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Promovam as super-heroínas!

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    Eu passo a maior parte do meu tempo
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    pensando em garotinhas.
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    O que é meio estranho para um homem
    dizer, na nossa sociedade.
  • 0:13 - 0:16
    Mas é verdade, eu fico muito tempo
    pensando em garotinhas,
  • 0:16 - 0:19
    talvez, principalmente,
    porque eu sou pai de uma.
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    Esta é a minha filha,
    e eu acho que vocês adorariam ela.
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    Ela é esperta, engraçada,
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    gentil com as pessoas e uma boa amiga.
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    Mas, quando eu falo sobre a minha filha,
    a palavra que eu mais tendo a usar
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    é "atleta".
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    Minha filha é atlética.
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    Ela é forte, e rápida,
  • 0:39 - 0:42
    tem um excelente equilíbrio
    e bom controle corporal.
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    Ela venceu o campeonato estadual
    de Shaolin Kempo
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    nos últimos três anos.
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    Aos nove anos de idade,
    ela já está a meio caminho da faixa preta.
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    Minha filha é atlética.
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    Quando um cara de 1,87m e 120kg
    chega para você
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    e fala que a filha dele é atlética,
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    você pode pensar
    que isso é um reflexo dele.
  • 1:01 - 1:02
    Só que não.
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    (Risos)
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    No ensino médio, minha esposa
    foi bicampeã nacional de futebol
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    e bicampeã nacional de vôlei,
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    e eu jogava RPG de mesa,
    "Dungeons & Dragons".
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    E é por isso que,
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    apesar da minha filha ser uma atleta,
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    ela também é supernerd, o que eu adoro.
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    Ela anda pela casa com uma capa de chamas
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    que ela mesma fez.
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    Ela se senta no Trono de Ferro...
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    (Risos)
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    mesmo sem nunca ter visto
    "Game of Thrones",
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    principalmente porque não somos
    os piores pais da história.
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    Mas ela sabe que há uma pessoa
    chamada "A Mãe dos Dragões",
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    ela se chama disso e acha o máximo.
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    Ela adora quadrinhos.
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    Atualmente, o favorito dela é o Groot.
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    Ela ama o Groot.
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    Ela adora O Incrível Hulk.
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    Mas, lá no coraçãozinho dela,
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    minha filha ama Star Wars.
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    Minha filha é uma Jedi.
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    Alguns dias ela também é uma Sith
  • 1:55 - 1:59
    e eu posso respeitar a escolha dela.
  • 1:59 - 2:00
    (Risos)
  • 2:00 - 2:02
    Mas a pergunta que eu quero fazer é:
  • 2:02 - 2:05
    por que, quando minha filha se fantasia,
  • 2:05 - 2:07
    seja de Groot, seja de Incrível Hulk,
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    seja de Obi-Wan Kenobi ou de Darth Maul,
  • 2:11 - 2:15
    por que todas as fantasias delas
    são de personagens masculinos?
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    E onde estão todas as super-heroínas?
  • 2:18 - 2:20
    Essa não é bem a pergunta,
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    afinal existem várias
    super-heroínas por aí.
  • 2:22 - 2:26
    A pergunta de verdade é:
    onde estão os produtos de super-heroínas?
  • 2:27 - 2:29
    Onde estão as fantasias?
    Onde estão os brinquedos?
  • 2:30 - 2:33
    Porque dia após dia, quando minha filha
    brinca ou se fantasia,
  • 2:33 - 2:35
    ela está aprendendo coisas
  • 2:36 - 2:39
    através de um processo que,
    na minha própria linha de trabalho
  • 2:39 - 2:42
    como professor de estudos de mídia,
    chamamos de pedagogia pública.
  • 2:42 - 2:47
    Ou seja, é como as sociedades
    aprendem ideologias.
  • 2:47 - 2:50
    É como você aprendeu
    o que significa ser homem ou mulher,
  • 2:50 - 2:53
    o que significa se comportar em público,
  • 2:53 - 2:55
    ser patriótico, ter bons modos.
