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Como o Bail Project está reformulando a justiça criminal nos EUA

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    Manoush Zomorodi: Robin Steinberg,
    obrigada por ser minha primeira convidada
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    como nova apresentadora de TED Radio Hour.
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    Estou muito empolgada.
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    Robin Steinberg: Fico feliz.
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    (Aplausos)
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    MZ: Quero começar com o Bail Project,
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    como surgiu a ideia.
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    Dizem que dez anos atrás,
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    você e seu marido estavam jantando
    quando elaboraram o conceito.
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    Você era defensora pública
    há mais de 30 anos,
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    mas houve um momento
    em que decidiu que algo tinha que mudar.
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    RS: Nós dois passamos décadas
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    nas trincheiras do sistema jurídico
    criminal como defensores públicos,
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    lutando por cada cliente
    da melhor maneira possível,
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    defendendo a humanidade
    e dignidade das pessoas
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    e lutando pela liberdade delas.
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    E não importa quão bons advogados éramos;
    gosto de pensar que éramos muito bons;
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    e quanto lutávamos em nome de um cliente,
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    às vezes tudo se resumia
    a algumas centenas de dólares.
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    Se o cliente podia ou não pagar a fiança
    e lutar contra o caso dele em liberdade
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    ou se ficaria trancado
    na prisão em Rikers Island
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    e acabaria se declarando culpado,
    mesmo que não o fosse.
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    Isso nos enfurecia.
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    Às vezes, as respostas são simples
    e estão bem na nossa frente.
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    Pensamos: "E se pagássemos
    a fiança dos clientes?"
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    Daí a ideia de criar
    um fundo de fiança rotativo;
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    porque ela é devolvida no final do caso;
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    se pudéssemos arrecadar dinheiro
    e colocá-lo num fundo,
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    fazendo com que fosse rotativo,
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    poderíamos pagar a fiança
    para nossos clientes.
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    Isso foi em 2005.
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    Não se falava tanto em reforma
    da justiça criminal como se fala agora,
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    nem se falava muito
    sobre reforma da fiança,
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    e honestamente, passamos dois anos
    batendo à porta das pessoas.
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    Ninguém atendia.
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    Até que um dia, Jason Flom e sua família
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    decidiram arriscar e fizeram
    uma doação em 2007.
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    Começamos a testar o modelo
    de fundo rotativo de fiança.
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    Para ver o que aconteceria.
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    MZ: Você pode esclarecer
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    por que é tão importante
    alguém não estar preso
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    enquanto aguarda julgamento?
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    Você explicou no passado
    e realmente me impressionou,
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    porque eu não tinha ideia do que podia
    acontecer naqueles dias ou semanas
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    antes de alguém poder defender seu caso.
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    RS: Ficar preso por alguns dias
    pode mudar a trajetória de uma vida.
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    Não é apenas o lugar onde você
    pode ser vitimado, sexualmente,
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    ser exposto à violência,
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    ficar traumatizado de vários jeitos
    enquanto está na prisão,
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    até os primeiros dias ou uma semana
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    quando a maioria das mortes na prisão,
    sejam suicídios ou homicídios, acontecem.
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    Isso enquanto se está na cadeia,
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    e entendam, pessoas presas
    antes do julgamento
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    ainda não foram condenadas por um crime.
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    Estão lá porque não têm
    dinheiro para pagar a fiança.
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    E enquanto isso acontece,
    a vida delas desmorona lá fora.
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    Perdem o emprego, podem perder a casa,
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    os filhos, o status de imigração
    delas pode ser comprometido,
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    podem ser expulsas da escola.
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    Isso tudo acontece
    com as pessoas nas prisões,
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    mas também com as famílias
    e comunidades da qual foram removidas
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    enquanto aguardam julgamento, o que pode
    levar dias, semanas e sem exageros, anos.
