O comportamento moral nos animais
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0:01 - 0:03Nasci em Den Bosch,
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0:03 - 0:05nome que o pintor Hieronymus Bosch
adotou para seu apelido. -
0:06 - 0:09Por isso, sempre gostei muito deste pintor
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0:09 - 0:11que viveu e trabalhou no século XV.
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0:11 - 0:13O que é interessante sobre ele
em relação à moral, -
0:13 - 0:17é que ele viveu num tempo
em que a influência da religião diminuía, -
0:17 - 0:18e ele andava como que a imaginar,
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0:18 - 0:20o que aconteceria à sociedade
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0:20 - 0:22se não houvesse religião
ou se houvesse menos religião. -
0:22 - 0:26Então pintou este quadro famoso,
"O Jardim das Delícias Terrenas", -
0:26 - 0:30que alguns têm interpretado
como a humanidade antes da Queda, -
0:30 - 0:33ou a humanidade, sem qualquer Queda.
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0:33 - 0:35Por isso, faz-nos pensar
o que aconteceria -
0:35 - 0:38se não tivéssemos experimentado
o fruto da sabedoria, -
0:38 - 0:40e que tipo de moral teríamos.
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0:41 - 0:45Mais tarde, enquanto estudante,
fui a um jardim muito diferente -
0:45 - 0:49um jardim zoológico em Arnhem,
onde há chimpanzés. -
0:49 - 0:52Este sou eu, mais novo,
com um chimpanzé bebé. -
0:52 - 0:54(Risos)
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0:55 - 0:57E descobri ali
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0:57 - 1:00que os chimpanzés são muito sedentos
de poder, e escrevi um livro sobre isso. -
1:00 - 1:03Nessa altura, o foco
de muita investigação sobre animais -
1:03 - 1:05era a agressão e a competição.
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1:05 - 1:08Pintei uma imagem completa
do reino animal, a humanidade incluída, -
1:08 - 1:12em como no fundo
somos competitivos e agressivos, -
1:12 - 1:15fazemos tudo, basicamente,
para o nosso benefício. -
1:16 - 1:18Este é o lançamento do meu livro.
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1:18 - 1:20Não tenho a certeza
se os chimpanzés o leram bem, -
1:20 - 1:23mas, certamente,
pareciam interessados no livro. -
1:24 - 1:25(Risos)
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1:25 - 1:28No processo de fazer este trabalho,
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1:28 - 1:31sobre poder, domínio,
agressão e tudo o mais, -
1:31 - 1:34descobri que os chimpanzés
se reconciliam depois das lutas. -
1:34 - 1:36Vemos aqui dois machos
que estiveram a lutar. -
1:36 - 1:39Acabaram em cima de uma árvore,
e um deles estende a mão ao outro. -
1:39 - 1:41Um segundo depois de eu ter tirado a foto,
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1:41 - 1:43juntaram-se na bifurcação da árvore,
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1:43 - 1:45beijaram-se e abraçaram-se.
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1:45 - 1:46Isto é muito interessante
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1:46 - 1:50porque, na altura, era tudo
sobre competição e agressão, -
1:50 - 1:51e isto não fazia qualquer sentido.
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1:51 - 1:54A única coisa que interessa
é perder ou ganhar. -
1:54 - 1:56Mas porquê reconciliarem-se
depois de uma luta? -
1:56 - 1:58Isso não fazia qualquer sentido.
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1:58 - 2:01É assim que os bonobos o fazem.
Os bonobos fazem tudo com sexo. -
2:01 - 2:03Também se reconciliam com sexo.
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2:03 - 2:05Mas o princípio é exatamente o mesmo.
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2:05 - 2:08O princípio é que têm
uma relação valiosa -
2:08 - 2:10que é deteriorada por um conflito,
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2:10 - 2:13e por isso têm de fazer
qualquer coisa quanto a isso. -
2:13 - 2:15Por isso toda a minha imagem
do reino animal, -
2:15 - 2:17incluindo também os seres humanos,
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2:17 - 2:19começou a alterar-se nessa altura.
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2:19 - 2:23Temos uma imagem nas ciências políticas,
económicas, nas humanidades -
2:23 - 2:24e também até na filosofia,
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2:24 - 2:27que o homem é um lobo para o homem.