  • 2:55 - 2:59
    São todas as relações sociais
    que nos constituem como pessoas.
  • 2:59 - 3:05
    Resumindo, é como aprendemos o que sabemos
    sobre os outros e sobre o mundo.
  • 3:05 - 3:09
    Mas vivemos em uma sociedade
    100% saturada pela mídia.
  • 3:10 - 3:13
    Isso quer dizer que cada mínimo aspecto
    da sua existência humana,
  • 3:13 - 3:15
    exceto suas funções fisiológicas básicas,
  • 3:15 - 3:18
    é tocado pela mídia de alguma forma.
  • 3:18 - 3:20
    Do carro que você dirige
    à comida que você come,
  • 3:20 - 3:22
    às roupas que você veste,
  • 3:22 - 3:24
    ao modo como você
    constrói seus relacionamentos,
  • 3:24 - 3:27
    à própria língua que você usa
    para expressar seus pensamentos,
  • 3:27 - 3:30
    tudo isso está na mídia, de alguma forma.
  • 3:30 - 3:32
    Então, a resposta da nossa sociedade
  • 3:32 - 3:36
    sobre como aprendemos o que sabemos
    sobre os outros e sobre o mundo
  • 3:36 - 3:38
    é, principalmente, através da mídia.
  • 3:39 - 3:41
    Só que tem um problema aí,
  • 3:41 - 3:43
    já que, na nossa sociedade,
  • 3:43 - 3:45
    a mídia não é simplesmente
  • 3:45 - 3:48
    disseminação de informações,
    tecnologias e dispositivos.
  • 3:48 - 3:51
    Elas também são entidades corporativas.
  • 3:51 - 3:57
    E quando a disseminação da informação
    é vinculada ao ganho financeiro,
  • 3:57 - 3:58
    temos um problema.
  • 3:59 - 4:00
    De que tamanho?
  • 4:01 - 4:02
    Pensem assim:
  • 4:02 - 4:08
    em 1983, 90% da mídia dos EUA
    era de propriedade de 50 empresas.
  • 4:09 - 4:13
    Em qualquer mercado, 50 empresas
    prestando um serviço é muita coisa.
  • 4:13 - 4:15
    São muitas visões de mundo diferentes.
  • 4:15 - 4:19
    Em 2015, esse número caiu para 6.
  • 4:19 - 4:21
    Seis empresas.
  • 4:21 - 4:25
    São elas: NBCUniversal Comcast,
    AOL Time Warner,
  • 4:25 - 4:30
    a Walt Disney Company, News Corp,
    Viacom e a CBS Corporation.
  • 4:30 - 4:34
    Essas seis empresas produzem
    nove de cada dez filmes que você assiste,
  • 4:34 - 4:38
    nove de cada dez programas de TV,
    nove de cada dez músicas,
  • 4:38 - 4:40
    nove de cada dez livros.
  • 4:40 - 4:42
    Agora, minha pergunta é:
  • 4:42 - 4:45
    se seis empresas controlam
    90% da mídia americana,
  • 4:45 - 4:50
    quanta influência vocês acham que elas têm
    no que você pode ver todos os dias?
  • 4:52 - 4:53
    Porque em estudos de mídia
  • 4:53 - 4:57
    passamos muito tempo dizendo que a mídia
    não pode nos dizer o que pensar,
  • 4:57 - 4:59
    e de fato não pode. Nisso, ela é horrível.
  • 4:59 - 5:00
    Mas o trabalho dela não é esse.
  • 5:00 - 5:02
    A mídia não nos diz o que pensar.
  • 5:02 - 5:05
    Ela nos diz sobre o que pensar.
  • 5:05 - 5:07
    Ela controla a conversa
  • 5:07 - 5:08
    e controlando a conversa,
  • 5:08 - 5:11
    ela não precisa te fazer pensar
    o que ela quer que você pense.
  • 5:11 - 5:14
    Ela só precisa te fazer pensar
    no que ela quer que você pense
  • 5:14 - 5:19
    e, mais importante, não pensar
    no que ela não quer que você pense.