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    MZ: Você explicou esse tipo de limbo
    louco que as pessoas ficam
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    no palco do TED em 2018,
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    quero reproduzir um clipe
    rápido daquela palestra,
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    que foi incrivelmente emocionante.
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    Podemos fazer isso?
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    (Áudio: Robin Steinberg TED2018)
    É hora de fazer algo grande.
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    Algo ousado.
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    É hora de fazer algo... talvez audacioso?
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    (Risos)
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    Queremos adotar nosso modelo
    de fundo de fiança rotativo comprovado
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    criado no Bronx,
    e espalhá-lo por todo o país,
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    enfrentando o sistema jurídico,
    antes do encarceramento.
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    (Aplausos)
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    MZ: A energia na sala
    quando você falou era palpável
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    e você acabou recebendo bastante
    financiamento do Audacious Project,
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    que é a iniciativa do TED para apoiar
    algumas dessas grandes ideias
  • 4:01 - 4:04
    e fazê-las acontecer.
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    Pode nos contar o que aconteceu
    desde que deu a sua palestra?
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    RS: Claro.
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    O subsídio do Audacious nos permitiu
    escalar nosso conceito comprovado.
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    A ideia é escalar o modelo em todo o país.
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    Atualmente, estamos
    em 18 locais diferentes.
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    E estamos atuando em duas frentes.
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    O Bail Project é destinado
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    a fornecer uma salvação imediata
    para as pessoas presas nas cadeias
  • 4:28 - 4:31
    simplesmente por causa da pobreza,
    porque não podem pagar fiança.
  • 4:31 - 4:35
    É uma resposta a essa emergência imediata
  • 4:35 - 4:39
    e à crise de direitos humanos neste país
    quanto ao encarceramento pré-julgamento.
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    Mas também estamos testando um modelo
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    que chamamos de liberação
    da comunidade com suporte voluntário,
  • 4:44 - 4:48
    com o qual tentamos provar
    que não precisamos de fiança em dinheiro,
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    as pessoas voltarão ao tribunal sem ela.
  • 4:50 - 4:52
    Esse mito já foi desmascarado
    e sabemos disso.
  • 4:52 - 4:54
    Mas também tentamos mostrar
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    que as pessoas podem voltar
    para a comunidades delas
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    com notificações judiciais eficazes.
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    Garantimos a conexão
    aos serviços de que precisam
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    e elas voltarão ao tribunal
    até que o caso delas seja encerrado.
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    É um esforço para avançar com a política
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    e garantir a mudança sistêmica,
  • 5:12 - 5:15
    mas eis nosso receio:
    é uma corrida contra o tempo,
  • 5:15 - 5:20
    pois, à medida que essa conversa avança
    e com a reforma da fiança se firmando,
  • 5:20 - 5:26
    alguns sistemas sofrerão mudanças
    que podem recriar alguns dos mesmos danos
  • 5:26 - 5:28
    que o sistema de fiança inicial criou.
  • 5:28 - 5:32
    Disparidades raciais,
    desigualdade econômica;
  • 5:32 - 5:35
    e podemos repetir isso se não acertarmos.
  • 5:35 - 5:36
    É uma corrida contra o tempo
  • 5:36 - 5:40
    para provar que podemos fazer
    um modelo baseado na comunidade,
  • 5:40 - 5:43
    o qual não requer monitoramento eletrônico
  • 5:43 - 5:46
    ou algoritmos de risco,
    celas de prisão ou fiança em dinheiro;
  • 5:46 - 5:50
    mas podemos simplesmente devolver
    as pessoas à comunidade delas com ajuda.
  • 5:50 - 5:51
    E vai funcionar.
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    MZ: Quero voltar a isso, mas antes,
    sou jornalista de tecnologia,
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    e quando você fala em escalar
    um programa como este,
  • 5:58 - 6:02
    posso presumir que esteja enfrentando
    desafios completamente diferentes
  • 6:02 - 6:06
    dos de um criador de aplicativos,
    plataformas ou algo assim.
