Normose: a patologia da normalidade | Roberto Crema | TEDxLaçador
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0:14 - 0:19Eu estou sendo psicoterapeuta
há mais de 40 anos. -
0:22 - 0:27Eu quero lhe dizer que, além da neurose,
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0:28 - 0:31além da psicose,
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0:31 - 0:34existe uma doença terrível.
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0:36 - 0:40De fato, é uma doença nefasta,
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0:42 - 0:45que Jean-Yves Leloup, Pierre Weil e eu
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0:46 - 0:49denominamos de "normose",
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0:51 - 0:54a patologia da normalidade.
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0:58 - 1:05E eu devo dizer que talvez este
seja um dos encantamentos -
1:05 - 1:10deste grande encontro, TEDxLaçador:
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1:10 - 1:17é que a normose está sendo
pontuada desde o início. -
1:19 - 1:21O que é a normose?
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1:22 - 1:25São hábitos, atitudes,
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1:26 - 1:32um conjunto de comportamentos
dotados de consenso social, -
1:32 - 1:39patogênicos e patológicos
em algum sentido, em alguma medida. -
1:40 - 1:43A guerra legal, por exemplo.
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1:43 - 1:49É um exemplo, talvez o mais mortífero,
do que é a normose. -
1:51 - 1:53Até onde eu posso compreender,
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1:53 - 1:58existem dois fundamentos,
os mais importantes, da normose. -
1:59 - 2:02Um é o situacional, sistêmico.
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2:03 - 2:05O outro é o evolutivo.
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2:07 - 2:11O sistêmico, o situacional
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2:13 - 2:18diz respeito ao fato
de que nem sempre a normose existiu, -
2:18 - 2:21nem sempre ela existirá.
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2:21 - 2:25A normose é uma doença típica
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2:25 - 2:31de momentos em que nós convivemos
dentro de um contexto -
2:32 - 2:37onde predomina a violência,
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2:37 - 2:43a falta de escuta, a falta de cuidado,
a falta de responsabilidade, -
2:43 - 2:47onde predomina a corrupção,
a desumanidade, -
2:47 - 2:50numa só palavra, o egocentrismo.
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2:52 - 2:54Então isso é normal?
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2:54 - 2:57É se adaptar a um sistema doente
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2:57 - 2:59e mantê-lo.
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3:00 - 3:06Eu tenho sido um operário,
há mais de 31 anos, -
3:06 - 3:09da Universidade Internacional da Paz,
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3:09 - 3:11Unipaz.
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3:11 - 3:15E as pessoas pensam
que paz é estar numa boa; -
3:15 - 3:18que paz é ausência de conflitos.
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3:18 - 3:19Não!
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3:22 - 3:24Paz é bom combate.
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3:26 - 3:31O oposto da paz, como afirma
a sabedoria chinesa, é a estagnação. -
3:32 - 3:37♪ Quantas guerras terei que vencer
por um pouco de paz. ♪ -
3:39 - 3:41Há que militar pela paz.
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3:42 - 3:44Mas com outras armas.
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3:44 - 3:48As armas da consciência,
da responsabilidade, -
3:49 - 3:50do amor compassivo.
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3:54 - 3:59Então, da mesma forma, saúde
não é ausência de sintomas. -
4:02 - 4:08Às vezes a pessoa saudável é aquela
que tem capacidade de apresentar sintomas. -
4:10 - 4:12Sintomas conscientes.
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4:14 - 4:19Às vezes até mesmo
um desespero consciente, lúcido, -
4:19 - 4:23uma indignação justa.
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4:26 - 4:30Isso me faz lembrar
de uma parábola familiar. -
4:31 - 4:35Quando a minha filha Isabela tinha 5 anos,
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4:35 - 4:39e hoje ela tem 34 e tem um garotinho de 8,
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4:40 - 4:42a mãe lhe perguntou:
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4:42 - 4:45"Qual a princesa que você mais gosta?
