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Title:
Por que algumas pessoas têm mais dificuldade em se exercitar do que outras | Emily Balcetis | TedxNewYork
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Description:
Esta palestra foi dada em um evento TEDx local, produzido independentemente das conferências TED.
Por que algumas pessoas sofrem mais para entrar em forma do que outras? A psicóloga social Emily Balcetis apresenta uma pesquisa que aborda um dos fatores: a visão. Nesta palestra informativa, ela mostra que, quando o assunto é entrar em forma, algumas pessoas literalmente veem o mundo de forma diferente e oferece uma solução surpreendentemente simples para superar estas diferenças.
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A visão é o sentido mais importante
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e a que mais damos prioridade.
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Nós estamos constantemente olhando
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para o mundo ao nosso redor,
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e rapidamente identificamos
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e nos damos conta do que vemos.
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Vamos começar com um exemplo
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dessa grande verdade.
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Vou mostrar uma fotografia
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por apenas um ou dois segundos,
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e gostaria que vocês identificassem
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qual emoção a pessoa está expressando.
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Prontos?
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Vamos lá. Siga sua intuição.
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O que vocês viram?
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Bom, na verdade nós pesquisamos
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mais de 120 pessoas,
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e os resultados foram uma mistura.
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Não houve consenso
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sobre qual emoção elas viram
no rosto desse homem.
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Talvez vocês viram desconforto.
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Essa foi a resposta mais frequente
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que nós recebemos.
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Se você perguntar
à pessoa a sua esquerda,
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ela dirá arrependimento ou ceticismo,
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e se perguntar à pessoa
a sua direita,
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ela dirá algo completamente diferente,
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como esperança ou empatia.
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Mas nós estamos todos olhando
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para o mesmo rosto de novo.
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Provavelmente estejamos vendo algo
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completamente diferente,
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porque a percepção é subjetiva.
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O que achamos que vemos
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é, na verdade, filtrado
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pela nossa própria mente.
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Sem dúvida, há muitos outros exemplos
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de como vemos o mundo pela nossa mente.
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Eu vou lhes dar só mais alguns.
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Pessoas fazendo dieta, por exemplo,
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percebem maçãs como maiores
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do que pessoas que não estão em dieta.
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Jogadores de softbol veem a bola menor
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ao acabar de se recuperar de uma queda,
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comparados com outros que
fizeram uma partida de sucesso.
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Na verdade, as crenças políticas também
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podem afetar o modo como vemos os outros,
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incluindo os próprios políticos.
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Então, minha equipe e eu
decidimos testar essa questão.
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Em 2008, Barack Obama
se candidatou à presidência
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pela primeira vez,
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e nós pesquisamos centenas de americanos
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um mês antes das eleições.
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O que nós descobrimos
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foi que alguns americanos
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pensam que fotografias como essas
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refletem a verdadeira aparência de Obama.
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Desse grupo,
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75% votaram nele nas eleições.
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Outros, porém,
pensam que fotografias como essas
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refletem sua verdadeira aparência.
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Oitenta e nove por cento dessas pessoas
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votaram em McCain.
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Depois mostramos muitas fotos do Obama,
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uma por vez,
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para que as pessoas
não percebessem que a diferença
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de uma fotografia para a outra
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era que tínhamos artificialmente clareado
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ou escurecido o tom de pele dele.
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Como isso é possível?
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Por que quando eu olho para uma pessoa,
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um objeto ou um acontecimento,
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eu vejo algo tão diferente
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do que os outros veem?
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Bom, as razões são várias,
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mas uma delas requer que entendamos
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um pouco mais
sobre como nossos olhos funcionam.
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Cientistas que estudam a visam sabem
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que a quantidade de informação
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vista por nós
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em qualquer momento,
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aquilo que focamos,
é na verdade relativamente pequena.
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A distância que vemos com boa nitidez,
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claridade e precisão
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é o equivalente
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à distância do nosso dedo polegar
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quando estamos com o braço esticado.
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Todo o mais em volta está embaçado,
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fazendo com que muito do que esta diante
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dos nosso olhos seja ambíguo.
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Mas temos que descobrir
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e nos dar conta do que estamos vendo
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e é a nossa mente
que preenche essa lacuna.
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Como resultado, a percepção
é uma experiência subjetiva
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e é como acabamos vendo
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com a mente.
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Eu sou psicóloga social
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e são questões como essas
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que realmente me intrigam.
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Sou fascinada por momentos
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em que as pessoas não veem a mesma coisa.
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Como é que alguém pode
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literalmente ver um copo meio cheio
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e o outro literalmente vê
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o copo meio vazio?
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Como os pensamentos e sentimentos
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levam as pessoas a verem o mundo
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de formas completamente diferentes?
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E isso realmente importa?
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Para começar a responder essas questões,
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minha equipe e eu
decidimos pesquisar profundamente
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uma questão que tem recebido
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grande atenção internacional:
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nossa saúde e a boa forma física.
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No mundo todo,
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pessoas estão lutando
para controlar o peso,
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e há diversas estratégias
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para ajudar a perder alguns quilos.