  • 6:06 - 6:07
    Quais são os desafios?
  • 6:07 - 6:12
    Você vai para estados com leis diversas,
    cada cidade deve ser totalmente diferente.
  • 6:12 - 6:14
    Como você lida com isso?
  • 6:14 - 6:18
    RS: Escalar o próprio
    fundo rotativo de fiança
  • 6:18 - 6:20
    tem sido a solução fácil e elegante.
  • 6:20 - 6:24
    É a parte mais fácil, do serviço direto,
    podemos escalar isso em todo o país.
  • 6:24 - 6:29
    A ação local, as equipes que trabalham
    como defensores para o Bail Project
  • 6:29 - 6:32
    em diferentes locais do país
    têm que levar o nosso modelo
  • 6:32 - 6:35
    e adaptá-lo às necessidades
    exclusivas de cada jurisdição.
  • 6:35 - 6:40
    E é aí que se torna complexo
    e consome muitos recursos,
  • 6:40 - 6:43
    porque a justiça criminal
    é incrivelmente local,
  • 6:43 - 6:46
    assim a operação de cada sistema é única.
  • 6:46 - 6:48
    E as necessidades de nossos clientes
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    são incrivelmente diferentes
    de uma jurisdição para outra.
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    Podemos estar em Oklahoma
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    e sabemos que as comunidades têm sido
    devastadas pela crise dos opioides lá.
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    Quando conseguimos libertar alguém,
  • 6:58 - 7:00
    precisamos conectá-lo
    a serviços que resolvam isso.
  • 7:00 - 7:04
    Quando estamos em Spokane,
    vemos uma epidemia de falta de moradia.
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    Ao pensarmos em fornecer
    serviços diretos e libertar as pessoas,
  • 7:08 - 7:11
    devemos estar cientes
    de que nessa jurisdição
  • 7:11 - 7:14
    o maior obstáculo para elas
    pode ser a falta de abrigo.
  • 7:14 - 7:18
    Portanto, precisamos adaptar o modelo
    em todas as jurisdições aonde vamos
  • 7:18 - 7:20
    pra atender às necessidades da comunidade.
  • 7:20 - 7:24
    MZ: Imagino que há comunidades
    que não ficam felizes com vocês por lá.
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    Isso deve ser uma realidade.
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    Vocês têm que conquistar corações
    e mentes em alguns desses lugares?
  • 7:30 - 7:33
    RS: Acho que depende
    da definição de comunidade.
  • 7:33 - 7:38
    As que foram alvo do nosso sistema
    jurídico criminal por gerações,
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    como as de pessoas de cor, de baixa renda,
    marginalizadas, mulheres em todo o país,
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    ficam mais do que felizes em nos ver,
    porque somos uma salvação imediata.
  • 7:47 - 7:50
    Fundos de fiança podem libertar
    pessoas como salvação imediata,
  • 7:50 - 7:53
    não como resposta sistêmica a longo prazo.
  • 7:53 - 7:56
    Mas as pessoas querem sair,
    voltar para a família,
  • 7:56 - 7:59
    a comunidade delas as querem em casa.
  • 7:59 - 8:02
    Houve alguma oposição? Sim, claro.
  • 8:02 - 8:06
    Quando vamos a um novo local,
    nós o prospectamos com cuidado,
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    tentamos entender quem são
    nossos parceiros locais
  • 8:09 - 8:13
    que podem nos ajudar nessa iniciativa,
    organizadores de base sem fins lucrativos,
  • 8:13 - 8:15
    detentores de sistemas, xerifes.
  • 8:15 - 8:18
    Quem vai nos apoiar e quem pode se opor?
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    MZ: Você também coloca
    algumas pessoas que liberta
  • 8:21 - 8:24
    como oficiais do programa.
  • 8:24 - 8:25
    Isso faz parte do sistema,
  • 8:25 - 8:31
    criar uma comunidade em torno
    de seus esforços de alguma forma?