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4:45 - 4:49A Gata Borralheira, a Cinderela,
a Bela Adormecida?" -
4:50 - 4:53Ela pensou e respondeu:
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4:53 - 4:56"Eu gosto de todas as que desmaiam".
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5:00 - 5:02Eu também. Eu também.
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5:03 - 5:06Eu respeito muito pessoas que desmaiam.
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5:07 - 5:13Às vezes porque têm a sensibilidade
de sentir, na própria pele, -
5:13 - 5:20a dor, as contradições,
que os normóticos não sentem. -
5:20 - 5:24Pessoas que me procuraram
com a doença do pânico, por exemplo, -
5:24 - 5:27todas eram pessoas sensíveis,
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5:27 - 5:29pra não dizer sensitivas;
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5:29 - 5:34que captavam, tinham portais
abertos à percepção. -
5:35 - 5:37Um medo que não é apenas o seu medo.
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5:37 - 5:40É o medo do sistema familiar.
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5:40 - 5:44É o medo de uma humanidade
num grupo de risco de extinção. -
5:46 - 5:52É o medo de animais sendo dizimados,
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5:52 - 5:57de florestas sendo desertificadas.
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5:57 - 5:59E essas pessoas desmaiam!
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6:01 - 6:08Eu respeito muito pessoas denominadas
de psicóticas e de neuróticas. -
6:09 - 6:12Nem todo mundo tem
competência pra enlouquecer. -
6:14 - 6:19É por isso que, na África,
as pessoas que são consideradas loucas -
6:19 - 6:22são também consideradas santas.
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6:22 - 6:25Porque elas são
como um para-raios que capta -
6:25 - 6:30as contradições culturais, sistêmicas.
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6:30 - 6:32E às vezes naufragam.
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6:32 - 6:36E como já disse Laing,
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6:36 - 6:42a diferença entre um santo e um louco
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6:42 - 6:48é que o santo sabe nadar
onde o outro não sabe -
6:48 - 6:49e naufraga.
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6:49 - 6:52Talvez essas pessoas,
pelo menos em grande medida, -
6:52 - 6:58que nós chamamos de psicóticas,
sejam santos fracassados. -
7:00 - 7:02Eu respeito muito os neuróticos,
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7:02 - 7:06que pelo menos têm a decência de ter
uma dor de consciência, uma insônia. -
7:07 - 7:11O problema é a normose,
é gente que não se importa. -
7:15 - 7:17É uma desumanidade.
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7:20 - 7:26Então eu penso numa ocasião em que eu vim
dar um seminário aqui em Porto Alegre, -
7:26 - 7:32e o taxista, ao saber que eu era
psicoterapeuta, me disse: -
7:32 - 7:35"Doutor, eu tenho
um problema na minha casa. -
7:35 - 7:37O meu filho é bom.
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7:37 - 7:42Ele é gentil. Ele se levanta
pra uma pessoa mais idosa sentar. -
7:42 - 7:44Ele não xinga.
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7:44 - 7:46Ele é bom...
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7:46 - 7:48Ele é alvo de bullying.
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7:48 - 7:52As pessoas caçoam, ridicularizam
meu filho, o que eu faço com meu filho? -
7:52 - 7:53Ele é bom".
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7:54 - 7:59Vocês compreendem o que eu
estou querendo dizer por normose? -
8:03 - 8:10Então eu devo dizer que todas as pessoas
que eu respeito e admiro -
8:10 - 8:12são, todas, desajustadas.
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8:14 - 8:20Felizmente! Como este time fabuloso
que organizou este encontro! -
8:20 - 8:23(Aplausos)
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8:28 - 8:30Que nadam contra a correnteza.
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8:31 - 8:36Neste momento, há que sofrer
de um desajustamento. -
8:37 - 8:42Então, vocês falaram da normose,
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8:42 - 8:47do machismo, do racismo, da homofobia,
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8:47 - 8:50de diversas exclusões.
