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Porque é que a luz precisa da escuridão | Rogier van der Heide | TEDxAmsterdam

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    Vocês devem estar muito inspirados
    depois deste longo dia,
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    mas também devem estar cansados, não é?
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    Esta é a última intervenção
    do programa, antes da noite,
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    por isso vou começar rapidamente.
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    Está no ecrã uma bela frase que diz:
  • 0:21 - 0:26
    "A luz cria ambiente,
    dá a sensação de espaço,
  • 0:26 - 0:29
    "a luz também é
    a expressão da estrutura".
  • 0:30 - 0:31
    Esta frase não é minha.
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    É de Le Corbusier, o famoso arquiteto.
  • 0:36 - 0:40
    Vemos aqui o que ele queria dizer
    num dos seus belos edifícios
  • 0:40 - 0:44
    — a capela de Notre Dame du Haut
    em Ronchamp —
  • 0:45 - 0:49
    onde ele cria esta luz que só pôde fazer
    porque também há escuridão.
  • 0:51 - 0:56
    Penso que isso é a quintessência
    desta palestra de 18 minutos,
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    ou seja, não há uma boa iluminação
    saudável e que crie o nosso bem-estar
  • 1:01 - 1:04
    sem uma escuridão adequada.
  • 1:06 - 1:09
    Isto é como habitualmente
    iluminamos os escritórios.
  • 1:09 - 1:11
    Temos códigos e padrões que nos dizem
  • 1:11 - 1:14
    quantos lux deve ter
    a intensidade luminosa
  • 1:14 - 1:16
    e a dimensão da uniformidade.
  • 1:16 - 1:21
    É assim que criamos a uniformidade
    da iluminação de uma parede a outra,
  • 1:21 - 1:24
    com uma rede regular de lâmpadas.
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    Isto é muito diferente
    do trabalho de Le Corbusier.
  • 1:30 - 1:34
    Se aplicássemos esses códigos e padrões
    ao Panteão em Roma,
  • 1:34 - 1:36
    ele nunca teria este aspeto,
  • 1:36 - 1:41
    porque esta magnífica luminosidade
    que se apresenta naturalmente,
  • 1:41 - 1:45
    só é possível porque também
    há escuridão no mesmo edifício.
  • 1:47 - 1:50
    É mais ou menos o mesmo
    que Santiago Calatrava disse:
  • 1:50 - 1:55
    "A luz: introduzo-a nos meus edifícios
    para criar conforto".
  • 1:55 - 1:58
    E não se referia ao conforto
    de um jantar de cinco pratos,
  • 1:58 - 2:00
    em contraste com uma refeição
    do prato do dia,
  • 2:00 - 2:02
    referia-se ao verdadeiro conforto
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    da qualidade do edifício para as pessoas.
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    Referia-se a que podemos ver o céu
    e a ter a experiência do Sol.
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    Criou estes edifícios esplendorosos
    onde podemos ver o céu
  • 2:16 - 2:18
    e onde temos a experiência do Sol,
  • 2:18 - 2:21
    que nos dão uma vida melhor
    no ambiente artificial,
  • 2:22 - 2:28
    apenas através da importância da luz
    no seu brilho e também nas suas sombras.
  • 2:29 - 2:32
    Claro que tudo isto se reduz ao Sol.
  • 2:32 - 2:37
    Esta imagem do Sol pode sugerir
    que o Sol é mau e agressivo
  • 2:37 - 2:42
    mas não esqueçamos que a energia
    deste planeta provém do Sol
  • 2:42 - 2:47
    e a luz é apenas uma manifestação
    dessa energia.
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    O Sol é dinâmico,
    é o responsável pelas cores.
