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O que é que o meu véu significa para vocês? | Yassmin Abdel-Magied | TEDxSouthBank

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    Uma pessoa parecida comigo
    passa por vocês na rua.
  • 0:14 - 0:16
    Vocês pensam que é uma mãe?
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    Uma refugiada?
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    Ou uma vítima de opressão?
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    Ou pensam que é uma cardiologista?
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    Uma advogada?
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    Ou talvez uma política local?
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    Olham para mim de alto abaixo,
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    pensando que eu devo ter muito calor
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    ou se será o meu marido
    que me obriga a usar este traje?
  • 0:33 - 0:36
    E se eu usar o meu véu assim?
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    Posso andar rua abaixo
    exatamente com o mesmo traje
  • 0:42 - 0:45
    e o que o mundo espera de mim
    e a forma como sou tratada
  • 0:45 - 0:48
    depende da disposição
    deste pedaço de pano.
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    Mas este não vai ser
    mais um monólogo sobre o "hijab"
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    porque, Deus sabe, as muçulmanas
    são muito mais do que um pedaço de pano
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    com que decidem — ou não —
    envolver a cabeça.
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    Trata-se de ultrapassarmos
    os nossos preconceitos.
  • 1:04 - 1:06
    E se eu passasse perto de vocês
  • 1:06 - 1:10
    e depois vocês descobrissem que eu era
    desenhadora de carros de corrida,
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    que desenhei um carro de corridas
    e corri na equipa da minha universidade?
  • 1:13 - 1:15
    O que é verdade.
  • 1:15 - 1:20
    E se eu vos dissesse que pratiquei
    boxe durante cinco anos?
  • 1:20 - 1:22
    O que também é verdade.
  • 1:23 - 1:25
    Isso surpreender-vos-ia?
  • 1:26 - 1:27
    Porquê?
  • 1:28 - 1:30
    Senhoras e senhores,
  • 1:30 - 1:32
    essa surpresa e os comportamentos
    a ela associados
  • 1:32 - 1:36
    não são mais que o produto duma coisa
    chamada preconceito inconsciente
  • 1:36 - 1:37
    ou preconceito implícito.
  • 1:37 - 1:41
    E provoca uma falta de diversidade,
    ridiculamente prejudicial
  • 1:41 - 1:42
    na nossa força de trabalho,
  • 1:42 - 1:44
    em especial nas áreas de influência.
  • 1:44 - 1:46
    Alô. Gabinete Federal Australiano.
  • 1:47 - 1:49
    (Risos)
  • 1:49 - 1:51
    (Aplausos)
  • 1:53 - 1:56
    Para começar, vou esclarecer uma coisa.
  • 1:56 - 2:00
    O preconceito inconsciente não é o mesmo
    que discriminação consciente.
  • 2:00 - 2:03
    Não estou a dizer que em todos vocês
    há um sexista ou racista secreto
  • 2:03 - 2:06
    a espreitar lá dentro,
    à espera de sair cá para fora.
  • 2:06 - 2:08
    Não é isso que eu estou a dizer.
  • 2:08 - 2:09
    Todos temos os nossos preconceitos.
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    São os filtros através dos quais
    vemos o mundo à nossa volta.
  • 2:12 - 2:16
    Não estou a acusar ninguém,
    o preconceito não é uma acusação,
  • 2:16 - 2:18
    é uma coisa que tem que ser identificada,
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    reconhecida e combatida.
  • 2:21 - 2:24
    O preconceito pode ser sobre a etnia,
    pode ser sobre o sexo,
  • 2:24 - 2:27
    também pode ser sobre a classe,
    a educação, a deficiência.
  • 2:28 - 2:31
    O facto é que todos temos preconceitos
    contra o que é diferente,
  • 2:31 - 2:33
    o que é diferente
    das nossas normas sociais.
