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Bruno, eu entendi que a startup
tem vários momentos,
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ela tem vária fases, desde a ideia
que nasce ali, no curso de MBA,
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ou em um bar, ou em uma
conversa entre amigos, entre familiares.
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Então, essa parte mais da ideia
nascente ou da ideação,
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que é a fase
mais inicial possível,
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e nós temos uma evolução,
e é claro que os aspectos jurídicos
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vão acompanhar a vida da startup
em cada uma dessas etapas.
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Mas, eu queria que tentássemos
resgatar aqui nesse vídeo
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algumas dicas que podemos dar
para essa fase da ideação,
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e para a fase do MVP, lembrando
que MVP é o mínimo produto viável.
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Então, é como eu vou implementar
aquela ideia minimamente
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para poder fazer
um teste.
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Eu tenho uma experiência
que eu quero mostrar para alguém,
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e eu quero validar se aquela
ideia vai ser um sucesso ou não,
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ou eu quero testar se vai ter
aderência do meu público externo.
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Então, será que realmente
as pessoas vão utilizar esse produto?
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Vamos dar um exemplo rápido aqui,
só para ficar mais claro.
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Então, se fôssemos
falar de um carro,
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eu quero lançar um novo
modelo de carro que é elétrico.
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Tem que começar com
uma experiência mais simples possível.
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Se eu quero testar o carro elétrico,
tem que ser algo que não precise
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de posto de gasolina
para abastecer.
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Eu vou ter
que abastecer em casa.
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Será que, nesse caso,
uma bicicleta elétrica já não funciona
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para proporcionar
essa experiência que é
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não ter que ir até o posto
fazer um abastecimento?
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Então, MVP é isso. É um teste
que fazemos para provar que aquela ideia
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é minimamente válida,
um mínimo produto viável.
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Então, é a experiência que eu quero
causar no meu consumidor em potencial.
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Ou seja, essa é uma
das fases iniciais.
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Eu tive a ideia,
eu vou evoluir para MVP.
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E nós temos outras fases
na maturação de uma startup.
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Mas, Bruno, eu queria muito
resgatar contigo aqui
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algumas dicas que podemos dar,
principalmente para esses dois momentos
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do empreendedor
ou do empreendimento.
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Então, é fase da ideação,
quando nasce a ideia,
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e a fase do MVP.
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Tem alguma dica
que você possa nos dar aqui?
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Sim. Renato, é interessante
a sua colocação
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porque eu acho que na fase da ideação,
o que os sócios podem trabalhar
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é essa questão do alinhamento,
alinhamento de expectativas.
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Sentar-se juntos, em um ambiente
mais informal como um bar,
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onde, talvez,
tenha surgido a ideia,
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e fazer esse alinhamento,
o que cada um espera da startup,
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o que cada um está disposto a contribuir,
seja em tempo ou seja em recursos, né?
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Fazer esse exercício, que vai ser
produtivo para todas as partes envolvidas,
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o sócio, naquele momento,
e fazer um documento que,
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não necessariamente,
precise ser formal.
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Não se preocupe
com a forma nesse momento.
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Se preocupe muito mais
com o exercício.
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É sempre importante
colocar no papel
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porque as pessoas podem
esquecer o que elas falaram
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ou o que elas
se comprometeram.
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Então, é importante colocar no papel,
colocar as ideias no papel,
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e todo mundo pode
simplesmente vistar o papel,
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não tem uma formalidade.
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Eu não recomendaria ficar
preocupado com a formalidade
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nesse momento da ideação.
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No segundo momento,
que é a criação do MVP,
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a validação do propósito
da startup ou do produto,
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você traz aquele papel.
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Ele começou a criar uma cultura societária,
do relacionamento entre os sócios.
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A startup começa a sair do ambiente
informal, porque, até agora,
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ela é uma sociedade
de fato, não de direito,
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e você vai constituir
a empresa propriamente dita,
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seja na forma de sociedade limitada,
aí você vai criar um contrato social,
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ou, se já quiser ir para uma forma
de sociedade anônima, o estatuto social.