  • 2:51 - 2:54
    O Sol é responsável pela beleza
    do nosso ambiente,
  • 2:54 - 2:58
    como neste edifício
    — o High Museum de Atlanta,
  • 2:58 - 3:03
    que foi criado por Renzo Piano, de Itália,
    em conjunto com a Arup Lighting,
  • 3:03 - 3:06
    uma equipa brilhante
    de "designers" da iluminação,
  • 3:06 - 3:11
    que criaram uma modulação
    muito subtil da luz, pelo espaço,
  • 3:11 - 3:14
    correspondendo ao que o Sol faz lá fora,
  • 3:14 - 3:17
    graças àquelas bonitas aberturas no teto.
  • 3:17 - 3:21
    Assim, de forma indireta,
    podemos ver o Sol.
  • 3:21 - 3:25
    Eles criaram um elemento
    integrado no edifício
  • 3:25 - 3:31
    para melhorar a qualidade do espaço
    que rodeia os visitantes do museu.
  • 3:31 - 3:34
    Criaram esta sombra que vemos aqui
  • 3:35 - 3:38
    que tapa o Sol,
  • 3:38 - 3:41
    mas que permite a entrada de luz
    que vem do céu.
  • 3:42 - 3:46
    Vemos aqui como imaginaram
    um ótimo procedimento de "design"
  • 3:46 - 3:47
    usando modelos físicos,
  • 3:47 - 3:50
    com métodos quantitativos e qualitativos,
  • 3:50 - 3:55
    para chegar à solução final,
    plenamente integrada
  • 3:55 - 3:57
    e totalmente abrangente com a arquitetura.
  • 3:57 - 4:00
    Permitiram-se alguns erros
    ao longo do processo.
  • 4:00 - 4:02
    Como vemos aqui
    há alguma luz direta no chão,
  • 4:02 - 4:05
    mas detetaram facilmente
    de onde ela vinha.
  • 4:06 - 4:12
    Também permitem que os visitantes
    desfrutem o Sol, a parte boa do Sol.
  • 4:13 - 4:17
    Há muitas maneiras diferentes
    de desfrutar o Sol.
  • 4:17 - 4:19
    Pode ser assim,
  • 4:19 - 4:22
    ou pode ser assim,
    o que é bastante peculiar,
  • 4:23 - 4:25
    mas isto é em 1963,
  • 4:25 - 4:29
    trata-se da observação
    de um eclipse do Sol nos EUA.
  • 4:29 - 4:31
    Lá em cima, há uma relativa luminosidade,
  • 4:31 - 4:34
    por isso, as pessoas descobriram
    uma solução muito curiosa.
  • 4:35 - 4:38
    Acho que esta é uma imagem
    que ilustra bem o que quero dizer:
  • 4:38 - 4:42
    trazer para o interior do edifício
    esta maravilhosa dinâmica do Sol
  • 4:43 - 4:48
    cria uma qualidade do nosso ambiente
    arquitetónico que melhora a nossa vida.
  • 4:49 - 4:52
    A obscuridade é tão importante
    como a luminosidade
  • 4:52 - 4:55
    porque, senão, não veríamos esta dinâmica.
  • 4:55 - 4:59
    Em contraste com o escritório
    que vos mostrei no início da palestra,
  • 4:59 - 5:03
    este é um escritório muito conhecido:
    é a sede do Weidt Group.
  • 5:03 - 5:06
    Trabalham em consultadoria
    de energia verde, ou qualquer coisa assim.
  • 5:06 - 5:08
    E põem em prática aquilo que pregam,
  • 5:08 - 5:11
    porque este escritório não tem
    nenhuma iluminação elétrica.
  • 5:11 - 5:15
    De um lado, só tem esta enorme
    janela de vidro
  • 5:15 - 5:19
    que deixa entrar a luz do Sol
    a jorros no espaço
  • 5:19 - 5:22
    e cria uma esplêndida qualidade
    e uma gama muito dinâmica.
  • 5:22 - 5:25
    Portanto, a luz pode estar fraca
    e fazemos o nosso trabalho
  • 5:25 - 5:27
    ou estar muito luminosa
    e fazemos o nosso trabalho.
