As mentiras que contamos às mulheres grávidas | Sofia Jawed-Wessel | TEDxOmaha
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0:09 - 0:12Quando entrei para o pré-escolar,
já sabia ler -
0:13 - 0:16— uma capacidade que, rapidamente,
um colega meu aproveitou. -
0:17 - 0:19Um dia, na biblioteca,
ele disse-me baixinho: -
0:19 - 0:21"Ei, Sofia!
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0:21 - 0:23"Podes procurar a palavrar 'sexo'?
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0:23 - 0:25"Quero saber o que diz o dicionário."
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0:25 - 0:26(Risos)
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0:26 - 0:28Eu nunca tinha ouvido esta palavra,
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0:28 - 0:30então, obviamente, fiquei curiosa.
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0:30 - 0:31"Sim, ok."
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0:32 - 0:35Os meus dedos percorreram
lentamente a página, -
0:35 - 0:40à procura, ansiosamente,
das letras s-e-x-o. -
0:41 - 0:43Mas antes de conseguir encontrar
a palavra desejada, -
0:43 - 0:46senti uma mão firme no meu ombro
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0:46 - 0:48e um olhar severo a pairar sobre mim.
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0:50 - 0:52Sentei-me no gabinete do diretor,
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0:52 - 0:54assustadíssima, mas sem certezas
sobre o meu crime. -
0:55 - 0:58Ele aproximou-se e disse gentilmente:
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0:59 - 1:02"Sofia, porque é que uma
menina pequena como tu -
1:02 - 1:04"está preocupada
com uma palavra como essa? -
1:05 - 1:08"Acho que os teus pais
não vão ficar muito felizes de saber. -
1:08 - 1:10"Mas como é a primeira vez que estás aqui,
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1:10 - 1:12"acho que não precisamos de contar."
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1:13 - 1:15Naquele simples momento,
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1:15 - 1:18ele criou o primeiro segredo
que eu guardaria dos meus pais. -
1:18 - 1:20(Risos)
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1:20 - 1:26E uma curiosidade vitalícia sobre
esta palavra vergonhosa soletrada s-e-x-o. -
1:27 - 1:30Vamos, hoje, aqui partilhar
uma série de segredos -
1:30 - 1:32e, ao fazer isso,
espero que consigamos tirar -
1:32 - 1:35alguma da vergonha que muitos de nós
sentem sobre sexo. -
1:37 - 1:40Quantos daqui já ouviram
um piropo de um estranho? -
1:42 - 1:43Muitas mulheres.
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1:44 - 1:47O que me lembro melhor
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1:47 - 1:50foi quando esse estranho era,
afinal, um aluno meu. -
1:51 - 1:54Uma noite, ele veio ter comigo
no fim da aula -
1:54 - 1:57e as palavras dele confirmaram
aquilo que eu já sabia: -
1:57 - 1:59"Peço imensa desculpa, professora.
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1:59 - 2:03"Se eu soubesse quem era,
nunca teria dito o que disse." -
2:03 - 2:05(Risos)
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2:05 - 2:09Eu não era uma pessoa para ele,
até me tornar a sua professora. -
2:10 - 2:13Este conceito, chamado objetificação,
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2:13 - 2:15é a base do sexismo
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2:15 - 2:18e vemo-lo reforçado
em vários aspetos da nossa vida. -
2:21 - 2:24Vemo-lo no governo,
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2:24 - 2:29que se recusa a punir homens
que violam mulheres. -
2:29 - 2:31Vemo-lo nos anúncios.
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2:31 - 2:33Quantos de vocês é que já viram um anúncio
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2:33 - 2:38que usam o peito de uma mulher
para vender algo que não tem nada a ver? -
2:40 - 2:44Ou em tantos filmes
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2:44 - 2:47que retratam as mulheres
apenas como interesses amorosos? -
2:48 - 2:52Estes exemplos podem parecer
inconsequentes e inofensivos, -
2:52 - 2:53mas são traiçoeiros
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2:53 - 2:57e absorvidos lentamente por uma cultura
que recusa ver as mulheres como pessoas. -
2:58 - 3:02Vemo-lo na escola que manda
uma menina de 10 anos para casa, -
3:02 - 3:06porque as suas roupas eram
uma distração para os rapazes, -
3:06 - 3:11ou no governo que se recusa a punir homens
que violam mulheres, -
3:11 - 3:12repetidas vezes,
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3:12 - 3:14ou na mulher que é morta,
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3:14 - 3:18porque pediu a um estranho
que parasse de a chatear na discoteca. -
3:21 - 3:26Os "media" desempenham um papel importante
na continuação da objetivação de mulheres. -
3:27 - 3:30Vamos considerar
a clássica comédia romântica. -
3:30 - 3:34Somos, tipicamente, apresentados
a dois tipos de mulheres nestes filmes, -
3:34 - 3:37dois tipos de mulheres desejáveis,
de qualquer maneira. -
3:37 - 3:39O primeiro é a "bomba sexy".