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Normalmente, você cria sociedade
limitada por uma questão de custos,
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e em um segundo momento,
quando você recebe investidor,
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você passa para a forma
de sociedade anônima.
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Isso é possível, e é importante ficar claro
que é possível mudar a forma societária.
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E alguns pontos que foram anteriormente
conversados com os sócios
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podem ser trazidos para um acordo
de sócios ou acordo de acionistas, né?
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Um acordo de sócios na limitada,
um acordo de acionistas na S/A.
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O acordo de sócios pode
estabelecer algumas regras
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de como você vai tratar direitos políticos
e patrimoniais dentre os sócios.
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Políticos, você fala como vocês vão
deliberar determinadas matérias.
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Porque, se são três sócios...
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Vamos dar o exemplo de quatro sócios,
quatro ou cinco sócios.
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Nós podemos estabelecer
um quórum qualificado
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para determinado assunto,
que seja crítico, seja sensível, né?
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Direitos patrimoniais. "Se aparecer
um investidor ou um comprador aqui,
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como nós vamos
tratar esse assunto?
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Qual vai ser a forma
de avaliação da startup?
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Fazer o valuation disso.
"Chegamos até aqui, já tem algum valor?"
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ou se um dos sócios quiser sair
como vão fazer a forma de saída dele,
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a apuração do valor disso
e como vai fazer a forma de pagamento.
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Então, você vai tratando
em momentos distintos,
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ou seja, mais informal,
também de forma mais leve,
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mais suave aquelas questões.
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Naquele primeiro momento, se quiser trazer
um advogado para assessorar, tudo bem,
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mas eu não
vejo necessidade.
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Você não precisa fazer despesa
com advogado nesse momento.
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Mas, no segundo
momento, é inevitável,
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porque realmente você tem que construir
um estatuto, o contrato social,
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e esse acordo que ele faz cria
uma série de regras entre as partes, né?
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Por exemplo, a cláusula de saída
é relevante. Ninguém pensa, né?
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Porque quando você está
na empolgação no início,
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ninguém pensa nela.
Mas ela é fundamental.
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Muitas startups morrem
porque elas não estabelecem isso,
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e um dos sócios quer sair,
ele é fundamental,
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ou ele é o criador
do código-fonte, do software,
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e não foi tratado isso.
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Então, a questão da propriedade intelectual,
e também é importante ficar claro
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desde o início que tudo
que for gerado do ponto de vista
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de propriedade intelectual,
aquele ativo intangível,
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um software, direitos autorais
relativos ao website,
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ou até, eventualmente, uma patente,
vão ser transferidas para a sociedade,
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porque talvez seja até o ativo
mais valioso da empresa,
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embora intangível, né?
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Não é um carro, não é um imóvel,
mas é fundamental depois
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para a captação
de investimento.
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Então, nós estamos
falando o seguinte:
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se nós pegássemos
como exemplo aqui o Netflix.
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Vamos imaginar serviços de streamings
super massificado, muitos assinantes,
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e hoje... Vamos pensar que eles fossem
5 sócios no passado,
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um dos sócios foi quem escreveu
o código-fonte, e, de repente,
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essa propriedade intelectual
do algoritmo do Netflix
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não foi passada para a sociedade,
está em uma pessoa física.
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Não sei se esse é o caso.
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Mas, nesse exemplo, se esse sócio
viesse a romper a sociedade,
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e se ele sai e fala: "Olha, o código-fonte
é meu, não é da sociedade",
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o Netflix nesse exemplo aqui,
extrapolando, quebraria,
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porque ele está perdendo
a propriedade intelectual,
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não é mais a sociedade
da pessoa física.
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Esse é um exemplo de quão nocivo é
o fato de não termos isso
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bem documentado, registrado,
e com o cuidado de ter
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a sociedade aparelhada,
é isso?
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Perfeito.
Exatamente, Renato.
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Na questão envolvendo
a propriedade intelectual,
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é fundamental que os ativos
sejam transferidos para a sociedade.