  • 5:19 - 5:21
    Ela controla a conversa.
  • 5:21 - 5:23
    Como isso funciona na prática?
  • 5:23 - 5:25
    Vamos pegar uma dessas empresas.
  • 5:25 - 5:26
    Vamos na mais fácil.
  • 5:26 - 5:28
    Vamos falar um minutinho
    sobre a Walt Disney Company.
  • 5:28 - 5:31
    A razão pela qual sempre escolho
    a Walt Disney Company é esta:
  • 5:31 - 5:35
    alguma pessoa nesta sala
    nunca viu um filme da Disney?
  • 5:35 - 5:37
    Olhem em volta. Pois é.
  • 5:38 - 5:40
    Eu escolhi a Disney porque eles têm
    o que nós chamamos
  • 5:40 - 5:43
    de uma penetração de 100% na sociedade.
  • 5:43 - 5:45
    Todo mundo, sem exceção,
    foi exposto à Disney,
  • 5:45 - 5:47
    então é fácil usá-la como exemplo.
  • 5:47 - 5:52
    Desde 1937, a Disney ganhou muito dinheiro
    vendendo princesas para as meninas.
  • 5:52 - 5:54
    É daí que vem uma parte
    enorme da renda dela.
  • 5:54 - 5:57
    A menos, é claro,
    que a princesa favorita da sua filha,
  • 5:57 - 5:59
    como acontece com a minha, seja esta.
  • 6:00 - 6:02
    Vejam, em 2012,
  • 6:02 - 6:07
    a Disney comprou a LucasFilm
    pelo montante de US$ 4 bilhões
  • 6:07 - 6:11
    e imediatamente inundaram
    as lojas Disney com o Han Solo,
  • 6:11 - 6:14
    Obi-Wan Kenobi, Darth Vader,
    Luke Skywalker, Yoda,
  • 6:14 - 6:16
    mas não com a Princesa Léia.
  • 6:16 - 6:19
    Por quê? Porque essa princesa
    atrapalha a pedagogia pública
  • 6:19 - 6:21
    das outras princesas.
  • 6:21 - 6:25
    Então, a Disney não colocou
    produtos da Princesa Léia à venda,
  • 6:25 - 6:28
    e quando as pessoas disseram a eles:
    "Ei, cadê as coisas da Princesa Léia?",
  • 6:28 - 6:30
    a Disney respondeu: "Não temos planos
  • 6:30 - 6:33
    de colocar produtos
    da Princesa Léia para vender".
  • 6:33 - 6:37
    Os fãs ficaram indignados e foram
    para o Twitter com a hashtag #WeWantLeia.
  • 6:37 - 6:39
    E a Disney disse:
    "Espera, não é bem assim.
  • 6:40 - 6:45
    O que quisemos dizer é que ainda não temos
    produtos da Léia, mas vamos ter".
  • 6:45 - 6:48
    Isso foi em 2012, e já estamos em 2015,
  • 6:48 - 6:51
    e se vocês forem a uma loja da Disney,
    como eu fiz recentemente,
  • 6:51 - 6:55
    e procurarem produtos da Princesa Léia,
    sabem quantos vão achar?
  • 6:55 - 6:59
    Zero, pois a Disney não tem
    intenção nenhuma de colocá-los na loja.
  • 7:00 - 7:03
    E isso não devia ser surpresa,
    pois sabemos dessa política deles
  • 7:03 - 7:07
    desde que eles compraram a Marvel em 2009
  • 7:07 - 7:10
    pelo total de US$ 4,5 bilhões.
  • 7:10 - 7:13
    Porque quando você ganha muito dinheiro
    vendendo princesas para meninas,
  • 7:13 - 7:16
    você também quer ganhar
    dinheiro com os meninos.
  • 7:16 - 7:19
    E quer coisa melhor do que vender
    super-heróis para os meninos?
  • 7:19 - 7:22
    E agora a Disney ganhou acesso
    ao Capitão América, ao Thor,
  • 7:22 - 7:23
    ao Incrível Hulk,
  • 7:23 - 7:25
    e até mesmo tiveram acesso
  • 7:25 - 7:28
    a um grupo de super-heróis
    dos quais ninguém tinha ouvido falar.