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3:39 - 3:43Este é o tipo de mulheres incrivelmente
bonitas e com um corpo perfeito. -
3:43 - 3:45O ator principal não tem problemas
em identificá-la, -
3:45 - 3:48muito menos em ter sexo com ela.
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3:48 - 3:50O segundo é a nossa atriz principal,
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3:50 - 3:54uma mulher linda, mas recatada,
por quem o ator principal se apaixona, -
3:54 - 3:56apesar de não reparar nela no início
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3:56 - 3:59ou de não ter gostado dela.
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4:00 - 4:02A primeira é a vadia.
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4:02 - 4:04É para ser consumida e esquecida.
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4:04 - 4:05Está demasiado disponível!
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4:05 - 4:09A segunda é desejável, mas modesta,
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4:09 - 4:13e, portanto, digna dos futuros bebés
do nosso ator principal. -
4:13 - 4:14Material de casamento.
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4:14 - 4:17É-nos dito que as mulheres têm,
efetivamente, dois papéis, -
4:17 - 4:22mas que são muito difíceis
de existir na mesma mulher. -
4:22 - 4:26Nas raras vezes em que partilho
com um novo conhecido -
4:26 - 4:28que estudo sexo,
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4:28 - 4:30se ele não terminar a conversa
nesse preciso momento, -
4:30 - 4:32geralmente fica bastante intrigado.
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4:33 - 4:35"Oh, conte-me mais."
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4:35 - 4:36E eu faço-o.
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4:38 - 4:41"Estudo os comportamentos sexuais
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4:41 - 4:42"de casais grávidos e em pós-parto."
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4:42 - 4:46Nesta altura, já recebo
uma resposta diferente. -
4:46 - 4:48(Risos)
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4:48 - 4:50"Oh. Huh.
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4:50 - 4:53"As pessoas que estão grávidas têm sexo?
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4:54 - 4:58"Alguma vez pensou em estudar
o desejo sexual -
4:58 - 4:59"ou orgasmos?
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4:59 - 5:02"Isso seria interessante. E sensual."
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5:04 - 5:06Digam-me: quais as primeiras palavras
que vêm à cabeça -
5:06 - 5:08quando imaginam uma mulher grávida?
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5:09 - 5:12Fiz esta pergunta num inquérito
a mais de 500 adultos, -
5:12 - 5:16e as palavras mais respondidas foram
"barriga" ou "redondo" -
5:16 - 5:18e "fofinha".
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5:19 - 5:20Não me surpreendeu muito.
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5:20 - 5:22O que é que rotulamos de fofo?
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5:24 - 5:26Bebés, cachorros, gatinhos.
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5:26 - 5:28Os velhinhos, certo?
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5:28 - 5:29(Risos)
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5:31 - 5:33Contudo, quando rotulamos
um adulto como fofo, -
5:33 - 5:36retiramos-lhe muito da sua inteligência,
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5:36 - 5:37da sua complexidade.
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5:38 - 5:40Reduzimo-los a qualidades infantis.
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5:41 - 5:43Pedi a homens heterossexuais
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5:43 - 5:46que imaginassem
a sua companheira grávida, -
5:46 - 5:49depois pedi a mulheres
que se imaginassem grávidas, -
5:49 - 5:52e que dissessem
as primeiras palavras vindas à cabeça -
5:52 - 5:54quando se imaginassem a ter sexo.
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5:55 - 5:57A maioria das respostas foi negativa.
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5:58 - 5:59"Nojento."
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5:59 - 6:01"Estranho."
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6:01 - 6:03"Nada sensual."
"Estranho." -
6:03 - 6:04"Desconfortável."
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6:05 - 6:06"Como?"
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6:06 - 6:08(Risos)
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6:09 - 6:12"Não vale a pena."
"Não vale o risco." -
6:12 - 6:14A última resposta ficou na minha cabeça.
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6:15 - 6:20Podemos pensar que, por separarmos
mulheres grávidas e mães da sexualidade, -
6:20 - 6:25estamos a acabar com as restrições
da objetificação sexual. -
6:25 - 6:27Não estão sujeitas a tanto sexismo, certo?