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2:27 - 2:30Portanto, bem no fundo,
a nossa natureza é perversa. -
2:30 - 2:33E acho que é uma imagem
muito injusta para o lobo. -
2:33 - 2:36O lobo é, afinal,
um animal muito cooperativo. -
2:36 - 2:39É por isso que muitos de vocês
têm um cão em casa, -
2:39 - 2:41que também tem
todas estas características. -
2:41 - 2:43É realmente injusto para a humanidade,
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2:43 - 2:46porque a humanidade até é
muito mais cooperativa e empática -
2:46 - 2:49do que o que lhe é reconhecido.
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2:49 - 2:51Comecei a interessar-me por estes assuntos
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2:51 - 2:53e a estudá-los noutros animais.
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2:53 - 2:55São estes os pilares da moral.
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2:55 - 2:58Se perguntarem a alguém:
"Em que assenta a moral?", -
2:58 - 3:01estes são os dois fatores
que aparecem sempre. -
3:01 - 3:03Um é a reciprocidade,
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3:03 - 3:06e associado a ela, um sentido
de justice e de imparcialidade. -
3:06 - 3:08E o outro é a empatia e a compaixão.
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3:08 - 3:10A moral humana é mais do que isto,
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3:10 - 3:13mas se removêssemos estes dois pilares,
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3:13 - 3:15não sobraria muito, acho eu.
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3:15 - 3:17Por isso, eles são
absolutamente essenciais. -
3:17 - 3:18Vou dar uns exemplos disso.
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3:18 - 3:21Este é um vídeo muito antigo
do Centro de Primatas de Yerkes, -
3:21 - 3:24onde treinam os chimpanzés para cooperar.
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3:24 - 3:26Já há cerca de cem anos
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3:26 - 3:29que andamos a fazer experiências
sobre cooperação. -
3:29 - 3:33Temos aqui dois jovens
chimpanzés e uma caixa. -
3:33 - 3:36A caixa é muito pesada
para um chimpanzé sozinho a puxar. -
3:36 - 3:38E, claro, há comida dentro da caixa.
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3:38 - 3:40Caso contrário eles não estariam
a puxá-la com tanta força. -
3:40 - 3:42Eles estão a puxar a caixa.
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3:42 - 3:44Vemos que estão sincronizados.
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3:44 - 3:46Vemos que eles trabalham juntos,
puxam ao mesmo tempo. -
3:46 - 3:50Já é um grande avanço em relação
a muitos outros animais, -
3:50 - 3:52que não seriam capazes de fazer isso.
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3:52 - 3:54Agora vamos ver um vídeo
mais interessante, -
3:54 - 3:57porque um dos chimpanzés
tinha sido alimentado. -
3:57 - 3:59Por isso um deles já não está
interessado na tarefa. -
3:59 - 4:02[Quando um dos animais não tem fome...
o outro encoraja-o,,,] -
4:03 - 4:05(Risos)
-
4:10 - 4:13(Risos)
-
4:20 - 4:23(Risos)
-
4:23 - 4:26[...até parece transmitir
o que quer, através de gestos.] -
4:37 - 4:39Agora vejam o que acontece
mesmo no fim disto. -
4:42 - 4:44(Risos)
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4:52 - 4:54Ele fica com tudo.
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4:54 - 4:57(Risos)
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4:58 - 5:00Há duas coisas interessantes nisto.
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5:00 - 5:01Uma é que o chimpanzé à direita
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5:01 - 5:04tem a perfeita compreensão
de que precisa de um parceiro, -
5:04 - 5:06da necessidade de cooperação.
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5:06 - 5:09A segunda é que o parceiro
está disposto a trabalhar -
5:09 - 5:11apesar de não estar interessado na comida.
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5:11 - 5:14Mas porquê? Provavelmente
tem a ver com a reciprocidade. -
5:14 - 5:16Há uma data de evidências
em primatas e outros animais -
5:16 - 5:18em como retribuem favores.
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5:18 - 5:22Portanto, ele verá o favor retribuído
nalgum momento no futuro. -
5:22 - 5:24É assim que tudo isto funciona.
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5:24 - 5:26Realizámos a mesma tarefa com elefantes.
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5:26 - 5:29Mas é muito perigoso
trabalhar com elefantes. -
5:29 - 5:30Outro problema com os elefantes
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5:30 - 5:32é que não conseguimos fazer um aparelho
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5:32 - 5:35que seja demasiado pesado
para um elefante sozinho. -
5:35 - 5:36Provavelmente até se consegue fazer,
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5:36 - 5:39mas será um aparelho bastante desajeitado.