  • 8:31 - 8:35
    RS: Sempre contratamos
    para jurisdições localmente,
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    Se abrimos um local em Baton Rouge,
    contratamos pessoas lá e nos conectamos.
  • 8:39 - 8:43
    Tentamos priorizar pessoas com experiência
    no sistema jurídico criminal
  • 8:43 - 8:46
    ou que foram pessoalmente
    impactadas por ele.
  • 8:46 - 8:49
    Achamos importante, pois elas
    entendem melhor o sistema,
  • 8:49 - 8:52
    têm as melhores soluções
    por estarem mais próximas do problema,
  • 8:52 - 8:57
    são mensageiros credíveis para os clientes
    que vamos entrevistar e pagar fiança.
  • 8:57 - 8:58
    MZ: Você falou disso,
  • 8:58 - 9:01
    a reforma da justiça criminal
    tornou-se um assunto polêmico.
  • 9:01 - 9:07
    Deve pensar: "Finalmente estão falando
    sobre o que venho falando há décadas".
  • 9:07 - 9:11
    Aqui na Califórnia, na verdade,
    houve uma grande mudança.
  • 9:11 - 9:16
    É complicado, mas ouvi dizer que estão
    se livrando da fiança em dinheiro.
  • 9:16 - 9:19
    É bom ou ruim, não é fácil de explicar?
  • 9:19 - 9:21
    RS: Tudo sobre reforma
    da justiça criminal,
  • 9:21 - 9:24
    especialmente reforma da fiança,
    é mais complexo do que parece.
  • 9:24 - 9:27
    É fácil ter uma "hashtag" que diz
    "fim da fiança em dinheiro".
  • 9:27 - 9:29
    Totalmente certo.
  • 9:29 - 9:31
    Devemos eliminar a fiança
    em valor exorbitante de vez.
  • 9:31 - 9:34
    Não é o dinheiro que faz
    as pessoas voltarem ao tribunal;
  • 9:34 - 9:36
    é um mito, vamos nos livrar dele.
  • 9:36 - 9:39
    Mas a pergunta sobre o que vem
    a seguir é muito complexa
  • 9:39 - 9:41
    e a Califórnia foi um bom exemplo.
  • 9:41 - 9:44
    O projeto de lei chamado SB 10
    avançou no processo político.
  • 9:44 - 9:50
    Começou como sendo uma lei
    que priorizaria menos encarceramento.
  • 9:50 - 9:52
    Quando saiu do processo político,
  • 9:52 - 9:55
    francamente, era um projeto que quase
    ninguém da comunidade apoiaria,
  • 9:55 - 9:57
    incluindo o Bail Project.
  • 9:57 - 10:02
    E ele passou por algumas
    mudanças nesse processo
  • 10:02 - 10:06
    que pôs serviços preventivos
    nas mãos da polícia,
  • 10:06 - 10:11
    submeteu as pessoas a algoritmos de risco,
    com muitos sinais reveladores dum sistema
  • 10:11 - 10:17
    que iria recriar a mesma desigualdade
    racial e econômica que sempre vimos.
  • 10:17 - 10:22
    E assim, essa lei passou pelo processo
    e nós pensamos que era o fim.
  • 10:22 - 10:27
    Mas o setor de fianças recebeu 400 mil
    assinaturas para submetê-la a uma votação.
  • 10:27 - 10:32
    Em novembro, os californianos votarão
    se o SB 10 deve ou não avançar.
  • 10:32 - 10:36
    MZ: Os californianos
    na plateia votarão nisso.
  • 10:36 - 10:37
    Como devem votar?
  • 10:37 - 10:39
    (Risos)
  • 10:39 - 10:44
    RS: Não sou tão ousada a ponto de dizer,
    posso ser audaciosa, mas não tanto.