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8:50 - 8:52Normose...
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8:52 - 8:56Poderíamos falar da normose ambiental.
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8:56 - 8:59Da normose da ultraespecialização,
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8:59 - 9:02que é uma pessoa que sabe
quase tudo de quase nada. -
9:03 - 9:04(Risos)
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9:05 - 9:07E que este auditório está pegando fogo
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9:07 - 9:09e cada um está olhando
o "minimum minimorum" e não percebe, -
9:09 - 9:11a sua existência não tem um sentido.
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9:11 - 9:14Nós estamos numa globalização inexorável,
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9:14 - 9:19uma pessoa que é meramente
especialista é incompetente. -
9:20 - 9:26Mas não se trata de fazer
apologia do generalista; -
9:26 - 9:28não são [essas] as funções
dos computadores? -
9:30 - 9:34Talvez haja um conceito nessa educação
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9:34 - 9:37que aqui também tem sido apontada
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9:38 - 9:42como sendo uma possibilidade de solução,
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9:42 - 9:44que eu tenho chamado de vocação.
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9:44 - 9:50É a voz mais profunda do desejo
que os trouxe à encarnação. -
9:51 - 9:54É o que nos traz num palco como este.
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9:55 - 9:58Aqui nós estamos honrando
uma promessa que fizemos. -
9:59 - 10:02Nós não viemos aqui
apenas pra um piquenique. -
10:03 - 10:06Nós viemos contar uma história.
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10:07 - 10:09E só você pode contar a sua.
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10:09 - 10:12Se você não contá-la, ela se perderá.
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10:15 - 10:21Então, um fundamento
da normose é o situacional. -
10:23 - 10:25Há um outro, muito importante.
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10:26 - 10:27É o evolutivo.
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10:27 - 10:30Também tem sido falado hoje.
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10:32 - 10:35É a questão que precisamos nos fazer.
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10:35 - 10:39O que diferencia a espécie humana
de outras espécies? -
10:41 - 10:47O que nos diferencia de um pássaro,
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10:47 - 10:49de uma serpente, de um macaco?
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10:51 - 10:55Eu penso num amigo nosso, da Unipaz,
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10:56 - 11:00um prêmio Nobel alternativo
em economia de país em desenvolvimento, -
11:00 - 11:04Manfred Max-Neef, chileno.
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11:04 - 11:06Quando eu o conheci em Mendoza,
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11:06 - 11:08ele nos dizia que desde menino
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11:08 - 11:13ele queria saber em que o ser humano
se diferenciava das outras espécies. -
11:13 - 11:15É a inteligência? Não.
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11:15 - 11:16É a linguagem? Não.
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11:16 - 11:18É cultura. Não.
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11:18 - 11:21É humor. Não.
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11:22 - 11:24E um dia, conversando com seu pai,
-
11:24 - 11:26a quem ele muito respeitava,
-
11:26 - 11:29seu pai lhe disse: "Não será
a estupidez, meu filho?" -
11:30 - 11:31(Risos)
-
11:31 - 11:35Acendeu uma luzinha e ele diz
que se tornou o primeiro "estupidólogo". -
11:35 - 11:37(Risos)
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11:37 - 11:40A "estupidologia" é uma ciência
que precisamos estudar. -
11:40 - 11:43Ela se diferencia, por exemplo,
da imbecilidade, -
11:43 - 11:49que é absolutamente ingênua.
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11:49 - 11:54Eu gosto de lembrar do Rolando Toro,
criador da biodança, um grande irmão, -
11:54 - 12:00ele nos dizia que é preciso ser
um idiota hipotalâmico, -
12:00 - 12:03ser um bom animal,
dar férias pro córtex cerebral. -
12:04 - 12:07A questão é a estupidez,
-
12:07 - 12:10porque ela se reveste de racionalidade.