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5:39 - 5:41Portanto, neste caso
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5:41 - 5:43— realizámos estes estudos
na Tailândia, para Josh Plotnik — -
5:43 - 5:47arranjámos um aparelho
à volta do qual há uma única corda. -
5:47 - 5:49Se puxarem por este lado da corda,
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5:49 - 5:51a corda desaparece no outro lado.
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5:51 - 5:55Os dois elefantes têm de pegar nela
exatamente ao mesmo tempo e puxar. -
5:55 - 5:57Senão, não vai acontecer nada
e a corda desaparece. -
5:57 - 5:59No primeiro vídeo que vão ver,
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5:59 - 6:02dois elefantes que são libertados juntos
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6:02 - 6:04chegam ao pé do aparelho.
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6:04 - 6:07O aparelho está à esquerda,
com comida lá dentro. -
6:07 - 6:10Eles vêm juntos, chegam juntos,
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6:10 - 6:12pegam-lhe juntos e puxam juntos.
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6:12 - 6:14Para eles, é muito simples.
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6:16 - 6:18Aqui estão eles, é muito simples.
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6:24 - 6:26É assim que puxam.
-
6:26 - 6:29Mas agora vamos tornar
as coisas mais difíceis, -
6:29 - 6:31uma vez que o objetivo desta experiência
-
6:31 - 6:33é ver quão bem
eles compreendem a cooperação. -
6:33 - 6:36Compreendem-na tão bem
como os chimpanzés, por exemplo? -
6:36 - 6:37Então, no passo seguinte,
-
6:37 - 6:39libertámos um elefante antes do outro,
-
6:39 - 6:42e esse elefante tem de ser
suficientemente esperto -
6:42 - 6:44para ficar ali e esperar,
sem puxar a corda -
6:44 - 6:47porque, se a puxar, a corda desaparece
e o teste termina. -
6:47 - 6:49Agora, este elefante faz algo ilegal
-
6:49 - 6:51que não lhe ensinámos.
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6:51 - 6:53Mas mostra-nos o entendimento que tem,
-
6:53 - 6:56porque põe o seu grande pé
em cima da corda, -
6:56 - 6:58apoia-se nela e espera ali pelo outro,
-
6:58 - 7:00e depois o outro fará
todo o trabalho para ele. -
7:00 - 7:03É o que chamamos de oportunismo.
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7:03 - 7:05(Risos)
-
7:06 - 7:09Mas mostra a inteligência
que os elefantes têm. -
7:09 - 7:12Desenvolvem várias
destas técnicas alternativas -
7:12 - 7:14que nós não aprovamos necessariamente.
-
7:15 - 7:17O outro elefante vem aí agora
-
7:20 - 7:23e vai puxar o aparelho.
-
7:39 - 7:42Agora olhem para o outro.
Não se esquece de comer, claro! -
7:42 - 7:45(Risos)
-
7:46 - 7:48Isto foi a cooperação,
a parte da reciprocidade. -
7:48 - 7:49Agora sobre a empatia.
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7:49 - 7:52A empatia é o meu tópico principal
de investigação, -
7:52 - 7:54A empatia tem duas qualidades.
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7:54 - 7:57Uma é a componente de compreensão.
Uma definição comum é esta: -
7:57 - 8:00A capacidade de compreender
e partilhar os sentimentos de outrem. -
8:00 - 8:01E a componente emocional.
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8:01 - 8:03A empatia tem basicamente dois canais.
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8:03 - 8:05Um é o canal do corpo.
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8:05 - 8:07Se falarem com uma pessoa triste,
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8:07 - 8:09vão adotar uma expressão triste
e uma postura triste, -
8:09 - 8:12e antes de se aperceberem
vão sentir-se tristes. -
8:12 - 8:15Isso é uma espécie de canal corporal
da empatia emocional -
8:15 - 8:17que muitos animais têm.
-
8:17 - 8:19O vosso cão também o tem.
-
8:19 - 8:21É por isso que as pessoas
têm mamíferos em casa -
8:21 - 8:23em vez de tartarugas ou cobras,
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8:23 - 8:25que não têm esse tipo de empatia.
-
8:25 - 8:26Depois, há o canal cognitivo,
-
8:26 - 8:29que é sermos capazes
de tomar a perspetiva de outrem. -
8:29 - 8:31E este é mais limitado.
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8:31 - 8:34Acho que os elefantes
e os grandes primatas conseguem fazê-lo -
8:34 - 8:36mas há muito poucos animais
que conseguem fazer isso. -
8:37 - 8:38A sincronização,
-
8:38 - 8:40que faz parte do mecanismo da empatia,
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8:40 - 8:42é muito antiga no reino animal.
