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Como a seleção argentina de futebol de cegos se tornou campeã

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    Eu abri a cabeça de um cego.
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    Eu não o fiz pensar ou refletir,
    abri sua cabeça literalmente.
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    Ele vinha colado ao meu ombro,
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    não calculei que ocupava
    um espaço ao lado de meu corpo
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    e fiz ele se chocar contra uma grade.
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    (Risos)
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    Levou cinco pontos na testa.
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    Naquele momento, me senti
    o pior professor do mundo.
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    Na verdade, não sabia
    como pedir desculpas a ele.
  • 0:28 - 0:34
    Por sorte o Pulga é dessas pessoas
    que levam as coisas na boa.
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    Até hoje ele diz que eu fui o treinador
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    que deixou a marca mais
    importante na sua carreira.
  • 0:40 - 0:41
    (Risos)
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    Na verdade, quando comecei
    a trabalhar no instituto para cegos,
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    me surpreendi com muitas coisas.
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    Muitas coisas que eles faziam
    e que eu não imaginava que podiam fazer:
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    faziam natação, atletismo,
    jogavam truco, tomavam chimarrão,
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    eles mesmos preparavam e não se queimavam.
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    Mas quando vi que jogavam
    futebol, aquilo me pareceu incrível.
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    Tinham uma quadra de terra
    com traves enferrujadas e redes furadas
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    e os cegos que iam ao instituto
    jogavam sua partidinha de futebol,
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    como eu fazia no campinho
    da esquina de casa,
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    mas eles jogavam sem enxergar.
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    A bola fazia um som
    para que pudessem localizá-la;
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    havia um guia atrás da trave adversária
    para saberem aonde chutar,
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    e usavam uma venda.
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    Alguns garotos tinham um pouco de visão,
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    e para ficarem todos
    em iguais condições, usavam a venda.
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    Quando ganhei um pouco da confiança deles,
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    me animei a pedir uma venda e fui jogar;
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    eu tinha jogado futebol a vida toda.
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    Mas foi incrível, em dois segundos
    eu já não sabia onde estava.
  • 1:50 - 1:52
    Na verdade eu tinha
    estudado educação física
  • 1:52 - 1:54
    porque era fascinado por alto rendimento.
  • 1:54 - 1:56
    Comecei a trabalhar ali por acaso.
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    Meu outro trabalho era
    na seleção argentina de remo,
  • 1:59 - 2:01
    e sentia que aquela era minha praia.
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    Aqui tudo me era mais difícil.
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    Nunca vou me esquecer do primeiro dia
    que fiz o aquecimento da equipe.
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    Coloquei-os de frente para mim, eu tinha
    experiência com a seleção de remo,
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    e disse: "Bem, agora
    todo mundo pra baixo",
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    e fiz isso.
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    Quando olhei, dois estavam sentados,
    três deitados, outros de cócoras.
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    (Risos)
  • 2:21 - 2:25
    Como fazer aqui, o mesmo que eu fazia lá?
  • 2:27 - 2:28
    Foi bem difícil.
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    Comecei a procurar ferramentas,
    a aprender com eles
  • 2:32 - 2:34
    e com os professores
    que já trabalhavam com eles.
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    Aprendi que não podia explicar uma jogada
    no quadro, como faz um técnico,
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    mas podia usar uma bandeja plástica
    com tampinhas para me interpretarem
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    através do tato.
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    Aprendi que eles também podiam
    correr em uma pista de atletismo,
  • 2:48 - 2:51
    se eu corresse com eles
    segurando em uma corda.
  • 2:51 - 2:54
    Então começamos a procurar voluntários
    que nos ajudassem a correr com eles.
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    E fui gostando e encontrando
    o objetivo e o sentido da atividade.
  • 3:02 - 3:06
    Foi difícil, no início era incômodo,
    mas me propus a superar esse incômodo.
  • 3:06 - 3:09
    E chegou um momento em que foi,
    de todos os meus trabalhos,
  • 3:09 - 3:10
    o que mais me apaixonou.
  • 3:11 - 3:14
    Acho que foi então que me perguntei
  • 3:14 - 3:16
    por que não podíamos ser,
    também com os cegos,
  • 3:16 - 3:19
    uma equipe de alto rendimento?