  • 2:34 - 2:37
    Mas se queremos viver num mundo
  • 2:37 - 2:40
    em que as circunstâncias
    do nosso nascimento
  • 2:40 - 2:42
    não ditam o nosso futuro,
  • 2:42 - 2:45
    e em que as oportunidades iguais
    são omnipresentes,
  • 2:45 - 2:48
    então cada um de nós
    tem um papel a desempenhar
  • 2:48 - 2:51
    para que os preconceitos inconscientes
    não determinem a nossa vida.
  • 2:53 - 2:57
    Há aquela conhecida experiência
    na área do preconceito inconsciente,
  • 2:57 - 3:01
    na área do sexo, nos anos 70 e 80.
  • 3:01 - 3:05
    Nessa época, as orquestras eram formadas
    quase todas só por homens,
  • 3:05 - 3:08
    só havia uns 5% de mulheres.
  • 3:08 - 3:10
    Segundo parece, isso acontecia
  • 3:10 - 3:12
    porque os homens
    tocavam de modo diferente,
  • 3:12 - 3:14
    presumivelmente melhor,
    presumivelmente...
  • 3:14 - 3:17
    Mas em 1952,
    a Orquestra Sinfónica de Boston
  • 3:17 - 3:19
    iniciou uma experiência.
  • 3:19 - 3:21
    Começaram com audições cegas.
  • 3:21 - 3:25
    Em vez de audições cara a cara,
    tinham que tocar por detrás duma cortina.
  • 3:25 - 3:28
    O que tem piada é que não se registou
    nenhuma alteração
  • 3:28 - 3:31
    até que pediram aos músicos
    para se descalçarem
  • 3:31 - 3:32
    antes de entrarem na sala,
  • 3:32 - 3:35
    porque o toc-toc dos saltos
  • 3:35 - 3:37
    contra a madeira do chão
  • 3:37 - 3:39
    era o suficiente
    para denunciar as senhoras.
  • 3:39 - 3:40
    Agora vejam,
  • 3:40 - 3:42
    os resultados das audições mostraram
  • 3:42 - 3:45
    que havia mais 50% de hipóteses
  • 3:45 - 3:48
    de uma mulher passar a fase preliminar.
  • 3:48 - 3:52
    E quase triplicaram
    as hipóteses de ela ser aceite.
  • 3:52 - 3:54
    O que é que isto nos diz?
  • 3:54 - 3:58
    Infelizmente para eles, os homens
    não tocavam de modo diferente,
  • 3:58 - 4:00
    mas havia essa ideia de que o faziam.
  • 4:01 - 4:04
    Era esse preconceito
    que estava a influenciar os resultados.
  • 4:04 - 4:06
    Portanto o que temos que fazer
  • 4:06 - 4:08
    é identificar e reconhecer
    que esse preconceito existe.
  • 4:08 - 4:10
    Todos temos um.
  • 4:10 - 4:12
    Vou dar-vos um exemplo.
  • 4:12 - 4:15
    Um pai e o filho
    têm um acidente de carro terrível.
  • 4:16 - 4:18
    O pai morre no local
  • 4:18 - 4:21
    e o filho, que ficou gravemente ferido,
    é levado para o hospital.
  • 4:21 - 4:24
    O cirurgião olha para o filho,
    quando ele chega e diz:
  • 4:24 - 4:26
    "Não posso operá-lo".
  • 4:27 - 4:28
    Porquê?
  • 4:28 - 4:30
    "O rapaz é meu filho".
  • 4:31 - 4:32
    Como é que isso pode ser?
  • 4:32 - 4:35
    Senhoras e senhores,
    o cirurgião é a mãe dele.
  • 4:36 - 4:38
    Mão no ar — tudo bem —
  • 4:38 - 4:41
    mas mão no ar quem partiu do princípio
    que o cirurgião era um homem?
  • 4:43 - 4:46
    Esta é uma prova de que
    o preconceito inconsciente existe
  • 4:46 - 4:49
    mas só temos que reconhecer
    que ele está presente
  • 4:49 - 4:51
    e depois procurar formas
    de podermos ultrapassá-lo
  • 4:51 - 4:53
    para encontrarmos soluções.