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8:42 - 8:44Podemos estudá-la nos seres humanos
-
8:44 - 8:46através do contágio de bocejos.
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8:46 - 8:48As pessoas bocejam
quando outros bocejam. -
8:48 - 8:49Está relacionado com a empatia.
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8:49 - 8:52Ativa as mesmas áreas no cérebro.
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8:52 - 8:54Sabemos que pessoas
que têm um alto contágio por bocejos -
8:54 - 8:56são altamente empáticas.
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8:56 - 8:58Pessoas que têm problemas
com a empatia, como os autistas, -
8:58 - 9:00não sofrem o contágio de bocejos.
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9:00 - 9:02Portanto está relacionado.
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9:02 - 9:05Estudamos isso nos chimpanzés,
apresentando-lhes uma cabeça animada. -
9:05 - 9:07Eles veem aquilo ali à esquerda,
-
9:07 - 9:09uma cabeça animada que boceja.
-
9:09 - 9:11E está um chimpanzé a observar,
-
9:11 - 9:14um chimpanzé de carne e osso
a observar um ecrã de computador -
9:14 - 9:16no qual passamos estas animações.
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9:21 - 9:22(Risos)
-
9:23 - 9:25O contágio de bocejos
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9:25 - 9:27com que todos devem estar familiarizados
-
9:27 - 9:29— talvez comecem a bocejar
dentro de instantes — -
9:29 - 9:32é algo que partilhamos
com os outros animais. -
9:32 - 9:36Está relacionado com todo
o canal corporal da sincronização, -
9:36 - 9:37subjacente à empatia,
-
9:37 - 9:40e que é universal nos mamíferos,
basicamente. -
9:40 - 9:44Também estudamos expressões
mais complexas, como esta de consolo. -
9:44 - 9:47Este é um chimpanzé macho
que perdeu uma luta e está a gritar, -
9:47 - 9:49aparece um jovem
que põe um braço à volta dele -
9:49 - 9:50e acalma-o.
-
9:50 - 9:53Isto é consolo. É muito similar
ao consolo humano. -
9:54 - 9:56O comportamento de consolo
-
9:56 - 9:58é impulsionado pela empatia.
-
9:58 - 10:01Na verdade, a maneira de estudar
a empatia em crianças -
10:01 - 10:04é dar instruções a alguém
da família para se mostrar angustiado, -
10:04 - 10:06e vemos o que as crianças fazem.
-
10:06 - 10:08Portanto, está relacionado com a empatia.
-
10:08 - 10:11É este o tipo de expressões
que consideramos. -
10:11 - 10:14Também publicámos recentemente
uma experiência que talvez conheçam. -
10:14 - 10:16É sobre altruísmo e chimpanzés,
-
10:16 - 10:17em que a questão é:
-
10:17 - 10:20os chimpanzés preocupam-se
com o bem-estar dos outros? -
10:20 - 10:23Durante décadas, tem-se assumido
-
10:23 - 10:25que só os seres humanos fazem isso,
-
10:25 - 10:28que só os humanos se preocupam
com o bem-estar dos outros. -
10:28 - 10:30Fizemos uma experiência muito simples.
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10:30 - 10:33Realizámo-la em chimpanzés
que vivem em Lawrenceville, -
10:33 - 10:35uma estação de campo de Yerkes.
-
10:35 - 10:36É assim que eles vivem.
-
10:36 - 10:39Chamamo-los para uma sala
e fazemos experiências com eles. -
10:39 - 10:42Colocámos dois chimpanzés,
lado a lado. -
10:42 - 10:45Um tem um balde cheio de fichas
e as fichas têm diferentes significados. -
10:45 - 10:48Um tipo de fichas alimenta
apenas o parceiro que escolhe, -
10:48 - 10:50o outro tipo alimenta ambos.
-
10:50 - 10:52Este é um estudo
que fizemos com Vicky Horner. -
10:53 - 10:56E aqui temos as fichas de duas cores.
-
10:56 - 10:58Um deles tem um balde cheio delas
-
10:58 - 11:00e tem de escolher uma das duas cores.
-
11:01 - 11:03Vamos ver como é que isto se processa.
-
11:05 - 11:07Se este chimpanzé fizer a escolha egoísta,
-
11:07 - 11:10que, neste caso, é a ficha vermelha,
-
11:10 - 11:11tem de no-la dar.
