • 56:11 - 56:13
    e mais duráveis materiais existentes, correto?
  • 56:13 - 56:16
    Visando que ela dure o máximo possível.
  • 56:17 - 56:19
    Por que eu faria algo ruim
  • 56:19 - 56:21
    sabendo que teria de refazê-la eventualmente,
  • 56:21 - 56:24
    gastando mais materiais e energia?
  • 56:25 - 56:28
    Bem, por mais racional que isso possa parecer,
  • 56:28 - 56:30
    no caso do mercado
  • 56:30 - 56:32
    isso não é apenas claramente irracional
  • 56:32 - 56:34
    como não chega a ser uma opção.
  • 56:34 - 56:36
    É tecnicamente impossível produzir
  • 56:36 - 56:38
    algo da melhor maneira possível,
  • 56:38 - 56:40
    se uma empresa pretende ser competitiva
  • 56:41 - 56:43
    e manter seus produtos acessíveis ao consumidor.
  • 56:43 - 56:46
    Literalmente tudo o que é criado e posto à venda
  • 56:46 - 56:49
    na economia global é inferior logo no momento
  • 56:49 - 56:51
    em que é produzido,
  • 56:51 - 56:53
    pois é matematicamente impossível
  • 56:53 - 56:56
    fazer produtos os mais cientificamente avançados,
  • 56:56 - 56:59
    eficientes e sustentáveis possíveis.
  • 56:59 - 57:01
    Isso ocorre pois o sistema de mercado
  • 57:01 - 57:04
    exige esta "eficiência de custos"
  • 57:04 - 57:06
    ou porque é preciso reduzir os gastos
  • 57:06 - 57:08
    em cada etapa da produção.
  • 57:08 - 57:10
    Do custo da mão da obra ao custo dos
  • 57:10 - 57:13
    materiais, da embalagem etc.
  • 57:13 - 57:15
    Essa estratégia competitiva serve para
  • 57:15 - 57:18
    assegurar que o público compre os seus produtos
  • 57:18 - 57:21
    e não os do concorrente,
  • 57:21 - 57:23
    que está fazendo a mesmíssima coisa
  • 57:23 - 57:26
    para deixar seus produtos competitivos e acessíveis.
  • 57:27 - 57:30
    Esta consequência invariavelmente esbanjadora do sistema
  • 57:30 - 57:34
    poderia ser denominada "obsolescência intrínseca".
  • 57:34 - 57:37
    No entanto, essa é apenas uma parte do problema.
  • 57:38 - 57:41
    Um princípio fundamental que rege a economia de mercado
  • 57:41 - 57:44
    e que você não encontrará em nenhum manual,
  • 57:44 - 57:45
    é o seguinte:
  • 57:45 - 57:48
    "nada produzido pode ter uma vida útil
  • 57:48 - 57:50
    maior que o necessário
  • 57:50 - 57:54
    para manter o consumo cíclico".
  • 57:54 - 57:57
    Em outras palavras, é fundamental que as coisas quebrem,
  • 57:57 - 58:00
    falhem e deteriorem-se dentro de dado tempo.
  • 58:01 - 58:04
    Isso se chama "obsolescência programada".
  • 58:04 - 58:08
    A obsolescência programada é a espinha dorsal
  • 58:08 - 58:11
    da estratégia de mercado de todos os fabricantes.
  • 58:11 - 58:13
    Muito poucos, claro,
  • 58:13 - 58:15
    admitem essa estratégia abertamente.
  • 58:15 - 58:17
    O que fazem é mascarar o problema no
  • 58:17 - 58:20
    fenômeno da obsolescência intrínseca,
  • 58:20 - 58:23
    muitas vezes ignorando, ou até mesmo suprimindo,
  • 58:23 - 58:25
    novos adventos tecnológicos
  • 58:25 - 58:28
    que poderiam criar um produto mais sustentável e durável.
  • 58:29 - 58:31
    Não bastasse o desperdício que é
  • 58:31 - 58:33
    o sistema inerentemente não permitir a produção
  • 58:33 - 58:36
    dos bens mais duráveis e eficientes,
  • 58:36 - 58:38
    a obsolescência programada intencionalmente
  • 58:38 - 58:41
    entende que quanto mais tempo um produto funcionar,
  • 58:41 - 58:45
    pior será para a manutenção do consumo cíclico
  • 58:45 - 58:47
    e, portanto, para o sistema de mercado.
  • 58:48 - 58:50
    Em outras palavras, a sustentabilidade do produto
  • 58:50 - 58:54
    é, na verdade, contrária ao crescimento econômico
  • 58:54 - 58:57
    e por isso há um incentivo direto e reforçado
  • 58:57 - 58:59
    para garantir que a durabilidade
  • 58:59 - 59:01
    de qualquer produto seja curta.
  • 59:02 - 59:06
    Na realidade, o sistema não pode funcionar de outra maneira.
  • 59:06 - 59:09
    Um olhar para o mar de aterros ao redor do mundo
  • 59:09 - 59:12
    mostra a realidade da obsolescência.
  • 59:13 - 59:15
    Existem agora bilhões de celulares de baixo custo,
  • 59:15 - 59:17
    computadores e outras tecnologias,
  • 59:17 - 59:20
    contendo materiais preciosos e difíceis de minerar
  • 59:20 - 59:22
    como ouro, coltan e cobre,
  • 59:22 - 59:25
    apodrecendo em enormes pilhas
  • 59:25 - 59:27
    devido ao simples mau funcionamento ou obsolescência
  • 59:27 - 59:31
    de pequenas partes que, em uma sociedade preservadora,
  • 59:31 - 59:33
    poderiam ser consertados ou atualizados,
  • 59:33 - 59:36
    estendendo a vida útil do produto.
  • 59:36 - 59:38
    Infelizmente, por mais eficiente que isso pareça
  • 59:38 - 59:41
    no mundo real, por vivermos num
  • 59:41 - 59:43
    planeta finito de recursos finitos,
  • 59:43 - 59:48
    é claramente ineficaz para o mercado.
  • 59:48 - 59:49
    Para por numa frase:
  • 59:49 - 59:52
    "eficiência, sustentabilidade e
  • 59:52 - 59:56
    preservação são os inimigos de nosso sistema econômico".
  • 59:56 - 59:59
    Do mesmo modo, assim como bens precisam ser constantemente
  • 59:59 - 60:01
    produzidos e reproduzidos
  • 60:01 - 60:03
    apesar de seu impacto ambiental,
  • 60:04 - 60:07
    a indústria de serviços atua com o mesmo raciocínio.
  • 60:08 - 60:10
    O fato é que não há benefício monetário
  • 60:10 - 60:13
    em resolver quaisquer problemas
  • 60:13 - 60:15
    que estejam atualmente sendo tratados.
  • 60:15 - 60:16
    No final das contas,
  • 60:16 - 60:19
    a última coisa que as instituições médicas realmente querem
  • 60:19 - 60:22
    é curar doenças como o câncer,
  • 60:22 - 60:27
    o que eliminaria inúmeros empregos e trilhões em receitas.
  • 60:27 - 60:28
    E já que estamos no assunto...
  • 60:29 - 60:32
    O crime e o terrorismo são coisas boas neste sistema!
  • 60:32 - 60:34
    Bem, ao menos economicamente,
  • 60:34 - 60:36
    já que empregam a polícia
  • 60:36 - 60:39
    e elevam os gastos com segurança,
  • 60:39 - 60:41
    sem mencionar o valor das prisões,
  • 60:41 - 60:44
    que são privadas e visam o lucro.
  • 60:44 - 60:45
    E que tal as guerras?
  • 60:46 - 60:49
    A indústria bélica nos EUA é uma grande impulsionadora do PIB
  • 60:49 - 60:52
    -- uma das indústrias mais lucrativas --
  • 60:52 - 60:55
    produzindo armas letais e destrutivas.
  • 60:55 - 60:58
    O jogo favorito dessa indústria é explodir as coisas
  • 60:58 - 61:01
    e depois reconstruí-las visando o lucro.
  • 61:01 - 61:04
    Vimos isso com os inesperados contratos
  • 61:04 - 61:06
    bilionários feitos desde a Guerra do Iraque.
  • 61:07 - 61:09
    O ponto aqui é que os atributos socialmente
  • 61:09 - 61:11
    negativos da sociedade
  • 61:11 - 61:14
    se tornaram empreendimentos gratificantes para a indústria
  • 61:14 - 61:17
    e que qualquer interesse na resolução de problemas
  • 61:17 - 61:20
    ou em sustentabilidade ambiental e conservação,
  • 61:20 - 61:25
    é intrinsecamente contrário à sustentabilidade econômica.
  • 61:26 - 61:27
    É por isso que
  • 61:27 - 61:31
    toda vez que vemos o PIB crescer em qualquer país,
  • 61:31 - 61:33
    estamos testemunhando um crescimento das necessidades
  • 61:33 - 61:35
    reais ou inventadas,
  • 61:35 - 61:39
    e, por definição, as necessidade têm suas raízes na ineficiência.
  • 61:39 - 61:44
    Portanto, aumentar a necessidade significa aumentar a ineficiência.
  • 61:45 - 61:47
    O DISTÚRBIO NO SISTEMA DE VALORES
  • 61:48 - 61:49
    O sonho americano é baseado no
  • 61:49 - 61:51
    consumismo desenfreado.
  • 61:51 - 61:53
    É baseado no fato
  • 61:53 - 61:55
    de que a grande mídia,
  • 61:55 - 61:57
    e especialmente a publicidade
  • 61:57 - 62:00
    -- corporações que precisam deste crescimento infinito --
  • 62:00 - 62:03
    têm convencido ou enfiado na cabeça
  • 62:03 - 62:06
    de muitas pessoas nos EUA e no mundo
  • 62:06 - 62:09
    que nós temos que ter um número "x" de bens materiais
  • 62:09 - 62:11
    e a possibilidade de adquirir infinitamente mais
  • 62:11 - 62:14
    para sermos felizes.
  • 62:14 - 62:16
    Isso simplesmente não é verdade.
  • 62:16 - 62:20
    Por que então as pessoas continuam a comprar
  • 62:20 - 62:22
    desta maneira ecogenocida
  • 62:22 - 62:25
    em seus efeitos sistêmicos cada vez mais?
  • 62:25 - 62:28
    Trata-se do clássico condicionamento operante.
  • 62:28 - 62:32
    Você simplesmente insere condicionamento no organismo
  • 62:32 - 62:36
    e obtém os comportamentos, metas
  • 62:36 - 62:38
    ou objetivos desejados.
  • 62:38 - 62:41
    Eles possuem todos os recursos tecnológicos...
  • 62:41 - 62:43
    e se gabam de como entram
  • 62:43 - 62:44
    na mente das crianças
  • 62:44 - 62:47
    -- o que elas escutam já as
  • 62:47 - 62:49
    condicionam a uma marca.
  • 62:49 - 62:52
    Você então percebe que é assim
  • 62:52 - 62:53
    que as pessoas têm sido feitas de
  • 62:53 - 62:55
    bobas. Elas foram ensinadas a ser tolas.
  • 62:55 - 62:59
    É um distúrbio no sistema de valores.
  • 62:59 - 63:02
    Se há uma evidência da plasticidade
  • 63:02 - 63:03
    da mente humana,
  • 63:03 - 63:06
    se há uma prova de quão maleável
  • 63:06 - 63:08
    é o pensamento humano e de quão facilmente
  • 63:08 - 63:10
    as pessoas podem ser condicionadas e direcionadas
  • 63:10 - 63:13
    pela natureza dos estímulos de seu ambiente
  • 63:13 - 63:15
    e o que ela reforça,
  • 63:15 - 63:18
    essa prova é o mundo da publicidade.
  • 63:18 - 63:21
    É de ficar pasmo
  • 63:21 - 63:23
    o nível de lavagem cerebral
  • 63:24 - 63:27
    com que esses robôs programados conhecidos como "consumidores"
  • 63:28 - 63:29
    vagam pela paisagem,
  • 63:29 - 63:33
    apenas para entrar numa loja e gastar, digamos
  • 63:33 - 63:36
    $4 mil numa bolsa
  • 63:36 - 63:38
    que provavelmente custou $10 para ser feita
  • 63:38 - 63:40
    numa fábrica escravizante no exterior.
  • 63:40 - 63:43
    Apenas pelo status que a marca supostamente
  • 63:43 - 63:46
    representa na cultura.
  • 63:46 - 63:48
    Ou talvez as tradições populares antigas,
  • 63:48 - 63:52
    que aumentam a confiança e a coesão da sociedade,
  • 63:52 - 63:55
    e foram sequestradas pelos valores
  • 63:55 - 63:57
    materialistas, que nos fazer trocar nossas
  • 63:57 - 64:01
    porcarias inúteis algumas vezes por ano.
  • 64:01 - 64:04
    E ainda nos perguntamos por que hoje tantos têm
  • 64:04 - 64:06
    compulsão pela compra e aquisição,
  • 64:06 - 64:09
    quando é óbvio que eles foram condicionados desde a infância
  • 64:09 - 64:11
    a ver bens materiais
  • 64:11 - 64:15
    como um sinal de status entre os amigos e a família.
  • 64:15 - 64:18
    O fato é que a base de qualquer sociedade
  • 64:18 - 64:20
    são os valores que apoiam seu funcionamento.
  • 64:20 - 64:23
    E nossa sociedade, tal como está,
  • 64:23 - 64:25
    funciona apenas se nossos valores apoiarem
  • 64:25 - 64:28
    o consumo conspícuo de que ela
  • 64:28 - 64:31
    necessita para manter o sistema de mercado.
  • 64:31 - 64:34
    75 anos atrás, o consumo per capita nos EUA
  • 64:34 - 64:37
    e na maior parte do Primeiro Mundo
  • 64:37 - 64:38
    era a metade do que vemos hoje.
  • 64:39 - 64:41
    A atual nova cultura do consumidor
  • 64:41 - 64:43
    foi criada e imposta,
  • 64:43 - 64:46
    devido à necessidade bem real de níveis
  • 64:46 - 64:48
    de consumo cada vez mais altos.
  • 64:48 - 64:51
    É por isso que hoje as empresas gastam
  • 64:52 - 64:55
    mais dinheiro com propaganda do que com
  • 64:55 - 64:57
    o processo de produção em si.
  • 64:57 - 65:01
    Elas trabalham duro para criar falsas necessidades em você,
  • 65:02 - 65:05
    o que por acaso conseguem.
  • 65:05 - 65:07
    OS "ECONOMISTAS"
  • 65:08 - 65:12
    Na verdade, os economistas nada têm de economistas.
  • 65:12 - 65:14
    São propagandistas do valor do dinheiro.
  • 65:14 - 65:16
    Você verá que todos os seus
  • 65:16 - 65:18
    modelos são basicamente voltados a trocas
  • 65:18 - 65:21
    de símbolos que correspondem ao lucro
  • 65:22 - 65:24
    de uma ou ambas as partes,
  • 65:24 - 65:26
    mas eles estão totalmente desconectados
  • 65:26 - 65:28
    do mundo real da reprodução.
  • 65:28 - 65:32
    Em Ohio, um idoso não pagou sua conta de luz
  • 65:32 - 65:35
    -- talvez este caso lhe seja familiar --
  • 65:35 - 65:38
    e a companhia elétrica cortou o serviço e ele morreu.
  • 65:38 - 65:40
    O motivo deles cortarem é que não
  • 65:40 - 65:41
    seria lucrativo manter o serviço
  • 65:41 - 65:44
    porque ele não pagou sua conta.
  • 65:45 - 65:46
    Você acha isso certo?
  • 65:46 - 65:48
    A responsabilidade não recai sobre
  • 65:48 - 65:50
    a companhia elétrica por cancelar o serviço,
  • 65:51 - 65:54
    mas em cima dos vizinhos, amigos e conhecidos
  • 65:54 - 65:55
    deste homem,
  • 65:55 - 65:57
    que não foram caridosos o bastante
  • 65:57 - 65:59
    para ajudá-lo, enquanto indivíduo,
  • 65:59 - 66:01
    a pagar sua conta de energia.
  • 66:01 - 66:03
    Hummm...
  • 66:03 - 66:04
    Eu ouvi isso direito?
  • 66:04 - 66:06
    Ele disse que a morte de um homem,
  • 66:06 - 66:08
    causada por ele não ter dinheiro,
  • 66:08 - 66:09
    foi por culpa de
  • 66:09 - 66:11
    outras pessoas
  • 66:11 - 66:13
    ou por falta de caridade?
  • 66:14 - 66:15
    Pois bem, acho que vamos precisar de
  • 66:15 - 66:18
    um monte de infomerciais, caixinhas
  • 66:18 - 66:22
    de donativos miseráveis
  • 66:22 - 66:24
    e uma porção de cofrinhos
  • 66:24 - 66:26
    para os bilhões de pessoas que morrem de fome hoje
  • 66:26 - 66:28
    neste planeta,
  • 66:28 - 66:32
    devido ao sistema que Milton Friedman promove.
  • 66:33 - 66:35
    Quando você esta lidando com as filosofias de
  • 66:35 - 66:37
    Milton Friedman, F. A. Hayek,
  • 66:37 - 66:39
    John Maynard Keynes, Ludwig von Mises
  • 66:39 - 66:42
    e outros grandes economistas de mercado,
  • 66:42 - 66:43
    a base da análise racional
  • 66:43 - 66:46
    raramente abandona a sequência monetária.
  • 66:46 - 66:48
    É como uma religião.
  • 66:48 - 66:50
    Análises de consumo, políticas de estabilização,
  • 66:50 - 66:53
    saldo negativo, demanda agregada...
  • 66:53 - 66:56
    Isto existe como um círculo de raciocínio
  • 66:56 - 66:59
    interminável, autorreferente e autorracionalizado,
  • 66:59 - 67:03
    em que as necessidades humanas, os recursos naturais
  • 67:03 - 67:07
    e qualquer forma de eficiência que sustente a vida
  • 67:07 - 67:09
    são automaticamente descartados
  • 67:09 - 67:12
    e substituídos pela noção única de que os humanos,
  • 67:12 - 67:14
    buscando tirar vantagem uns dos outros só pelo dinheiro,
  • 67:14 - 67:17
    motivados pelo egoísmo mesquinho,
  • 67:18 - 67:22
    criarão magicamente uma sociedade sustentável, saudável e equilibrada.
  • 67:22 - 67:25
    Não há referência à vida em toda essa teoria,
  • 67:25 - 67:27
    em toda essa doutrina.
  • 67:27 - 67:28
    O que eles estão fazendo?
  • 67:28 - 67:32
    O que fazem é monitorar as sequências monetárias.
  • 67:32 - 67:35
    Apenas isso: monitorar sequências monetárias
  • 67:35 - 67:39
    pressupondo que isso seja só o que importa.
  • 67:39 - 67:41
    Primeiro: não há referência à vida...
  • 67:41 - 67:43
    Opa... sem referência à vida?
  • 67:43 - 67:46
    Segundo: todos os agentes são
  • 67:46 - 67:49
    buscadores de preferências automaximizáveis,
  • 67:49 - 67:51
    isto é, só pensam em si mesmos
  • 67:51 - 67:53
    e o máximo que podem ganhar.
  • 67:53 - 67:57
    Esta é a ideia dominante da racionalidade:
  • 67:57 - 67:59
    automaximizar a escolha.