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12:10 - 12:13Uma pessoa pode ser altamente estúpida
-
12:13 - 12:16e altamente racional;
-
12:16 - 12:20ter diplomas em
universidades qualificadas; -
12:21 - 12:25e fazer como uma pessoa
que está falando sobre desenvolvimento, -
12:25 - 12:29com gráficos, tabelas sofisticadas,
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12:29 - 12:35ou como uma pessoa que está sentada
no galho de uma árvore, serrando-o. -
12:37 - 12:41Então, Einstein também dizia
-
12:43 - 12:47que pra ele só tinha
duas coisas infinitas: -
12:48 - 12:51o universo e a estupidez humana.
-
12:51 - 12:53E ele acrescentava, Einstein:
-
12:53 - 12:57"Com relação ao universo,
eu ainda tenho minhas dúvidas". -
12:57 - 12:58(Risos)
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13:00 - 13:05Mas eu preciso dizer que eu discordo
de Einstein e de Max-Neef, -
13:05 - 13:07embora os respeitando
-
13:07 - 13:13e considerando que eles estão apontando,
não pra característica da espécie, -
13:13 - 13:15e sim da normose.
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13:15 - 13:22O ser humano, não é da sua natureza,
a estupidez, pelo contrário. -
13:22 - 13:25Nós nascemos pra ser, pra florescer,
-
13:25 - 13:26pra servir.
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13:26 - 13:32Então, eu prefiro pensar em Confúcio,
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13:32 - 13:34que há 2,6 mil anos dizia
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13:34 - 13:38que o que diferencia a nossa espécie
de outras espécies -
13:38 - 13:41é o inacabamento, é a incompletude.
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13:41 - 13:44Nós não nascemos humanos.
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13:44 - 13:46Nós nos fazemos humanos.
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13:46 - 13:50Uma tartaruga nasce tartaruga,
vocês já viram? E vai pro mar. -
13:50 - 13:51Nós não!
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13:53 - 13:55Nós nascemos inacabados.
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13:55 - 13:59Por isso, dizia Confúcio,
o ser humano necessita de educação. -
14:01 - 14:06Vocês já ouviram falar de escola
pra tartarugas? Ou pra tanajuras? -
14:08 - 14:11É a educação, é o aperfeiçoamento,
nós somos aperfeiçoáveis. -
14:11 - 14:15E não se trata apenas
de cultivar o cérebro; -
14:15 - 14:20que desde o século 17 parece que é só
desenvolver um adestramento racional. -
14:20 - 14:21Não.
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14:21 - 14:27Trata-se de cultivar
as dimensões da alma, da psiquê. -
14:27 - 14:29Desenvolver a inteligência emocional,
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14:29 - 14:31inteligência relacional,
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14:31 - 14:33inteligência onírica, dos sonhos.
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14:33 - 14:36Aprender a ler o livro da noite.
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14:38 - 14:44Mas é preciso também desenvolver
uma alfabetização consciencial. -
14:46 - 14:52Desenvolver a consciência de onde jorram
os valores de uma ética com coração. -
14:53 - 15:00O próprio Confúcio resumiu assim
a sua longa existência: -
15:01 - 15:06"Aos 15 anos, orientei
meu coração para aprender. -
15:06 - 15:11Aos 30, eu plantei meus pés
firmemente no chão. -
15:12 - 15:17Aos 40, não mais sofria de perplexidade.
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15:17 - 15:22Aos 50, eu sabia quais eram
os preceitos do céu. -
15:23 - 15:27Aos 60, eu os ouvia com o ouvido do ócio.
-
15:27 - 15:32Aos 70, eu podia seguir
as indicações do meu próprio coração -
15:32 - 15:37porque o que eu desejava não mais excedia
as fronteiras da justiça". -
15:38 - 15:43O mesmo que os terapeutas de Alexandria
nos diziam há 2 mil anos: -
15:43 - 15:46"Você troca de roupa em cinco minutos.
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15:46 - 15:50Leva-se uma existência inteira
pra trocar de coração". -
15:52 - 15:53E essa é a tarefa.