  • 10:44 - 10:49
    Posso sugerir que se informem,
    entendam no que vocês estão votando.
  • 10:49 - 10:54
    O que significa prender alguém
    que não foi condenado por um crime,
  • 10:54 - 10:56
    simplesmente por sua pobreza.
  • 10:56 - 11:00
    E perguntem-se: "Queremos ter
    um sistema jurídico criminal
  • 11:00 - 11:05
    que prende pessoas antes de serem
    condenadas por um crime?
  • 11:05 - 11:08
    Queremos um sistema jurídico criminal
    que atinge comunidades de cor
  • 11:08 - 11:13
    e de baixa renda em todo o país,
    continuar os danos e a devastação
  • 11:13 - 11:16
    que criamos através
    do encarceramento em massa?"
  • 11:16 - 11:18
    Não digo como votar, mas considerem isso.
  • 11:18 - 11:23
    MZ: Ela me disse nos bastidores: "Não
    tenho certeza de como vou votar ainda".
  • 11:23 - 11:27
    Vejam como é difícil.
  • 11:27 - 11:29
    RS: É um pouco mais complicado.
  • 11:29 - 11:31
    O formato do SB 10
  • 11:31 - 11:35
    não é um projeto de lei
    que a maioria apoiaria.
  • 11:35 - 11:38
    Mas eliminar a fiança
    em dinheiro é fundamental.
  • 11:38 - 11:41
    MZ: Quero que você preveja o futuro.
  • 11:41 - 11:44
    Como é um sistema ideal?
  • 11:44 - 11:48
    Você disse que os EUA são
    viciados em encarceramento.
  • 11:48 - 11:50
    Deve haver uma mudança
    cultural em torno disso,
  • 11:50 - 11:54
    além das alterações que você está falando.
  • 11:54 - 11:58
    RS: Temos que enfrentar o que fizemos.
  • 11:58 - 12:02
    Se não enfrentarmos como usamos
    do sistema jurídico criminal,
  • 12:02 - 12:06
    quem visamos, como definimos crime
    e como punimos as pessoas,
  • 12:06 - 12:08
    nunca vamos avançar.
  • 12:08 - 12:11
    Teremos que encarar o mal que causamos.
  • 12:11 - 12:15
    Ao fazer isso, teremos
    que mudar nosso olhar.
  • 12:15 - 12:17
    E é um verdadeiro desafio para nós.
  • 12:17 - 12:22
    Teremos que mudar nossa visão
    de sistema baseado em punição,
  • 12:22 - 12:26
    crueldade, isolamento e celas,
  • 12:27 - 12:33
    para uma visão de: "O que você precisa,
    como podemos te apoiar, no que falhamos,
  • 12:33 - 12:37
    como podemos melhorar, consertar e curar?"
  • 12:37 - 12:40
    E se não estamos dispostos a fazer isso,
  • 12:40 - 12:43
    a reforma da justiça criminal vai parar,
  • 12:43 - 12:45
    ou o que vem a seguir
    será muito problemático.
  • 12:46 - 12:48
    É uma mudança fundamental
    na maneira como vemos
  • 12:48 - 12:50
    o sistema de justiça criminal.
  • 12:50 - 12:53
    Não se iludam, a realidade
    do nosso sistema jurídico criminal
  • 12:53 - 12:57
    é a de que viramos as costas
    aos problemas sociais,
  • 12:57 - 13:02
    ou seja: à falta de moradia,
    à pobreza extrema, ao racismo estrutural,
  • 13:02 - 13:07
    aos desafios da saúde mental, ao vício
    e até para à situação da imigração.
  • 13:07 - 13:11
    Em vez disso, usamos as prisões
    e o sistema jurídico criminal
  • 13:11 - 13:13
    para resolver esses problemas.
  • 13:13 - 13:15
    E isso tem que mudar.
  • 13:15 - 13:17
    MZ: Não é a solução.