  • 68:00 - 68:03
    A única coisa em que estão interessados em automaximizar
  • 68:03 - 68:05
    é dinheiro ou mercadorias.
  • 68:05 - 68:08
    Mas onde entram as relações sociais?
  • 68:08 - 68:11
    Não entram, exceto nas trocas para automaximizar.
  • 68:11 - 68:14
    E onde entram nossos recursos naturais?
  • 68:14 - 68:17
    Não entram, exceto na exploração deles.
  • 68:17 - 68:22
    Onde entra a questão da sobrevivência da família?
  • 68:22 - 68:24
    Não entra. Ela precisa de
  • 68:24 - 68:27
    dinheiro para comprar qualquer bem.
  • 68:27 - 68:28
    Mas, uma economia não deveria
  • 68:28 - 68:30
    lidar com necessidades humanas também?
  • 68:30 - 68:35
    Não é essa a questão fundamental?
  • 68:35 - 68:38
    "Necessidade" sequer está em seu dicionário.
  • 68:38 - 68:41
    Ela é dissolvida em "desejos"...
  • 68:41 - 68:43
    E o que é um desejo? Significa
  • 68:43 - 68:46
    o que a demanda monetária deseja comprar.
  • 68:46 - 68:48
    Bem, se o foco está na demanda monetária,
  • 68:48 - 68:50
    não tem nada a ver com necessidades,
  • 68:50 - 68:52
    porque talvez a pessoa não tenha demanda monetária
  • 68:52 - 68:55
    e precise desesperadamente, digamos, de água.
  • 68:55 - 68:59
    Ou talvez a demanda monetária queira uma privada de ouro.
  • 68:59 - 69:00
    Para onde vai tudo isso?
  • 69:01 - 69:02
    Para a privada de ouro.
  • 69:02 - 69:04
    Chamam isso de economia?
  • 69:04 - 69:07
    É só pensar um pouco
  • 69:07 - 69:10
    para ver que este é o delírio
  • 69:10 - 69:13
    mais bizarro da história do pensamento humano.
  • 69:14 - 69:16
    SISTEMA MONETÁRIO
  • 69:16 - 69:20
    Até agora nos focamos só no sistema de mercado.
  • 69:20 - 69:22
    Mas esse sistema é apenas
  • 69:22 - 69:25
    metade do paradigma econômico global.
  • 69:25 - 69:28
    A outra metade é o sistema monetário.
  • 69:28 - 69:31
    Enquanto o sistema de mercado lida com a interação das pessoas,
  • 69:31 - 69:34
    competindo pelo lucro através do espectro da mão de obra,
  • 69:34 - 69:36
    produção e distribuição,
  • 69:36 - 69:40
    o sistema monetário é um conjunto de regras fundamentais
  • 69:40 - 69:42
    determinadas pelas instituições financeiras,
  • 69:42 - 69:44
    que criam condições para o
  • 69:44 - 69:46
    sistema de mercado, entre outras coisas.
  • 69:46 - 69:49
    Isso inclui termos que ouvimos bastante
  • 69:49 - 69:52
    como "taxa de juros", "empréstimos", "dívida", "oferta monetária",
  • 69:52 - 69:55
    "inflação" etc.
  • 69:55 - 69:57
    Por mais que possa dar vontade de arrancar os cabelos ouvir
  • 69:57 - 70:00
    as bobagens ditas pelos economistas
  • 70:00 - 70:04
    -- "modestas ações preventivas podem evitar a necessidade
  • 70:04 - 70:08
    de ações mais drásticas futuramente" --
  • 70:08 - 70:10
    a natureza e o efeito desse
  • 70:10 - 70:12
    sistema são bem simples.
  • 70:13 - 70:14
    Nossa economia possui...
  • 70:14 - 70:16
    A economia global possui
  • 70:16 - 70:18
    três preceitos básicos que a governam.
  • 70:18 - 70:19
    O primeiro é o sistema de reserva fracionária,
  • 70:19 - 70:22
    com os bancos imprimindo dinheiro do nada.
  • 70:22 - 70:24
    É baseada também em juros acumulados.
  • 70:24 - 70:27
    Quando você pega dinheiro emprestado, precisa devolver mais
  • 70:27 - 70:30
    do que pegou, o que significa que você, na prática,
  • 70:30 - 70:33
    cria dinheiro do nada de novo,
  • 70:33 - 70:37
    cujos juros têm de ser pagos pela criação de ainda mais dinheiro.
  • 70:37 - 70:39
    Nós vivemos num paradigma de crescimento infinito.
  • 70:39 - 70:43
    O paradigma econômico que vivemos é um Esquema Ponzi.
  • 70:43 - 70:45
    Nada cresce para sempre.
  • 70:46 - 70:47
    É impossível.
  • 70:47 - 70:49
    Como o grande psicólogo James Hillman escreveu:
  • 70:49 - 70:51
    "a única coisa que cresce no corpo humano depois
  • 70:51 - 70:53
    de certa idade é o câncer".
  • 70:54 - 70:56
    Não é só a quantidade de dinheiro que precisa continuar crescendo,
  • 70:56 - 70:57
    mas também a de consumidores.
  • 70:57 - 71:00
    Consumidores que contraiam empréstimos a juros,
  • 71:00 - 71:03
    para gerar mais dinheiro, o que obviamente é impossível
  • 71:03 - 71:05
    num planeta finito.
  • 71:05 - 71:08
    As pessoas são basicamente veículos para criar dinheiro
  • 71:08 - 71:10
    que devem criar mais dinheiro
  • 71:10 - 71:12
    para impedir que tudo desmorone,
  • 71:12 - 71:15
    que é o que está acontecendo neste momento.
  • 71:15 - 71:18
    Há apenas duas coisas que alguém precisa saber
  • 71:18 - 71:20
    sobre o sistema monetário.
  • 71:20 - 71:23
    1. Todo o dinheiro é criado a partir de dívida.
  • 71:23 - 71:26
    Dinheiro é dívida monetizada,
  • 71:26 - 71:28
    seja se materializando a partir dos títulos do tesouro,
  • 71:28 - 71:31
    contratos de hipoteca ou cartões de crédito.
  • 71:31 - 71:33
    Em outras palavras, se toda a dívida ativa
  • 71:33 - 71:35
    fosse quitada agora
  • 71:35 - 71:39
    não haveria nenhum dólar em circulação.
  • 71:39 - 71:44
    2. Cobra-se juros sobre praticamente todos os empréstimos feitos
  • 71:44 - 71:46
    e o dinheiro necessário para pagá-los
  • 71:46 - 71:49
    não existe no suprimento monetário de imediato.
  • 71:49 - 71:52
    Somente o principal é criado pelos empréstimos
  • 71:52 - 71:55
    e o principal é o suprimento monetário.
  • 71:55 - 71:58
    Se toda as dívidas fossem quitadas agora
  • 71:58 - 72:01
    não apenas não haveria mais um dólar em circulação,
  • 72:01 - 72:04
    como haveria uma quantia gigantesca de dinheiro devido
  • 72:05 - 72:10
    que é literalmente impossível de ser pago, pois não existe.
  • 72:11 - 72:15
    A consequência disso tudo é que duas coisas são inevitáveis:
  • 72:15 - 72:16
    inflação
  • 72:16 - 72:18
    e falência.
  • 72:18 - 72:22
    A inflação pode ser vista como uma tendência histórica
  • 72:22 - 72:23
    em quase todos países
  • 72:23 - 72:25
    e facilmente ligada à sua causa,
  • 72:25 - 72:28
    que é o aumento perpétuo do suprimento monetário,
  • 72:29 - 72:30
    necessário para
  • 72:30 - 72:34
    cobrir os juros e manter o sistema funcionando.
  • 72:34 - 72:36
    Quanto à falência,
  • 72:36 - 72:39
    ela vem na forma de colapso pela dívida.
  • 72:39 - 72:42
    Esse colapso ocorrerá inevitavelmente com uma pessoa,
  • 72:42 - 72:44
    um negócio ou um país,
  • 72:44 - 72:47
    e geralmente acontece quando o pagamento dos juros
  • 72:47 - 72:49
    torna-se impossível.
  • 72:50 - 72:52
    Mas há um lado bom nisso tudo,
  • 72:52 - 72:56
    pelo menos em termos de sistema de mercado.
  • 72:56 - 72:59
    Porque a dívida cria pressão.
  • 72:59 - 73:01
    A dívida cria escravos assalariados.
  • 73:01 - 73:04
    Uma pessoa endividada tem mais chances de aceitar um salário baixo
  • 73:04 - 73:06
    do que uma pessoa sem dívidas,
  • 73:06 - 73:08
    tornando-se assim mercadoria barata.
  • 73:08 - 73:11
    Assim, é ótimo para as corporações ter um grupo de pessoas
  • 73:11 - 73:14
    sem mobilidade financeira.
  • 73:14 - 73:18
    Mas essa mesma ideia vale para países inteiros.
  • 73:18 - 73:21
    O Banco Mundial e o FMI,
  • 73:21 - 73:23
    que servem como pontes para
  • 73:23 - 73:26
    os interesses corporativos transnacionais,
  • 73:26 - 73:28
    fornecem empréstimos enormes para países com dificuldades
  • 73:28 - 73:30
    a juros altíssimos,
  • 73:30 - 73:32
    e quando estes países estão
  • 73:32 - 73:34
    profundamente endividados e não podem mais pagar,
  • 73:34 - 73:36
    aplicam-se medidas de austeridade,
  • 73:36 - 73:37
    as corporações entram em cena,
  • 73:38 - 73:41
    abrem fábricas escravizantes e tomam seus recursos naturais.
  • 73:41 - 73:45
    Isso sim é eficiência de mercado.
  • 73:45 - 73:47
    Mas espere, tem mais.
  • 73:47 - 73:48
    Existe essa mistura única
  • 73:48 - 73:51
    de sistema monetário com o sistema de mercado,
  • 73:51 - 73:53
    chamado de mercado de ações,
  • 73:53 - 73:56
    que ao invés de produzir algo real,
  • 73:56 - 73:59
    apenas compra e vende o dinheiro em si.
  • 74:00 - 74:02
    E quando se trata de dívida, sabe o que é feito?
  • 74:02 - 74:05
    Isso mesmo, eles negociam a dívida.
  • 74:05 - 74:09
    Eles efetivamente compram e vendem dívidas pelo lucro.
  • 74:09 - 74:11
    Desde CDSs
  • 74:11 - 74:14
    e CDOs da dívida do consumidor,
  • 74:14 - 74:16
    até complexos esquemas de derivativos
  • 74:16 - 74:19
    usados para mascarar a dívida de países inteiros,
  • 74:19 - 74:20
    como no caso do conluio do
  • 74:20 - 74:23
    banco de investimentos Goldman Sachs e Grécia,
  • 74:23 - 74:26
    que quase provocou o colapso da economia europeia.
  • 74:26 - 74:29
    Então, em se tratando do mercado de ações e Wall Street
  • 74:29 - 74:32
    temos um nível totalmente novo de insanidade
  • 74:32 - 74:35
    nascido da sequência monetária do valor.
  • 74:36 - 74:37
    Tudo o que você precisa saber sobre mercados
  • 74:37 - 74:40
    foi escrito há alguns anos num editorial
  • 74:41 - 74:42
    do Wall Street Journal
  • 74:42 - 74:45
    intitulado "Lições de um investidor com danos cerebrais".
  • 74:45 - 74:48
    Neste editorial, eles explicaram por que
  • 74:48 - 74:50
    pessoas com um leve dano cerebral
  • 74:50 - 74:52
    se saem melhor como investidores
  • 74:52 - 74:55
    do que pessoas com funcionamento normal do cérebro.
  • 74:55 - 74:57
    Por quê? Porque pessoas com
  • 74:57 - 74:59
    um leve dano cerebral não têm empatia.
  • 74:59 - 75:02
    Essa é a chave. Se você não tem nenhuma empatia
  • 75:02 - 75:04
    será um ótimo investidor,
  • 75:04 - 75:09
    e dessa maneira Wall Street cria pessoas sem empatia
  • 75:09 - 75:11
    para chegar lá, tomar decisões
  • 75:11 - 75:14
    e realizar negociações sem escrúpulos,
  • 75:14 - 75:17
    sem considerar se a maneira como estão sendo feitas
  • 75:17 - 75:19
    pode afetar outros seres humanos.
  • 75:19 - 75:21
    Assim eles criam esses robôs,
  • 75:21 - 75:24
    essas pessoas desalmadas.
  • 75:24 - 75:27
    E já que nem essas pessoas eles querem pagar mais
  • 75:27 - 75:29
    estão agora criando robôs de verdade:
  • 75:29 - 75:31
    algoritmos para negociações.
  • 75:31 - 75:34
    Goldman Sachs, no escândalo das transações de alta frequência,
  • 75:34 - 75:37
    colocou um computador junto à bolsa de valores de Nova Iorque.
  • 75:38 - 75:40
    Esse computador "co-locado", como é chamado,
  • 75:41 - 75:43
    monitora todas as negociações na bolsa
  • 75:43 - 75:46
    e realiza um grande volume de operações,
  • 75:46 - 75:47
    de maneira que ganha
  • 75:47 - 75:50
    centavos a cada operação.
  • 75:50 - 75:52
    É como se estivessem bombeando dinheiro o dia todo.
  • 75:52 - 75:55
    Ano passado ficaram 30-60 dias
  • 75:55 - 75:58
    de um trimestre sem um único dia de queda
  • 75:58 - 76:00
    ganhando milhões de dólares todo santo dia?
  • 76:00 - 76:04
    Isso é estatisticamente impossível!
  • 76:04 - 76:06
    Quando eu trabalhava em Wall Street, tudo mundo
  • 76:06 - 76:08
    promovia em troca de suborno.
  • 76:08 - 76:12
    O operador suborna o gerente de escritório.
  • 76:12 - 76:15
    O gerente de escritório suborna o gerente regional de vendas.
  • 76:15 - 76:17
    O gerente regional de vendas
  • 76:17 - 76:19
    suborna o gerente nacional de vendas.
  • 76:19 - 76:20
    É uma prática comum.
  • 76:20 - 76:24
    No Natal, quem ganha o maior bônus
  • 76:24 - 76:26
    na posição de operador de bolsa? O auditor interno.
  • 76:26 - 76:29
    O auditor interno fica lá sentado o dia todo.
  • 76:29 - 76:30
    Ele deveria garantir que você
  • 76:30 - 76:32
    não viole nenhuma das regras de margem
  • 76:32 - 76:34
    e de que está "cumprindo" as leis.
  • 76:34 - 76:36
    Claro, até o ponto em que
  • 76:36 - 76:38
    você pode subornar o auditor interno.
  • 76:38 - 76:41
    É isso mesmo, você está cumprindo a lei!
  • 76:41 - 76:43
    Como então a fraude se tornou o sistema?
  • 76:43 - 76:45
    Ela não é mais um subproduto.
  • 76:45 - 76:46
    Ela é o sistema.
  • 76:46 - 76:49
    É como aquela velha piada do Woody Allen:
  • 76:49 - 76:52
    "doutor, meu irmão pensa que ele é uma galinha".
  • 76:52 - 76:54
    E o médico diz: "tome uma pílula,
  • 76:54 - 76:56
    e isto deve resolver o problema".
  • 76:56 - 76:57
    "Não doutor, você não entende.
  • 76:57 - 76:59
    Nós precisamos dos ovos".
  • 76:59 - 77:00
    OK?
  • 77:01 - 77:03
    A troca incessante de ações fraudulentas
  • 77:03 - 77:05
    entre bancos
  • 77:05 - 77:06
    para gerar taxas,
  • 77:06 - 77:07
    para gerar bônus,
  • 77:07 - 77:11
    tornou-se o motor de crescimento
  • 77:11 - 77:14
    do PIB da economia dos EUA
  • 77:14 - 77:17
    embora estejam essencialmente trocando ações fraudulentas
  • 77:17 - 77:20
    que não têm nenhuma chance de serem pagos algum dia.
  • 77:20 - 77:23
    Eles estão processando, gerando e reassegurando nada.
  • 77:23 - 77:26
    Se eu escrever $20 bilhões em um guardanapo
  • 77:26 - 77:28
    e vender ele para J.P. Morgan, e J.P. Morgan escreve
  • 77:29 - 77:32
    $20 bilhões em outro guardanapo
  • 77:32 - 77:34
    e nós trocamos estes dois guardanapos num bar
  • 77:34 - 77:38
    e nos pagamos um quarto de 1% de taxa,
  • 77:38 - 77:40
    fazemos muito dinheiro para o nosso bônus de Natal.
  • 77:40 - 77:43
    Nós temos em nossos registros um guardanapo de $20 bilhões
  • 77:43 - 77:47
    que não tem nenhum valor real até o momento em que
  • 77:47 - 77:50
    o sistema não é mais capaz de absorver
  • 77:50 - 77:53
    guardanapos falsos, que é quando vamos ao governo
  • 77:53 - 77:55
    receber pacotes de ajuda.
  • 77:55 - 77:58
    E por causa de Wall Street e do mercado global de ações,
  • 77:58 - 78:01
    há hoje, pelo menos, cerca de $700 trilhões
  • 78:01 - 78:04
    em ações fraudulentas não pagas,
  • 78:04 - 78:06
    conhecidas como "derivativos",
  • 78:06 - 78:08
    ainda à espera do colapso.
  • 78:08 - 78:10
    Um valor que equivale a 10 vezes mais
  • 78:10 - 78:12
    que o produto interno bruto
  • 78:12 - 78:14
    de todo o planeta.
  • 78:14 - 78:16
    Apesar de já termos visto o resgate de
  • 78:16 - 78:18
    corporações e bancos pelos governos
  • 78:19 - 78:21
    -- os quais comicamente pegam o dinheiro
  • 78:21 - 78:22
    emprestado dos próprios bancos --
  • 78:23 - 78:26
    o que vemos hoje são tentativas de resgate de países inteiros
  • 78:26 - 78:28
    por conglomerados formados por outros países,
  • 78:28 - 78:30
    através de bancos internacionais.
  • 78:31 - 78:34
    Mas como se resgata um planeta?
  • 78:34 - 78:38
    Não há nenhum país que não esteja saturado de dívida.
  • 78:39 - 78:42
    A sucessão de calotes governamentais que vimos
  • 78:42 - 78:46
    pode ser só o começo, se fizermos os devidos cálculos.
  • 78:46 - 78:49
    Estima-se que, apenas nos EUA,
  • 78:49 - 78:53
    o imposto de renda terá de ser aumentado para 65%
  • 78:53 - 78:57
    por pessoa, apenas para cobrir os juros, num futuro próximo.
  • 78:57 - 79:00
    Economistas acreditam que dentro de algumas décadas,
  • 79:01 - 79:05
    60% dos países irão falir.
  • 79:06 - 79:09
    Mas espere aí... Deixe-me ver se entendi.
  • 79:09 - 79:12
    O mundo está indo à falência,
  • 79:12 - 79:14
    seja lá o que isso signifique,
  • 79:14 - 79:16
    por causa dessa ideia chamada "dívida"
  • 79:16 - 79:19
    que nem sequer existe no mundo real.
  • 79:20 - 79:22
    É apenas parte de um jogo que inventamos,
  • 79:22 - 79:26
    e ainda assim, o bem-estar de bilhões de pessoas
  • 79:26 - 79:28
    está sendo comprometido.