  • 5:27 - 5:31
    Mas acontece que os olhos humanos
    são extremamente adaptáveis
  • 5:31 - 5:35
    a todas estas situações diferentes
    que, juntas, criam um ambiente
  • 5:35 - 5:38
    que nunca é aborrecido
    e que nunca é monótono
  • 5:38 - 5:41
    e, portanto, nos ajuda
    a melhorar a nossa vida.
  • 5:42 - 5:45
    Tenho de fazer uma curta
    apresentação deste homem.
  • 5:45 - 5:49
    É Richard Kelly que nasceu há 100 anos.
  • 5:49 - 5:53
    Trago-o hoje aqui porque
    o seu aniversário é este ano.
  • 5:53 - 5:58
    Nos anos 30, Richard Kelly
    foi a primeira pessoa a descrever
  • 5:58 - 6:00
    uma metodologia do "design"
    da iluminação moderna.
  • 6:00 - 6:02
    E criou três termos:
  • 6:02 - 6:07
    "focal glow", "ambient luminescence"
    e "play of the brilliants"
  • 6:07 - 6:12
    três ideias muito distintas
    sobre a luz na arquitetura
  • 6:12 - 6:16
    que, em conjunto, criam
    uma vivência extraordinária.
  • 6:16 - 6:18
    Para começar, "focal glow".
  • 6:18 - 6:21
    Kelly refere-se a uma luz
    que dá orientação ao espaço
  • 6:21 - 6:23
    e nos ajuda a orientarmo-nos.
  • 6:23 - 6:26
    Ou a uma coisa como esta:
    a iluminação que ele concebeu
  • 6:26 - 6:28
    para o salão de exposição
    da General Motors.
  • 6:28 - 6:30
    Ao entrar nesse espaço, sentimos.
  • 6:30 - 6:33
    "Uau! Isto é impressionante",
  • 6:33 - 6:37
    por causa deste ponto focal,
    desta enorme fonte luminosa no meio.
  • 6:37 - 6:39
    Para mim, é uma coisa tirada do teatro
  • 6:39 - 6:41
    e já volto a isto daqui a bocado.
  • 6:41 - 6:44
    É o projetor sobre o artista
    que nos ajuda a focarmo-nos.
  • 6:45 - 6:48
    Também podia ser a luz do sol
    que rompe através das nuvens
  • 6:48 - 6:51
    e ilumina um pedaço do terreno,
  • 6:51 - 6:55
    iluminando-o em contraponto
    com o ambiente sombrio.
  • 6:55 - 6:59
    Ou pode ser a iluminação
    nos centros comerciais atuais,
  • 6:59 - 7:03
    iluminando as mercadorias
    e orientando-nos no caminho.
  • 7:03 - 7:06
    "Ambient luminescence"
    é uma coisa muito diferente.
  • 7:06 - 7:09
    Richard Kelly viu-a
    como uma coisa infinita,
  • 7:09 - 7:12
    uma coisa sem qualquer ponto focal,
  • 7:12 - 7:16
    uma coisa em que os pormenores
    se dissolvem no infinito.
  • 7:18 - 7:21
    Eu vejo-a como um tipo de luz
    muito confortável
  • 7:21 - 7:24
    que nos ajuda a relaxar e a contemplar.
  • 7:24 - 7:26
    Também pode ser uma coisa como esta:
  • 7:26 - 7:28
    o Museu Nacional de Ciências em Londres,
  • 7:28 - 7:33
    onde a luz azul engloba
    todas as exposições e galerias
  • 7:33 - 7:35
    num amplo gesto.
  • 7:35 - 7:39
    Por fim, o jogo de luzes para decoração,
    que, para Kelly, serve para diversão
  • 7:39 - 7:42
    e adiciona ambiente e vida
    à linha do horizonte de Hong Kong,
  • 7:42 - 7:45
    ou talvez o candelabro
    da casa da ópera,
  • 7:45 - 7:47
    ou aqui neste teatro,
  • 7:47 - 7:51
    que é a decoração, a cobertura do bolo,
    uma coisa divertida,
  • 7:51 - 7:57
    uma coisa que é apenas uma adição
    ao ambiente arquitetónico,
  • 7:57 - 7:59
    segundo penso.