  • 4:53 - 4:55
    [Sim ou não às quotas?]
  • 4:55 - 4:57
    Uma das coisas interessantes
  • 4:57 - 5:00
    quanto ao espaço do preconceito
    inconsciente é o tópico das quotas.
  • 5:00 - 5:02
    É uma coisa que surge com frequência.
  • 5:02 - 5:05
    E uma das críticas
    é essa ideia do mérito.
  • 5:05 - 5:08
    "Eu não quero ser escolhida
    por ser mulher.
  • 5:08 - 5:11
    "Quero ser escolhida porque tenho mérito,
  • 5:11 - 5:13
    "porque sou a melhor pessoa para o lugar".
  • 5:13 - 5:16
    É um sentimento muito comum
    entre mulheres engenheiras
  • 5:16 - 5:17
    com quem trabalho e que conheço.
  • 5:17 - 5:19
    Sim, sei do que falo, passei por isso.
  • 5:20 - 5:22
    Mas, se a ideia do mérito fosse verdade,
  • 5:22 - 5:27
    porque é que currículos idênticos,
    numa experiência feita em 2012 em Yale,
  • 5:27 - 5:31
    currículos idênticos enviados
    para um técnico de laboratório,
  • 5:31 - 5:35
    porque é que Jennifer
    foi considerada menos competente,
  • 5:35 - 5:37
    teve menos hipóteses de obter um emprego
  • 5:37 - 5:40
    e era menos bem paga do que John?
  • 5:41 - 5:43
    O preconceito inconsciente está aí,
  • 5:43 - 5:45
    só é preciso pensar
    em como podemos afastá-lo.
  • 5:45 - 5:47
    Sabem, é interessante,
  • 5:47 - 5:50
    há algumas investigações que explicam
    porque é que isso acontece
  • 5:50 - 5:52
    chamam-lhe o paradoxo do mérito.
  • 5:52 - 5:54
    E nas organizações — é mesmo irónico —
  • 5:54 - 5:58
    nas organizações que dizem
    que o mérito é a sua principal mais valia,
  • 5:58 - 5:59
    em termos de quem contratam,
  • 5:59 - 6:04
    são mais propensos a contratar homens
    e a pagar mais a homens
  • 6:04 - 6:07
    porque, segundo parece,
    o mérito é uma qualidade masculina.
  • 6:07 - 6:08
    É assim.
  • 6:09 - 6:11
    Vocês, homens, julgam
    que já me perceberam
  • 6:11 - 6:13
    pensam que sabem o que está em jogo.
  • 6:14 - 6:16
    Imaginam-me a dirigir uma coisa destas?
  • 6:16 - 6:19
    Imaginam-me a andar por aí e a dizer:
  • 6:19 - 6:21
    "Rapazes, como vão as coisas?
    É assim que se faz".
  • 6:22 - 6:24
    Ainda bem que sim.
  • 6:31 - 6:34
    (Aplausos)
  • 6:36 - 6:39
    Porque, senhoras e senhores,
    é este o meu trabalho diário.
  • 6:40 - 6:42
    O que é fixe é que é muito divertido.
  • 6:43 - 6:45
    Na realidade, em locais como a Malásia,
  • 6:45 - 6:47
    ninguém liga às mulheres
    muçulmanas em plataformas
  • 6:47 - 6:49
    Há lá tantas!
  • 6:49 - 6:50
    Mas, é divertido,
  • 6:50 - 6:51
    Uma vez disse a um rapaz:
  • 6:52 - 6:54
    "Olha, amigo, queria aprender a surfar".
  • 6:54 - 6:56
    E ele: "Yassmin, como é que podes surfar
  • 6:56 - 6:58
    "com todos esses trapos em cima de ti?
  • 6:58 - 7:01
    "Não conheço nenhuma praia
    só para mulheres".