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Por exemplo, prometemos para nós mesmos
que faremos exercícios
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depois das festas de fim de ano,
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mas na verdade, a maioria dos americanos
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quebram suas promessas de Ano Novo
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no Dia dos Namorados.
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Dizemos a nós mesmos,
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de maneira encorajadora,
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que esse será o nosso ano
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para entrar em forma,
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mas isso não é suficiente para voltarmos
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ao nosso peso ideal.
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Por quê?
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Sem dúvidas a resposta não é simples,
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mas eu defendo uma razão:
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a nossa mente
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talvez trabalhe contra nós mesmos.
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Há quem literalmente veja mais dificuldade
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em fazer exercícios
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e há quem, talvez,
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literalmente, veja mais facilidade.
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Como um primeiro passo
para testar essas questões,
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nós coletamos medições precisas
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da forma física de alguns voluntários.
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Nós medimos o tamanho da cintura,
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e comparamos com o do quadril.
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Uma relação cintura-quadril muito elevada
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é um indicadora de menor aptidão física
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do que uma relação
cintura-quadril menor.
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Após coletarmos essas medições,
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dissemos aos nosso participantes
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que eles andariam
até uma linha de chegada
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enquanto carregavam peso
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em uma espécie de corrida.
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Mas antes de fazer isso,
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pedimos que eles estimassem a distância
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até a linha de chegada.
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Achávamos que o estado físico
dos corpos deles
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poderia influenciar a forma
como percebiam a distância.
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E o que nós descobrimos?
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A relação cintura-quadril
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influenciava a percepção de distância.
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Pessoas que estavam fora de forma
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viam a distância até a linha de chegada
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significativamente maior
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do que pessoas em melhor forma.
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A percepção sobre o próprio corpo
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mudava a forma como percebiam o ambiente.
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Nossa mente também faz isso.
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De fato, nossos corpos e mentes
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trabalham em sincronia
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para mudar a forma como vemos
o mundo a nossa volta.
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Isso nos levou a pensar que talvez pessoas
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com forte motivação
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e metas claras sobre exercícios
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poderiam, na verdade,
ver a linha de chegada mais próxima
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do que pessoas com menos motivação.
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Então, para testar se a motivação
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afeta nossas experiências
perceptivas tanto assim
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nós realizamos um segundo estudo.
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Outra vez, tiramos medidas
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da forma física das pessoas,
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medindo a circunferência da cintura
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e a circunferência do quadril
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e as fizemos passar
por mais alguns testes de aptidão.
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Baseados no feedback dado
sobre o primeiro teste,
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alguns participantes nos disseram
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que não estavam mais motivados
para se exercitar.
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Eles sentiam como se já tivessem
atingido o objetivo
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e que não iam fazer mais nada.
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Essas pessoas não estavam motivadas.
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Outros, porém,
baseados no nosso feedback,
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disseram estar bem motivados
para se exercitar.
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Eles tinham determinação
para atingir a linha de chegada.
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Antes de eles caminharem
até a linha de chegada, de novo,
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nós os fizemos estimar a distância
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até a chegada até a linha de chegada.
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Outra vez, como no estudo anterior,
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percebemos que a relação cintura-quadril
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influenciava a percepção de distância.
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As pessoas fora de forma
achavam a distância maior,
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viam a linha de chegada mais distante
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do que aqueles em melhor forma.
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Importante mencionar que isso só aconteceu
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com pessoas que não estavam motivadas
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para fazer exercícios.
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Por outro lado,
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aqueles que estavam mais motivados
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disseram que a distância era menor.
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Inclusive a pessoa mais fora de forma
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estimou a linha de chegada
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como quase tão próxima,
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se não até mais próxima,
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do que os que estavam em melhor forma.
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Então, a forma física mudou
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a percepção da distância
até a linha de chegada,
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mas pessoas que tinham se comprometido
com metas atingíveis
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que poderiam alcançar em
um futuro próximo,
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e que acreditavam ser capazes
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de alcançá-las,
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realmente viam exercícios
como algo mais fácil.
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Daí começamos a nos perguntar
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se existiria alguma estratégia
possível de se usar
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e ensinar que ajudaria as pessoas
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a mudarem as percepções de distância,
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ajudá-las a enxergar exercícios
de forma mais fácil.
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Então, recorremos à literatura científica
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para descobrir o que deveríamos fazer
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e, baseados no que lemos,
apresentamos uma estratégia
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que chamamos de "foco no resultado".
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Isso não é um slogan
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de um cartaz motivacional.
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É na realidade uma diretiva
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de como observamos nosso ambiente.
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Dissemos às pessoas que
treinamos com essa estratégia
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que focassem sua atenção
na linha de chegada,
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que evitassem olhar ao redor,
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que imaginassem que uma luz
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estava brilhando naquela direção
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e que tudo ao redor estava embaçado
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e difícil de enxergar.
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Pensamos que esta estratégia
os ajudaria
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a ver os exercícios
como algo mais fácil.
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Comparamos esse grupo
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com o grupo de controle.