  • 7:59 - 8:01
    A associação destes
    três elementos distintos,
  • 8:01 - 8:05
    formam uma luminosidade ambiental
    que nos ajuda a sentirmo-nos melhor.
  • 8:05 - 8:08
    Só podemos criar este efeito
    a partir da escuridão.
  • 8:08 - 8:09
    Vou explicar isso melhor.
  • 8:09 - 8:12
    Penso que é uma coisa
    que Richard Kelly, aqui à esquerda,
  • 8:12 - 8:15
    estava a explicar
    a Ludwig Mies van Der Rohe.
  • 8:15 - 8:18
    Por detrás deles, vemos o Edifício Seagram
  • 8:18 - 8:22
    que veio a ser um ícone
    do moderno "design" da iluminação.
  • 8:23 - 8:27
    Nessa época, já havia tentativas
    para a terapia luminosa.
  • 8:27 - 8:30
    Vemos aqui uma foto
    da Biblioteca de Medicina dos EUA,
  • 8:30 - 8:34
    onde as pessoas são expostas ao sol
    para melhorarem.
  • 8:35 - 8:38
    Este aspeto da luz na saúde
    é uma história um pouco diferente
  • 8:38 - 8:41
    da que vos vou contar hoje.
  • 8:41 - 8:43
    Na medicina moderna de hoje
  • 8:43 - 8:51
    há uma verdadeira compreensão da luz
    de uma forma quase bioquímica.
  • 8:52 - 8:56
    Há a ideia de que,
    quando olhamos para as coisas,
  • 8:56 - 8:58
    é a luz amarela que mais nos ajuda,
  • 8:58 - 9:00
    a que somos mais sensíveis.
  • 9:00 - 9:02
    Mas os nossos ritmos circadianos
  • 9:02 - 9:05
    que são os ritmos que nos ajudam
    a acordar e a dormir,
  • 9:05 - 9:08
    a estarmos acordados e descontraídos
    etc., etc.,
  • 9:08 - 9:10
    são mais bem desencadeados
    pela luz azul.
  • 9:10 - 9:14
    Regulando a quantidade de azul
    no ambiente,
  • 9:14 - 9:17
    podemos ajudar as pessoas
    a descontrair, ou a estar vigilantes,
  • 9:17 - 9:20
    a adormecer ou a ficar acordados.
  • 9:20 - 9:26
    É assim que, num futuro próximo,
    a luz pode ajudar os hospitais
  • 9:26 - 9:31
    a tratarem mais rapidamente as pessoas,
    a recuperá-las mais depressa.
  • 9:31 - 9:35
    Talvez nos aviões, possamos
    ultrapassar o "jet lag", deste modo.
  • 9:35 - 9:38
    Talvez na escola, possamos ajudar
    as crianças a aprender melhor,
  • 9:38 - 9:41
    porque podem concentrar-se
    mais no seu trabalho.
  • 9:41 - 9:43
    Podemos imaginar muito mais aplicações.
  • 9:43 - 9:45
    Mas gostava de falar mais
  • 9:45 - 9:50
    sobre a combinação da luz e da escuridão
  • 9:50 - 9:53
    como uma qualidade na nossa vida.
  • 9:54 - 9:57
    Claro que a luz também
    serve para interações sociais,
  • 9:57 - 10:01
    para criar relações
    com tudo o que nos rodeia.
  • 10:01 - 10:03
    É o local onde nos reunimos
  • 10:03 - 10:06
    quando temos qualquer coisa
    a dizer uns aos outros.
  • 10:06 - 10:08
    Tem tudo a ver com este planeta.
  • 10:08 - 10:10
    Mas, quando olhamos
    para este planeta, à noite,
  • 10:10 - 10:12
    ele tem este aspeto.
  • 10:12 - 10:15
    Penso que esta é a imagem
    mais chocante da minha palestra.