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6:28 - 6:30Nem por isso.
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6:30 - 6:33Pelo contrário, isso conduz
a um novo tipo de objetificação. -
6:33 - 6:36Nas minhas tentativas de explicar isto,
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6:36 - 6:40houve uma conversa que me levou
à Vénus de Willendorf, -
6:40 - 6:44uma figura paleolítica que os antigos
assumiram como deusa do amor e da beleza, -
6:44 - 6:46daí o nome Vénus.
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6:46 - 6:48Mais tarde, esta teoria foi revista,
-
6:48 - 6:52quando notaram o foco do escultor
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6:52 - 6:56nas características reprodutivas
da estatueta: -
6:56 - 6:59seios grandes, considerados ideais
para a amamentação; -
6:59 - 7:01uma barriga redonda,
possivelmente de grávida; -
7:01 - 7:05os restos de tinta vermelha,
aludindo à menstruação ou ao parto. -
7:06 - 7:10Também pensaram que a figura
era para ser segurada ou colocada deitada, -
7:10 - 7:14pois os seus pés pequenos
não permitiam que ela ficasse em pé. -
7:14 - 7:16Ela também não tinha cara.
-
7:16 - 7:21Por esta razão, foi assumido que
era uma representação da fertilidade -
7:21 - 7:23e não o retrato de alguém.
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7:23 - 7:25Ela era um objeto.
-
7:25 - 7:27Na história da sua interpretação,
-
7:27 - 7:30esta mulher passou
de objeto de beleza ideal e de amor -
7:30 - 7:32para objeto de reprodução.
-
7:33 - 7:36Acho que esta transição fala mais
-
7:36 - 7:39sobre os eruditos que fizeram
esta interpretação, -
7:39 - 7:43do que do propósito real da figura.
-
7:44 - 7:46Quando uma mulher engravida,
-
7:46 - 7:50ela deixa o reino
do desejo sexual do homem -
7:50 - 7:55e entra no seu papel de reproduzir
e de criar crianças. -
7:55 - 7:59Ao fazer isso, ela torna-se, também,
propriedade da comunidade, -
7:59 - 8:03considerada muito importante,
mas apenas por estar grávida, certo? -
8:04 - 8:07Eu chamo-lhe o "efeito de Willendorf"
-
8:07 - 8:10e, mais uma vez, vemo-lo reforçado
em tantos aspetos da sua vida. -
8:11 - 8:13Alguém aqui já esteve
visivelmente grávida? -
8:13 - 8:15(Risos)
-
8:15 - 8:16Muitas de vocês, certo?
-
8:16 - 8:20Quantas de vocês tiveram um estranho
a tocar-vos na barriga durante a gravidez, -
8:20 - 8:23talvez sem sequer
terem pedido autorização? -
8:23 - 8:26Ou vos foi dito o que podiam ou não comer
-
8:26 - 8:30por alguém que não era o vosso médico?
-
8:30 - 8:33Ou vos perguntaram
qual o vosso plano de parto? -
8:34 - 8:37E aí dizerem-vos que as vossas escolhas
estavam erradas? -
8:37 - 8:38Sim, a mim também.
-
8:38 - 8:43Ou ter um empregado de mesa que
se recusasse a trazer um copo de vinho? -
8:43 - 8:46Esta última pode fazer pensar,
mas deixem que vos diga, -
8:46 - 8:48Isto é um grande segredo.
-
8:48 - 8:52Não há qualquer problema em bebermos
durante a gravidez, se for com moderação. -
8:52 - 8:54Muitas de nós não sabem,
-
8:54 - 8:58porque os médicos
não nos confiam este segredo! -
8:58 - 8:59(Risos)
-
9:03 - 9:07Especialmente, se for uma mulher com
menos estudos ou uma mulher de cor. -
9:07 - 9:09O que isto nos diz é que
-
9:09 - 9:13este efeito de Willendorf é, também,
classista e racista. -
9:13 - 9:19Está presente quando o governo
relembra às mulheres, -
9:19 - 9:22com cada nova lei anti-escolha,
-
9:22 - 9:25que o conteúdo do seu útero não é dela,
-
9:25 - 9:27ou quando ginecologistas
e obstetras dizem: -
9:27 - 9:29"É seguro ter sexo durante a gravidez,
-
9:29 - 9:31"mas nunca se sabe.
-
9:31 - 9:32"É melhor prevenir que remediar."