  • 79:28 - 79:32
    Demissões em massa, favelas, pobreza crescente,
  • 79:32 - 79:36
    medidas de austeridade, escolas fechando,
  • 79:36 - 79:40
    crianças passando fome e outros níveis de privação familiar...
  • 79:40 - 79:44
    tudo por causa dessa elaborada ficção.
  • 79:44 - 79:47
    Somos estúpidos ou o quê?!
  • 79:49 - 79:51
    Ei, ei! Marte, meu caro.
  • 79:51 - 79:53
    Ajuda um irmão aí?
  • 79:55 - 79:57
    Cresça, amigo.
  • 80:04 - 80:06
    Saturno! E aí, cara?
  • 80:07 - 80:09
    Lembra daquela linda nebulosa com quem te arranjei um encontro
  • 80:09 - 80:10
    faz um tempinho?
  • 80:12 - 80:13
    Terra, escute.
  • 80:13 - 80:15
    Estamos nos cansando de você.
  • 80:16 - 80:18
    Você teve de tudo e ainda assim não aproveitou nada.
  • 80:19 - 80:21
    Você tem muitos recursos e sabe disso.
  • 80:21 - 80:23
    Por que não amadurece e aprende
  • 80:23 - 80:25
    a ter alguma responsabilidade, pelo amor de Deus?
  • 80:25 - 80:27
    Está fazendo sua mãe infeliz.
  • 80:33 - 80:34
    Você está por sua conta, camarada.
  • 80:35 - 80:37
    É, que seja.
  • 80:43 - 80:45
    SAÚDE PÚBLICA
  • 80:46 - 80:48
    Agora, considerando tudo isso,
  • 80:48 - 80:51
    da máquina de desperdício que é o sistema de mercado
  • 80:51 - 80:54
    à máquina de dívidas conhecida como sistema monetário,
  • 80:54 - 80:57
    criando assim o paradigma mercantil-monetário
  • 80:57 - 81:00
    que hoje define a economia global,
  • 81:00 - 81:03
    há uma consequência que percorre
  • 81:03 - 81:05
    toda a máquina:
  • 81:06 - 81:07
    desigualdade.
  • 81:08 - 81:11
    Se é o sistema de mercado que cria uma gravitação
  • 81:11 - 81:15
    natural em direção ao monopólio e à consolidação do poder,
  • 81:15 - 81:18
    enquanto também gera diversas indústrias ricas
  • 81:18 - 81:20
    que se elevam acima das outras
  • 81:20 - 81:22
    independentemente de sua utilidade,
  • 81:22 - 81:24
    tal como o fato de os maiores
  • 81:24 - 81:25
    gestores de fundos de Wall Street
  • 81:25 - 81:29
    agora embolsarem mais de $300 milhões por ano
  • 81:29 - 81:32
    por contribuir literalmente com nada.
  • 81:32 - 81:35
    Enquanto um cientista procurando curar uma doença,
  • 81:35 - 81:37
    tentando ajudar a humanidade,
  • 81:37 - 81:41
    pode ganhar $60 mil por ano, se tiver sorte.
  • 81:41 - 81:44
    Ou se é o sistema monetário,
  • 81:44 - 81:47
    que possui a divisão de classes inerente a sua estrutura.
  • 81:47 - 81:48
    Por exemplo,
  • 81:49 - 81:52
    se tenho $1 milhão sobrando e os aplico em CDB,
  • 81:52 - 81:54
    com juros de 4%,
  • 81:54 - 81:56
    ganharei $40 mil por ano.
  • 81:56 - 81:59
    Nenhuma contribuição social, nada.
  • 81:59 - 82:02
    No entanto, se sou da classe baixa e preciso pegar empréstimos
  • 82:02 - 82:04
    para comprar meu carro ou casa,
  • 82:04 - 82:06
    estarei pagando juros que,
  • 82:06 - 82:07
    teoricamente,
  • 82:08 - 82:12
    vão remunerar aquele milionário com os 4% do CDB.
  • 82:12 - 82:15
    Este roubo dos pobres para pagar aos ricos
  • 82:15 - 82:19
    é um fundamento inerente ao sistema monetário
  • 82:19 - 82:23
    e poderia ser rotulado como "classicismo estrutural".
  • 82:23 - 82:26
    Historicamente, a estratificação social
  • 82:26 - 82:28
    sempre foi considerada injusta
  • 82:28 - 82:30
    mas claramente aceita de forma geral,
  • 82:30 - 82:35
    já que agora 1% da população detém 40% da riqueza do planeta.
  • 82:36 - 82:38
    Mas, justiça material à parte,
  • 82:38 - 82:40
    há outra coisa acontecendo
  • 82:40 - 82:42
    por baixo da superfície da desigualdade,
  • 82:42 - 82:47
    deteriorando a saúde pública como um todo.
  • 82:47 - 82:50
    Acho que as pessoas muitas vezes ficam confusas pelo contraste
  • 82:50 - 82:53
    entre o sucesso material das nossas sociedades
  • 82:53 - 82:55
    -- níveis de riqueza sem precedentes --
  • 82:56 - 82:59
    e os muitos fracassos sociais.
  • 82:59 - 83:02
    Se você olhar para as taxas de
  • 83:02 - 83:05
    uso de drogas, violência, automutilação
  • 83:05 - 83:08
    entre crianças ou doenças mentais,
  • 83:08 - 83:11
    há claramente algo profundamente errado
  • 83:11 - 83:13
    com nossas sociedades.
  • 83:13 - 83:16
    Os dados que tenho descrito
  • 83:16 - 83:20
    simplesmente mostram essa intuição que as pessoas
  • 83:20 - 83:23
    têm tido por centenas de anos, de que a desigualdade divide
  • 83:23 - 83:25
    e corrói a sociedade.
  • 83:25 - 83:29
    Porém, essa intuição é mais verdadeira do que imaginávamos.
  • 83:29 - 83:32
    Há efeitos psicológicos e sociais muito poderosos
  • 83:32 - 83:35
    da desigualdade, mais relacionados, creio eu, com sentimentos
  • 83:35 - 83:38
    de superioridade e inferioridade.
  • 83:38 - 83:40
    Esse tipo de divisão
  • 83:40 - 83:44
    -- e talvez o mesmo valha para o respeito e o desrespeito --
  • 83:44 - 83:46
    em que as pessoas se sentem desprezadas ao extremo.
  • 83:46 - 83:48
    Motivo pelo qual, a propósito, a violência é
  • 83:48 - 83:51
    mais frequente em sociedades mais desiguais.
  • 83:51 - 83:54
    O gatilho da violência é, muitas vezes, as pessoas se sentirem
  • 83:54 - 83:56
    menosprezadas e desrespeitadas.
  • 83:56 - 84:00
    Se há um princípio que eu poderia enfatizar,
  • 84:00 - 84:04
    isto é, o princípio subjacente mais importante
  • 84:04 - 84:07
    para a prevenção da violência,
  • 84:07 - 84:10
    seria a igualdade.
  • 84:10 - 84:12
    O fator mais significativo
  • 84:12 - 84:14
    que afeta a taxa de violência
  • 84:14 - 84:17
    é o grau de igualdade versus o de desigualdade
  • 84:18 - 84:20
    na sociedade.
  • 84:21 - 84:23
    O que estamos vendo é uma espécie de
  • 84:23 - 84:25
    disfunção social generalizada.
  • 84:25 - 84:28
    Não é só uma ou duas coisas que dão errado
  • 84:28 - 84:30
    conforme a desigualdade aumenta,
  • 84:30 - 84:32
    mas aparentemente tudo, seja em relação ao
  • 84:32 - 84:35
    crime, à saúde, às doenças mentais ou ao que for.
  • 84:35 - 84:38
    Uma das descobertas mais perturbadoras sobre saúde pública é:
  • 84:38 - 84:43
    em hipótese alguma cometa o erro de ser pobre
  • 84:43 - 84:45
    ou de ter nascido pobre.
  • 84:45 - 84:48
    Sua saúde paga por isso de infinitas maneiras,
  • 84:48 - 84:52
    algo conhecido como o gradiente socioeconômico de saúde.
  • 84:52 - 84:54
    Conforme você desce a partir da camada social
  • 84:54 - 84:57
    mais alta, em termos de posição socioeconômica,
  • 84:57 - 84:59
    a cada degrau descido a saúde piora
  • 84:59 - 85:01
    para muitos tipos de doenças,
  • 85:01 - 85:03
    a expectativa de vida piora,
  • 85:03 - 85:05
    a taxa de mortalidade infantil,
  • 85:05 - 85:06
    tudo que você puder considerar.
  • 85:06 - 85:09
    Uma enorme questão tem sido:
  • 85:09 - 85:12
    por que este gradiente existe?
  • 85:12 - 85:14
    Uma resposta óbvia e simples
  • 85:14 - 85:16
    é que, se você está cronicamente doente, não
  • 85:16 - 85:19
    será muito produtivo.
  • 85:19 - 85:22
    Assim, problemas de saúde geram diferenças socioeconômicas.
  • 85:22 - 85:23
    Não passou nem perto,
  • 85:23 - 85:25
    pelo simples fato de que
  • 85:25 - 85:26
    é possível olhar para a
  • 85:26 - 85:28
    posição socioeconômica de uma criança
  • 85:28 - 85:31
    e isso irá predizer algo sobre sua saúde
  • 85:31 - 85:32
    décadas depois.
  • 85:32 - 85:34
    Esta é a direção da causalidade.
  • 85:34 - 85:37
    A próxima é "perfeitamente óbvia":
  • 85:37 - 85:39
    pessoas pobres não podem pagar para ir ao médico.
  • 85:39 - 85:41
    É acesso à saúde?
  • 85:41 - 85:42
    Não tem nada a ver com isso
  • 85:42 - 85:44
    porque você vê estes mesmos gradientes
  • 85:44 - 85:46
    em países com assistência médica universal e
  • 85:46 - 85:48
    medicina socializada.
  • 85:48 - 85:50
    OK, próxima explicação simples:
  • 85:50 - 85:52
    geralmente, quanto mais pobre você é
  • 85:52 - 85:54
    maiores são as chances de fumar,
  • 85:54 - 85:58
    beber e de viver com todo tipo de fator de risco.
  • 85:58 - 86:02
    Sim, isso contribui, mas estudos meticulosos mostraram
  • 86:02 - 86:04
    que talvez explique só um terço da variabilidade.
  • 86:04 - 86:06
    O que resta então?
  • 86:06 - 86:09
    O que resta tem muito a ver
  • 86:09 - 86:11
    com o estresse da pobreza.
  • 86:11 - 86:15
    Quanto mais pobre você é, a começar pela
  • 86:15 - 86:18
    pessoa que ganha um dólar a menos que Bill Gates,
  • 86:18 - 86:20
    quanto mais pobre você é neste país,
  • 86:20 - 86:22
    de modo geral, pior será a sua saúde.
  • 86:22 - 86:24
    Isso nos diz algo realmente importante:
  • 86:24 - 86:26
    a conexão da saúde com a pobreza
  • 86:26 - 86:30
    não se trata de ser pobre, mas de se sentir pobre.
  • 86:30 - 86:36
    Cada vez mais, reconhecemos que o estresse crônico
  • 86:36 - 86:38
    possui uma influência importante na saúde,
  • 86:38 - 86:41
    mas as fontes mais importantes de estresse
  • 86:41 - 86:43
    se referem à qualidade das relações sociais.
  • 86:44 - 86:45
    E se existe algo que
  • 86:45 - 86:47
    diminui a qualidade das relações sociais
  • 86:48 - 86:51
    é a estratificação socioeconômica da sociedade.
  • 86:51 - 86:53
    O que a ciência nos mostrou agora
  • 86:53 - 86:55
    é que, independentemente da riqueza material,
  • 86:55 - 86:59
    o estresse de simplesmente viver numa sociedade estratificada
  • 86:59 - 87:03
    leva a um vasto espectro de problemas na saúde pública
  • 87:03 - 87:07
    e quanto maior a desigualdade, piores eles ficam.
  • 87:07 - 87:11
    Expectativa de vida: maior em países mais igualitários.
  • 87:12 - 87:15
    Uso de drogas: menor em países mais igualitários.
  • 87:16 - 87:20
    Doenças mentais: menor em países mais igualitários.
  • 87:20 - 87:22
    Capital social, isto é,
  • 87:22 - 87:25
    a capacidade de as pessoas confiarem umas nas outras:
  • 87:25 - 87:28
    naturalmente maior em países mais igualitários.
  • 87:28 - 87:32
    Índices educacionais: mais altos em países mais igualitários.
  • 87:32 - 87:37
    Taxas de homicídio: menores em países mais igualitários.
  • 87:37 - 87:39
    Taxas de criminalidade e prisão:
  • 87:39 - 87:42
    menores em países mais igualitários.
  • 87:42 - 87:44
    E continua:
  • 87:44 - 87:48
    Mortalidade infantil, obesidade, taxa de natalidade na adolescência:
  • 87:48 - 87:50
    menor em países mais igualitários.
  • 87:50 - 87:52
    E talvez mais interessante:
  • 87:52 - 87:56
    Inovação: maior em países mais igualitários,
  • 87:56 - 88:00
    o que desafia a antiga noção de que uma sociedade
  • 88:00 - 88:04
    competitiva e estratificada é mais criativa e inventiva.
  • 88:05 - 88:07
    Além disso, um estudo feito no Reino Unido
  • 88:07 - 88:08
    chamado de Estudo Whitehall,
  • 88:08 - 88:11
    confirmou que há uma distribuição social de doenças
  • 88:11 - 88:14
    que vai desde o topo da escala socioeconômica
  • 88:14 - 88:15
    até a base.
  • 88:15 - 88:18
    Por exemplo, foi descoberto que os degraus mais baixos
  • 88:18 - 88:20
    da hierarquia tinham 4 vezes mais
  • 88:20 - 88:23
    mortalidade por doenças cardíacas
  • 88:23 - 88:25
    em relação aos degraus mais altos.
  • 88:25 - 88:29
    E esse padrão existe, independente do acesso à saúde.
  • 88:29 - 88:33
    Portanto, quanto pior a condição financeira relativa de alguém,
  • 88:33 - 88:36
    pior será a sua saúde, de modo geral.
  • 88:36 - 88:39
    Esse fenômeno tem suas raízes no que pode ser chamado de
  • 88:39 - 88:41
    "estresse psicossocial"
  • 88:41 - 88:44
    e está na base das grandes distorções sociais
  • 88:44 - 88:47
    que assolam nossa sociedade atual.
  • 88:47 - 88:48
    Sua causa?
  • 88:48 - 88:51
    O sistema mercantil-monetário.
  • 88:52 - 88:54
    Não se engane:
  • 88:54 - 88:56
    o maior destruidor da ecologia;
  • 88:56 - 89:00
    a maior fonte de desperdício, esgotamento e poluição;
  • 89:00 - 89:02
    o maior incitador de violência,
  • 89:03 - 89:07
    guerra, crime, pobreza, abuso animal e desumanidade;
  • 89:07 - 89:11
    o maior gerador de neuroses sociais e individuais,
  • 89:11 - 89:14
    de doenças mentais, depressão, ansiedade
  • 89:14 - 89:18
    -- para não falar da maior fonte de paralisia social,
  • 89:18 - 89:21
    que nos impede de adotar novas metodologias
  • 89:21 - 89:24
    para a saúde pessoal, a sustentabilidade
  • 89:24 - 89:27
    e o progresso neste planeta --
  • 89:27 - 89:31
    não é nenhum governo corrupto ou legislação,
  • 89:31 - 89:35
    nenhuma corporação perversa ou cartel bancário,
  • 89:35 - 89:37
    nenhuma falha da natureza humana
  • 89:38 - 89:42
    e nenhuma sociedade secreta que controla o mundo.
  • 89:43 - 89:44
    É, na verdade,
  • 89:44 - 89:46
    o próprio sistema socioeconômico
  • 89:46 - 89:49
    em sua essência.
  • 90:05 - 90:10
    PARTE 3: PROJETO TERRA
  • 90:11 - 90:13
    Vamos imaginar por um momento que temos a opção
  • 90:13 - 90:16
    de reformular a civilização humana completamente.
  • 90:16 - 90:18
    E se, hipoteticamente falando,
  • 90:18 - 90:21
    descobríssemos uma réplica exata do planeta Terra
  • 90:21 - 90:23
    e que a única diferença entre
  • 90:23 - 90:25
    este novo planeta e o nosso atual
  • 90:25 - 90:27
    fosse que a evolução humana não tivesse ocorrido.
  • 90:27 - 90:29
    Seria um mundo de possibilidades.
  • 90:29 - 90:33
    Sem países, sem cidades, sem poluição, sem republicanos...
  • 90:33 - 90:35
    Apenas um ambiente imaculado e aberto.
  • 90:36 - 90:38
    O que faríamos então?
  • 90:38 - 90:40
    Primeiro precisamos de uma meta, certo?
  • 90:40 - 90:44
    É seguro dizer que esta meta seria sobreviver.
  • 90:44 - 90:48
    E não apenas sobreviver, mas fazê-lo de maneira otimizada,
  • 90:48 - 90:49
    saudável e próspera.
  • 90:49 - 90:52
    A maioria das pessoas, de fato, deseja viver
  • 90:52 - 90:54
    e, de preferência, sem sofrimento.
  • 90:54 - 90:57
    Portanto, a base desta civilização
  • 90:57 - 90:59
    precisa dar o máximo de suporte
  • 90:59 - 91:01
    e sustentabilidade para a vida humana,
  • 91:01 - 91:04
    levando em conta as necessidades materiais
  • 91:04 - 91:05
    de todo o mundo,
  • 91:05 - 91:07
    enquanto tenta eliminar tudo
  • 91:07 - 91:09
    que possa nos ferir a longo prazo.
  • 91:10 - 91:14
    Definida esta meta de "sustentabilidade máxima",
  • 91:14 - 91:17
    a próxima questão diz respeito ao nosso método.
  • 91:17 - 91:19
    Que tipo de abordagem usaremos?
  • 91:19 - 91:20
    Vejamos...
  • 91:20 - 91:25
    Pelo que sei, a política é o método de funcionamento social na Terra.
  • 91:25 - 91:28
    E o que as doutrinas dos republicanos, liberais,
  • 91:28 - 91:32
    conservadores e socialistas têm a dizer sobre como projetar a sociedade?
  • 91:33 - 91:36
    Humm... absolutamente nada.
  • 91:36 - 91:38
    OK, e que tal a religião?
  • 91:38 - 91:42
    Certamente o grande criador deixou alguma planta por aí...
  • 91:42 - 91:44
    Não. Não achei nenhuma.
  • 91:44 - 91:47
    OK, então o que nos resta?
  • 91:47 - 91:50
    Aparentemente algo chamado "ciência".
  • 91:50 - 91:54
    A ciência é única no sentido de que seus métodos não só exigem que
  • 91:54 - 91:57
    as ideias propostas sejam testadas e replicadas,
  • 91:57 - 92:01
    como suas conclusões são também inerentemente refutáveis.
  • 92:01 - 92:04
    Em outras palavras, diferente da religião e da política,
  • 92:04 - 92:06
    a ciência não tem ego,
  • 92:06 - 92:09
    e tudo que ela sugere admite a possibilidade de
  • 92:09 - 92:11
    algum dia ser desmentido.
  • 92:11 - 92:14
    Ela não se apega a nada e evolui constantemente.
  • 92:15 - 92:17
    Bem, isso soa bastante natural para mim.