-
11:11 - 11:15Nós pomo-la em cima da mesa
onde há duas recompensas comestíveis -
11:15 - 11:18mas só o chimpanzé
da direita recebe a comida. -
11:18 - 11:20O da esquerda vai-se embora,
porque já sabe -
11:20 - 11:22que este não é um bom teste para ele.
-
11:23 - 11:25A seguinte é a ficha pró-social.
-
11:25 - 11:28Aquele que faz a escolha
— esta é a parte gira — -
11:28 - 11:31para aquele que faz a escolha
tanto faz. -
11:31 - 11:35Ele agora dá-nos a ficha pró-social
e ambos os chimpanzés são alimentados. -
11:35 - 11:37Aquele que faz a escolha
ganha sempre uma recompensa. -
11:37 - 11:39Ou seja, não faz qualquer diferença.
-
11:39 - 11:41Podia escolher a ficha ao acaso.
-
11:41 - 11:45Mas descobrimos que eles preferem
as fichas pró-sociais. -
11:45 - 11:48Esta é a linha dos 50%,
que é a expetativa aleatória. -
11:48 - 11:52Se o parceiro chama a atenção
para si próprio, eles escolhem mais. -
11:52 - 11:54Se o parceiro o pressiona,
-
11:54 - 11:57— começa a cuspir-lhe água
e a intimidá-lo — -
11:57 - 12:00então as escolhas diminuem.
-
12:00 - 12:02É como se ele estivesse a dizer:
-
12:02 - 12:05"Se não te portas bem,
hoje não vou ser pró-social". -
12:05 - 12:07Isto é o que acontece sem um companheiro,
-
12:07 - 12:09quando não há nenhum
companheiro ali sentado. -
12:09 - 12:11Descobrimos que afinal
os chimpanzés se preocupam -
12:11 - 12:13com o bem-estar dos outros,
-
12:13 - 12:16especialmente se forem
outros membros do seu grupo. -
12:16 - 12:19A última experiência
de que vos quero falar -
12:19 - 12:21é o nosso estudo de justiça.
-
12:21 - 12:24Este tornou-se um estudo muito famoso.
-
12:24 - 12:25Agora já há muitos mais,
-
12:25 - 12:28porque, depois de o termos feito,
há uns dez anos, -
12:28 - 12:30tornou-se muito conhecido.
-
12:30 - 12:32Fizemo-lo inicialmente
com macacos-capuchinhos. -
12:32 - 12:35Vou mostrar a primeira
experiência que fizemos. -
12:35 - 12:37Agora já foi feita com cães, com aves
-
12:37 - 12:39e com chimpanzés.
-
12:40 - 12:43Mas com Sarah Brosnan, começámos
com macacos-capuchinhos. -
12:45 - 12:48Então, colocámos lado a lado
dois macacos-capuchinhos. -
12:48 - 12:50Estes animais vivem em grupo,
conhecem-se. -
12:50 - 12:53Tiramo-los do grupo e colocamo-los
numa câmara de ensaio. -
12:53 - 12:56Há uma tarefa muito simples
que eles têm de executar. -
12:56 - 12:59Se dermos pepinos a ambos para a tarefa,
-
12:59 - 13:01os dois macacos lado a lado
-
13:01 - 13:05eles ficam dispostos a fazer isto
25 vezes de seguida. -
13:05 - 13:07Portanto, o pepino, embora
na minha opinião, seja só água, -
13:07 - 13:10o pepino está bom para eles.
-
13:11 - 13:13Agora se derem uvas ao companheiro
-
13:13 - 13:16— a preferência alimentar
dos meus macacos-capuchinhos -
13:16 - 13:18corresponde exatamente
ao preço no supermercado — -
13:18 - 13:21se lhe dermos uvas
— uma comida bastante melhor — -
13:21 - 13:24criamos uma desigualdade entre eles.
-
13:25 - 13:27Foi esta a experiência que fizemos.
-
13:27 - 13:30Recentemente, gravámos um vídeo com
macacos que nunca fizeram a experiência, -
13:30 - 13:32pensando que eles talvez tivessem
uma reação mais acentuada, -
13:32 - 13:34o que veio a verificar-se ser verdade.
-
13:34 - 13:36O que está à esquerda é o macaco
que recebe o pepino. -
13:36 - 13:39O que está à direita
é o que recebe as uvas. -
13:39 - 13:40Aquele que recebe o pepino,
-
13:40 - 13:43— reparem que está tudo bem
com a primeira rodela de pepino. -
13:43 - 13:45Ele come a primeira rodela.