  • 3:19 - 3:23
    Claro, faltava o outro lado,
    tinha que ver o que eles queriam,
  • 3:23 - 3:26
    os verdadeiros protagonistas
    dessa história.
  • 3:27 - 3:30
    Não iam conseguir com três horas
    de treino naquela quadra de terra
  • 3:30 - 3:32
    em que jogávamos futebol.
  • 3:32 - 3:34
    Teriam que treinar de outra forma.
  • 3:34 - 3:39
    Começamos a exigir, e a resposta
    foi magnífica: pediam mais.
  • 3:40 - 3:44
    Entendi que eles também se perguntavam
    por que não podiam ser de alto rendimento.
  • 3:45 - 3:49
    Quando nos sentimos preparados,
    fomos bater à porta do CeNARD,
  • 3:49 - 3:53
    o Centro Nacional de Alto Rendimento
    que temos neste país.
  • 3:53 - 3:58
    Foi difícil abrirem para nós,
    mas foi ainda mais difícil
  • 3:58 - 4:03
    que os outros atletas que já treinavam
    ali, nos considerassem como pares.
  • 4:03 - 4:07
    Na verdade nos emprestavam a quadra
    só quando nenhuma outra equipe a usava.
  • 4:07 - 4:12
    E éramos "os ceguinhos",
    ninguém sabia o que fazíamos ali.
  • 4:14 - 4:18
    O mundial de 2006 foi uma guinada
    na história da equipe.
  • 4:18 - 4:21
    Pela primeira vez ocorria em Buenos Aires,
  • 4:21 - 4:24
    e era a oportunidade de mostrar aos nossos
  • 4:24 - 4:27
    o que já vínhamos fazendo há algum tempo.
  • 4:27 - 4:31
    Chegamos à final, vínhamos
    crescendo como equipe.
  • 4:31 - 4:34
    O outro time na final era o Brasil,
  • 4:34 - 4:37
    tinha sido a melhor equipe do torneio.
  • 4:37 - 4:39
    Ganhava todas as partidas de goleada.
  • 4:40 - 4:45
    Quase ninguém acreditava
    que poderíamos ganhar a partida.
  • 4:46 - 4:48
    Quase ninguém além de nós.
  • 4:49 - 4:52
    Na concentração, no vestiário,
  • 4:52 - 4:56
    em cada treino havia cheiro de campeão.
  • 4:58 - 5:00
    Juro que esse cheiro existe.
  • 5:00 - 5:03
    Eu o senti várias vezes com a equipe,
  • 5:03 - 5:07
    mas me recordo em especial
    da véspera dessa final.
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    A Associação Argentina de Futebol
    tinha aberto as portas para nós
  • 5:10 - 5:12
    e estávamos concentrados na AFA,
  • 5:12 - 5:14
    onde se concentravam
    Verón, Higuaín, Messi.
  • 5:14 - 5:20
    Nós nos sentíamos uma seleção
    de verdade pela primeira vez.
  • 5:20 - 5:24
    Na palestra técnica, no dia anterior,
    às sete e meia da noite,
  • 5:25 - 5:27
    estávamos no salão
  • 5:27 - 5:31
    e um rapaz bate à porta,
    interrompendo a palestra,
  • 5:31 - 5:32
    e propõe que fôssemos a uma igreja.
  • 5:32 - 5:35
    Veio nos convidar para irmos a uma igreja.
  • 5:35 - 5:39
    Tratei de dissuadi-lo, dizendo
    que não era o melhor momento,
  • 5:39 - 5:42
    que deixássemos para outro dia.
  • 5:42 - 5:47
    E ele insiste que, por favor, eu deixasse
    ele levar os garotos à igreja
  • 5:48 - 5:51
    porque nesse dia ia um pastor
    que fazia milagres.
  • 5:52 - 5:56
    Perguntei com um pouco de medo
    a que milagre se referia,
  • 5:56 - 6:00
    e muito à vontade me falou: "Professor,
    deixe-me levar a equipe à igreja
  • 6:00 - 6:04
    que tenho certeza que, ao voltar,
    a metade estará enxergando".