  • 92:17 - 92:21
    Baseado no conhecimento científico atual neste
  • 92:21 - 92:22
    início de século XXI,
  • 92:23 - 92:25
    junto com nossa meta de "sustentabilidade máxima"
  • 92:25 - 92:27
    para a população humana,
  • 92:27 - 92:31
    como daremos início ao processo de construção?
  • 92:31 - 92:33
    A primeira pergunta a fazer é:
  • 92:33 - 92:35
    do que precisamos para sobreviver?
  • 92:35 - 92:38
    A resposta, naturalmente, é: recursos planetários.
  • 92:39 - 92:42
    Seja a água que bebemos, a energia que utilizamos
  • 92:42 - 92:46
    ou a matéria-prima para criarmos ferramentas e abrigos,
  • 92:46 - 92:49
    o planeta abriga um estoque de recursos,
  • 92:49 - 92:52
    muitos dos quais necessitamos para sobreviver.
  • 92:52 - 92:54
    Diante desta realidade,
  • 92:54 - 92:59
    passa a ser crucial descobrir o que temos e onde está localizado.
  • 92:59 - 93:01
    Isto significa que precisamos realizar um levantamento.
  • 93:01 - 93:05
    Nós simplesmente localizamos e identificamos todos recursos do planeta
  • 93:05 - 93:09
    que pudermos, juntamente com a quantidade disponível em cada área.
  • 93:09 - 93:13
    De depósitos de cobre, aos locais de melhor potencial para
  • 93:13 - 93:15
    a produção de energia eólica,
  • 93:15 - 93:17
    às nascentes de água,
  • 93:17 - 93:20
    a uma estimativa da quantidade de peixes no oceano,
  • 93:20 - 93:25
    às mais férteis terras para cultivo de alimentos etc.
  • 93:25 - 93:27
    E, já que nós, humanos, iremos
  • 93:27 - 93:29
    consumir estes recursos ao longo do tempo
  • 93:29 - 93:34
    percebemos que não basta apenas localizá-los e identificá-los:
  • 93:34 - 93:36
    precisamos também monitorá-los.
  • 93:36 - 93:39
    Devemos nos certificar de que não esgotaremos nenhum deles,
  • 93:39 - 93:40
    isso seria péssimo.
  • 93:40 - 93:43
    E isto significa não apenas monitorar nossas taxas de uso
  • 93:43 - 93:46
    como também as taxas de regeneração da Terra,
  • 93:46 - 93:49
    como o tempo que leva para uma
  • 93:49 - 93:52
    árvore crescer ou uma nascente tornar a encher.
  • 93:52 - 93:56
    Isto se chama "equilíbrio dinâmico".
  • 93:56 - 94:00
    Em outras palavras, se cortamos árvores num ritmo maior que o de regeneração
  • 94:00 - 94:04
    temos um sério problema, pois é insustentável.
  • 94:04 - 94:07
    Como podemos monitorar este estoque,
  • 94:07 - 94:09
    especialmente quando reconhecemos que todas
  • 94:09 - 94:11
    as coisas estão por toda parte?
  • 94:12 - 94:15
    Temos grandes minas de minério no que chamamos de "África",
  • 94:15 - 94:18
    concentrações de energia no "Oriente Médio",
  • 94:18 - 94:21
    um enorme potencial maremotriz na "costa norte-americana",
  • 94:21 - 94:26
    o maior suprimento de água doce no "Brasil" etc.
  • 94:26 - 94:30
    Mais uma vez, a boa e velha ciência tem uma sugestão:
  • 94:30 - 94:32
    chama-se "teoria de sistemas".
  • 94:32 - 94:36
    A teoria de sistemas reconhece que a estrutura do mundo real
  • 94:36 - 94:39
    -- da biologia humana, à biosfera terrestre
  • 94:39 - 94:43
    à atração gravitacional do sistema solar --
  • 94:43 - 94:48
    é um enorme sistema conectado sinergicamente, totalmente interligado.
  • 94:48 - 94:51
    Assim como as células humanas se conectam para formar
  • 94:51 - 94:53
    nossos órgãos, e estes para formar nossos corpos,
  • 94:53 - 94:56
    -- e já que nossos corpos não vivem sem os recursos terrestres,
  • 94:56 - 95:01
    como comida, ar e água -- nós estamos intimamente ligados à Terra,
  • 95:01 - 95:03
    e assim por diante.
  • 95:03 - 95:06
    Então, como a natureza sugere, pegamos todo este inventário
  • 95:06 - 95:10
    e dados de monitoramento e criamos um sistema para gerenciá-la.
  • 95:10 - 95:14
    Um sistema global de gerenciamento de recursos
  • 95:14 - 95:17
    para contabilizar todos os recursos relevantes do planeta.
  • 95:17 - 95:21
    Não há outra alternativa lógica, se nosso objetivo enquanto espécie
  • 95:21 - 95:26
    é a sobrevivência a longo prazo. Temos de monitorar o todo.
  • 95:26 - 95:30
    Com isso estabelecido, podemos agora pensar na produção.
  • 95:30 - 95:31
    Como usaremos tudo isso?
  • 95:31 - 95:35
    Qual será o nosso processo de produção e o que precisamos
  • 95:35 - 95:38
    considerar para garantir que é o mais otimizado possível
  • 95:38 - 95:42
    para maximizar nossa sustentabilidade?
  • 95:42 - 95:45
    A primeira coisa que nos vem à mente é o fato de
  • 95:45 - 95:47
    precisarmos constantemente evitar o desperdício.
  • 95:48 - 95:51
    Os recursos do planeta são essencialmente finitos.
  • 95:51 - 95:54
    Portanto, é importante sermos estratégicos.
  • 95:54 - 95:57
    Preservação estratégica é a chave.
  • 95:57 - 96:00
    A segunda coisa que percebemos é que alguns recursos
  • 96:00 - 96:03
    não são tão bons como outros em seus desempenhos.
  • 96:03 - 96:06
    Na verdade, algumas coisas, quando postas em uso,
  • 96:06 - 96:08
    têm um efeito terrível no meio ambiente,
  • 96:08 - 96:10
    o que prejudica nossa própria saúde.
  • 96:11 - 96:15
    Por exemplo: combustíveis fósseis, não importa como os utilizamos,
  • 96:15 - 96:19
    liberam agentes bastante destrutivos no meio ambiente.
  • 96:19 - 96:22
    Por isso, é crucial fazermos o máximo para usá-los
  • 96:22 - 96:26
    apenas quando for preciso, ou nem usá-los.
  • 96:26 - 96:31
    Felizmente, temos enormes possibilidades para produzir
  • 96:31 - 96:35
    energia solar, eólica, maremotriz, das ondas, geotérmica etc.,
  • 96:35 - 96:39
    que nos permitem planejar objetivamente o que usar e onde,
  • 96:39 - 96:44
    para evitar o que se pode chamar de "retroações negativas"
  • 96:44 - 96:47
    ou qualquer resultado da produção ou do uso
  • 96:47 - 96:51
    que danifique o meio ambiente e a nós mesmos.
  • 96:51 - 96:54
    Chamaremos isso de "segurança estratégica"
  • 96:54 - 96:58
    para combinar com nossa "preservação estratégica".
  • 96:58 - 97:00
    Mas as estratégias de produção não param por aí.
  • 97:00 - 97:03
    Precisaremos de uma estratégia de eficiência
  • 97:04 - 97:07
    para a mecânica da produção.
  • 97:07 - 97:09
    E o que descobrimos é que há aproximadamente
  • 97:09 - 97:12
    três protocolos específicos que deveremos adotar.
  • 97:12 - 97:15
    1. Todo bem que produzirmos deve ser
  • 97:15 - 97:17
    projetado para durar o máximo possível.
  • 97:17 - 97:19
    Naturalmente, quanto mais coisas quebram,
  • 97:20 - 97:23
    mais recursos são necessários para as substituírem
  • 97:23 - 97:25
    gerando assim mais lixo.
  • 97:25 - 97:27
    2. Quando as coisas de fato quebrarem
  • 97:27 - 97:30
    ou não forem mais úteis, por qualquer motivo,
  • 97:30 - 97:35
    é crucial que recolhamos e reciclemos ao máximo.
  • 97:35 - 97:38
    Portanto, o projeto de produção deve levar isso
  • 97:38 - 97:41
    em conta logo nos primeiros estágios.
  • 97:42 - 97:46
    3. Tecnologias de rápida evolução, como a eletrônica,
  • 97:46 - 97:50
    que estão sujeitas à elevadas taxas de obsolescência tecnológica,
  • 97:50 - 97:52
    deverão ser projetadas para
  • 97:52 - 97:55
    prever e acomodar atualizações físicas.
  • 97:55 - 97:59
    A última coisa que faremos é jogar fora um computador
  • 97:59 - 98:03
    inteiro apenas porque só uma parte quebrou ou ficou obsoleta.
  • 98:03 - 98:07
    Simplesmente projetamos os componentes para serem facilmente
  • 98:07 - 98:11
    atualizáveis peça por peça, padronizados e universalmente compatíveis
  • 98:11 - 98:16
    com base nas tendências tecnológicas atuais.
  • 98:16 - 98:19
    Quando percebemos que os mecanismos da preservação,
  • 98:19 - 98:23
    segurança e eficiência estratégicas
  • 98:23 - 98:26
    são considerações puramente técnicas,
  • 98:26 - 98:29
    isentas de qualquer opinião humana ou viés,
  • 98:29 - 98:32
    simplesmente programamos tais estratégias em um computador
  • 98:32 - 98:35
    que possa avaliar e calcular todas as variáveis relevantes
  • 98:35 - 98:37
    permitindo que cheguemos ao
  • 98:37 - 98:41
    melhor método para a produção sustentável
  • 98:41 - 98:43
    com base no conhecimento atual.
  • 98:44 - 98:46
    E por mais que isso possa soar complexo
  • 98:46 - 98:49
    tudo não passa de uma grandiosa calculadora.
  • 98:49 - 98:50
    para não mencionar que tais sistemas
  • 98:50 - 98:53
    de tomada de decisões e monitoração multivariados
  • 98:53 - 98:55
    já são usados pelo mundo afora
  • 98:55 - 99:00
    para propósitos isolados. É só uma questão de aumentar a escala.
  • 99:00 - 99:01
    Então...
  • 99:01 - 99:05
    Não apenas temos nosso sistema de gerenciamento de recursos,
  • 99:05 - 99:08
    mas também um sistema de gerenciamento de produção,
  • 99:08 - 99:10
    ambos facilmente automatizáveis por computador
  • 99:10 - 99:14
    para maximizar a eficiência, a preservação e a segurança.
  • 99:14 - 99:17
    A realidade informática é que a mente humana ou
  • 99:17 - 99:21
    um grupo de pessoas não conseguem monitorar o que é preciso.
  • 99:21 - 99:25
    Isto pode e deve ser feito por computadores,
  • 99:26 - 99:29
    o que nos leva ao próximo nível: distribuição.
  • 99:29 - 99:32
    Qual estratégia sustentável faz sentido aqui?
  • 99:32 - 99:34
    Como sabemos que a menor distância
  • 99:34 - 99:37
    entre dois pontos é uma linha reta
  • 99:37 - 99:41
    e que máquinas de transporte usam energia para se moverem,
  • 99:41 - 99:44
    quanto menor o deslocamento, maior a eficiência.
  • 99:44 - 99:48
    Produzir bens num continente e enviá-los a outro
  • 99:48 - 99:51
    só faz sentido se tais bens simplesmente não puderem
  • 99:51 - 99:54
    ser produzidos no local de destino.
  • 99:54 - 99:57
    Do contrário, é simplesmente um desperdício.
  • 99:57 - 100:00
    A produção deve ser local para que a distribuição seja simples,
  • 100:00 - 100:03
    rápida e requeira o mínimo de energia.
  • 100:04 - 100:06
    Chamaremos isso de "estratégia de proximidade",
  • 100:06 - 100:08
    que simplesmente implica na redução
  • 100:08 - 100:10
    do transporte de bens tanto quanto possível,
  • 100:10 - 100:14
    seja de matéria-prima ou de bens de consumo prontos.
  • 100:14 - 100:17
    Obviamente, também é importante
  • 100:17 - 100:20
    saber quais bens estamos transportando e por quê.
  • 100:20 - 100:23
    E isso entra na categoria "demanda".
  • 100:23 - 100:25
    E demanda é simplesmente o que as pessoas precisam
  • 100:25 - 100:28
    para ter saúde e uma alta qualidade de vida.
  • 100:28 - 100:30
    O espectro das necessidades materiais humanas
  • 100:30 - 100:33
    varia desde necessidades essenciais à vida,
  • 100:33 - 100:36
    como comida, água limpa e moradia,
  • 100:37 - 100:40
    até bens sociais e recreativos que permitam relaxamento
  • 100:40 - 100:43
    e prazer pessoal e social --
  • 100:43 - 100:48
    ambos fatores importantes na saúde social e humana em geral.
  • 100:48 - 100:50
    Simplesmente realizamos outro levantamento.
  • 100:50 - 100:53
    As pessoas descrevem suas necessidades, a demanda é
  • 100:53 - 100:56
    analisada e a produção se inicia com base nesta demanda.
  • 100:56 - 100:59
    E já que o nível de demanda de diferentes bens
  • 100:59 - 101:03
    vai naturalmente oscilar e variar em regiões distintas,
  • 101:03 - 101:07
    criamos um sistema de monitoramento de distribuição e demanda
  • 101:07 - 101:10
    para evitar excessos e faltas.
  • 101:10 - 101:12
    Claro, essa ideia nada tem de nova
  • 101:12 - 101:15
    e é usada em todas as grandes redes de supermercados
  • 101:15 - 101:18
    para garantir o ajuste do estoque.
  • 101:18 - 101:22
    Só que, desta vez, estamos monitorando em escala global.
  • 101:22 - 101:26
    Mas espere: não podemos saber ao certo a demanda
  • 101:26 - 101:30
    se não levarmos em conta o uso do bem em si.
  • 101:30 - 101:34
    Seria lógico e sustentável que todo ser humano, digamos,
  • 101:34 - 101:39
    tenha uma unidade de tudo que é feito, independente do uso?
  • 101:39 - 101:43
    Não. Isso seria um desperdício e uma ineficiência.
  • 101:43 - 101:47
    Se alguém necessita de um bem, mas este será usado
  • 101:47 - 101:49
    por 45 minutos por dia, em média,
  • 101:49 - 101:51
    seria muito mais eficiente se este
  • 101:51 - 101:53
    bem fosse disponibilizado para ele
  • 101:53 - 101:56
    e para outros só quando precisassem.
  • 101:56 - 101:59
    Muitos esquecem que não é o bem que eles querem,
  • 101:59 - 102:01
    mas sim a utilidade do bem.
  • 102:01 - 102:03
    Ao percebemos que o bem em si
  • 102:03 - 102:05
    só é importante por sua utilidade
  • 102:05 - 102:08
    vemos que a restrição externa,
  • 102:08 - 102:11
    ou o que poderíamos chamar de "posse",
  • 102:11 - 102:14
    é puro desperdício e ecologicamente sem sentido
  • 102:14 - 102:18
    num sentido fundamental e econômico.
  • 102:18 - 102:23
    Precisamos criar algo chamado "acesso estratégico".
  • 102:23 - 102:25
    Esta seria a base de nosso
  • 102:25 - 102:27
    sistema de monitoramento de demanda e distribuição,
  • 102:27 - 102:29
    que garante que possamos atender as
  • 102:29 - 102:30
    necessidades da população,
  • 102:30 - 102:35
    permitindo o acesso do que precisam, quando precisarem.
  • 102:35 - 102:38
    E no que se refere a obtenção física dos bens,
  • 102:38 - 102:40
    centros de acesso regionais e centrais
  • 102:40 - 102:42
    fazem sentido, na maioria dos casos,
  • 102:42 - 102:46
    situados bem próximo da população.
  • 102:46 - 102:49
    A pessoa entraria, pegaria o item,
  • 102:49 - 102:52
    o usaria e quando terminasse de usá-lo, o devolveria --
  • 102:52 - 102:55
    mais ou menos como uma biblioteca funciona hoje.
  • 102:55 - 102:57
    Na verdade, esses centros poderiam ficar não só
  • 102:57 - 103:00
    na comunidade, tal como as lojas de hoje,
  • 103:00 - 103:04
    como também centros especializados ficariam em áreas específicas
  • 103:04 - 103:07
    onde esses itens seriam utilizados,
  • 103:07 - 103:11
    poupando energia pela redução do transporte.
  • 103:11 - 103:14
    Quando o sistema de monitoramento de demanda estiver pronto,
  • 103:14 - 103:17
    ele será integrado ao sistema de gerenciamento de produção
  • 103:17 - 103:20
    e, é claro, ao nosso sistema de gerenciamento de recursos,
  • 103:20 - 103:23
    criando um máquina global de gerenciamento unificada
  • 103:23 - 103:26
    e dinamicamente atualizada
  • 103:26 - 103:29
    que garanta nossa sustentabilidade.
  • 103:29 - 103:33
    Começando por assegurar a integridade de nossos recursos finitos
  • 103:33 - 103:36
    e, depois, garantir que só criamos os melhores
  • 103:36 - 103:38
    e mais estratégicos bens possíveis
  • 103:38 - 103:40
    enquanto os distribuímos da maneira
  • 103:40 - 103:43
    mais inteligente e eficaz.
  • 103:43 - 103:47
    O resultado dessa relação baseada na preservação,
  • 103:47 - 103:50
    que é contraintuitiva para muitos,
  • 103:50 - 103:53
    é que esse processo lógico,
  • 103:53 - 103:56
    empírico e feito do zero de preservação e eficiência,
  • 103:56 - 104:01
    que define a verdadeira sustentabilidade humana no planeta,
  • 104:01 - 104:06
    provavelmente possibilitaria algo nunca antes visto em nossa história:
  • 104:06 - 104:08
    abundância de acesso.
  • 104:08 - 104:11
    Não só para uma parcela da população global,
  • 104:11 - 104:15
    mas para a civilização inteira.
  • 104:16 - 104:18
    Esse modelo econômico, que vimos brevemente,
  • 104:18 - 104:21
    essa responsável abordagem sistêmica para o gerenciamento
  • 104:21 - 104:24
    total dos recursos e processos da Terra
  • 104:24 - 104:26
    projetado, novamente, para fazer nada menos
  • 104:26 - 104:28
    que tomar conta da humanidade como um todo
  • 104:28 - 104:31
    da maneira mais eficiente e sustentável possível
  • 104:31 - 104:32
    pode ser chamada de
  • 104:32 - 104:35
    ECONOMIA BASEADA EM RECURSOS
  • 104:35 - 104:38
    A ideia foi definida na década de 1970 pelo
  • 104:38 - 104:41
    engenheiro social Jacque Fresco.
  • 104:41 - 104:44
    Naquela época, ele viu que a sociedade estava em rota de colisão
  • 104:44 - 104:49
    contra si mesma e a natureza -- insustentável em todos os níveis --
  • 104:49 - 104:51
    e que se as coisas não mudassem,
  • 104:51 - 104:54
    nós iríamos nos destruir, de um jeito ou de outro.
  • 104:54 - 104:56
    Todas estas coisas que você diz, Jacque,
  • 104:56 - 104:59
    poderiam ser construídas com o que sabemos hoje,
  • 104:59 - 105:03
    ou você está "chutando", com base no que sabemos hoje?