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15:53 - 15:59Nesse sentido, a normose se refere
a uma estagnação evolutiva. -
16:01 - 16:06São pessoas que não investiram
no potencial mais propriamente humano. -
16:06 - 16:07É por isso que eu gosto de confiar
-
16:07 - 16:11que a maior descoberta
do século 21 será o ser humano. -
16:13 - 16:19Agora, caso contrário, fica a pergunta:
haverá século 21 pro ser humano? -
16:22 - 16:25Nada menos que isto encontra-se em jogo:
-
16:25 - 16:29o futuro das novas gerações.
-
16:31 - 16:37Então, a normose é terrível,
porque ela é insidiosa, ela é silenciosa, -
16:37 - 16:39as pessoas não percebem.
-
16:40 - 16:44Não é fácil você se tornar um ser humano.
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16:44 - 16:47Darwin não entendeu da evolução humana,
ele era um naturalista. -
16:47 - 16:50Ele entendeu da evolução
natural no ser humano, -
16:50 - 16:53mas o ser humano,
como dizia Teilhard de Chardin, -
16:53 - 16:59é o espaço onde a própria natureza
pode aprender a se conhecer, a se saber, -
16:59 - 17:02a ser, a sorrir, a orar, a servir.
-
17:06 - 17:11Alguém pediu pro ipê: "Fale-me de Deus".
-
17:12 - 17:15E o ipê floresceu.
-
17:17 - 17:22Talvez só haja uma forma de falar
sobre o mistério da grande vida: -
17:22 - 17:24florescendo,
-
17:25 - 17:30como seres humanos
que potencialmente somos. -
17:33 - 17:34Então,
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17:35 - 17:41eu quero ainda falar de uma história
que nós contamos na Unipaz. -
17:42 - 17:46Há mais de 30 anos, o Betinho
aprendeu conosco essa história. -
17:47 - 17:53Era uma vez uma floresta incendiada.
-
17:54 - 17:56E todos os bichos fugiam, todos, todos.
-
17:57 - 17:59Menos um beija-flor,
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18:00 - 18:03que pegava duma fonte uma gota d'água
-
18:03 - 18:05e jogava no meio do fogo.
-
18:05 - 18:09E voltava, resilientemente, outra gota,
-
18:09 - 18:11e jogava no meio do fogo.
-
18:11 - 18:13E voltava, com paciência,
-
18:15 - 18:20as asinhas já queimadinhas,
-
18:20 - 18:21e jogava no meio do fogo.
-
18:21 - 18:23Um tatu fujão, vendo aquilo, disse:
-
18:23 - 18:29"Mas, beija-flor, você acha
que com essas ridículas gotinhas, -
18:29 - 18:33você vai apagar esse fogaréu infernal?"
-
18:34 - 18:38E o beija-flor responde:
"Eu sei que não, amigo tatu. -
18:38 - 18:41Agora, eu estou fazendo a minha parte".
-
18:44 - 18:48Nós estamos todos muito cansados
de revolucionários. -
18:48 - 18:51Gente que quer mudar o mundo, a sociedade;
-
18:51 - 18:55às vezes com boas intenções,
mas sempre de uma maneira arrogante, -
18:55 - 18:58porque sem ter antes se transformado.
-
18:59 - 19:02Não é nossa tarefa mudar
o outro, nem o mundo. -
19:02 - 19:05Cada um de nós é um pedacinho
de praça pública, -
19:05 - 19:10e a primeira responsabilidade é introduzir
um pouco de paz, um pouco de ordem, -
19:10 - 19:13um pouco de amor
-
19:13 - 19:17nesse pedacinho de mundo que o grande
mundo confiou a cada um de nós. -
19:18 - 19:23E se nós não fizermos isso, onde poderemos
ser facilitadores de transparência? -
19:24 - 19:27Por isso as revoluções fracassaram
-
19:28 - 19:30e continuam fracassando.