  • 6:05 - 6:06
    (Risos)
  • 6:09 - 6:13
    Escutei algumas gargalhadas,
    mas imaginem dizer isso a um cego.
  • 6:13 - 6:17
    Eu não sabia o que responder, fiquei
    calado, se fez um silêncio incômodo.
  • 6:17 - 6:22
    Eu não queria fazê-lo sentir-se mal,
    pois ele realmente acreditava naquilo.
  • 6:22 - 6:26
    Um jogador me tirou do apuro,
    levantou-se e disse, com muita segurança:
  • 6:26 - 6:31
    "Juan, o Gonza já te disse que não é
    o melhor momento para ir à igreja.
  • 6:31 - 6:35
    Mas deixa eu te esclarecer outra coisa:
    se formos a essa igreja,
  • 6:35 - 6:37
    e na volta eu estiver
    entre a metade que enxerga,
  • 6:37 - 6:41
    te encho de porrada, porque amanhã
    não vou poder jogar a partida".
  • 6:41 - 6:42
    (Risos)
  • 6:42 - 6:44
    (Aplausos)
  • 6:53 - 6:59
    Juan se foi, rindo e um pouco resignado,
    continuamos com a palestra,
  • 7:00 - 7:03
    e naquela noite, quando fui dormir,
  • 7:03 - 7:06
    comecei a imaginar
    a partida do dia seguinte,
  • 7:06 - 7:09
    imaginar o que podia acontecer,
    como íamos jogar.
  • 7:09 - 7:13
    Foi então que senti esse cheiro
    de campeão que falei há pouco.
  • 7:13 - 7:16
    Porque naquele momento eu senti
    que se os outros jogadores
  • 7:16 - 7:20
    tinham a mesma vontade que Diego
    de jogar essa partida,
  • 7:20 - 7:22
    não podíamos não ser campeões.
  • 7:24 - 7:26
    O dia seguinte ia ser maravilhoso.
  • 7:26 - 7:28
    Nos levantamos às nove da manhã,
  • 7:28 - 7:32
    a partida era às sete da noite,
    e nós já queríamos jogar.
  • 7:32 - 7:37
    Saímos da AFA numa van cheia de bandeiras
  • 7:37 - 7:38
    que haviam nos presenteado,
  • 7:39 - 7:41
    íamos falando sobre a partida
  • 7:41 - 7:44
    e escutando buzinas e gritos
    de pessoas que nos diziam:
  • 7:44 - 7:47
    "Vamos, Murciélagos, hoje
    é o último dia, o último esforço".
  • 7:47 - 7:51
    Os garotos me perguntavam:
    "Eles nos conhecem? Sabem que jogamos?"
  • 7:51 - 7:54
    Pessoas que iam ao CeNARD, seguiam a van.
  • 7:55 - 7:59
    Chegamos e nos deparamos
    com uma cena incrível.
  • 7:59 - 8:02
    E no trajeto do vestiário ao campo
  • 8:02 - 8:07
    eu vinha caminhando com o Silvio
    ao meu lado, guiando-o,
  • 8:07 - 8:11
    por sorte não havia
    nenhuma grade no caminho,
  • 8:11 - 8:12
    e quando chegamos ao campo,
  • 8:12 - 8:16
    ele me perguntava sobre tudo,
    não queria perder nenhum detalhe.
  • 8:16 - 8:20
    Ele me pedia: "Conte tudo que está vendo,
    quem está tocando esses bumbos".
  • 8:20 - 8:24
    Eu explicava o que acontecia,
    o mais detalhadamente possível.
  • 8:24 - 8:28
    Eu lhe dizia: "A arquibancada está cheia,
    um monte de gente ficou de fora,
  • 8:28 - 8:31
    há balões azuis e brancos
    por todo o estádio,
  • 8:31 - 8:33
    estão abrindo uma bandeira
    gigante da Argentina,
  • 8:33 - 8:35
    que ocupa toda a arquibancada..."
  • 8:35 - 8:38
    Em um momento ele me interrompe e diz:
  • 8:38 - 8:41
    "Presta atenção se você vê
    uma bandeira escrita San Pedro",
  • 8:43 - 8:45
    a cidade onde ele mora.