  • 105:03 - 105:06
    Não. Tudo isto pode ser feito com o que sabemos atualmente.
  • 105:06 - 105:09
    Levaria 10 anos para mudar a superfície da Terra,
  • 105:09 - 105:12
    para transformar o mundo em outro Jardim do Éden.
  • 105:12 - 105:14
    A escolha está com você.
  • 105:14 - 105:16
    A estupidez de uma corrida armamentista nuclear,
  • 105:16 - 105:18
    o desenvolvimento de armas...
  • 105:18 - 105:20
    Tentar resolver seus problemas através da política
  • 105:20 - 105:23
    elegendo este ou aquele partido...
  • 105:23 - 105:26
    Toda a política está imersa na corrupção.
  • 105:26 - 105:27
    Vou repetir:
  • 105:27 - 105:30
    comunismo, socialismo, fascismo, os democratas e
  • 105:30 - 105:34
    os liberais -- nós queremos incluir todos seres humanos.
  • 105:34 - 105:37
    Todas as organizações que acreditam numa vida melhor para o homem:
  • 105:37 - 105:40
    não existem problemas de negros ou poloneses,
  • 105:40 - 105:42
    nem problemas de judeus ou gregos,
  • 105:42 - 105:45
    ou problemas de mulheres -- só há problemas humanos!
  • 105:45 - 105:48
    Não tenho medo de ninguém. Não trabalho para ninguém.
  • 105:48 - 105:49
    Ninguém pode me demitir.
  • 105:49 - 105:51
    Eu não tenho chefe.
  • 105:51 - 105:54
    Eu tenho medo de viver na sociedade em que vivemos atualmente.
  • 105:54 - 105:58
    Ela não pode ser mantida com esse tipo de incompetência.
  • 105:58 - 106:00
    O sistema de livre iniciativa foi ótimo
  • 106:00 - 106:03
    há uns 35 anos, a última vez em que foi útil.
  • 106:03 - 106:07
    Agora, temos que mudar o modo de pensar ou morreremos todos.
  • 106:08 - 106:12
    Os filmes de terror do futuro serão sobre nossa sociedade,
  • 106:12 - 106:14
    o modo como tudo deu errado,
  • 106:14 - 106:15
    e a política
  • 106:15 - 106:18
    será parte de um filme de terror.
  • 106:20 - 106:25
    Várias pessoas hoje usam o termo "ciência fria"
  • 106:25 - 106:27
    porque ela é analítica
  • 106:27 - 106:30
    e eles nem sequer sabem o que significa "analítico".
  • 106:30 - 106:33
    Ciência significa: aproximações mais precisas
  • 106:33 - 106:35
    sobre como o mundo realmente funciona.
  • 106:36 - 106:39
    Então, é contar a verdade. É disso que se trata.
  • 106:39 - 106:42
    Um cientista não tenta se "dar bem" com as pessoas.
  • 106:42 - 106:44
    Eles contam quais são suas descobertas.
  • 106:44 - 106:47
    Eles precisam questionar todas as coisas
  • 106:47 - 106:51
    e se algum cientista aparecer com um experimento que mostre
  • 106:51 - 106:54
    que alguns materiais têm dadas resistências
  • 106:54 - 106:56
    outros cientistas precisam ser capazes de duplicar
  • 106:56 - 106:59
    aquele experimento e obter os mesmos resultados.
  • 106:59 - 107:03
    Mesmo se um cientista achar que a asa de um avião,
  • 107:03 - 107:06
    devido à cálculos matemáticos,
  • 107:06 - 107:08
    possa segurar uma certa quantidade de peso,
  • 107:08 - 107:11
    eles ainda irão pendurar sacos de areia nela
  • 107:11 - 107:13
    pra ver quando quebraria, e então
  • 107:13 - 107:16
    eles dizem se os cálculos estavam corretos ou não.
  • 107:16 - 107:20
    Eu adoro esse sistema por que é livre de viéses
  • 107:20 - 107:23
    da ideia de que a matemática pode resolver tudo.
  • 107:23 - 107:26
    É preciso por sua matemática à prova também.
  • 107:26 - 107:29
    Acho que todo sistema que pode
  • 107:29 - 107:32
    ser posto à prova, deve ser posto.
  • 107:32 - 107:36
    E todas as decisões deveriam ser baseadas em pesquisas.
  • 107:37 - 107:39
    Uma economia baseada em recursos é simplesmente
  • 107:39 - 107:42
    o método científico aplicado à questões sociais --
  • 107:42 - 107:45
    uma abordagem totalmente ausente no mundo de hoje.
  • 107:45 - 107:48
    A sociedade é uma invenção técnica.
  • 107:48 - 107:51
    E os métodos mais eficientes de saúde humana otimizada,
  • 107:51 - 107:55
    produção física, distribuição, infraestrutura urbana etc.,
  • 107:55 - 107:58
    residem no campo da ciência e
  • 107:58 - 108:01
    da tecnologia -- não na política ou na economia monetária.
  • 108:01 - 108:05
    Ela funciona da mesma maneira sistemática que, digamos, um avião,
  • 108:05 - 108:09
    e não existe uma maneira republicana ou liberal de construir um avião.
  • 108:09 - 108:11
    Igualmente, a própria natureza é a
  • 108:11 - 108:14
    referência física que utilizamos para provar nossa ciência.
  • 108:14 - 108:16
    É um sistema fixo,
  • 108:16 - 108:19
    emergindo apenas de nosso crescente conhecimento dela.
  • 108:20 - 108:22
    Na verdade, ela não dá a mínima para o que
  • 108:22 - 108:25
    você subjetivamente pensa ou acredita ser verdade.
  • 108:25 - 108:27
    Pelo contrário, ela lhe dá uma opção:
  • 108:27 - 108:29
    você pode aprender e se adequar com
  • 108:29 - 108:31
    suas leis naturais e se guiar de acordo
  • 108:31 - 108:34
    -- invariavelmente criando boa saúde e sustentabilidade --
  • 108:34 - 108:38
    ou você pode ir contra a corrente, sem sucesso algum.
  • 108:38 - 108:40
    Não importa o quanto você acredita, simplesmente não há
  • 108:40 - 108:42
    como você se levantar agora e caminhar pela parede,
  • 108:42 - 108:45
    a lei da gravidade não vai permitir.
  • 108:45 - 108:47
    Se você não comer, morrerá.
  • 108:47 - 108:50
    Se você não for tocado quando bebê, morrerá.
  • 108:50 - 108:54
    Por mais duro que pareça, a natureza é uma ditadura
  • 108:54 - 108:57
    e podemos escutá-la e entrar em harmonia com ela
  • 108:57 - 109:00
    ou sofrer as inevitáveis consequências adversas.
  • 109:00 - 109:03
    Então, uma economia baseada em recursos é nada mais
  • 109:03 - 109:07
    que um conjunto de entendimentos comprovados
  • 109:07 - 109:09
    de suporte à vida, em que todas as decisões são baseadas em
  • 109:09 - 109:13
    sustentabilidade ambiental e humana otimizadas.
  • 109:13 - 109:16
    É levada em consideração a base da vida empírica
  • 109:16 - 109:19
    que todo ser humano compartilha como uma necessidade
  • 109:19 - 109:23
    independente, novamente, de sua filosofia política ou religiosa.
  • 109:23 - 109:26
    Não há relativismo cultural nessa abordagem.
  • 109:26 - 109:29
    Não é uma questão de opinião.
  • 109:29 - 109:31
    Necessidades humanas são necessidades humanas
  • 109:31 - 109:35
    e ter acesso às necessidades da vida, tal como ar limpo,
  • 109:35 - 109:37
    comida nutritiva e água limpa,
  • 109:37 - 109:41
    junto com um ambiente de reforço positivo,
  • 109:41 - 109:45
    estável, estimulante e não violento, é necessário
  • 109:45 - 109:47
    para nossa saúde mental e física,
  • 109:47 - 109:49
    nossa capacidade evolutiva
  • 109:49 - 109:52
    e a sobrevivência da espécie em si.
  • 109:52 - 109:55
    Uma economia baseada em recursos
  • 109:55 - 109:58
    seria baseada nos recursos disponíveis.
  • 109:58 - 110:01
    Você não pode trazer um monte de pessoas a uma ilha
  • 110:01 - 110:07
    ou construir uma cidade para 50 mil habitantes sem ter
  • 110:07 - 110:09
    acesso às necessidades da vida.
  • 110:09 - 110:13
    Então, quando uso o termo abordagem sistêmica compreensiva
  • 110:13 - 110:18
    estou falando de fazer, primeiramente, um inventário da área,
  • 110:18 - 110:21
    determinando o que a área pode fornecer
  • 110:21 - 110:23
    não apenas no aspecto da arquitetura,
  • 110:23 - 110:26
    não apenas no aspecto do design,
  • 110:26 - 110:30
    mas o design deve ser baseado em todos os requisitos
  • 110:30 - 110:31
    para enriquecer a vida humana
  • 110:31 - 110:35
    e é isso que quero dizer com uma maneira integrada de se pensar.
  • 110:35 - 110:38
    Comida, roupas, abrigo, calor, amor.
  • 110:38 - 110:41
    Todas essas coisas são necessárias.
  • 110:41 - 110:43
    E se você privar as pessoas de qualquer uma delas,
  • 110:44 - 110:49
    terá seres humanos inferiores, com capacidade inferior.
  • 110:49 - 110:53
    Como dito anteriormente, a abordagem sistêmica global de extração,
  • 110:53 - 110:58
    distribuição e produção numa economia baseada em recursos
  • 110:58 - 111:03
    possui um conjunto de mecanismos verdadeiramente econômicos
  • 111:03 - 111:05
    que garantem eficiência
  • 111:05 - 111:09
    e sustentabilidade em todas as áreas da economia.
  • 111:09 - 111:12
    Então, continuando essa linha de pensamento sobre projeto lógico,
  • 111:12 - 111:14
    o que vem depois em nossa equação?
  • 111:14 - 111:17
    Onde tudo isso se materializa?
  • 111:17 - 111:18
    Cidades.
  • 111:18 - 111:22
    O advento da cidade é um marco da civilização moderna.
  • 111:22 - 111:26
    Seu papel é permitir acesso eficiente às necessidades da vida
  • 111:26 - 111:31
    juntamente com um forte suporte social e interação da comunidade.
  • 111:31 - 111:34
    E como fazemos para projetar uma cidade ideal?
  • 111:34 - 111:36
    Em que formato a faríamos?
  • 111:36 - 111:38
    Quadrada? Trapezoide?
  • 111:38 - 111:40
    Bem, como vamos nos locomover por entre ela,
  • 111:40 - 111:43
    deveríamos fazê-la a mais equidistante possível.
  • 111:44 - 111:46
    Logo, o círculo.
  • 111:46 - 111:48
    O que deveria existir na cidade?
  • 111:48 - 111:52
    Naturalmente precisamos de área residencial, de produção de bens,
  • 111:52 - 111:55
    de geração de energia e uma zona agrária.
  • 111:56 - 111:59
    Mas precisamos também estimular as pessoas. Ou seja, cultura,
  • 111:59 - 112:02
    natureza, recreação e educação.
  • 112:02 - 112:04
    Então vamos incluir um belo parque aberto,
  • 112:04 - 112:09
    uma área para entretenimento e eventos culturais, para socialização,
  • 112:09 - 112:11
    e instalações para educação e pesquisa.
  • 112:11 - 112:14
    E já que estamos trabalhando com um círculo,
  • 112:14 - 112:16
    parece racional posicionar essas funções em cinturões,
  • 112:16 - 112:19
    baseado na quantidade de terra necessária para cada fim,
  • 112:20 - 112:22
    além de facilidade de acesso.
  • 112:22 - 112:23
    Muito bom.
  • 112:24 - 112:26
    Agora, vamos analisar mais a fundo:
  • 112:26 - 112:28
    primeiramente, precisamos considerar a infraestrutura
  • 112:28 - 112:31
    central, ou entranhas do organismo urbano.
  • 112:31 - 112:33
    Estes seriam os canais de transporte
  • 112:33 - 112:36
    de água, bens, lixo e energia.
  • 112:36 - 112:39
    Exatamente como as cidades de hoje têm sistemas de água e esgotos,
  • 112:40 - 112:42
    estenderíamos este conceito de canais para
  • 112:42 - 112:45
    integrar a reciclagem de lixo e a distribuição de bens.
  • 112:45 - 112:48
    Não haveria mais entregadores ou lixeiros.
  • 112:48 - 112:50
    Isso está embutido no sistema. Poderíamos utilizar
  • 112:50 - 112:53
    tubos pneumáticos e tecnologias similares.
  • 112:54 - 112:55
    E o mesmo vale para o transporte.
  • 112:55 - 112:59
    Ele precisa ser integrado e estrategicamente projetado para reduzir
  • 112:59 - 113:03
    ou mesmo eliminar o desperdício que são os automóveis individuais.
  • 113:03 - 113:06
    Bondes elétricos, esteiras rolantes e transportadores,
  • 113:06 - 113:08
    trens magnéticos que podem levá-lo a
  • 113:08 - 113:10
    qualquer lugar da cidade, inclusive para cima e para baixo,
  • 113:10 - 113:14
    além de conectá-lo também a outras cidades.
  • 113:14 - 113:17
    E claro, se houver a necessidade de um carro,
  • 113:17 - 113:20
    ele será ativado via satélite para manter a segurança e a integridade.
  • 113:20 - 113:24
    Na verdade, essa automação tecnológica já está acontecendo agora.
  • 113:24 - 113:29
    Acidentes de carro matam cerca de 1,2 milhões de pessoas todo ano,
  • 113:29 - 113:31
    ferindo cerca de 50 milhões.
  • 113:31 - 113:34
    Isto é um absurdo e não tem mais que acontecer.
  • 113:34 - 113:38
    Com um projeto urbano eficiente e carros automáticos sem motoristas,
  • 113:38 - 113:41
    essa taxa de mortalidade pode ser praticamente eliminada.
  • 113:41 - 113:43
    Agricultura.
  • 113:43 - 113:46
    Hoje, através de métodos industriais mal planejados e baratos
  • 113:46 - 113:50
    usando pesticidas, fertilizantes em excesso e outros meios,
  • 113:50 - 113:52
    nós destruímos, com sucesso, boa parte
  • 113:52 - 113:54
    da terra arável neste planeta,
  • 113:54 - 113:58
    sem mencionar o envenenamento de nossos corpos.
  • 113:58 - 114:01
    Toxinas químicas da indústria e da agricultura
  • 114:01 - 114:07
    aparecem agora em quase todos as pessoas em pesquisas, incluindo crianças.
  • 114:07 - 114:10
    Felizmente, existe uma alternativa brilhante:
  • 114:10 - 114:14
    a agricultura sem solo da hidroponia e aeroponia,
  • 114:14 - 114:17
    que também reduz a necessidade de nutrientes
  • 114:17 - 114:20
    e de água em até 75% do nível de uso atual.
  • 114:20 - 114:24
    Hoje é possível cultivar alimentos de forma orgânica, em escala industrial,
  • 114:24 - 114:27
    em estufas verticais.
  • 114:27 - 114:30
    Por exemplo, 50 andares de 1 acre cada,
  • 114:30 - 114:32
    praticamente eliminando a necessidade do uso de
  • 114:32 - 114:35
    pesticidas e hidrocarbonetos em geral.
  • 114:35 - 114:38
    Este é o futuro do cultivo industrial de alimentos.
  • 114:38 - 114:40
    Eficiente, limpo e abundante.
  • 114:40 - 114:43
    Assim, estes sistemas avançados seriam, em parte,
  • 114:43 - 114:46
    os que compõem nosso cinturão agrícola
  • 114:46 - 114:50
    produzindo a comida necessária à toda população da cidade
  • 114:50 - 114:53
    sem a necessidade de trazer nada de longe,
  • 114:53 - 114:56
    economizando tempo, desperdício e energia.
  • 114:56 - 114:58
    E falando em energia...
  • 114:58 - 115:01
    O cinturão de energia trabalharia numa abordagem sistêmica para
  • 115:01 - 115:04
    extrair eletricidade de diversas fontes renováveis e abundantes,
  • 115:04 - 115:09
    como eólica, solar, geotérmica, por variação de temperatura
  • 115:09 - 115:12
    e, nas regiões costeiras, maremotriz e das ondas.
  • 115:13 - 115:15
    Para evitar intermitência e garantir a existência
  • 115:15 - 115:17
    de retornos positivos da rede de energia,
  • 115:17 - 115:20
    esses meios transmissores operariam em um sistema integrado
  • 115:20 - 115:22
    provendo energia uns aos outros, quando necessário,
  • 115:22 - 115:25
    enquanto armazenam a energia em excesso
  • 115:25 - 115:27
    em supercapacitores no subsolo,
  • 115:27 - 115:29
    para evitar desperdícios.
  • 115:29 - 115:32
    A cidade não apenas gera sua própria energia,
  • 115:32 - 115:35
    algumas estruturas são também energeticamente autônomas,
  • 115:35 - 115:38
    produzindo eletricidade através de tintas fotovoltaicas,
  • 115:38 - 115:42
    transdutores de pressão estrutural, o efeito termopar
  • 115:42 - 115:45
    e outras tecnologias existentes, mas subutilizadas.
  • 115:46 - 115:47
    Mas, é claro, isso levanta a questão:
  • 115:48 - 115:50
    como esta tecnologia, e outros bens de consumo
  • 115:50 - 115:52
    em geral, são criados?
  • 115:52 - 115:54
    Isso nos leva à produção:
  • 115:54 - 115:57
    o cinturão industrial, além de ter hospitais e afins,
  • 115:57 - 116:00
    seria o concentrador da produção fabril.
  • 116:00 - 116:01
    Localizado de maneira integrada,
  • 116:01 - 116:04
    ele teria, é claro, que obter matéria-prima através
  • 116:04 - 116:07
    do sistema de gerenciamento recursos, como visto há pouco,
  • 116:08 - 116:12
    com a demanda sendo gerada pela própria população da cidade.
  • 116:12 - 116:14
    Com relação à mecânica da produção
  • 116:14 - 116:17
    precisamos discutir um novo e poderoso fenômeno
  • 116:17 - 116:20
    que foi desencadeado recentemente na história da humanidade
  • 116:20 - 116:23
    e que está a ponto de mudar tudo.
  • 116:24 - 116:26
    Chama-se mecanização,
  • 116:26 - 116:28
    ou automação da mão de obra.
  • 116:28 - 116:31
    Se você olhar ao seu redor, notará que quase
  • 116:31 - 116:34
    tudo o que usamos hoje
  • 116:34 - 116:37
    é construído automaticamente.
  • 116:37 - 116:42
    Seus sapatos, roupas, aparelhos domésticos, carro...
  • 116:42 - 116:48
    Todos são construídos por máquinas em um método automatizado.
  • 116:49 - 116:52
    Podemos dizer que a sociedade não tem sido
  • 116:52 - 116:56
    influenciada por esses grandes avanços tecnológicos?
  • 116:56 - 116:57
    É claro que não.
  • 116:57 - 117:02
    Estes sistemas realmente ditam novas estruturas
  • 117:02 - 117:08
    e novas necessidades, e tornam muitas outras coisas obsoletas.
  • 117:08 - 117:12
    Logo, estivemos progredindo no desenvolvimento
  • 117:12 - 117:16
    e uso de novas tecnologias, de maneira exponencial.