-
9:33 - 9:37A mulher vê negada a sua privacidade
e autonomia corporal -
9:37 - 9:39com o pretexto de "ser uma boa mãe".
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9:40 - 9:42Não confiamos nela
para tomar as próprias decisões. -
9:43 - 9:44Ela é fofinha, lembram-se?
-
9:47 - 9:53Quando nós dizemos às mulheres
que o prazer sexual... desculpem-me. -
9:53 - 9:58Quando nós dizemos às mulheres que o sexo
não vale o risco durante a gravidez, -
9:58 - 10:02o que estamos a dizer na verdade
é que o seu prazer sexual não interessa. -
10:02 - 10:05Estamos a dizer-lhe que ela não conta,
-
10:05 - 10:10embora as necessidades do seu feto
não sejam incompatíveis com as suas. -
10:11 - 10:13Então, as organizações médicas,
-
10:13 - 10:16como o Colégio Americano
de Obstetrícia e Ginecologia (ACOG), -
10:16 - 10:21têm a oportunidade de educar
sobre sexo seguro durante a gravidez. -
10:21 - 10:22O que dizem os especialistas?
-
10:23 - 10:26Na verdade, o ACOG não tem
nenhuma posição oficial -
10:26 - 10:29sobre sexo seguro durante a gravidez.
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10:30 - 10:33O guia da Clínica Mayo,
numa visão geral, é positivo, -
10:33 - 10:35mas deixa um aviso:
-
10:35 - 10:38"Embora a maioria das mulheres
possa ter sexo durante a gravidez, -
10:39 - 10:41"por vezes é melhor ser cautelosa."
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10:41 - 10:44Algumas mulheres não querem ter sexo
durante a gravidez -
10:44 - 10:45e não há problema.
-
10:45 - 10:48Algumas mulheres querem ter sexo
durante a gravidez -
10:48 - 10:49e também não há problema.
-
10:49 - 10:52Só é preciso impedir a sociedade
de dizer às mulheres -
10:52 - 10:54o que podem e não podem fazer
com o seu corpo. -
10:55 - 10:57(Aplausos)
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11:02 - 11:06As mulheres grávidas têm rosto,
não são só vasos reprodutivos -
11:06 - 11:09que não conseguem ter a sua própria vida.
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11:10 - 11:12Mas o verdadeiro segredo é que
-
11:12 - 11:17todos nós dizemos às mulheres
que o seu prazer sexual não conta. -
11:17 - 11:18Recusamo-nos a reconhecer que existem
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11:18 - 11:20mulheres que têm sexo com mulheres,
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11:20 - 11:22ou mulheres que não querem ter filhos.
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11:23 - 11:24"É só uma fase...
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11:24 - 11:27"Ela apenas precisa
que apareça o homem certo." -
11:28 - 11:32Cada vez que uma mulher tem sexo
apenas porque sabe bem, -
11:32 - 11:34é revolucionário.
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11:34 - 11:36Ela é revolucionária.
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11:36 - 11:39Ela está a ir contra a ideia da sociedade
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11:39 - 11:41de que ela existe, apenas,
para o prazer do homem -
11:41 - 11:42ou para reproduzir.
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11:44 - 11:48Uma mulher que dá prioridade
às necessidades sexuais é assustadora, -
11:48 - 11:53porque uma mulher que faz isso,
dá prioridade a si própria. -
11:53 - 11:57(Aplausos)
-
11:57 - 12:02É uma mulher que exige
ser tratada de forma igual. -
12:02 - 12:03É uma mulher que insiste
-
12:03 - 12:06que lhe deem espaço no poder,
-
12:06 - 12:08e isso é o mais assustador de tudo,
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12:08 - 12:11pois ela não consegue ter espaço
-
12:11 - 12:15sem que alguns desistam
do espaço extra que têm. -
12:17 - 12:19(Aplausos)
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12:22 - 12:24Tenho um último segredo.
-
12:25 - 12:27Sou mãe de dois rapazes
-
12:27 - 12:29e gostaríamos de ter a vossa ajuda.
-
12:29 - 12:34Embora os meus rapazes me ouçam
regularmente dizer -
12:34 - 12:37que é importante que os homens
reconheçam as mulheres como iguais, -
12:37 - 12:40e eles veem o pai
que trabalha para esta ideia, -
12:40 - 12:44nós precisamos que o mundo
reforce o que temos em casa. -
12:44 - 12:48E isto não é um problema só dos homens
ou só das mulheres. -
12:48 - 12:49É um problema de todos.