  • 8:45 - 8:46
    Começo a procurar na arquibancada
  • 8:46 - 8:51
    e lá em cima vejo, pequena,
    branca e pintada com spray preto,
  • 8:51 - 8:56
    uma bandeira que dizia: "Silvio,
    tua família e toda San Pedro presentes".
  • 8:56 - 9:00
    Digo a ele e ele me diz:
    "Ali está minha mãe.
  • 9:00 - 9:03
    Por favor, me diz onde está
    que quero saudá-la".
  • 9:04 - 9:07
    Eu o posiciono e com seu braço
    indico onde está a bandeira,
  • 9:07 - 9:10
    e com os dois braços
    ele saúda naquela direção.
  • 9:10 - 9:13
    Umas 20 ou 30 pessoas
    se levantam para aplaudi-lo,
  • 9:13 - 9:15
    e quando isso acontece
  • 9:15 - 9:17
    vejo como sua expressão
    se transforma, como se emociona.
  • 9:18 - 9:20
    Eu também me emocionei,
  • 9:20 - 9:23
    mas por dois segundos
    fiquei com um nó na garganta.
  • 9:23 - 9:26
    Foi incomum, porque sentia a emoção
    do que estava acontecendo,
  • 9:26 - 9:30
    e a raiva e a angústia
    por ele não ver tudo aquilo.
  • 9:31 - 9:37
    Uns dias depois, quando falei com ele
    e contei o que tinha me acontecido,
  • 9:37 - 9:42
    ele me tranquilizou dizendo:
    "Gonza, fica tranquilo, eu os vi.
  • 9:43 - 9:46
    De outra forma, mas te juro
    que vi todos eles".
  • 9:47 - 9:48
    Começou a partida,
  • 9:48 - 9:51
    não podíamos perder, era a final.
  • 9:51 - 9:54
    As pessoas tinham que ficar em silêncio,
  • 9:54 - 9:55
    porque no futebol de cegos
  • 9:55 - 9:59
    o público precisa fazer silêncio
    para que escutem a bola.
  • 9:59 - 10:02
    E só podiam torcer
    quando a partida estivesse parada.
  • 10:02 - 10:06
    Faltando oito minutos
    para o fim da partida,
  • 10:06 - 10:08
    gritaram tudo que não
    tinham gritado antes.
  • 10:08 - 10:13
    Quando o Silvio cravou a bola no ângulo,
  • 10:13 - 10:16
    comemoraram o gol de uma maneira incrível.
  • 10:19 - 10:22
    Hoje, se vocês forem ao CeNARD,
    ao passarem pela porta
  • 10:22 - 10:25
    verão um cartaz enorme
    com a foto dos Murciélagos.
  • 10:26 - 10:31
    São uma seleção modelo do país,
    no CeNARD todos sabem quem eles são,
  • 10:31 - 10:35
    e depois de terem ganhado dois campeonatos
    mundiais e duas medalhas paralímpicas,
  • 10:35 - 10:38
    ninguém duvida que eles
    sejam de alto rendimento.
  • 10:38 - 10:41
    (Aplausos)
  • 10:55 - 10:58
    Tive a sorte de treinar essa equipe,
  • 10:58 - 11:01
    primeiro como preparador físico
    e depois como diretor técnico,
  • 11:01 - 11:03
    durante dez anos.
  • 11:03 - 11:09
    A sensação que tenho é que recebi
    muito mais do que dei a eles.
  • 11:10 - 11:16
    No ano passado me propuseram treinar
    outra seleção, a Powerchair Fútbol.
  • 11:17 - 11:21
    É uma seleção argentina de garotos
    que jogam futebol em cadeira de rodas.
  • 11:22 - 11:25
    São cadeiras de rodas motorizadas,
    que manejam com um joystick,
  • 11:25 - 11:29
    porque não têm força nos braços
    para impulsionar uma cadeira convencional.
  • 11:29 - 11:32
    Usam um tipo de para-choque
    como uma proteção na cadeira
  • 11:32 - 11:35
    que, além de proteger seus pés,
    lhes permite chutar a bola.