  • 117:16 - 117:21
    Definitivamente a automação vai continuar. Não paramos
  • 117:22 - 117:24
    tecnologias que simplesmente fazem sentido.
  • 117:24 - 117:28
    Automação da mão de obra através de tecnologia é a base
  • 117:28 - 117:31
    de toda grande transformação na história da raça humana.
  • 117:31 - 117:34
    Da revolução agrícola à invenção do arado,
  • 117:34 - 117:38
    da revolução industrial à invenção das máquinas elétricas,
  • 117:38 - 117:41
    à era da informação em que vivemos -- essencialmente
  • 117:41 - 117:45
    a partir da invenção da eletrônica avançada e dos computadores.
  • 117:45 - 117:48
    E em função de avançados métodos de produção, hoje
  • 117:48 - 117:51
    a mecanização está evoluindo por conta própria.
  • 117:51 - 117:54
    Afastando-se dos métodos tradicionais de
  • 117:54 - 117:56
    montar componentes em uma configuração
  • 117:57 - 117:59
    e migrando para métodos avançados de criação
  • 117:59 - 118:02
    de produtos inteiros em um único processo.
  • 118:02 - 118:06
    Como muitos engenheiros, sou fascinado pela biologia, pois ela é
  • 118:06 - 118:10
    repleta de exemplos de peças extraordinárias de engenharia.
  • 118:10 - 118:16
    O que é biologia? É o estudo das coisas que se copiam.
  • 118:16 - 118:18
    É a melhor definição da vida que temos.
  • 118:18 - 118:20
    Novamente, como engenheiro, sempre fiquei
  • 118:20 - 118:23
    intrigado com a ideia de máquinas que se autorreplicam.
  • 118:23 - 118:26
    RepRap é uma impressora tridimensional.
  • 118:26 - 118:29
    É uma impressora que você conecta no computador e,
  • 118:29 - 118:32
    ao invés de fazer planilhas bidimensionais com desenhos,
  • 118:32 - 118:35
    faz objetos reais, físicos, tridimensionais.
  • 118:36 - 118:37
    E não há nada de novo sobre isso.
  • 118:37 - 118:40
    Impressoras 3D existem há aproximadamente 30 anos.
  • 118:40 - 118:45
    O destaque é que a RepRap imprime quase todas as suas partes.
  • 118:45 - 118:47
    Logo, se você tem uma, você poderia
  • 118:47 - 118:48
    montar outra e dá-la a um amigo.
  • 118:48 - 118:51
    Além de poder imprimir muitas outras coisas úteis.
  • 118:51 - 118:55
    Da simples impressão de utensílios básicos em sua casa
  • 118:55 - 118:59
    até um corpo inteiro de um automóvel de uma só vez,
  • 118:59 - 119:02
    a impressão avançada 3D automatizada agora tem o
  • 119:02 - 119:05
    potencial de transformar quase todos os campos de produção,
  • 119:05 - 119:07
    incluindo a construção civil.
  • 119:08 - 119:10
    A construção por contornos é
  • 119:10 - 119:13
    na verdade uma tecnologia de fabricação,
  • 119:13 - 119:17
    chamada impressão 3D, quando você constrói diretamente
  • 119:17 - 119:21
    objetos 3D a partir de um modelo no computador.
  • 119:21 - 119:24
    Através da impressão por contorno, será possível
  • 119:24 - 119:27
    construir uma casa de 185 m²
  • 119:27 - 119:31
    inteiramente por máquinas, em um dia.
  • 119:31 - 119:36
    A razão do interesse na construção automatizada
  • 119:36 - 119:39
    é porque traz muitos benefícios.
  • 119:39 - 119:43
    Por exemplo, a construção é um trabalho intenso,
  • 119:43 - 119:50
    e embora gere empregos para um setor da sociedade,
  • 119:50 - 119:55
    também possui problemas e complicações.
  • 119:55 - 120:00
    Por exemplo, construção é o trabalho mais perigoso que existe.
  • 120:00 - 120:03
    É pior do que a mineração e agricultura.
  • 120:03 - 120:07
    Ela possui o maior índice de fatalidades em quase todos os países.
  • 120:08 - 120:10
    Outro problema é o desperdício.
  • 120:10 - 120:15
    Uma casa média nos EUA gera de 3 a 7 toneladas de desperdício.
  • 120:16 - 120:21
    É uma soma enorme, se considerarmos o impacto da construção
  • 120:21 - 120:25
    e sabendo que aproximadamente 40% de todos materiais
  • 120:25 - 120:28
    no mundo são utilizados em construções.
  • 120:28 - 120:31
    Logo, é um grande desperdício de energia e recursos
  • 120:31 - 120:34
    e também causa danos ao meio ambiente.
  • 120:34 - 120:39
    Construir casas utilizando martelos, pregos e madeira,
  • 120:39 - 120:44
    no estágio atual de tecnologia, é realmente um absurdo.
  • 120:44 - 120:47
    E afetará a classe trabalhadora em
  • 120:47 - 120:50
    relação à manufatura nos Estados Unidos.
  • 120:51 - 120:56
    Recentemente, um estudo do economista David Autor, do MIT,
  • 120:56 - 121:00
    constatou que a classe média é obsoleta
  • 121:00 - 121:03
    e está sendo substituída pela automação.
  • 121:04 - 121:07
    A mecanização é simplesmente mais produtiva,
  • 121:07 - 121:10
    eficiente e sustentável que o trabalho humano
  • 121:10 - 121:13
    em quase todos os setores da economia hoje.
  • 121:13 - 121:17
    Máquinas não precisam de férias, folgas, seguros, pensões
  • 121:17 - 121:19
    e elas podem trabalhar 24 horas por dia, todos os dias.
  • 121:20 - 121:22
    O potencial de produção e precisão
  • 121:22 - 121:25
    em relação ao trabalho humano, é incomparável.
  • 121:26 - 121:29
    Moral da história: o trabalho humano repetitivo está se tornando
  • 121:29 - 121:31
    obsoleto e impraticável em todo o mundo
  • 121:31 - 121:34
    e o desemprego que você vê hoje
  • 121:34 - 121:37
    é fundamentalmente o resultado dessa
  • 121:37 - 121:40
    evolução da eficiência tecnológica.
  • 121:40 - 121:44
    Por anos, economistas de mercado têm descartado este padrão crescente
  • 121:44 - 121:47
    que pode ser chamado de "desemprego tecnológico"
  • 121:47 - 121:50
    devido ao fato de que novos setores sempre surgiram
  • 121:50 - 121:53
    para absorver os trabalhadores deslocados.
  • 121:53 - 121:56
    Hoje, o setor de serviço é o único restante
  • 121:56 - 122:00
    e atualmente emprega mais de 80% da mão de obra americana
  • 122:00 - 122:04
    e a maioria dos países industrializados mantém a mesma proporção.
  • 122:04 - 122:06
    Entretanto, este setor está sendo cada vez
  • 122:06 - 122:09
    mais desafiado por quiosques automatizados,
  • 122:09 - 122:13
    restaurantes automatizados e até por lojas automatizadas.
  • 122:13 - 122:15
    Economistas hoje estão finalmente
  • 122:15 - 122:17
    reconhecendo o que estavam negando por anos:
  • 122:17 - 122:21
    o uso da automação não está apenas extrapolando a atual
  • 122:21 - 122:23
    crise de emprego que estamos vendo pelo mundo
  • 122:23 - 122:26
    devido à crise econômica global,
  • 122:26 - 122:28
    mas quanto mais a recessão se aprofunda,
  • 122:28 - 122:31
    mais rápido as indústrias se mecanizam.
  • 122:31 - 122:33
    O problema, que não é percebido,
  • 122:33 - 122:36
    é que quanto mais rápido eles se mecanizam para poupar dinheiro,
  • 122:36 - 122:38
    mais pessoas eles demitem
  • 122:38 - 122:41
    e mais ele reduzem o poder de compra em geral.
  • 122:41 - 122:43
    Isso significa que, enquanto a corporação
  • 122:43 - 122:45
    pode produzir tudo a custos mais baixos,
  • 122:45 - 122:48
    menos pessoas terão dinheiro para comprar,
  • 122:48 - 122:51
    independente de quão barato as coisas fiquem.
  • 122:51 - 122:54
    A moral é que o jogo do "trabalho em troca
  • 122:54 - 122:57
    de renda" está lentamente chegando ao fim.
  • 122:57 - 122:59
    Na verdade, se você parar para refletir
  • 122:59 - 123:02
    sobre os trabalhos existentes hoje em dia
  • 123:02 - 123:05
    que a automação poderia assumir prontamente,
  • 123:06 - 123:08
    75% da mão de obra global poderia
  • 123:08 - 123:11
    ser substituída pela mecanização amanhã mesmo.
  • 123:12 - 123:15
    E é por isso que numa economia baseada em recursos
  • 123:15 - 123:18
    não há um sistema mercantil-monetário.
  • 123:18 - 123:20
    Absolutamente sem dinheiro...
  • 123:20 - 123:21
    Pois não há necessidade.
  • 123:21 - 123:23
    Uma economia baseada em recursos
  • 123:23 - 123:26
    reconhece a eficiência da mecanização
  • 123:26 - 123:28
    e a aceita pelo que ela nos oferece.
  • 123:28 - 123:30
    Não é contra ela, como somos hoje em dia.
  • 123:31 - 123:33
    Por quê? Porque é irresponsável não
  • 123:33 - 123:37
    valorizar eficiência e sustentabilidade.
  • 123:38 - 123:41
    E isso nos traz de volta ao nosso sistema urbano.
  • 123:41 - 123:43
    No meio está a cúpula central,
  • 123:43 - 123:45
    que abriga não apenas
  • 123:45 - 123:48
    as instalações educacionais e a central de transportes,
  • 123:48 - 123:50
    como também o computador principal
  • 123:50 - 123:52
    que controla as operações técnicas da cidade.
  • 123:52 - 123:56
    A cidade é, na verdade, uma grande máquina automática.
  • 123:56 - 123:58
    Há sensores em todos os cinturões
  • 123:58 - 124:00
    para monitorar o progresso da arquitetura,
  • 124:00 - 124:04
    coleta de energia, produção, distribuição e outros.
  • 124:04 - 124:07
    E seriam necessárias pessoas para supervisionar
  • 124:07 - 124:10
    essas operações para o caso de haver algum defeito etc.?
  • 124:10 - 124:11
    Muito provavelmente sim.
  • 124:11 - 124:13
    Mas este número iria cair com o tempo
  • 124:13 - 124:15
    conforme mais melhorias são feitas.
  • 124:15 - 124:17
    Porém, hoje em dia, talvez 3% da
  • 124:17 - 124:19
    população de uma cidade seria necessária
  • 124:20 - 124:22
    para esta tarefa, se analisarmos bem.
  • 124:22 - 124:24
    E eu posso assegurar:
  • 124:24 - 124:26
    num sistema econômico que, de fato,
  • 124:26 - 124:28
    está projetado para cuidar de você
  • 124:29 - 124:31
    e garantir seu bem-estar,
  • 124:31 - 124:33
    sem ser preciso se submeter a uma
  • 124:33 - 124:35
    ditadura particular diária,
  • 124:35 - 124:38
    geralmente a um emprego que é
  • 124:38 - 124:40
    tecnicamente inútil ou socialmente sem sentido,
  • 124:41 - 124:44
    enquanto luta contra uma dívida que nem ao menos existe,
  • 124:44 - 124:46
    apenas para pagar as contas...
  • 124:46 - 124:50
    Garanto que pessoas irão doar seu tempo
  • 124:50 - 124:53
    para manter e melhorar um sistema
  • 124:53 - 124:56
    que realmente tome conta delas.
  • 124:57 - 125:00
    E junto com essa questão do "incentivo"
  • 125:00 - 125:02
    aparece a suposição comum de que
  • 125:02 - 125:04
    se não existir alguma pressão externa
  • 125:04 - 125:07
    para alguém "trabalhar para viver",
  • 125:07 - 125:09
    as pessoas irão ficar à toa, fazendo nada,
  • 125:09 - 125:12
    transformando-se em gordos preguiçosos.
  • 125:12 - 125:14
    Isso é um absurdo.
  • 125:14 - 125:17
    O sistema de trabalho que temos hoje é
  • 125:17 - 125:19
    o gerador da preguiça,
  • 125:19 - 125:22
    não algo que a resolva.
  • 125:22 - 125:24
    Lembre-se de quando você era uma criança
  • 125:24 - 125:27
    cheia de vida, interessada em coisas novas,
  • 125:27 - 125:30
    provavelmente criando e explorando...
  • 125:30 - 125:33
    Mas conforme o tempo passou, o sistema o empurrou
  • 125:33 - 125:36
    para o foco de descobrir como ganhar dinheiro.
  • 125:36 - 125:38
    E desde sua educação básica
  • 125:38 - 125:41
    até a universidade, você é restringido.
  • 125:41 - 125:44
    Somente para emergir como uma criatura que serve
  • 125:44 - 125:46
    como uma engrenagem numa máquina que
  • 125:46 - 125:49
    envia todos os frutos para o 1% no topo.
  • 125:49 - 125:52
    Estudos científicos agora nos mostram que as pessoas
  • 125:52 - 125:55
    não são motivadas por recompensas em dinheiro
  • 125:55 - 125:58
    quando o assunto é engenhosidade e criação.
  • 125:58 - 126:00
    A criação em si é a recompensa.
  • 126:01 - 126:04
    O dinheiro, na verdade, serve apenas como um incentivo
  • 126:04 - 126:06
    às ações mundanas repetitivas
  • 126:06 - 126:10
    um papel que, como mostramos, pode ser feito por máquinas.
  • 126:10 - 126:12
    Quando falamos de inovação,
  • 126:12 - 126:15
    do verdadeiro uso da mente humana,
  • 126:15 - 126:18
    o incentivo financeiro provou ser um obstáculo
  • 126:18 - 126:21
    que interfere e prejudica o pensamento criativo.
  • 126:21 - 126:24
    E isso explica porque Nicola Tesla, os irmãos Wright
  • 126:24 - 126:27
    e outros inventores que contribuíram massivamente
  • 126:27 - 126:28
    para nosso mundo
  • 126:28 - 126:32
    nunca precisaram de um incentivo financeiro para criar.
  • 126:32 - 126:35
    O dinheiro, na verdade, é um falso incentivo
  • 126:35 - 126:38
    e causa 100 vezes mais distorções
  • 126:38 - 126:40
    do que contribuições.
  • 126:42 - 126:45
    Bom dia, classe. Sentem-se, por favor.
  • 126:45 - 126:48
    A primeira coisa que gostaria de fazer é
  • 126:48 - 126:52
    perguntar o que cada um quer ser quando crescer.
  • 126:52 - 126:54
    Quem gostaria de ser o primeiro?
  • 126:54 - 126:56
    Que tal você, Sara?
  • 126:56 - 127:01
    Quando crescer, quero trabalhar no McDonald's igual à minha mãe!
  • 127:01 - 127:04
    Ah, tradição de família, hein?
  • 127:04 - 127:06
    E você, Linda?
  • 127:06 - 127:08
    Quando eu crescer, serei uma
  • 127:08 - 127:11
    prostituta nas ruas de Nova Iorque!
  • 127:11 - 127:13
    Uma garota de glamour, hein?
  • 127:13 - 127:15
    Bastante ambiciosa.
  • 127:15 - 127:17
    E você, Tommy?
  • 127:17 - 127:19
    Quando eu crescer, serei um
  • 127:19 - 127:21
    empresário rico e elitista, que trabalha
  • 127:21 - 127:23
    em Wall Street e lucra com o
  • 127:23 - 127:25
    colapso das economias estrangeiras.
  • 127:25 - 127:26
    Empreendedor...
  • 127:26 - 127:30
    É maravilhoso ver algum interesse multicultural!
  • 127:32 - 127:34
    VÍTIMAS DA CULTURA
  • 127:34 - 127:36
    Como dito antes, uma economia baseada em recursos
  • 127:36 - 127:40
    aplica o método científico nas questões sociais,
  • 127:40 - 127:43
    e isto não é limitado apenas à eficiência técnica.
  • 127:44 - 127:46
    Ela também leva em consideração
  • 127:46 - 127:49
    o bem-estar humano e social e tudo o mais que isso envolve.
  • 127:50 - 127:52
    Que benefício tem um sistema social se, no final,
  • 127:52 - 127:56
    ele não produz felicidade ou convivência pacífica?
  • 127:56 - 127:58
    É importante notar que
  • 127:58 - 128:00
    ao remover o sistema monetário
  • 128:00 - 128:03
    e prover as necessidades da vida,
  • 128:03 - 128:05
    nós veríamos uma redução global nos crimes
  • 128:05 - 128:08
    em aproximadamente 95%, quase que imediatamente,
  • 128:08 - 128:12
    pois não existiria nada para roubar, fraudar ou algo parecido.
  • 128:12 - 128:15
    95% dos presos hoje em dia estão nesta condição
  • 128:15 - 128:18
    devido a crimes relacionados ao dinheiro ou abuso de drogas,
  • 128:18 - 128:23
    e o abuso de drogas é um transtorno, não um crime.
  • 128:23 - 128:25
    E os outros 5%?
  • 128:25 - 128:27
    Os realmente violentos...
  • 128:27 - 128:29
    Frequentemente ditas como pessoas violentas
  • 128:29 - 128:31
    pelo simples motivo de serem violentas...
  • 128:31 - 128:35
    Será que são pessoas "más"?
  • 128:35 - 128:40
    A razão pela qual eu acredito ser uma perda de tempo
  • 128:40 - 128:44
    fazer julgamentos de valores morais
  • 128:44 - 128:47
    sobre a violência das pessoas
  • 128:47 - 128:50
    é porque com isto não se avança nem um pingo
  • 128:50 - 128:54
    em nossa compreensão sobre as causas
  • 128:54 - 128:58
    ou na prevenção do comportamento violento.
  • 128:58 - 129:02
    Pessoas me perguntam se acredito em perdoar criminosos.
  • 129:02 - 129:04
    Minha resposta é que
  • 129:04 - 129:07
    não, eu não acredito em perdão
  • 129:07 - 129:10
    mais do que acredito em condenação.
  • 129:10 - 129:13
    Apenas se nós, como sociedade
  • 129:13 - 129:16
    tomarmos a mesma atitude de tratar a violência como
  • 129:16 - 129:20
    um problema de saúde pública e de medicina preventiva,
  • 129:20 - 129:23
    e não como uma moral "má"...
  • 129:23 - 129:26
    Apenas quando fizermos essa mudança em nossas
  • 129:26 - 129:28
    próprias atitudes, suposições e valores
  • 129:28 - 129:32
    é que realmente teremos sucesso na redução do
  • 129:32 - 129:35
    nível de violência ao invés de estimulá-la,
  • 129:35 - 129:37
    que é exatamente o que fazemos agora.
  • 129:37 - 129:40
    Quanto mais justiça você procura, mais você se machuca
  • 129:40 - 129:42
    porque não existe tal coisa como justiça.
  • 129:42 - 129:46
    Existe o que existe lá fora. Ponto final!
  • 129:46 - 129:50
    Ou seja, se pessoas são condicionadas a serem racistas fanáticas...
  • 129:50 - 129:53
    Se elas foram criadas em um ambiente que defende isto,
  • 129:53 - 129:55
    por que você culpa uma pessoa por ser assim?