  • 13:17 - 13:21
    RS: Já causamos danos a milhões de pessoas
  • 13:21 - 13:25
    e, ao fazê-lo, prejudicamos
    famílias e comunidades,
  • 13:25 - 13:26
    e precisamos reconhecer isso.
  • 13:26 - 13:29
    MZ: Quero te perguntar finalmente.
  • 13:29 - 13:31
    (Aplausos)
  • 13:34 - 13:39
    Temos algumas das mulheres mais
    inteligentes do mundo aqui a sua frente.
  • 13:40 - 13:43
    São cheias de energia
    e querem saber o que fazer
  • 13:43 - 13:45
    quando voltarem para a comunidade delas.
  • 13:45 - 13:50
    E sei que você levou algumas delas
    a uma prisão local ontem, certo?
  • 13:50 - 13:51
    RS: Levei.
  • 13:51 - 13:52
    MZ: Pode nos contar sobre isso?
  • 13:52 - 13:57
    RS: Precisamos entender que este problema
    se resume a todos os nossos problemas.
  • 13:57 - 14:02
    Todos nós estamos envolvidos em como
    nosso sistema jurídico criminal deve ser.
  • 14:02 - 14:04
    Não há como escapar disso,
    ele reflete em cada um de nós.
  • 14:04 - 14:07
    Toda vez que um promotor se levanta e diz:
  • 14:07 - 14:11
    "O povo do estado da Califórnia"
    ou "Nova York" ou "Idaho",
  • 14:11 - 14:13
    ele está falando em nome de todos.
  • 14:13 - 14:15
    Então, temos que nos apropriar disso.
  • 14:15 - 14:18
    E realmente temos que admitir
    o fato de que isso tem que mudar
  • 14:18 - 14:20
    e que isso envolve cada um de nós.
  • 14:20 - 14:26
    Vocês precisam se informar
    e se aproximar disso, ou seja,
  • 14:26 - 14:29
    precisam ver como o sistema
    jurídico criminal opera.
  • 14:29 - 14:34
    Talvez devam ir a um tribunal criminal
    local, sentar-se lá no fundo,
  • 14:34 - 14:38
    e prometo que nunca mais serão os mesmos;
    isso fez de mim defensora pública há anos.
  • 14:38 - 14:44
    E ontem, levei algumas pessoas
    da conferência TED à cadeia local.
  • 14:44 - 14:47
    Tenho entrado e saído
    das prisões há 38 anos.
  • 14:47 - 14:51
    Sempre me choquei e ontem não foi exceção.
  • 14:51 - 14:53
    Fiquei chocada, horrorizada.
  • 14:53 - 14:57
    As condições eram desumanizantes,
    degradantes e horríveis;
  • 14:57 - 15:01
    e incompreensíveis se você
    não vê com seus próprios olhos.
  • 15:01 - 15:03
    Foi chocante.
  • 15:03 - 15:06
    E vi isso no rosto das pessoas
    com quem estava.
  • 15:06 - 15:09
    Temos que saber o que estamos
    fazendo em nome da justiça neste país
  • 15:09 - 15:11
    e nos posicionar contra isso.
  • 15:11 - 15:13
    Mas a única maneira de fazer isso
  • 15:13 - 15:18
    é combatendo a narrativa do medo
    que permite que isso aconteça.
  • 15:18 - 15:19
    Como assim?
  • 15:19 - 15:24
    Toda vez que falamos sobre reforma
    da fiança ou da justiça criminal,
  • 15:24 - 15:27
    todo mundo começa a falar
    de um caso assustador.
  • 15:28 - 15:31
    "Mas e o cara que fez tal coisa?"
  • 15:31 - 15:36
    Estou aqui para lhes pedir que parem
    por um momento e pensem nisso.