  • 10:15 - 10:19
    Porque toda esta luz aqui
    sobe para o céu.
  • 10:19 - 10:24
    Nunca atinge o solo
    a que estava destinada.
  • 10:24 - 10:26
    Não serve para benefício das pessoas.
  • 10:26 - 10:29
    Só estraga a escuridão.
  • 10:29 - 10:31
    À escala global, tem este aspeto.
  • 10:31 - 10:34
    É realmente espantoso o que vemos aqui,
  • 10:34 - 10:40
    a quantidade de luz que sobe para o céu
    e nunca atinge o solo.
  • 10:40 - 10:42
    Porque, se olharmos para a Terra
    como ela devia ser,
  • 10:42 - 10:46
    seria uma coisa parecida
    com esta imagem inspiradora
  • 10:46 - 10:50
    em que a escuridão serve
    a nossa imaginação e a nossa contemplação
  • 10:50 - 10:53
    e nos ajuda a relacionarmo-nos com tudo.
  • 10:54 - 10:55
    Mas o mundo está a mudar
  • 10:55 - 10:58
    e a urbanização
    é um grande motor para tudo.
  • 10:58 - 11:00
    Tirei esta foto há duas semanas
    em Guangzhou
  • 11:00 - 11:05
    e apercebi-me que, há 10 anos,
    estes edifícios não existiam.
  • 11:06 - 11:09
    Era apenas uma cidade muito mais pequena
  • 11:09 - 11:12
    e o ritmo da urbanização
    é incrível e enorme.
  • 11:12 - 11:15
    Temos de perceber
    estas questões principais.
  • 11:15 - 11:19
    Como é que as pessoas se movimentam
    por estes novos espaços urbanos?
  • 11:19 - 11:20
    Como é que partilham a sua cultura?
  • 11:20 - 11:23
    Como lidamos com coisas
    como a mobilidade?
  • 11:23 - 11:25
    Como é que a luz pode ajudar?
  • 11:25 - 11:26
    Porque as novas tecnologias
  • 11:26 - 11:29
    parecem estar numa posição
    deveras interessante
  • 11:29 - 11:33
    para contribuírem
    para as soluções da urbanização
  • 11:33 - 11:36
    e nos proporcionarem
    melhores ambientes.
  • 11:36 - 11:37
    Não foi há muito tempo
  • 11:37 - 11:41
    que a nossa iluminação
    era feita com este tipo de candeeiros.
  • 11:41 - 11:43
    Tínhamos os candeeiros
    metálicos a halogénio,
  • 11:43 - 11:45
    as lâmpadas fluorescentes
    e coisas dessas.
  • 11:45 - 11:47
    Hoje temos as LED,
  • 11:47 - 11:51
    mas vemos aqui a última,
    e como é incrivelmente pequena.
  • 11:51 - 11:54
    É isto que nos oferece
    uma oportunidade única
  • 11:54 - 11:58
    porque este tamanho minúsculo
    permite-nos
  • 11:58 - 12:00
    colocar a luz onde ela faça falta.
  • 12:00 - 12:03
    Podemos dispensá-la
    onde não seja precisa para nada
  • 12:03 - 12:05
    e onde possamos preservar a escuridão.
  • 12:05 - 12:07
    Penso que esta é uma proposta
    muito interessante
  • 12:07 - 12:11
    e uma nova forma de iluminar
    o ambiente arquitetónico
  • 12:11 - 12:13
    tendo em mente o nosso bem-estar.
  • 12:13 - 12:17
    O problema é que eu queria explicar
    como tudo isto funciona
  • 12:17 - 12:19
    mas tenho quatro ou cinco coisas
    destas no meu dedo
  • 12:19 - 12:22
    e vocês não conseguem vê-las.
  • 12:22 - 12:25
    Assim, pedi ao laboratório que arranjasse
    uma maneira e eles disseram:
  • 12:25 - 12:27
    "Bom, podemos fazer uma coisa".