  • 129:55 - 129:58
    Elas são vítimas de uma subcultura.
  • 129:58 - 130:00
    Portanto, elas tem de ser ajudadas.
  • 130:00 - 130:04
    A questão é, nós temos que reprojetar o ambiente
  • 130:04 - 130:06
    que produz o comportamento aberrante.
  • 130:06 - 130:07
    Este é o problema.
  • 130:07 - 130:09
    E não colocar uma pessoa na cadeia.
  • 130:10 - 130:13
    É por isso que juízes, advogados,
  • 130:13 - 130:15
    "liberdade de escolha"... Tais conceitos
  • 130:15 - 130:20
    são perigosos porque dão uma falsa informação.
  • 130:20 - 130:23
    Aquela pessoa é "má", aquele é um "assassino em série".
  • 130:23 - 130:25
    Assassinos em série são criados,
  • 130:25 - 130:30
    assim como soldados se tornam matadores com metralhadoras.
  • 130:30 - 130:33
    Eles se tornam máquinas de matar, mas ninguém
  • 130:33 - 130:35
    os olha como homicidas ou assassinos
  • 130:35 - 130:37
    porque isto é "natural".
  • 130:37 - 130:39
    Então nós culpamos as pessoas.
  • 130:39 - 130:42
    Nós dizemos "este cara era um nazista, ele torturou judeus".
  • 130:42 - 130:45
    Não, ele foi ensinado a torturar judeus.
  • 130:45 - 130:48
    Uma vez que você aceita o fato de que as pessoas
  • 130:48 - 130:51
    têm escolhas individuais e são livres
  • 130:51 - 130:53
    para fazer tais escolhas... Ser livre para fazer
  • 130:53 - 130:56
    escolhas significa não ser influenciado
  • 130:56 - 130:58
    e eu definitivamente não consigo entender isso.
  • 130:58 - 131:02
    Todos nós somos influenciados em todas nossas escolhas
  • 131:02 - 131:05
    pela cultura em que vivemos, por nossos pais
  • 131:05 - 131:07
    e pelos valores dominantes.
  • 131:07 - 131:11
    Então somos influenciados. Não há escolhas "livres".
  • 131:11 - 131:14
    "Qual o melhor país do mundo?" A resposta verdadeira:
  • 131:14 - 131:16
    "eu não estive por todo o mundo então não sei
  • 131:16 - 131:20
    o suficiente sobre diferentes culturas para responder isto".
  • 131:20 - 131:22
    Eu não conheço ninguém que fale dessa maneira.
  • 131:22 - 131:25
    Eles dizem "é o bom e velho EUA!
  • 131:25 - 131:26
    O melhor país do mundo!".
  • 131:26 - 131:29
    Não há qualquer pesquisa... "Você já esteve na Índia?" "Não."
  • 131:29 - 131:30
    "Você já esteve na Inglaterra?" "Não."
  • 131:30 - 131:32
    "Você já esteve na França?" "Não."
  • 131:32 - 131:34
    "Então baseado em que você faz suas suposições?"
  • 131:34 - 131:36
    Eles não conseguem responder, ficam furiosos com você.
  • 131:36 - 131:37
    Eles dizem, "que droga! Quem diabos é você
  • 131:37 - 131:40
    para me dizer no que pensar?!".
  • 131:40 - 131:42
    Não esqueça: você está lidando com pessoas aberrantes.
  • 131:42 - 131:45
    Eles não são responsáveis por suas respostas.
  • 131:45 - 131:48
    Eles são vítimas da cultura e isso significa
  • 131:48 - 131:51
    que são influenciadas por sua cultura.
  • 132:09 - 132:16
    PARTE 4: ASCENSÃO
  • 132:18 - 132:20
    Quando consideramos uma economia baseada em recursos
  • 132:20 - 132:23
    existem uma série de argumentos que tendem a surgir...
  • 132:23 - 132:25
    Ei!
  • 132:25 - 132:27
    Ei! Ei!
  • 132:27 - 132:29
    Espere aí um minuto!
  • 132:29 - 132:34
    Eu sei o que é isso. Isso é chamado marxismo, cara.
  • 132:34 - 132:38
    Stalin matou 800 bilhões de pessoas por causa de ideias como esta...
  • 132:38 - 132:42
    Meu pai morreu no Gulag!
  • 132:42 - 132:44
    Comunista! Fascista!
  • 132:44 - 132:46
    Se não gosta dos EUA, devia ir embora!
  • 132:46 - 132:47
    Tudo bem, todo mundo se acalme...
  • 132:47 - 132:49
    Morte à nova ordem mundial!
  • 132:49 - 132:51
    Morte à nova ordem mundial!
  • 132:51 - 132:53
    E enquanto a irracionalidade da
  • 132:53 - 132:55
    plateia crescia, chocada e confusa,
  • 132:55 - 132:58
    de repente o narrador sofreu um infarto fulminante.
  • 133:00 - 133:05
    E o filme que parecia propaganda comunista deixou de existir.
  • 133:06 - 133:09
    ERRO NO SISTEMA
  • 133:11 - 133:13
    BACKUP INICIADO -- RESTAURADO
  • 133:14 - 133:17
    Eu já falei sobre esse tipo de coisa com pessoas
  • 133:17 - 133:19
    em reuniões de pensadores
  • 133:19 - 133:23
    do tipo Clube de Roma e por aí afora...
  • 133:23 - 133:25
    Elas dizem: "marxista!".
  • 133:25 - 133:27
    Quê? Marxista? De onde veio isso?
  • 133:27 - 133:30
    Eles simplesmente têm esse ícone ao qual se agarram.
  • 133:30 - 133:33
    É o Santo Graal deles.
  • 133:33 - 133:35
    E é tão cômodo, sabe...
  • 133:35 - 133:38
    Pessoas me perguntam se sou socialista, comunista ou capitalista.
  • 133:38 - 133:41
    Eu digo que não sou nada disso. Por que vocês acham
  • 133:41 - 133:43
    que essas são as únicas opções?
  • 133:43 - 133:45
    Todas essas estruturas políticas
  • 133:45 - 133:47
    foram criadas por escritores que supunham
  • 133:47 - 133:50
    que nós vivemos num planeta de recursos infinitos.
  • 133:50 - 133:53
    Nenhuma dessas filosofias políticas sequer
  • 133:53 - 133:57
    consideram a possibilidade de faltar algo.
  • 133:57 - 134:01
    Acredito que comunismo, socialismo, livre mercado, fascismo,
  • 134:01 - 134:04
    sejam todas partes de uma evolução social.
  • 134:04 - 134:06
    Você não pode dar um passo gigante
  • 134:06 - 134:08
    de uma cultura para outra,
  • 134:08 - 134:10
    existem sistemas intermediários.
  • 134:10 - 134:12
    Antes de existir qualquer "ismo", há uma base da vida
  • 134:12 - 134:14
    e a base da vida, como acabo de descrever,
  • 134:14 - 134:16
    simplesmente são as condições
  • 134:16 - 134:17
    necessárias para você tomar o próximo fôlego
  • 134:17 - 134:20
    e isso envolve o ar que você respira,
  • 134:20 - 134:23
    a água que bebe, sua segurança,
  • 134:23 - 134:25
    o acesso à educação... Todas essas
  • 134:25 - 134:28
    coisas que compartilhamos e usamos e que
  • 134:28 - 134:31
    nenhuma vida, em qualquer cultura, poderia viver sem.
  • 134:31 - 134:35
    Portanto, temos de retornar à base da vida
  • 134:35 - 134:38
    e a base da vida não é mais nenhum "ismo".
  • 134:38 - 134:41
    É uma "análise do valor da vida".
  • 134:42 - 134:43
    COMPORTAMENTO INACEITÁVEL
  • 134:44 - 134:46
    É simplesmente uma questão de fato histórico
  • 134:46 - 134:49
    que a cultura intelectual dominante
  • 134:49 - 134:51
    de qualquer sociedade particular reflete
  • 134:51 - 134:54
    os interesses do grupo dominante naquela sociedade.
  • 134:54 - 134:56
    Em uma sociedade escravocrata
  • 134:56 - 134:59
    as crenças sobre seres humanos, direitos humanos etc.,
  • 134:59 - 135:03
    vão refletir as necessidades dos proprietários de escravos.
  • 135:03 - 135:05
    Numa sociedade, novamente, que é baseada
  • 135:05 - 135:11
    no poder de certas pessoas para controlar o lucro
  • 135:11 - 135:14
    das vidas e do trabalho de milhões de outros,
  • 135:14 - 135:16
    a cultura intelectual dominante vai
  • 135:16 - 135:19
    refletir as necessidades do grupo dominante.
  • 135:19 - 135:22
    Portanto, se olhar de uma forma abrangente,
  • 135:22 - 135:25
    as ideias que penetram a psicologia
  • 135:25 - 135:28
    e sociologia, história
  • 135:28 - 135:31
    e economia política e ciência política
  • 135:31 - 135:35
    fundamentalmente refletem certos interesses da elite.
  • 135:35 - 135:38
    E os acadêmicos que questionam muito
  • 135:38 - 135:41
    tendem a ficar de lado
  • 135:41 - 135:44
    ou são vistos como "radicais".
  • 135:44 - 135:46
    Os valores dominantes de uma cultura
  • 135:46 - 135:48
    tendem a suportar e perpetuar
  • 135:48 - 135:50
    o que é recompensado por essa cultura.
  • 135:50 - 135:52
    E numa sociedade em que sucesso
  • 135:52 - 135:55
    e status são medidos por riqueza material,
  • 135:55 - 135:57
    e não por contribuição social,
  • 135:57 - 136:02
    é fácil enxergar por que o mundo é como é hoje.
  • 136:02 - 136:04
    Lidamos com um distúrbio no sistema de valores
  • 136:04 - 136:06
    completamente desnatural,
  • 136:06 - 136:09
    em que a prioridade da saúde pessoal e social
  • 136:09 - 136:12
    tornou-se secundária às noções prejudiciais
  • 136:12 - 136:15
    da riqueza artificial e crescimento ilimitado.
  • 136:15 - 136:17
    E, como um vírus, esse distúrbio agora
  • 136:17 - 136:20
    permeia cada faceta do governo,
  • 136:20 - 136:24
    mídia de notícias, entretenimento e até mesmo a academia.
  • 136:24 - 136:26
    E embutidos em sua estrutura
  • 136:26 - 136:28
    existem mecanismos de proteção
  • 136:28 - 136:30
    contra qualquer coisa que possa interferir.
  • 136:30 - 136:33
    Adeptos da religião mercantil-monetária,
  • 136:33 - 136:36
    os guardiões voluntários do status quo
  • 136:36 - 136:40
    procuram sempre meios de evitar qualquer forma de pensamento
  • 136:40 - 136:43
    que possa interferir em suas crenças.
  • 136:43 - 136:47
    O artifício mais comum é a falsa dicotomia.
  • 136:47 - 136:50
    Se você não é republicano, então deve ser democrata.
  • 136:50 - 136:53
    Se não é cristão, deve ser satanista.
  • 136:53 - 136:55
    E se você acha que a sociedade pode melhorar muito
  • 136:55 - 136:57
    e considerar talvez até, sei lá,
  • 136:57 - 136:59
    cuidar de todo mundo,
  • 136:59 - 137:01
    então você é apenas um utopista.
  • 137:01 - 137:04
    E o pior de todos:
  • 137:04 - 137:06
    se você não é a favor do livre mercado
  • 137:06 - 137:09
    só pode ser contra a liberdade.
  • 137:09 - 137:11
    Eu acredito na liberdade!
  • 137:11 - 137:13
    Toda vez que você ouvir a palavra "liberdade"
  • 137:13 - 137:15
    ser dita em qualquer lugar, ou "intervenção do governo"
  • 137:15 - 137:20
    em qualquer lugar, pode traduzir como:
  • 137:20 - 137:23
    "bloquear a maximização da transformação do dinheiro
  • 137:23 - 137:27
    em mais dinheiro para os detentores de capital privado".
  • 137:28 - 137:30
    É isso. Qualquer outra coisa eles dirão:
  • 137:30 - 137:31
    "precisamos de mais mercadorias para as pessoas",
  • 137:31 - 137:36
    "é a liberdade contra a tirania" etc.
  • 137:36 - 137:38
    Sempre que ouvir isso, pode decifrar dessa maneira,
  • 137:38 - 137:41
    e você encontrará uma correlação de um para um
  • 137:41 - 137:43
    toda vez que usarem isso.
  • 137:43 - 137:46
    De certo modo, podemos chamar isso de
  • 137:46 - 137:51
    uma sintaxe. Uma sintaxe dominante da compreensão e do valor.
  • 137:51 - 137:54
    Ela impera pelo desconhecimento de sua existência por parte deles
  • 137:54 - 137:56
    de modo que talvez digam: "não foi isso que eu quis dizer!".
  • 137:56 - 137:58
    Mas, de fato, é isso o que eles fazem.
  • 137:58 - 138:00
    Assim como você pode falar uma gramática
  • 138:00 - 138:02
    e há regras gramaticais que você segue
  • 138:02 - 138:04
    sem reconhecer quais são essas regras...
  • 138:04 - 138:08
    O que temos é o que chamo de "sintaxe dos valores dominantes"
  • 138:08 - 138:12
    que causam isso. Portanto, toda vez que usarem as palavras
  • 138:12 - 138:15
    "intervenção do governo", "falta de liberdade", "liberdade",
  • 138:15 - 138:18
    "progresso" ou "desenvolvimento"
  • 138:18 - 138:23
    você pode decifrar todas para este significado.
  • 138:23 - 138:26
    Claro, quando você ouve a palavra "liberdade"
  • 138:26 - 138:28
    tende a ser na mesma frase
  • 138:28 - 138:30
    de uma coisa chamada "democracia".
  • 138:30 - 138:33
    É fascinante como as pessoas de hoje parecem acreditar
  • 138:33 - 138:35
    que elas verdadeiramente têm qualquer
  • 138:35 - 138:38
    influência no que seus governos fazem,
  • 138:38 - 138:40
    esquecendo que a natureza do
  • 138:40 - 138:43
    nosso sistema põe tudo a venda.
  • 138:43 - 138:46
    O único voto que conta é o monetário
  • 138:46 - 138:48
    e não importa quanto qualquer
  • 138:48 - 138:51
    ativista grite a respeito de ética e responsabilidade.
  • 138:51 - 138:55
    Num sistema de mercado, cada político, cada legislação
  • 138:55 - 138:58
    e, portanto, cada governo, está a venda.
  • 138:58 - 139:02
    E mesmo com o resgate bancário de $20 trilhões
  • 139:02 - 139:04
    iniciado em 2007,
  • 139:04 - 139:06
    uma quantidade de dinheiro que poderia ter mudado,
  • 139:06 - 139:09
    digamos, a infraestrutura energética global
  • 139:09 - 139:10
    para métodos completamente renováveis
  • 139:10 - 139:13
    em vez de ir para uma série de instituições
  • 139:13 - 139:15
    que literalmente não ajudam a sociedade em nada.
  • 139:15 - 139:17
    Instituições que poderiam ser
  • 139:17 - 139:20
    removidas amanhã sem chances de defesa...
  • 139:20 - 139:22
    O condicionamento cego de que a política
  • 139:22 - 139:28
    e os políticos existem para o bem-estar público continua.
  • 139:28 - 139:31
    O fato é que a política é um negócio
  • 139:31 - 139:34
    igual a qualquer outro num sistema de mercado
  • 139:34 - 139:38
    e eles se preocupam primeiramente com seus próprios interesses.
  • 139:38 - 139:43
    Sinceramente, não acredito na ação política.
  • 139:43 - 139:46
    Acho que o sistema se contrai e expande como ele bem deseja.
  • 139:46 - 139:48
    Ele se adapta a essas mudanças.
  • 139:48 - 139:50
    Vejo o movimento de direitos civis como uma acomodação
  • 139:50 - 139:52
    por parte daqueles que são donos do país.
  • 139:52 - 139:55
    Eles só enxergam os próprios interesses.
  • 139:55 - 139:58
    Percebem que um pouco de liberdade parece bom,
  • 139:58 - 140:01
    uma ilusão de liberdade, e dão às pessoas um dia de voto por ano,
  • 140:01 - 140:04
    para que tenham a ilusão de uma escolha sem sentido.
  • 140:04 - 140:08
    Escolha sem sentido. E lá vamos nós, como escravos, e dizemos:
  • 140:08 - 140:11
    "Oh, eu votei". Os limites do debate neste país foram estabelecidos
  • 140:11 - 140:13
    antes mesmo de começar o debate, e todos
  • 140:13 - 140:15
    os outros são marginalizados e tratados como
  • 140:15 - 140:18
    comunistas ou algum tipo de pessoa desleal,
  • 140:18 - 140:20
    um "maluco", esta é a palavra...
  • 140:20 - 140:22
    E agora isto é "conspiração". Note que eles fizeram isso.
  • 140:22 - 140:25
    Algo que não deveria ser levado em consideração nem por um minuto:
  • 140:25 - 140:28
    que pessoas poderosas podem se unir e traçar um plano!
  • 140:28 - 140:33
    Isto não acontece! Você é um "maluco"! Um "amante de conspirações"!
  • 140:34 - 140:37
    E de todos os mecanismos de defesa deste sistema,
  • 140:37 - 140:40
    existem dois que surgem frequentemente.
  • 140:40 - 140:44
    O primeiro é a ideia de que o sistema tem sido a "causa"
  • 140:44 - 140:47
    do progresso material que vemos neste planeta.
  • 140:47 - 140:49
    Bem... Não.
  • 140:49 - 140:52
    Existem basicamente duas causas principais
  • 140:52 - 140:55
    que criaram e aumentaram a chamada "riqueza"
  • 140:55 - 140:57
    e o crescimento populacional que vemos hoje.
  • 140:58 - 141:01
    A primeira: o avanço exponencial da tecnologia produtiva,
  • 141:01 - 141:04
    graças à engenhosidade científica.
  • 141:04 - 141:09
    Segunda: a descoberta de uma fonte energética abundante de hidrocarbonetos
  • 141:09 - 141:13
    que é a base atual de todo o sistema socioeconômico.
  • 141:13 - 141:15
    O livre mercado, capitalismo,
  • 141:15 - 141:18
    sistema mercantil-monetário, seja lá como você chamar,
  • 141:18 - 141:21
    nada fez senão aproveitar a onda desses adventos
  • 141:21 - 141:25
    com um sistema distorcido e um método grosseiro
  • 141:25 - 141:30
    e desigual de utilização e distribuição destes frutos.
  • 141:30 - 141:34
    A segunda defesa é um viés social agressivo
  • 141:34 - 141:36
    gerado por anos de propaganda,
  • 141:36 - 141:39
    que vê qualquer outro sistema social
  • 141:39 - 141:41
    como uma rota para a chamada "tirania",
  • 141:41 - 141:45
    em que vários nomes surgem como Stalin, Mao, Hitler...
  • 141:45 - 141:47
    E o número de mortes que eles geraram.
  • 141:47 - 141:50
    Por mais despóticos que esses homens tenham sido,
  • 141:50 - 141:54
    junto com a abordagem social que perpetuaram,
  • 141:54 - 141:56
    quando o assunto é o jogo da morte,
  • 141:56 - 141:58
    quando o assunto é o assassinato diário,
  • 141:58 - 142:00
    sistemático e em massa de seres humanos,
  • 142:00 - 142:05
    nada na história se compara ao que temos hoje.