  • 15:37 - 15:39
    Apesar de termos usado
    nosso sistema jurídico criminal
  • 15:39 - 15:42
    e arruinado milhões de pessoas,
  • 15:42 - 15:46
    de as termos prejudicado,
    expondo-as a trauma e violência,
  • 15:46 - 15:48
    dia após dia,
  • 15:48 - 15:51
    a verdade é que quando
    essas pessoas voltam para casa,
  • 15:51 - 15:53
    coisas ruins raramente acontecem.
  • 15:53 - 15:56
    É a exceção, não a regra.
  • 15:56 - 16:00
    É o extraordinário, não o normal.
  • 16:00 - 16:03
    Mas se não sabemos e não apoiamos isso,
  • 16:03 - 16:06
    se não podemos corroborar
    com dados, e nós podemos,
  • 16:06 - 16:08
    somos atraídos para a narrativa do medo
  • 16:08 - 16:12
    que nos levará a justificar
    os horrores que infligimos
  • 16:12 - 16:14
    em comunidades de cor e de baixa renda,
  • 16:14 - 16:17
    e pessoas que ficam atoladas
    em nosso sistema jurídico criminal
  • 16:17 - 16:20
    por tempo demais.
  • 16:20 - 16:22
    (Aplausos)
  • 16:25 - 16:27
    Se informem, se aproximem,
    mantenham-se vigilantes,
  • 16:27 - 16:29
    não sejam arrastados
    pelas narrativas do medo,
  • 16:29 - 16:33
    que são atribuídas de forma
    exagerada e brutal a uma raça.
  • 16:33 - 16:37
    Investiguem quando as escutarem,
    questionem quando alguém lhes contarem,
  • 16:37 - 16:39
    peçam os dados: "Por que você diz isso?"
  • 16:39 - 16:41
    E não se deixem envolver.
  • 16:41 - 16:44
    Se vocês fizerem tudo isso,
    estou convencida de verdade
  • 16:44 - 16:48
    de que estamos num momento de criar
    um sistema jurídico criminal melhor.
  • 16:48 - 16:50
    Se vocês se aproximarem dele
  • 16:50 - 16:52
    e começarem a se envolver,
  • 16:52 - 16:55
    não seremos apenas um país melhor,
  • 16:55 - 16:57
    mas seremos pessoas melhores.
  • 16:57 - 16:59
    E esse é um objetivo digno.
  • 16:59 - 17:00
    MZ: É um objetivo muito digno.
  • 17:00 - 17:03
    (Aplausos)
  • 17:05 - 17:09
    Tirei a sorte grande na minha
    primeira entrevista, não é?
  • 17:09 - 17:11
    Ela é demais.
  • 17:11 - 17:14
    Muito obrigada,
    Robin Steinberg, do Bail Project.
  • 17:14 - 17:15
    RS: Obrigada.
  • 17:15 - 17:20
    MZ: Sou Manoush Zomorodi, apresentadora
    de TED Radio Hour, nos vemos na primavera.
  • 17:20 - 17:21
    (Aplausos)
Title:
Como o Bail Project está reformulando a justiça criminal nos EUA
Speaker:
Robin Steinberg, Manoush Zomorodi
Description:

Quase meio milhão de pessoas nos EUA estão presas nesse momento sem terem sido condenadas por um crime, simplesmente porque não conseguem o dinheiro para pagar a fiança. Para tentar consertar esse sistema, a defensora pública e ativista Robin Steinberg fez uma pergunta direta: e se pagássemos a fiança por eles? Em conversa com Manoush Zomorodi, apresentadora do programa TED Radio Hour (Hora do Rádio TED), Steinberg compartilha como sua organização sem fins lucrativos Bail Project (Projeto Fiança), que usa um fundo rotativo para pagar fiança de quem não pode pagar, está aumentando seus esforços em todo o país e lançando um novo modelo comunitário para combater o encarceramento em massa. (Esse plano ambicioso faz parte do Audacious Project, a iniciativa do TED para inspirar e financiar mudanças globais)

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:38

Portuguese, Brazilian subtitles

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