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Então, ativos intangíveis, e que isso tudo
seja documentado e formalizado,
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diferente do que falávamos
na fase de ideação,
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quando você se senta com o seu sócio
e tentar fazer um exercício de alinhamento,
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e que comentamos:
"Ah, a forma aqui não é importante."
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Na questão na propriedade
intelectual é fundamental.
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Então, ter que ser formalizado,
tem que ser documentado realmente.
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Tem que ficar claro
que foi transferido, ou seja,
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a propriedade foi
transferida para a startup.
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Então, estamos tendo dicas aqui
que são fundamentais
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para ajudar a startup
estar mais segura
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sobre o que está sendo
desenvolvido pelos sócios,
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pelos funcionários também.
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Então, de novo, evitamos que lá na frente
nós tenhamos que fazer
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um acionamento judicial,
ou fazer exercício da lei,
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de outas formas que talvez
desprendam mais recursos,
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ou seja, que a startup tenha que gastar
mais dinheiro acionando judicialmente,
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enfim, algum outro órgão,
ou até processando alguma outra empresa.
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Essa é a importância de pensar tudo
no começo para prevenirmos
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e se precaver de ter gastos
mais onerosos no futuro?
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Exatamente, Renato,
perfeito.
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Então, tudo o que nós falamos aqui
é fundamental para a prevenção de litígios.
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E é um pouco
a cultura brasileira
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o deixar de fazer algo
imaginando que está economizando
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e é justificável, porque é
o momento de escassez de recursos,
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você está começando o empreendimento,
tem que focar no negócio,
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mas a prevenção de recurso
sai muito mais barata,
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do que lá na frente
você ter que enfrentar um litígio.
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E, muitas vezes, o litígio pode ser
o falecimento prematuro da sua startup.
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Então, são dicas importantes
para dar sobrevivência,
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longa vida, longo prazo
a essa startup,
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começando pelo alinhamento
com os seus sócios,
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depois os potenciais investidores
que também podem se tornar seus sócios
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no empreendimento, e também na questão
dos ativos importantes hoje em dia,
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porque quando falamos de startup,
falamos muito em tecnologia,
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e a propriedade intelectual
é algo fundamental.
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Então, são pontos fundamentais
nessas duas primeiras fases,
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de ideação e de validação
do MVP da startup.
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É exatamente o que você falou,
que a prevenção do litígio
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sai muito mais em conta, seja do ponto
de vista de recurso ou de tempo,
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de economia de tempo
e de recurso,
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do que lá na frente você ter
que encarar um litígio.
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E como nós
ponderamos aqui?
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Algumas questões você pode
trazer de uma forma mais...
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Pode ser informal, você não precisa
costurar, precisa trazer um advogado.
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É só uma questão
de criar cultura.
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No segundo momento,
algumas questões são relevantes.
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Você precisa documentar,
formalizar.
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É recomendável a dica de que realmente
você busque uma assessoria de um advogado.
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Eu sei que, às vezes,
isso é chato.
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O advogado procurado
é aquele da família.
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Mas, conversa. Conversa porque ele pode
te dar uma dica,
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uma orientação que pode
te economizar bastante tempo
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e bastante
dor de cabeça no futuro.
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Então, é importante.
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O nosso recado é que é importante
pensar nessas questões desde o início.
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Eu acho que esse
é o ponto fundamental.
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Bruno, muito obrigado
pela troca de conhecimento,
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por essas dicas tão importantes
para quem tem a missão de empreender.
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E você já sabe.
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Agora, já falamos um pouco
sobre a fase inicial da sua startup.
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Você teve uma excelente ideia
e quer lançá-la no mercado,
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é ótimo que você pense em várias
variáveis diferentes
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que temos nesse início de operação,
e pode ser que você esteja vivendo
-
um momento de mais escassez,
porque você está iniciando um empreendimento,
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mas é importante mesmo nesse
momento de escassez de recursos
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pensar se não é importante
formalizar algumas questões
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da startup para que no futuro
não tenha dor de cabeça?
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Então, é fundamental que no momento
da criação dessa sua startup
-
você também se preocupe
com os aspectos jurídicos
-
que vão perfazer
a sua operação.