-
Title:
O que causa os ataques de pânico, e como podemos evitá-los? — Cindy J. Aaronson
-
Description:
Vejam a lição completa em: https://ed.ted.com/lessons/what-causes-panic-attacks-and-how-can-you-prevent-them-cindy-j-aaronson
Inúmeros poetas e escritores tentaram expressar por palavras a experiência de ter um ataque de pânico — uma sensação tão esmagadora que muitas pessoas a confundem com um ataque cardíaco, um AVC ou outra crise potencialmente fatal. Os estudos sugerem que quase um terço das pessoas passará por um ataque de pânico, pelo menos, ao longo da vida. Portanto, em que consiste exatamente um ataque de pânico, e como podemos evitá-lo? Cindy J. Aaronson investiga a questão.
Lição de Cindy J. Aaronson, realização de Aim Creative Studios.
-
Speaker:
Cindy J. Aaronson
-
O corpo transforma-se
num verdadeiro espartilho.
-
O passado, o presente e o futuro
existem como uma força única.
-
Um movimento de vaivém sem gravidade
atinge uma altura assustadora.
-
Os contornos das pessoas
e das coisas dissolvem-se.
-
Inúmeros poetas e escritores
tentaram expressar por palavras
-
a experiência de ter um ataque de pânico
-
— uma sensação tão esmagadora
-
que muitas pessoas a confundem
com um ataque de coração, um AVC
-
ou outras crises potencialmente fatais.
-
Embora os ataques de pânico
não causem danos físicos a longo prazo,
-
o medo subsequente de ter outro ataque
pode limitar o dia-a-dia da pessoa
-
e provocar mais ataques de pânico.
-
Os estudos sugerem
que quase um terço das pessoas
-
passará por um ataque de pânico,
pelo menos, ao longo da sua vida.
-
Quer seja o primeiro
ou o centésimo ataque,
-
ou estejamos a ver
outra pessoa a passar por um,
-
ninguém quer repetir a experiência.
-
Até mesmo aprender sobre o assunto
pode ser desconfortável,
-
mas é necessário,
-
porque o primeiro passo para evitar
ataques de pânico é compreendê-los.
-
Na sua essência, o ataque de pânico
é uma reação extrema
-
à resposta fisiológica normal do corpo
à perceção de perigo.
-
Esta resposta tem início na amígdala,
-
a região do cérebro que está envolvida
no processamento do medo.
-
Quando a amígdala deteta um perigo,
-
estimula o sistema nervoso simpático,
-
que desencadeia
a libertação de adrenalina.
-
A adrenalina instiga um aumento
da frequência cardíaca e da respiração
-
para levar sangue e oxigénio
aos músculos dos braços e das pernas.
-
Também envia mais oxigénio para o cérebro,
deixando-o mais alerta e reativo.
-
Durante um ataque de pânico,
-
esta resposta é exacerbada
-
muito para além do que seria útil
numa situação de perigo,
-
provocando aceleração cardíaca,
respiração ofegante ou hiperventilação.
-
As alterações no fluxo sanguíneo
provocam tonturas
-
e dormência nas mãos e nos pés.
-
Geralmente, um ataque de pânico
atinge o pico no espaço de dez minutos.
-
Depois, o córtex pré-frontal
assume o controlo a partir da amígdala
-
e estimula o sistema nervoso
parassimpático.
-
Isto desencadeia a libertação
de uma hormona chamada acetilcolina,
-
que reduz a frequência cardíaca
-
e faz o ataque de pânico
esmorecer gradualmente.
-
Num ataque de pânico,
a perceção que o corpo tem do perigo
-
é o suficiente para desencadear a reação
que teríamos a uma ameaça real
-
— e a muito mais.
-
Não se sabe ao certo
porque é que isto acontece,
-
mas, por vezes,
certos estímulos do ambiente
-
que nos lembrem experiências
traumáticas do passado
-
podem desencadear ataques de pânico.
-
Estes ataques podem fazer parte
de perturbações de ansiedade,
-
como a PSPT, a fobia social,
-
a perturbação obsessiva-compulsiva
-
e a perturbação de ansiedade generalizada.
-
Os ataques de pânico recorrentes,
-
a preocupação frequente
com a possibilidade de ter novos ataques
-
e as mudanças comportamentais
destinadas a evitá-los
-
podem levar ao diagnóstico
de uma perturbação de pânico.
-
Os dois principais tratamentos
para a perturbação de pânico
-
são a medicação antidepressiva
-
e a terapia cognitivo-comportamental
ou TCC.
-
Ambas têm uma taxa de resposta
de cerca de 40%,
-
embora um paciente
que responda bem a um tratamento
-
possa não responder bem ao outro.
-
Contudo, a medicação antidepressiva
acarreta alguns efeitos secundários,
-
e 50% das pessoas tem uma recaída
quando deixa de a tomar.
-
Entretanto, a TCC tem um efeito
mais duradouro,
-
com uma taxa de recaída de apenas 20%.
-
O objetivo do tratamento
das perturbações de ansiedade com TCC
-
é ajudar as pessoas a aprender
e a pôr em prática ferramentas concretas
-
para exercer um controlo físico
e, por sua vez, mental
-
sobre as sensações e pensamentos
que estão associados ao ataque de pânico.
-
A TCC começa por explicar as causas
fisiológicas de um ataque de pânico,
-
a que se seguem exercícios
musculares e respiratórios
-
desenvolvidos para ajudar as pessoas
-
a controlar os padrões respiratórios
de forma consciente.
-
Segue-se a restruturação cognitiva,
-
que envolve identificar
e mudar os pensamentos
-
que são comuns durante os ataques,
-
tais como acreditar
que vamos deixar de respirar,
-
que teremos um ataque de coração
ou morreremos,
-
e substituí-los por pensamentos
mais corretos.
-
A etapa seguinte do tratamento
-
consiste na exposição às situações
e sensações corporais
-
que, normalmente, desencadeiam
um ataque de pânico.
-
O objetivo é mudar a crença,
através da experiência,
-
de que estas sensações
e situações são perigosas.
-
Mesmo depois da TCC,
-
não é fácil seguir estes passos
em pleno ataque.
-
Mas, com a prática, estas ferramentas
podem evitar e abrandar os ataques
-
e, finalmente, reduzir o domínio do pânico
sobre a vida de uma pessoa.
-
Fora da terapia formal,
-
muitos pacientes encontram alívio
-
nas mesmas crenças
que a TCC pretende instilar:
-
que o medo não pode nos magoar,
-
mas que, se nos agarrarmos a este,
isso fará o pânico disparar.
-
Mesmo que nunca tenham tido
ataques de pânico,
-
compreendê-los vai ajudar-vos
a identificá-los
-
— em vocês ou nos outros —
-
e reconhecer o ataque de pânico
é o primeiro passo para os evitar.