Um mundo sem raça | Octavia Geiger e Allegra Benites | TEDxArcadiaUniversity

Octavia Geiger e Allegra Benites falam sobre as problemáticas atuais com raça nos Estados Unidos e o futuro dessas questões.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

Octavia Geiger: Olá, sou Octavia.

Allegra Benites: E eu, Allegra.

Estamos aqui hoje
para perguntar: o que é racismo?

A definição oficial de racismo

é preconceito ou discriminação
de alguém de uma raça diferente

baseado na crença de que
sua própria raça seja superior.

Isso às vezes se confunde
com estereotipar.

No entanto, o estereótipo é ter uma noção
preconcebida sobre um grupo de pessoas

ou um certo tipo de pessoa.

Embora se confundam, eles têm diferenças.

Há uma longa história de racismo
nos Estados Unidos.

No entanto, estamos aqui hoje para falar
sobre o futuro do racismo em nosso país.

OG: Existem 7 bilhões de pessoas no mundo.

Isso é muita gente.

Elas não são homogêneas.

Elas vêm de diferentes raças e etnias,

que possuem diferentes
culturas e tradições.

Por exemplo,

o continente africano é composto
de 54 países diferentes e diversos.

E o povo do Botswana é muito diferente
do povo da Etiópia.

Diferentes culturas e tradições
possuem coisas diferentes.

Por exemplo, no mundo de hoje,

muitas pessoas têm
muitas diferentes culturas

que realmente as movem e que de fato
definem quem eles querem ser.

Nos Estados Unidos, categorizamos
pessoas baseados em culturas diferentes.

E o mundo é pequeno
e grande ao mesmo tempo.

Pequeno porque o acesso
à informação não tem precedentes.

Se alguém tem os meios, pode viajar
para uma região diferente do país

ou pesquisar uma cultura indígena
ao alcance das mãos.

Mas o mundo é fisicamente grande.

A Terra é a casa de todos nós.

Nos Estados Unidos, temos diferentes
categorias que classificam as pessoas

e definem como são tratadas neste país.

O modo mais conhecido de categorizar
as pessoas nos EUA é raça.

Além da raça, classe
e status socioeconômico

são outras maneiras
como categorizamos as pessoas.

AB: Então, como o racismo
é perpetuado na sociedade?

É baseado puramente na cor da nossa pele,
ou existem outros fatores que o compõem?

A "National Geographic" publicou um artigo

em que eles previram como serão
os humanos daqui a 50 anos.

Como se pode ver nestas fotos,

é muito difícil dizer a que categoria
as pessoas pertencem.

Pelo rosto de alguém, não podemos dizer
que eles são brancos ou asiáticos.

O censo demográfico dos EUA

só começou a fazer estatísticas
de pessoas multirraciais em 2000.

Naquele primeiro ano,

6,8 milhões de pessoas se identificaram
como tendo duas ou mais raças,

e, apenas 10 anos depois, em 2010,

esse número saltou
para 9 milhões de pessoas.

Isso mostra o quão rápido
essa categoria cresce nos Estados Unidos,

e como isso está afetando o racismo
nos Estados Unidos e o que vai mudar.

OG: Me identifico como afro-americana,

mas venho de múltiplas
identidades diferentes.

Meu pai é porto-riquenho,

minha avó paterna
é nativa norte-americana.

tenho ancestrais distantes
da França e Irlanda.

Então, tecnicamente, sou apenas
um conglomerado de raças diferentes.

Hoje nos Estados Unidos, há cerca
de 300 milhões de pessoas.

Isso é muita gente.

E pessoas brancas ou caucasianas
são a maioria, em torno de 63,7%.

Os afro-americanos vêm
em seguida, cerca de 12,2%.

E pessoas hispânicas ou latinas
depois, em torno de 16,3%,

seguidas por pequenas porcentagens
de asiáticos, índios norte-americanos,

insulares do Pacífico,
nativos do Alasca, etc.

Aqui em Arcadia, a população
é de cerca de 4 mil alunos,

e reflete bem a demografia nacional.

Na Arcadia, são 63,3%
de brancos caucasianos,

seguidos por afro-americanos,
cerca de 10,2%,

nativos norte-americanos, cerca de 0,7%,

e a população hispano-latina
compõe cerca de 8,2%,

refletindo continuamente
a demografia nacional.

AB: Essa diversidade crescente faz
com que mais pessoas perguntem:

"O que você é?" ou "De onde você é?"

Há muita gente criando
seus próprios nomes,

pois não é tão simples
responder a essa pergunta.

Se alguém é negro e chinês,
pode se chamar de "chinegro".

Tenho um amigo que é filipino
e latino e se denomina "filatino".

Minha família me chama
de "cafe con leche", café com leite,

porque sou metade latina e metade branca.

Então, essa diversidade crescente
coloca uma questão

de como os seres humanos
vão dividir as pessoas no futuro.

Isso sempre será baseado
na cor da nossa pele?

Nos tempos antigos, na era medieval,
o racismo na verdade não existia.

A divisão das pessoas se baseava
em quanto dinheiro tinham

ou a língua que falavam
ou qual era a sua religião.

E, no Brasil, raça e riqueza na verdade
têm muito a ver um com o outro.

Se você for mais rico ou mais pobre,

a categoria racial atribuída a você
pode, na verdade, mudar.

OG: Então, no geral,

podemos dizer que temos uma visão
muito pessimista da natureza humana.

Acreditamos que a sociedade sempre acha
uma maneira de dividir as pessoas.

Seja pela divisão socioeconômica

ou racial, ou uma divisão
inteiramente nova,

a sociedade sempre acha uma maneira
de ter os que têm e os que não têm.

AB: Mas a ideia de que sempre se achará
uma maneira de dividir os outros

é apenas isso: uma ideia.

Raça é uma construção social
e não um fato biológico.

Então talvez um mundo sem raça

dê uma oportunidade aos norte-americanos,

uma oportunidade para reavaliar
como percebemos atualmente o racismo

e uma oportunidade
de aproveitar esta oportunidade

e pensar em novas maneiras
de aceitar as pessoas por quem elas são

e nem sempre criar essas divisões,

seja essa pessoa negra, branca
"filatino" ou "cafe con leche".

Obrigada.

(Aplausos)