-
13:45 - 13:48Depois vê o outro a receber uvas,
e vão ver o que acontece. -
13:48 - 13:52Tem que dar-nos uma pedra.
É essa a tarefa. -
13:52 - 13:55Nós damos-lhe uma rodela de pepino
e ele come-a. -
13:56 - 13:58O outro tem de nos dar uma pedra.
-
13:58 - 14:00E é o que faz.
-
14:01 - 14:03E recebe uma uva e come-a.
-
14:04 - 14:06O outro vê isto.
-
14:07 - 14:08Dá-nos uma pedra
-
14:08 - 14:10e recebe, outra vez, pepino.
-
14:13 - 14:19(Risos)
-
14:28 - 14:31Agora testa uma pedra contra a parede.
-
14:31 - 14:32Tem de no-la dar.
-
14:33 - 14:35E recebe pepino outra vez.
-
14:37 - 14:40(Risos)
-
14:45 - 14:48Isto é basicamente o protesto Wall Street
que vemos aqui. -
14:48 - 14:50(Risos)
-
14:50 - 14:53(Aplausos)
-
14:54 - 14:55Deixem-me contar-vos
-
14:55 - 14:58— ainda tenho dois minutos —
uma história engraçada. -
14:58 - 15:00Este estudo tornou-se muito famoso
-
15:00 - 15:02e recebemos uma data de comentários,
-
15:02 - 15:06especialmente de antropólogos,
economistas, filósofos. -
15:06 - 15:07Eles não gostaram nada disto,
-
15:07 - 15:09porque tinham decidido
nas suas cabeças, acho eu, -
15:09 - 15:12que a justiça é um assunto muito complexo
-
15:12 - 15:14e que os animais não a podem ter.
-
15:14 - 15:17Houve um filósofo
que até nos escreveu a dizer -
15:17 - 15:20que era impossível que os macacos
tivessem um sentido de justiça -
15:20 - 15:23porque a justiça foi inventada
durante a Revolução Francesa. -
15:23 - 15:24(Risos)
-
15:25 - 15:27Houve outro que escreveu
um capítulo inteiro -
15:27 - 15:31dizendo que acreditaria
que tinha alguma coisa a ver com justiça -
15:31 - 15:34se aquele que recebeu as uvas
as tivesse recusado. -
15:34 - 15:36O engraçado é que Sarah Brosnan,
-
15:36 - 15:37que tem feito isto com chimpanzés,
-
15:37 - 15:40tinha algumas combinações de chimpanzés
-
15:40 - 15:43em que aquele que recebia
as uvas recusava-as -
15:43 - 15:45até que o outro também recebesse uvas.
-
15:45 - 15:48Portanto, estamos a aproximar-nos
muito do sentido de justiça humano. -
15:48 - 15:52Acho que os filósofos precisam de repensar
a sua filosofia por um momento. -
15:52 - 15:53Vou então resumir.
-
15:53 - 15:55Acredito que há uma moral evoluída.
-
15:55 - 15:59Acho que a moral é muito mais
do que aquilo de que tenho estado a falar, -
15:59 - 16:01mas seria impossível
sem estes ingredientes -
16:01 - 16:03que encontramos nos outros primatas,
-
16:03 - 16:05que são a empatia e o consolo,
-
16:05 - 16:08tendências pró-sociais, reciprocidade
e um sentido de justiça. -
16:08 - 16:11Por isso, trabalhamos
nestes assuntos particulares -
16:11 - 16:14para ver se conseguimos criar uma moral
de baixo para cima, -
16:14 - 16:16sem necessariamente
envolver Deus e religião, -
16:16 - 16:19e ver como é que conseguimos chegar
a uma moral evoluída. -
16:19 - 16:21Agradeço-vos pela vossa atenção.
-
16:22 - 16:24(Aplausos)
- Title:
- O comportamento moral nos animais
- Speaker:
- Frans de Waal
- Description:
-
Empatia, cooperação, justiça e reciprocidade — ter em atenção o bem-estar dos outros parece ser uma característica muito humana. Mas Frans de Waal partilha alguns vídeos surpreendentes de testes comportamentais, com primatas e outros mamíferos, que mostram como muitos destes traços morais são partilhados por todos nós.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:31
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Moral behavior in animals | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Moral behavior in animals | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Moral behavior in animals | ||
Ilona Bastos approved Portuguese subtitles for Moral behavior in animals | ||
Ilona Bastos edited Portuguese subtitles for Moral behavior in animals | ||
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Rafael Galupa commented on Portuguese subtitles for Moral behavior in animals | ||
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