-
12:49 - 12:54Todos desempenhamos um papel
na destruição dos sistemas de desigualdade. -
12:54 - 12:57Para começar, temos de parar de dizer
às mulheres -
12:57 - 12:59o que elas podem e não podem fazer
com o seu corpo. -
12:59 - 13:02(Aplausos)
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13:04 - 13:08Isto inclui não tratar as grávidas
como propriedade da comunidade. -
13:08 - 13:11Se não a conhecem,
não peçam sequer para lhe tocar na barriga. -
13:11 - 13:13Não o fariam a outra pessoa qualquer.
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13:13 - 13:15Não lhe digam o que ela pode ou não comer.
-
13:15 - 13:18Não perguntem detalhes sobre
as suas escolhas médicas. -
13:18 - 13:20Também inclui compreender
-
13:20 - 13:23que, mesmo sendo
pessoalmente contra o aborto, -
13:23 - 13:26podem ajudar na luta
pelo direito de escolha das mulheres. -
13:26 - 13:30No que toca à igualdade das mulheres,
ambas as visões não precisam de se opor. -
13:31 - 13:33Se tiverem sexo com mulheres,
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13:33 - 13:35deem prioridade ao prazer delas.
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13:35 - 13:37Se não sabem como, perguntem.
-
13:38 - 13:39Se têm filhos...
-
13:39 - 13:41(Risos)
-
13:41 - 13:45conversem sobre sexo o quanto antes,
-
13:45 - 13:49porque as crianças já não vão à procura de
s-e-x-o no dicionário. -
13:49 - 13:51Elas vão procurar à Internet.
-
13:52 - 13:55E quando estiverem a conversar
sobre o tema, -
13:55 - 13:57não se centrem, apenas, na reprodução.
-
13:57 - 13:59Existem várias razões para o sexo:
-
13:59 - 14:01algumas pessoas querem ter um bebé,
-
14:01 - 14:04mas a maior parte fá-lo porque sabe bem!
-
14:04 - 14:05Admitam isso.
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14:06 - 14:09E quer tenham filhos, quer não,
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14:09 - 14:13apoiem uma educação sexual abrangente,
que não envergonhe os adolescentes. -
14:13 - 14:16(Aplauso)
-
14:22 - 14:24Não há nada de positivo
em envergonhar os adolescentes -
14:24 - 14:27pelos seus desejos
e comportamentos sexuais, -
14:28 - 14:31a não ser testes para doenças
sexualmente transmissíveis e de gravidez. -
14:32 - 14:35Todos os dias temos a oportunidade
-
14:35 - 14:38de acabar com padrões de desigualdade.
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14:39 - 14:42Acho que todos concordamos
que vale a pena trabalhar para isso. -
14:43 - 14:44Obrigada.
-
14:44 - 14:51(Aplausos)
- Title:
- As mentiras que contamos às mulheres grávidas | Sofia Jawed-Wessel | TEDxOmaha
- Description:
-
"Quando nós dizemos às mulheres que o sexo não vale o risco durante a gravidez, o que estamos a dizer na verdade é que o seu prazer sexual não interessa. Estamos a dizer-lhe que ela não conta", diz a sexóloga Sofia Jawed-Wessel. Nesta palestra esclarecedora, Jawed-Wessel explora as nossas opiniões sobre a gravidez e o prazer, para expor a relação entre mulheres, sexo e sistemas de poder.
Esta palestra foi feita num evento TEDx, usando o formato das Conferências TED, mas organizado de forma independente por uma comunidade local. Saiba mais em: http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 14:53
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The lies we tell pregnant women | Sofia Jawed-Wessel | TEDxOmaha | ||
Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for The lies we tell pregnant women | Sofia Jawed-Wessel | TEDxOmaha | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The lies we tell pregnant women | Sofia Jawed-Wessel | TEDxOmaha | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The lies we tell pregnant women | Sofia Jawed-Wessel | TEDxOmaha | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The lies we tell pregnant women | Sofia Jawed-Wessel | TEDxOmaha | ||
Marta Sousa edited Portuguese subtitles for The lies we tell pregnant women | Sofia Jawed-Wessel | TEDxOmaha | ||
Marta Sousa edited Portuguese subtitles for The lies we tell pregnant women | Sofia Jawed-Wessel | TEDxOmaha | ||
Marta Sousa edited Portuguese subtitles for The lies we tell pregnant women | Sofia Jawed-Wessel | TEDxOmaha |