  • 12:27 - 12:29
    Criaram para mim, a maior LED do mundo,
  • 12:29 - 12:31
    especialmente para a TEDx em Amsterdão.
  • 12:31 - 12:33
    Está aqui.
  • 12:33 - 12:35
    É a mesma coisa que podem ver ali,
  • 12:35 - 12:37
    mas 200 vezes maior.
  • 12:37 - 12:40
    Vou, rapidamente, mostrar como funciona.
  • 12:40 - 12:42
    Só para explicar.
  • 12:43 - 12:48
    Todas as LED que se fazem atualmente,
    dão uma luz azul.
  • 12:49 - 12:53
    Isso não é muito agradável
    nem confortável.
  • 12:53 - 12:59
    Por isso, tapamos a LED
    com uma capa de fósforo.
  • 12:59 - 13:02
    O fósforo é excitado pelo azul
  • 13:02 - 13:05
    e torna a luz branca, quente e agradável.
  • 13:05 - 13:08
    Quando lhe acrescentamos a lente,
  • 13:08 - 13:11
    podemos criar um feixe de luz
    e enviá-la para onde queremos
  • 13:11 - 13:15
    sem necessidade de desperdiçar luz
    para o céu ou para qualquer outro local.
  • 13:15 - 13:18
    Podemos preservar a escuridão
    e iluminar.
  • 13:18 - 13:23
    Só queria mostrar-vos
    para perceberem como isto funciona.
  • 13:23 - 13:24
    (Aplausos)
  • 13:24 - 13:25
    Obrigado.
  • 13:26 - 13:28
    Podemos continuar.
  • 13:28 - 13:31
    Temos de repensar a forma
    como iluminamos as cidades.
  • 13:31 - 13:35
    Temos de pensar de novo
    na luz como uma solução por defeito.
  • 13:35 - 13:38
    Porque é que estas estradas
    estão permanentemente iluminadas?
  • 13:38 - 13:40
    Será mesmo necessário?
  • 13:40 - 13:42
    Será que podemos ser mais seletivos
  • 13:42 - 13:45
    e criar melhores ambientes
    que também beneficiem da escuridão?
  • 13:45 - 13:47
    Podemos ser mais gentis com a luz?
  • 13:47 - 13:49
    Como aqui — este aqui
    é um nível muito baixo.
  • 13:49 - 13:53
    Será que podemos envolver mais as pessoas
    nos projetos de iluminação que criamos
  • 13:53 - 13:56
    para elas quererem envolverem-se?
  • 13:56 - 14:00
    Ou podemos criar esculturas
    que sejam inspiradoras?
  • 14:00 - 14:03
    Poderemos preservar a escuridão?
  • 14:03 - 14:05
    Porque encontrar um local
    como este, na Terra,
  • 14:05 - 14:08
    é hoje muito, mas muito problemático.
  • 14:08 - 14:11
    Encontrar um céu estrelado como este
    ainda é mais difícil.
  • 14:11 - 14:14
    Mesmo nos oceanos,
    estamos a criar muita luz,
  • 14:14 - 14:16
    que podíamos eliminar
  • 14:16 - 14:21
    para a vida animal também ter
    um bem-estar muito maior.
  • 14:21 - 14:25
    Sabe-se que as aves migratórias,
    por exemplo, se desorientam
  • 14:25 - 14:27
    por causa destas plataformas marítimas.
  • 14:27 - 14:29
    Descobrimos que, quando
    lhes pomos estas luzes verdes,
  • 14:29 - 14:32
    as aves seguem a direção certa.
  • 14:32 - 14:34
    Deixam de se perturbar.
  • 14:34 - 14:36
    Acontece, mais uma vez,
  • 14:36 - 14:40
    que a sensibilidade espetral
    é muito importante nisto.
  • 14:40 - 14:43
    Penso que, em todos estes exemplos,
  • 14:43 - 14:46
    devíamos começar a fazer luz da escuridão
  • 14:46 - 14:50
    e usar a escuridão como uma tela
    — como fazem os artistas visuais,
  • 14:50 - 14:52
    como Edward Hopper nesta pintura.