  • 142:05 - 142:10
    Fome -- durante todo o último século de nossa história
  • 142:10 - 142:13
    ela não foi causada pela falta de comida.
  • 142:13 - 142:16
    Ela foi causada pela pobreza relativa.
  • 142:16 - 142:20
    Os recursos econômicos foram tão desigualmente distribuídos
  • 142:20 - 142:24
    que os pobres simplesmente não tinham dinheiro suficiente
  • 142:24 - 142:26
    para comprar a comida que estaria
  • 142:26 - 142:29
    disponível se eles pudessem pagar por ela.
  • 142:30 - 142:32
    Isso poderia ser um exemplo de violência estrutural.
  • 142:32 - 142:37
    Outro exemplo: na África e em outras áreas,
  • 142:37 - 142:40
    me focarei particularmente na África,
  • 142:40 - 142:43
    dezenas de milhões de pessoas estão morrendo pela AIDS.
  • 142:43 - 142:45
    Por que eles estão morrendo?
  • 142:45 - 142:47
    Não é porque não sabemos como tratar a AIDS.
  • 142:47 - 142:51
    Nós temos milhões de pessoas em países ricos
  • 142:51 - 142:55
    se mantendo incrivelmente saudáveis porque
  • 142:55 - 142:57
    eles têm medicamentos para tratar isso.
  • 142:57 - 143:00
    As pessoas na África, morrendo pela AIDS,
  • 143:00 - 143:03
    não estão morrendo por causa do vírus HIV...
  • 143:03 - 143:06
    Estão morrendo porque eles não têm dinheiro para
  • 143:06 - 143:09
    pagar pelos remédios que poderiam mantê-los vivos.
  • 143:09 - 143:11
    Gandhi percebeu isso. Ele disse:
  • 143:11 - 143:16
    "a mais mortal forma de violência é a pobreza".
  • 143:16 - 143:18
    E isso é absolutamente certo.
  • 143:18 - 143:23
    Pobreza mata mais pessoas do que todas as guerras na história.
  • 143:23 - 143:26
    Mais pessoas do que todos assassinatos na história.
  • 143:26 - 143:29
    Mais do que todos os suicídios na história...
  • 143:29 - 143:32
    A violência estrutural não apenas mata mais pessoas
  • 143:32 - 143:35
    do que toda violência comportamental somada,
  • 143:35 - 143:38
    a violência estrutural é também
  • 143:38 - 143:41
    a maior causa da violência comportamental.
  • 143:43 - 143:46
    ALÉM DO PICO
  • 143:47 - 143:51
    Petróleo é a fundação e também,
  • 143:51 - 143:55
    na atualidade, a base da civilização humana.
  • 143:55 - 144:00
    Há 10 calorias de hidrocarbonetos, petróleo e gás natural,
  • 144:00 - 144:04
    para cada caloria de comida que comemos no mundo industrializado.
  • 144:04 - 144:07
    Fertilizantes são feitos de gás natural.
  • 144:07 - 144:09
    Pesticidas são feitos do petróleo.
  • 144:09 - 144:12
    Você dirige uma máquina movida a petróleo para plantar, arar,
  • 144:12 - 144:14
    irrigar, colher, transportar, embalar. Você embala a comida
  • 144:14 - 144:17
    em plástico. Isso é petróleo. Todo plástico vem do petróleo.
  • 144:17 - 144:19
    Existem 26 litros de petróleo em cada pneu.
  • 144:19 - 144:23
    Petróleo está em todo lugar, é onipresente. E é por causa
  • 144:23 - 144:25
    do petróleo que existem 7 bilhões de pessoas, ou
  • 144:25 - 144:28
    quase 7 bilhões, no planeta nesse exato momento.
  • 144:28 - 144:30
    O surgimento dessa energia barata e fácil,
  • 144:30 - 144:32
    a qual é equivalente, por sinal, a
  • 144:32 - 144:36
    bilhões de escravos trabalhando sem parar,
  • 144:36 - 144:40
    mudou o mundo de maneira tão radical no último século
  • 144:40 - 144:43
    que a população aumentou 10 vezes.
  • 144:43 - 144:48
    Mas, próximo de 2050, o suprimento de petróleo será capaz
  • 144:48 - 144:50
    de suportar menos da metade da população do mundo
  • 144:50 - 144:52
    de hoje com seu atual estilo de vida.
  • 144:52 - 144:57
    Então, o nível de ajuste para viver diferente é enorme.
  • 144:57 - 145:01
    O mundo hoje usa seis barris de petróleo para cada barril descoberto.
  • 145:01 - 145:03
    Cinco anos atrás eram quatro
  • 145:03 - 145:05
    barris de petróleo para cada barril descoberto.
  • 145:05 - 145:07
    Daqui um ano, estaremos usando
  • 145:07 - 145:09
    oito barris de petróleo para cada barril descoberto.
  • 145:09 - 145:11
    O que me perturba é
  • 145:11 - 145:16
    a total falta de empenho dos governos e líderes
  • 145:16 - 145:20
    industriais ao redor do mundo em fazer algo diferente.
  • 145:20 - 145:24
    Nós temos tentativas de construir mais energia eólica
  • 145:24 - 145:27
    e talvez algumas tentativas com as marés...
  • 145:27 - 145:31
    Tivemos tentativas de fazer carros um pouco mais eficientes.
  • 145:31 - 145:34
    Mas nada que realmente aparenta uma
  • 145:34 - 145:36
    revolução surgindo. Essas são todas tentativas minúsculas
  • 145:36 - 145:38
    e acho isso tudo realmente assustador.
  • 145:38 - 145:42
    E os governos, que são conduzidos por esses economistas,
  • 145:42 - 145:45
    os quais realmente não gostam do que estamos falando,
  • 145:45 - 145:50
    tentam incentivar o consumismo para resgatar a prosperidade do passado
  • 145:50 - 145:53
    na esperança em restaurar o passado.
  • 145:53 - 145:57
    Estão imprimindo ainda mais dinheiro sem pensar em efeitos colaterais.
  • 145:57 - 145:59
    Logo, se a economia melhorar e
  • 145:59 - 146:01
    se recuperar, e o famoso crescimento voltar
  • 146:01 - 146:03
    não vai durar muito tempo, pois
  • 146:04 - 146:07
    dentro de um curto período de tempo, contado em meses,
  • 146:07 - 146:11
    ao invés de anos, irá encontrar a barreira do suprimento novamente.
  • 146:11 - 146:13
    Terá outro choque de preços
  • 146:13 - 146:15
    e uma recessão ainda mais profunda. Logo, eu acho
  • 146:15 - 146:17
    que estamos entrando numa série de ciclos viciosos.
  • 146:17 - 146:19
    Você tem um crescimento econômico subindo, pico
  • 146:19 - 146:21
    de preço, tudo para de funcionar. É onde estamos agora.
  • 146:21 - 146:25
    A seguir, começa a subir de novo mas o que temos agora é
  • 146:25 - 146:29
    essa situação, em que não teremos mais como produzir energia barata.
  • 146:29 - 146:32
    Estamos no auge, no declínio da produção de petróleo.
  • 146:32 - 146:35
    De jeito nenhum iremos obter mais petróleo mais rapidamente,
  • 146:35 - 146:39
    ou seja, as coisas fecham, o preço do petróleo cai,
  • 146:39 - 146:45
    o que aconteceu no início de 2009, mas depois veio uma "recuperação",
  • 146:45 - 146:47
    o preço do petróleo começa a voltar.
  • 146:47 - 146:49
    Recentemente, o barril estava beirando os $80
  • 146:49 - 146:52
    e o que vemos é que até mesmo a $80,
  • 146:52 - 146:54
    pessoas estão tendo dificuldades para comprar
  • 146:54 - 146:56
    com o colapso financeiro e econômico.
  • 146:56 - 147:01
    A produção global atual é cerca de 86 milhões de barris por dia.
  • 147:01 - 147:04
    Em 10 anos, você terá cerca de
  • 147:04 - 147:08
    14 milhões de barris por dia tendo que serem substituídos.
  • 147:09 - 147:12
    Não há nada a disposição
  • 147:12 - 147:15
    que possa fornecer nem mesmo 1% dessa demanda.
  • 147:15 - 147:17
    Se não fizermos algo com urgência
  • 147:17 - 147:21
    teremos uma grande deficiência energética.
  • 147:21 - 147:25
    Acho que o grande erro está em não reconhecer
  • 147:25 - 147:29
    uma década antes, ou mais, que um esforço planejado
  • 147:29 - 147:30
    é necessário para desenvolver
  • 147:30 - 147:32
    essas formas sustentáveis de energia.
  • 147:32 - 147:35
    Acredito que nossos netos olharão para o passado
  • 147:35 - 147:40
    com total incredulidade. "Vocês sabiam que
  • 147:40 - 147:42
    estavam lidando com uma mercadoria finita...
  • 147:42 - 147:45
    Como é possível vocês terem construído uma economia
  • 147:45 - 147:49
    sobre algo que iria desaparecer?"
  • 147:49 - 147:51
    Pela primeira vez na história humana,
  • 147:51 - 147:55
    a espécie enfrentará o esgotamento de um recurso chave,
  • 147:55 - 147:58
    central para nosso sistema atual de sobrevivência.
  • 147:58 - 148:00
    E a piada nisso tudo é
  • 148:00 - 148:02
    que mesmo com o petróleo cada vez mais escasso
  • 148:02 - 148:05
    o sistema econômico cegamente forçará
  • 148:05 - 148:07
    seu modelo canceroso de crescimento...
  • 148:07 - 148:11
    Então, as pessoas podem comprar mais carros movidos a petróleo
  • 148:11 - 148:16
    para aumentar o PIB e o número de empregos... Agravando o declínio.
  • 148:16 - 148:18
    Existem soluções para substituírem
  • 148:18 - 148:20
    a estrutura da economia de hidrocarbonetos?
  • 148:20 - 148:21
    É claro.
  • 148:22 - 148:24
    Mas o caminho necessário para se alcançar essas mudanças
  • 148:24 - 148:28
    não se manifestará nos protocolos requeridos pelo sistema de mercado,
  • 148:28 - 148:31
    já que novas soluções só podem
  • 148:31 - 148:34
    ser implementadas através do mecanismo do lucro.
  • 148:34 - 148:37
    As pessoas não estão investindo em energias renováveis
  • 148:37 - 148:40
    porque não há dinheiro nisto em longo e curto prazo.
  • 148:40 - 148:43
    E o comprometimento necessário para isso acontecer
  • 148:43 - 148:46
    só pode ocorrer com uma severa perda financeira.
  • 148:46 - 148:49
    Assim sendo, não há incentivo monetário e dentro desse
  • 148:49 - 148:53
    sistema, se não há incentivo monetário, as coisas não acontecem.
  • 148:54 - 148:56
    E acima disso tudo, o pico do petróleo é
  • 148:56 - 148:59
    apenas uma das muitas consequências a emergir
  • 148:59 - 149:03
    da rota de colisão socioambiental a qual nos dirigimos.
  • 149:03 - 149:05
    A água potável também está diminuindo
  • 149:05 - 149:07
    -- a própria raiz de nossa existência.
  • 149:07 - 149:09
    Atualmente a água está escassa
  • 149:09 - 149:11
    para 2,8 bilhões de pessoas
  • 149:12 - 149:16
    e esta escassez atingirá 4 bilhões em torno de 2030.
  • 149:16 - 149:18
    Produção de alimentos:
  • 149:18 - 149:22
    a destruição de terras férteis, das quais
  • 149:22 - 149:25
    99,7% de toda comida da humanidade provém,
  • 149:25 - 149:29
    está ocorrendo 40 vezes mais rápido do que sua restauração
  • 149:29 - 149:32
    e nos últimos 40 anos,
  • 149:32 - 149:34
    30% da terra fértil se tornou improdutiva.
  • 149:35 - 149:38
    Para não mencionar que hidrocarbonetos são o suporte principal
  • 149:38 - 149:40
    da agricultura de hoje, e enquanto declinam...
  • 149:40 - 149:43
    Também declina o suprimento de comida.
  • 149:43 - 149:44
    A respeito de recursos em geral
  • 149:44 - 149:48
    no nosso atual padrão de consumo, ao redor de 2030
  • 149:48 - 149:51
    precisaremos de 2 planetas para manter nossas taxas.
  • 149:51 - 149:53
    Isso sem mencionar a contínua destruição
  • 149:53 - 149:56
    da biodiversidade essencial à vida
  • 149:56 - 149:58
    causando espasmos de extinções e
  • 149:58 - 150:01
    desestabilização ambiental ao redor do globo.
  • 150:01 - 150:03
    E com todos esses declínios
  • 150:03 - 150:05
    nós temos um crescimento populacional que beira o exponencial
  • 150:05 - 150:08
    e em 2030 podemos ter mais de
  • 150:08 - 150:11
    8 bilhões de pessoas no planeta.
  • 150:11 - 150:14
    Somente a produção de energia precisaria
  • 150:14 - 150:18
    aumentar 44% ao redor de 2030 para atender tal demanda.
  • 150:18 - 150:22
    E novamente, já que o dinheiro é o único iniciador de ação,
  • 150:22 - 150:24
    podemos esperar que qualquer país
  • 150:24 - 150:26
    no planeta será capaz de pagar pelas
  • 150:26 - 150:30
    mudanças massivas necessárias para revolucionar a agricultura,
  • 150:30 - 150:33
    processamento de água, produção de energia e assim por diante?
  • 150:33 - 150:35
    Quando o esquema de dívida em pirâmide global está
  • 150:35 - 150:38
    lentamente paralisando o mundo inteiro...
  • 150:38 - 150:39
    Sem mencionar o fato de que
  • 150:39 - 150:41
    o desemprego atualmente vem
  • 150:41 - 150:43
    se tornando uma normalidade devido à
  • 150:43 - 150:46
    natureza do desemprego tecnológico.
  • 150:46 - 150:48
    Os empregos não irão retornar.
  • 150:48 - 150:51
    Por fim, uma perspectiva social ampla.
  • 150:51 - 150:54
    De 1970 a 2010, a pobreza no
  • 150:54 - 150:57
    planeta dobrou devido a este sistema...
  • 150:57 - 150:59
    E, considerando nosso estado atual,
  • 150:59 - 151:01
    você acha mesmo que não veremos
  • 151:01 - 151:03
    nada além de mais duplicações?
  • 151:03 - 151:07
    Mais sofrimento e mais fome em massa?
  • 151:07 - 151:08
    O INÍCIO
  • 151:09 - 151:11
    Não haverá nenhuma recuperação.
  • 151:11 - 151:13
    Isto não é algum tipo de longa depressão
  • 151:13 - 151:16
    de que nós, algum dia, sairemos.
  • 151:16 - 151:18
    Acho que o que veremos após a próxima rodada
  • 151:18 - 151:21
    de colapsos econômicos será uma enorme agitação civil.
  • 151:21 - 151:23
    Quando os seguros-desemprego deixarem de ser
  • 151:23 - 151:26
    pagos pelos estados, por não haver dinheiro.
  • 151:26 - 151:30
    E quando as coisas ficarem tão ruins, pessoas perderão a confiança
  • 151:30 - 151:34
    nos seus líderes eleitos, elas vão exigir mudanças.
  • 151:34 - 151:37
    Isso se não matarmos uns aos outros no processo
  • 151:37 - 151:39
    ou destruirmos o meio ambiente.
  • 151:39 - 151:43
    Só tenho medo de chegarmos a um ponto sem retorno...
  • 151:43 - 151:46
    E isso me incomoda constantemente.
  • 151:46 - 151:50
    Devemos fazer todo o possível para evitar essa condição.
  • 151:51 - 151:56
    Está claro que estamos à beira de uma grande transição de vida...
  • 151:57 - 152:00
    Enfrentamos agora esta mudança fundamental
  • 152:00 - 152:03
    na vida que conhecemos no último século.
  • 152:03 - 152:06
    Tem de haver uma ligação entre a economia
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    e os recursos deste planeta.
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    Os recursos sendo a fauna e flora,
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    a saúde dos oceanos e todo o resto.
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    Este é um paradigma monetário que só
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    vai acabar depois de ter matado o último ser humano.
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    O grupo interno fará tudo para permanecer no poder.
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    Tenha isso em mente.
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    Usarão o exército, a marinha, mentiras,
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    o que tiverem que usar para ficar no poder.
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    Eles não irão abrir mão
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    porque não conhecem outro sistema que os perpetue.
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    AO VIVO DE NOVA YORK
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    PROTESTOS GLOBAIS PARALISAM A ECONOMIA MUNDIAL
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    LONDRES -- AO VIVO
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    CHINA -- AO VIVO
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    AFRICA DO SUL -- AO VIVO
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    ESPANHA -- AO VIVO
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    RÚSSIA -- AO VIVO
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    CANADÁ -- AO VIVO
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    ARABIA SAUDITA -- AO VIVO
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    TAXAS DE CRIMES DECOLAM NO OCIDENTE
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    NAÇÕES UNIDAS DECLARAM ESTADO DE EMERGÊNCIA GLOBAL
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    DESEMPREGO GLOBAL ATINGE OS 65%
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    CONTINUAM OS TEMORES DE UMA GUERRA MUNDIAL
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    COLAPSO FINANCEIRO AGORA CAUSA ESCASSEZ DE ALIMENTOS
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    PEGUEM DE VOLTA
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    APESAR DE NENHUMA VIOLÊNCIA TER SIDO RELATADA,
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    OS PROTESTOS SEM PRECEDENTES CONTINUAM...
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    PARECE QUE O EQUIVALENTE A TRILHÕES DE DÓLARES
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    ESTÃO SENDO SISTEMATICAMENTE RETIRADOS DAS CONTAS BANCÁRIAS
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    EM TODO O MUNDO E EM SEGUIDA
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    ESTÃO SENDO EXPLICITAMENTE DESPEJADOS
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    EM FRENTE DOS BANCOS CENTRAIS DO MUNDO TODO.
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    ESTE É O SEU MUNDO
  • 158:56 - 159:03
    ESTE É O NOSSO MUNDO
  • 159:04 - 159:11
    A REVOLUÇÃO É AGORA
  • 159:12 - 159:22
    WWW.THEZEITGEISTMOVEMENT.COM
Title:
ZEITGEIST: MOVING FORWARD | OFFICIAL RELEASE | 2011
Description:

This is the Official Online (Youtube) Release of "Zeitgeist: Moving Forward" by Peter Joseph. [30 subtitles pending]

On Jan. 15th, 2011, "Zeitgeist: Moving Forward" was released theatrically to sold out crowds in 60 countries; 31 languages; 295 cities and 341 Venues. It has been noted as the largest non-profit independent film release in history.

This is a non-commercial work and is available online for free viewing and no restrictions apply to uploading/download/posting/linking - as long as no money is exchanged.

A Free DVD Torrent of the full 2 hr and 42 min film in 30 languages is also made available through the main website [below], with instructions on how one can download and burn the movie to DVD themselves. His other films are also freely available in this format.

Website:
www.zeitgeistmovingforward.com
www.zeitgeistmovie.com

Release Map:
http://zeitgeistmovingforward.com/zmap

$5 DVD:
http://zeitgeistmovingforward.com/dvd

Movement:
www.thezeitgeistmovement.com

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Video Language:
Greek
Duration:
02:41:25
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Portuguese, Brazilian subtitles

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