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Para o grupo de controle,
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nós somente dissemos que olhassem
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de forma natural,
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que veriam a linha de chegada,
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mas podiam ver que havia
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uma lata de lixo logo à direita
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ou pessoas e um poste à esquerda.
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Imaginávamos que quem
usasse essa estratégia
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acharia a distância maior.
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E o que descobrimos?
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Ao pedirmos que estimassem a distância,
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essa estratégia funcionou
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para mudar a experiência perceptiva?
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Sim.
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Pessoas que tinham "foco no resultado"
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viram a distância
até a linha de chegada 30% menor
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do que quem olhava tudo ao redor
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como faria naturalmente.
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Achamos isso ótimo.
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Ficamos empolgados porque significava
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que a estratégia ajudou a fazer
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o exercício parecer mais fácil,
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mas a grande questão
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era se isso ajudaria
a tornar a atividade física
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algo melhor.
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Poderia melhorar a qualidade
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dos exercícios também?
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Na próxima etapa,
dissemos aos participantes,
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você vai caminhar até a linha de chegada
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carregando um peso extra.
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Nós colocamos mais peso nas caneleiras
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pesando 15% do peso do corpo deles.
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Pedimos que levassem o tornozelo ao alto
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e caminhassem rapidamente até a chegada.
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Planejamos esse exercício em particular
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para que fosse moderadamente desafiador,
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mas não impossível,
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como a maioria dos exercícios
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que realmente melhoram
nossa condição física.
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A grande questão, então:
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"Focar no resultado"
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e se concentrar na linha de chegada
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mudou a experiência sentida no exercício?
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Sim, mudou.
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Pessoas que tinham "foco no resultado"
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disseram que foi necessário
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17% menos esforço
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para fazer o exercício
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do que quem olhou ao redor naturalmente.
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O experimento mudou
a experiência subjetiva
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que eles tiveram do exercício.
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Isso mudou também a natureza objetiva
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do exercício.
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As pessoas com "foco no resultado"
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na verdade se moviam 23% mais rápido
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do que quem olhou ao redor naturalmente.
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Para se ter uma ideia,
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um aumento de 23%
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é como trocar um Chevy Citation de 1980
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por um Corvette da Chevrolet.
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Nós ficamos muito felizes,
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porque significava que a estratégia
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que não custa nada,
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que é fácil para as pessoas usarem,
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independentemente de estarem em forma
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ou lutando para chegar lá,
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tinha um grande efeito.
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Manter o "foco no resultado"
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fez a experiência de se exercitar
parecer mais fácil
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ainda que carregando mais peso,
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porque estavam
se movimentando mais rápido.
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Eu sei que é preciso mais
para melhorar a saúde
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do que apenas caminhar mais rápido,
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mas manter "foco no resultado"
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pode ser uma estratégia adicional
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que você pode usar para melhorar
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seu estilo de vida.
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Se você ainda não está convencido
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de que nós vemos o mundo com a mente,
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permita-me dar um exemplo final.
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Essa é uma foto de uma rua muito bonita
em Estocolmo, com dois carros.
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O carro de trás parece muito maior
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que o carro da frente.
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Porém, na realidade,
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os dois têm o mesmo tamanho,
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mas não é assim que vemos.
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Então isso significa
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que nossos olhos estão com problemas
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e que nossos cérebros estão uma bagunça?
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Não, não é nada disso.
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É só a forma como nossos olhos funcionam.
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Nós podemos ver o mundo
de diferentes formas
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e às vezes podemos não ver
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a realidade,
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mas isso não significa
que um de nós está certo
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e o outro errado.
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Todos nós vemos o mundo pela mente,
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mas podemos nos educar
para ver de outra forma.
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Posso usar o mesmo raciocínio em dias
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em que as coisas dão totalmente errado.
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Estou exausta
e a ponto de explodir, cansada,
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muito atrasada
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e há uma nuvem negra
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em cima da minha cabeça,
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e em dias assim,
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parece que todos a minha volta
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estão infelizes também.
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Meu colega de trabalho parece incomodado
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quando peço mais prazo
para a conclusão de uma tarefa,
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e meu amigo parece frustrado
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quando chego atrasada para almoçar
porque a reunião foi longa
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e no fim do dia,
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meu marido fica decepcionado
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porque prefiro ir dormir
em vez de ir ao cinema.
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E em dias assim,
quando todos parecem
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decepcionados e com raiva de mim,
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eu tento me lembrar de que existem
outras formas de enxergá-los.
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Talvez meu colega estivesse confuso,
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talvez meu amigo estivesse preocupado,
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e talvez meu marido estivesse
só tentando ajudar.
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Todos nós vemos o mundo
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com a mente,
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e em alguns dias, pode parecer
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que o mundo é um lugar perigoso,
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desafiador e insuportável,
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mas não tem que ser assim o tempo todo.
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Nós podemos aprender a vê-lo diferente,
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e quando encontrarmos uma maneira
de fazer o mundo
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parecer mais legal e mais fácil,
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talvez ele realmente se torne
melhor e mais fácil.
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Obrigada.
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(Aplausos)