  • 14:52 - 14:55
    Acho que há muito suspense
    nesta pintura.
  • 14:56 - 14:59
    Quando a vejo, começo a pensar,
    quem são estas pessoas?
  • 14:59 - 15:01
    De onde vieram?
    Para onde vão?
  • 15:01 - 15:02
    O que aconteceu?
  • 15:02 - 15:05
    O que irá acontecer
    nos próximos cinco minutos?
  • 15:05 - 15:07
    Abrange todas essas histórias
    e todo este suspense,
  • 15:07 - 15:09
    por causa da escuridão e da luz.
  • 15:09 - 15:11
    Edward Hopper era um verdadeiro mestre
  • 15:11 - 15:15
    na criação da narrativa
    trabalhando com a luz e a escuridão.
  • 15:15 - 15:16
    Podemos aprender com ele
  • 15:16 - 15:20
    e criar ambientes arquitetónicos
    mais interessantes e inspiradores.
  • 15:20 - 15:23
    Podemos fazer isso em espaços
    comerciais como este.
  • 15:23 - 15:25
    E podemos continuar a sair para a rua
  • 15:25 - 15:30
    e desfrutar o maior espetáculo do universo
  • 15:30 - 15:33
    que, claro, é o próprio universo.
  • 15:35 - 15:40
    Dou-vos esta espantosa imagem
    informativa do céu,
  • 15:40 - 15:42
    que parte do interior da cidade,
  • 15:42 - 15:45
    onde vemos uma ou duas estrelas
    e nada mais,
  • 15:45 - 15:47
    até a um ambiente rural,
  • 15:48 - 15:52
    onde desfrutamos este espetáculo
    esplendoroso e belo
  • 15:52 - 15:54
    das constelações e das estrelas.
  • 15:55 - 15:58
    Na arquitetura, funciona do mesmo modo.
  • 15:58 - 16:02
    Apreciando a escuridão
    quando imaginamos a luz,
  • 16:02 - 16:04
    criamos ambientes
    muito mais interessantes
  • 16:04 - 16:07
    que melhoram deveras a nossa vida.
  • 16:07 - 16:11
    Este é o exemplo mais conhecido,
    a Igreja da Luz, de Tadao Ando.
  • 16:11 - 16:16
    Mas também penso no "spa", em Vals,
    de Peter Zumthor
  • 16:17 - 16:20
    onde a luz e a escuridão,
    em combinações muito subtis,
  • 16:20 - 16:22
    se alteram uma à outra,
    para definir o espaço.
  • 16:22 - 16:26
    Ou a estação de metro Southwark,
    em Londres, de Richard MacCormac,
  • 16:26 - 16:29
    onde podemos ver o céu,
    apesar de estarmos debaixo do chão.
  • 16:29 - 16:31
    Por fim, quero sublinhar
  • 16:31 - 16:34
    que muita desta inspiração
    provém do teatro.
  • 16:34 - 16:38
    Penso que é fantástico estarmos
    hoje a realizar um TEDx
  • 16:38 - 16:41
    num teatro, pela primeira vez,
  • 16:41 - 16:45
    porque penso que devemos
    ao teatro um grande agradecimento.
  • 16:45 - 16:49
    Não haveria uma cenografia
    tão inspiradora sem este teatro.
  • 16:49 - 16:55
    Penso que o teatro é um local
    onde podemos melhorar a vida com a luz.
  • 16:56 - 16:57
    Muito obrigado.
  • 16:57 - 16:59
    (Aplausos)
Title:
Porque é que a luz precisa da escuridão | Rogier van der Heide | TEDxAmsterdam
Description:

Rogier van der Heide, arquiteto da iluminação oferece-nos uma nova forma magnífica de ver o mundo — prestando atenção à luz (e à escuridão). Exemplos de edifícios clássicos ilustram uma visão profundamente ponderada quanto ao papel da luz à nossa volta.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:04

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