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19:31 - 19:35Eu gosto de falar da conspiração
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19:35 - 19:39que é respirar conscientemente;
consigo, com o outro, com os outros, -
19:39 - 19:41com o mundo e com o mistério.
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19:41 - 19:42Eu recomendo um livro,
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19:42 - 19:46"A Conspiração Aquariana",
de Marilyn Ferguson, -
19:46 - 19:50que estudou muito esses movimentos
espontâneos transinstitucionais -
19:50 - 19:52a partir de Mahatma Gandhi.
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19:53 - 19:55O beija-flor não tem nenhuma ideologia.
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19:55 - 19:56Ele não tem bandeiras.
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19:56 - 19:58Ele não está culpando ninguém.
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19:58 - 20:00Ele não está empurrando ninguém.
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20:00 - 20:02Ele faz a parte dele.
-
20:02 - 20:03Isso nós podemos fazer.
-
20:03 - 20:06Nós podemos ficar de pé.
-
20:06 - 20:07Nós podemos fazer a nossa parte.
-
20:07 - 20:13Aliás, desde a manhã eu estou vendo
beija-flores que vieram, -
20:13 - 20:15cada um falando da sua gotinha d'água.
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20:17 - 20:21E todos que estão nesta sala, todos,
-
20:21 - 20:24em algum momento estarão aqui,
não precisa ser neste palco, -
20:24 - 20:30mas no palco da sua história de vida,
contando a sua história -
20:30 - 20:33e levando a sua gotinha d'água,
-
20:33 - 20:39porque sempre podemos acender uma vela,
em vez de apenas reclamar da escuridão. -
20:41 - 20:46Então quero concluir dizendo
que é tempo mesmo de repensar. -
20:47 - 20:49É tempo também de não pensar.
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20:52 - 20:53Meditação.
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20:55 - 20:57Porque quando a nossa mente se esvazia,
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20:57 - 20:59a nossa taça transborda.
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21:00 - 21:03É tempo de renovação.
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21:04 - 21:06Eu adoro poetas.
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21:09 - 21:13Eu creio que a gentileza,
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21:14 - 21:16o amor compassivo e a poesia
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21:16 - 21:18ainda salvarão o mundo.
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21:19 - 21:23Eu quero concluir com um poema
da Cecília Meireles: -
21:26 - 21:27"Renova-te.
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21:28 - 21:30Renasce em ti mesmo.
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21:31 - 21:34Multiplica os teus olhos, para verem mais.
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21:36 - 21:39Multiplica os teus braços
para semeares tudo. -
21:40 - 21:42Destrói os olhos que tiverem visto.
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21:42 - 21:45Cria outros, para as visões novas.
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21:46 - 21:49Destrói os braços que tiverem semeado,
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21:49 - 21:52para se esquecerem de colher.
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21:53 - 21:54Sê sempre o mesmo.
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21:55 - 21:57Sempre outro.
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21:58 - 22:00Mas sempre alto.
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22:01 - 22:02Sempre longe.
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22:03 - 22:06E dentro de tudo."
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22:07 - 22:08Muito obrigado.
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22:08 - 22:11(Aplausos)
- Title:
- Normose: a patologia da normalidade | Roberto Crema | TEDxLaçador
- Description:
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Você já parou para pensar que muitas vezes o que é considerado normal nem sempre é correto? Nesta palestra cativante e inteligente, o psicólogo, antropólogo e mestre em Ciências Humanas Roberto Crema descreve a normose, possivelmente a patologia mais comum hoje em dia, mas ao mesmo também a mais banalizada.
Roberto Crema é psicólogo, antropólogo e mestre em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade de Paris. Formação em diversas escolas humanísticas e transpessoais, criador do enfoque da Síntese Transacional – uma Ecologia do Ser, na perspectiva de uma quinta força em terapia. Reitor da Universidade Internacional da Paz - Rede UNIPAZ. Autor e coautor de 30 livros.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese, Brazilian
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 22:17