  • 11:36 - 11:40
    É a primeira vez que eles
    deixam de ser espectadores,
  • 11:40 - 11:42
    para serem protagonistas.
  • 11:42 - 11:47
    É a primeira vez que seus pais,
    amigos e irmãos podem vê-los jogando.
  • 11:48 - 11:50
    Para mim é um novo desafio.
  • 11:50 - 11:55
    De novo o incômodo, a insegurança,
    o medo de quando comecei com os cegos.
  • 11:56 - 11:58
    Sim, enfrento isso com mais experiência.
  • 11:58 - 12:03
    Por isso desde o primeiro dia eu os trato
    dentro da quadra como desportistas,
  • 12:04 - 12:06
    e fora dela me coloco em seus lugares.
  • 12:06 - 12:12
    Sem nenhum preconceito, porque tratando-os
    naturalmente é como se sentem melhor.
  • 12:13 - 12:18
    As duas equipes jogam futebol,
    algo impensado para eles.
  • 12:18 - 12:22
    Tiveram que adaptar as regras, sim.
  • 12:23 - 12:26
    E as duas equipes quebraram a mesma regra,
  • 12:26 - 12:29
    justamente a que dizia
    que eles não podiam jogar futebol.
  • 12:30 - 12:31
    Quando alguém os vê jogando,
  • 12:31 - 12:34
    não vê deficiência, vê competência.
  • 12:34 - 12:39
    O problema é quando termina
    a partida e saem da quadra
  • 12:39 - 12:42
    para jogar a nossa partida,
  • 12:42 - 12:44
    em uma sociedade que estabelece regras
  • 12:44 - 12:47
    que não os leva em conta,
    que não cuida deles.
  • 12:48 - 12:49
    Com o esporte eu aprendi
  • 12:49 - 12:53
    que a deficiência depende
    muito das regras do jogo.
  • 12:53 - 12:57
    Por isso acredito que, se trocarmos
    algumas regras da nossa partida,
  • 12:57 - 13:00
    podemos tornar a vida
    um pouco mais fácil para eles.
  • 13:01 - 13:06
    Todos sabemos que existem pessoas
    com deficiência, vemos isso diariamente.
  • 13:07 - 13:10
    Mas talvez por não termos
    contato direto com elas,
  • 13:10 - 13:13
    não sejamos conscientes da problemática
    que enfrentam no dia a dia.
  • 13:13 - 13:15
    Como é difícil subir em um ônibus,
  • 13:15 - 13:19
    conseguir um trabalho,
    pegar o metrô, atravessar uma rua.
  • 13:20 - 13:24
    É certo que há uma maior
    responsabilidade social
  • 13:24 - 13:27
    em relação à inclusão
    de pessoas com deficiência.
  • 13:28 - 13:31
    Mas acredito que ainda não é o suficiente.
  • 13:31 - 13:34
    Acredito que a mudança
    deve ocorrer em cada um de nós.
  • 13:34 - 13:38
    Primeiro, deixando de lado
    a indiferença em relação a eles,
  • 13:38 - 13:41
    e depois, respeitando as regras
    que os levam em conta.
  • 13:41 - 13:43
    São poucas, mas existem.
  • 13:45 - 13:49
    Eu abri a cabeça de um cego, o Pulga.
  • 13:49 - 13:52
    Posso garantir que essas duas equipes
    também abriram a minha,
  • 13:53 - 13:56
    porque me ensinaram, sobretudo,
    que devemos jogar cada partida
  • 13:56 - 13:58
    neste lindo campeonato que é a vida.
  • 13:58 - 13:59
    Obrigado.
  • 13:59 - 14:02
    (Aplausos)
Title:
Como a seleção argentina de futebol de cegos se tornou campeã
Speaker:
Gonzalo Vilariño
Description:

Com carinho e respeito, Gonzalo Vilariño conta a cativante história da seleção de futebol argentina de cegos. Como uma confiança sincera neles mesmos e em suas capacidades levou os jogadores de um humilde começo a serem duas vezes campeões do mundo. "Devemos jogar cada partida deste lindo campeonato que é a vida", diz Vilariño.

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Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:19

Portuguese, Brazilian subtitles

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