  • 7:01 - 7:03
    Depois, ele teve
    uma ideia brilhante, tipo:
  • 7:03 - 7:07
    "Já sei, tu diriges essa organização
    Jovens sem Fronteiras, não é?
  • 7:07 - 7:11
    "Porque é que não lanças uma linha
    para roupa muçulmana nas praias?
  • 7:11 - 7:14
    "Podias chamar-lhe
    Jovens sem Bermudas".
  • 7:14 - 7:16
    (Risos)
  • 7:16 - 7:17
    E eu: "Obrigada, malta".
  • 7:18 - 7:20
    Lembro-me de outro tipo dizer-me
  • 7:20 - 7:23
    que eu devia comer
    todo o iogurte que pudesse
  • 7:23 - 7:25
    porque era a única cultura
    que eu ia ter por ali.
  • 7:26 - 7:27
    (Risos)
  • 7:28 - 7:31
    Mas a verdade é que o problema
    é mesmo assim,
  • 7:31 - 7:34
    porque há uma enorme falta de diversidade
    na nossa força de trabalho,
  • 7:34 - 7:36
    em especial em locais de influência.
  • 7:36 - 7:38
    Ora bem, em 2010
  • 7:38 - 7:40
    a Universidade Nacional Australiana
    fez uma experiência
  • 7:40 - 7:43
    em que enviou 4000 inscrições idênticas
  • 7:43 - 7:46
    para empregos, essencialmente.
  • 7:46 - 7:48
    Para conseguir
    o mesmo número de entrevistas,
  • 7:48 - 7:50
    para pessoas com um nome anglo-saxónico,
  • 7:50 - 7:54
    se fossem chinesas,
    tinham que enviar 68% de inscrições,
  • 7:54 - 7:57
    se fossem do Médio Oriente
    — como Abdel Magied —
  • 7:57 - 7:59
    tinham que enviar 64%,
  • 7:59 - 8:02
    se fossem italianas,
    estavam cheias de sorte,
  • 8:02 - 8:04
    bastava enviar 12%,
  • 8:04 - 8:07
    Em locais como Sillicon Valley,
    não é muito melhor.
  • 8:07 - 8:10
    No Google, publicaram
    resultados da diversidade
  • 8:10 - 8:16
    61% de brancos, 30% de asiáticos
    e 9%, meia-dúzia, de negros, hispânicos
  • 8:16 - 8:17
    e tipos desses.
  • 8:17 - 8:19
    O resto do mundo da tecnologia
    não é muito melhor
  • 8:19 - 8:20
    e já o reconheceram
  • 8:20 - 8:22
    mas não sei bem
    o que é que estão a fazer.
  • 8:22 - 8:24
    O que é certo é que não desaparece.
  • 8:24 - 8:26
    Num estudo feito por Green Park,
  • 8:26 - 8:30
    que é um fornecedor
    britânico de "executivos",
  • 8:30 - 8:34
    resultou que mais de metade
    das 100 empresas FTSE
  • 8:34 - 8:38
    não têm nenhum diretor não branco
    a nível da administração,
  • 8:38 - 8:39
    executivo ou não executivo.
  • 8:39 - 8:43
    E duas em três não têm nenhum executivo
  • 8:43 - 8:45
    que pertença às minorias.
  • 8:46 - 8:49
    Estou a contar uma série
    de coisas terríveis e vocês pensam:
  • 8:49 - 8:51
    "Meu Deus, isso é assim tão mau?
    O que é que podemos fazer?"
  • 8:51 - 8:54
    Felizmente, identificámos
    que há um problema.
  • 8:54 - 8:56
    Há falta de oportunidades
  • 8:56 - 8:59
    e isso deve-se
    ao preconceito inconsciente.
  • 8:59 - 9:01
    Mas podem estar aí sentados a pensar:
  • 9:01 - 9:04
    "Eu não sou de cor.
    O que é que tenho a ver com isso?"
  • 9:04 - 9:06
    Vou propor-vos uma solução.
  • 9:06 - 9:11
    Já disse que vivemos num mundo
    em que andamos à procura de um ideal.
  • 9:11 - 9:13
    Se queremos criar um mundo
  • 9:13 - 9:16
    em que não interessam
    as circunstâncias do nosso nascimento,
  • 9:16 - 9:18
    todos temos que participar na solução.
  • 9:18 - 9:21
    Curiosamente, a autora da experiência
    laboratorial com os currículos
  • 9:21 - 9:23
    propôs uma espécie de solução.
  • 9:23 - 9:27
    Disse que a única coisa
    que juntou as mulheres de sucesso,
  • 9:27 - 9:29
    a única coisa que elas tinham em comum,
  • 9:29 - 9:31
    era terem tido bons orientadores.
  • 9:31 - 9:34
    Portanto, a orientação
    — já todos ouvimos falar nisso —
  • 9:34 - 9:36
    é uma coisa corrente.
  • 9:36 - 9:38
    Agora mais um desafio para vocês todos.
  • 9:38 - 9:42
    Desafio-os a todos
    a orientar alguém diferente.
  • 9:44 - 9:46
    Todos querem orientar alguém
    que nos é familiar,
  • 9:46 - 9:49
    que é parecido connosco,
    com experiências comuns.
  • 9:49 - 9:52
    Se vejo uma muçulmana
    com uma certa atitude, penso:
  • 9:52 - 9:53
    "O que se passa?
    Podemos sair juntas".
  • 9:53 - 9:57
    Entramos numa sala e se há alguém
    que andou na mesma escola,
  • 9:57 - 9:58
    que praticou o mesmo desporto,
  • 9:58 - 10:02
    há uma forte hipótese
    de querermos ajudar essa pessoa.
  • 10:02 - 10:06
    Mas a pessoa na sala que não teve
    experiências comuns connosco
  • 10:06 - 10:09
    terá muita dificuldade
    de estabelecer essa relação.
  • 10:09 - 10:12
    A ideia de encontrar
    alguém diferente para orientarmos,
  • 10:12 - 10:14
    alguém que não tenha
    os mesmos antecedentes que nós,
  • 10:14 - 10:16
    sejam quais forem esses antecedentes,
  • 10:16 - 10:20
    é abrir uma porta a pessoas que nem sequer
    conseguem entrar no diabo do corredor.
  • 10:21 - 10:25
    Porque, senhoras e senhores,
    o mundo não é justo.
  • 10:25 - 10:27
    As pessoas não nascem
    com oportunidades iguais.
  • 10:27 - 10:30
    Eu nasci numa das cidades
    mais pobres do mundo, Cartum.
  • 10:30 - 10:33
    Nasci de cor, nasci mulher
  • 10:33 - 10:36
    e nasci muçulmana, num mundo
    que desconfia muito de nós
  • 10:36 - 10:38
    por razões que eu não controlo.
  • 10:39 - 10:42
    No entanto, também reconheço
    que nasci com privilégios.
  • 10:43 - 10:44
    Tive uns pais extraordinários,
  • 10:44 - 10:46
    deram-me educação
  • 10:46 - 10:49
    e tive a bênção de emigrar
    para a Austrália.
  • 10:49 - 10:52
    Mas também fui abençoada
    com orientadores espantosos
  • 10:52 - 10:55
    que me abriram portas
    que eu nem sequer sabia que existiam.
  • 10:55 - 10:57
    Um orientador disse-me:
  • 10:57 - 10:58
    "A tua história é interessante.
  • 10:58 - 11:01
    "Vamos escrevê-la, para eu poder
    partilhá-la com todos".
  • 11:01 - 11:03
    Outro orientador disse:
  • 11:03 - 11:06
    "Sei que és muitas coisas alheias
    a uma plataforma australiana
  • 11:06 - 11:07
    "mas, de qualquer modo, entra".
  • 11:07 - 11:10
    E aqui estou, a falar convosco.
    E não sou a única.
  • 11:10 - 11:12
    Há todo o tipo de pessoas
    nas minhas comunidades
  • 11:12 - 11:14
    que foram ajudadas por orientadores.
  • 11:14 - 11:16
    Um jovem muçulmano em Sidnei
  • 11:16 - 11:19
    que acabou por usar
    a ajuda do seu orientador
  • 11:19 - 11:22
    para lançar um concurso de poesia
    em Bankstown
  • 11:22 - 11:24
    e agora é uma coisa enorme.
  • 11:24 - 11:26
    Consegue mudar a vida
    de muitos outros jovens.
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    Ou uma mulher aqui em Brisbane,
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    uma mulher afegã que é refugiada
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    que mal sabia falar inglês
    quando veio para a Austrália.
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    Os orientadores dela
    ajudaram-na a ser médica
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    e ela recebeu o nosso Prémio
    da Jovem de Queensland, em 2008.
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    É uma inspiração.
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    Isto não é fácil.
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    Esta sou eu.
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    Mas também sou a mulher
    de fato de macaco
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    e também sou a mulher
    que estava de "abaya" no início.
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    Vocês ter-me-iam escolhido
    para me orientarem se me tivessem visto
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    numa destas versões de quem eu sou?
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    Porque eu sou a mesma pessoa.
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    Temos que ultrapassar
    os nossos preconceitos inconscientes,
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    encontrar alguém para orientar
    que seja o oposto do nosso espetro
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    porque a mudança estrutural leva tempo,
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    e eu não tenho muita paciência.
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    Portanto, se querem criar uma mudança,
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    se querem criar um mundo
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    em que todos tenham
    as mesmas oportunidades,
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    optem por abrir portas às pessoas.
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    Porque podem pensar que a diversidade
    não tem nada a ver convosco.
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    mas nós todos fazemos parte deste sistema
    e podemos fazer parte da solução.
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    Se não sabem onde encontrar
    alguém diferente,
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    vão a sítios que não costumam frequentar.
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    Se fazem orientação
    particular do ensino médio
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    vão à vossa escola local
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    ou passem pelo centro
    de orientação de refugiados locais.
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    Talvez trabalhem num escritório.
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    Escolham a recém-formada
    que tem um ar totalmente deslocado,
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    — porque essa era eu —
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    e abram-lhe as portas,
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    não de forma paternalista,
    porque nós não somos vítimas,
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    mas mostrem-lhe as oportunidades
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    porque a abertura do vosso mundo
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    fará com que vocês percebam
    de que têm acesso a portas
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    que eles nem sequer sabiam que existiam
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    e vocês não sabiam que eles não tinham.
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    Senhoras e senhores,
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    há um problema na nossa comunidade
    com a falta de oportunidades,
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    em especial devido
    aos preconceitos inconscientes.
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    Mas cada um de nós tem o potencial
    para alterar isso.
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    Sei que vos têm dado hoje muitos desafios
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    mas, se puderem, agarrem neste
    e pensem nele de modo diferente
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    porque a diversidade é magia.
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    Encorajo-vos a ultrapassar
    as vossas perceções iniciais
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    porque, aposto,
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    provavelmente elas são erradas.
  • 13:35 - 13:36
    Obrigada.
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    (Aplausos)
Title:
O que é que o meu véu significa para vocês? | Yassmin Abdel-Magied | TEDxSouthBank
Description:

Os preconceitos inconscientes são um fator predominante que domina a cultura, fazendo com que todos nós tiremos conclusões baseadas na nossa educação e influências. Estes preconceitos implícitos afetam tudo e chegou a hora de sermos mais cuidadosos, mais inteligentes, melhores. Nesta palestra divertida e honesta, Yassmin Abdel-Magied usa uma forma surpreendente de nos desafiar a ultrapassar as nossas perceções iniciais.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
13:50

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