  • 7:28 - 7:31
    A Marvel é boa em vender
    super-heróis a esse ponto.
  • 7:31 - 7:35
    Ano passado, eles lançaram
    o filme "Guardiões da Galáxia".
  • 7:35 - 7:38
    Era um filme que tinha tudo
    para dar errado.
  • 7:38 - 7:41
    Ninguém sabia quem eles eram,
    exceto viciados em quadrinhos como eu.
  • 7:42 - 7:44
    Um dos personagens é uma árvore falante.
  • 7:44 - 7:46
    O outro é um guaxinim antropomórfico.
  • 7:46 - 7:48
    Não tinha como dar certo.
  • 7:48 - 7:51
    E eles ganharam
    uma nota preta com o filme.
  • 7:51 - 7:54
    A personagem ali no meio se chama Gamora.
  • 7:54 - 7:56
    Ela é interpretada pela Zoe Saldana,
  • 7:56 - 7:59
    e ela é forte, esperta, rápida,
    e luta que nem uma ninja,
  • 7:59 - 8:01
    é interpretada
    por uma moça negra lindíssima,
  • 8:01 - 8:04
    e a minha filha se apaixonou por ela.
  • 8:04 - 8:08
    Como qualquer bom pai nerd,
    fui comprar coisas da Gamora para ela,
  • 8:08 - 8:11
    e, quando cheguei na loja,
    descobri algo muito interessante:
  • 8:11 - 8:14
    se eu quisesse comprar para ela
    uma mochila da Gamora,
  • 8:14 - 8:16
    bom, a Gamora não aparece.
  • 8:16 - 8:20
    Talvez eles devessem ter anunciado isso
    como "alguns dos Guardiões da Galáxia".
  • 8:20 - 8:22
    (Risos)
  • 8:22 - 8:25
    E se eu quisesse comprar
    uma lancheira, não tinha a Gamora.
  • 8:25 - 8:27
    Se eu quisesse comprar uma camiseta,
  • 8:27 - 8:29
    não tinha a Gamora também.
  • 8:29 - 8:30
    E, só para constar,
  • 8:30 - 8:33
    se eu fosse na loja, e eu fui,
  • 8:33 - 8:34
    e olhasse na vitrine,
  • 8:34 - 8:37
    eu veria uma fotinho
    bem pequena da Gamora logo ali,
  • 8:37 - 8:41
    mas se olhasse os produtos na prateleira,
  • 8:41 - 8:43
    a Gamora não estava em nenhum deles.
  • 8:43 - 8:47
    Eu poderia ter xingado muito no Twitter,
    usando a hashtag #WheresGamora,
  • 8:47 - 8:50
    como milhões de fãs pelo mundo fizeram,
  • 8:50 - 8:54
    mas a verdade é que não
    me surpreendi tanto assim,
  • 8:54 - 8:58
    porque eu estava lá quando
    a Disney lançou "Os Vingadores".
  • 8:58 - 9:02
    E este ano, saiu o segundo
    filme deles, "Era de Ultron",
  • 9:02 - 9:06
    e ficamos muito empolgados, pois havia
    não só uma, mas duas super-heroínas,
  • 9:06 - 9:07
    a Feiticeira Escarlate e a Viúva Negra.
  • 9:08 - 9:09
    Ficamos superempolgados.
  • 9:09 - 9:11
    Mas sabe qual o problema aí?
  • 9:11 - 9:13
    Apesar da Viúva Negra
    ser a Scarlett Johansson,
  • 9:13 - 9:16
    uma das atrizes mais populares dos EUA,
  • 9:16 - 9:19
    e de a Viúva Negra ser a estrela
    não em um, nem em dois,
  • 9:19 - 9:23
    mas em cinco diferentes filmes da Marvel,
  • 9:23 - 9:27
    não há um único produto
    da Viúva Negra à venda.
  • 9:27 - 9:29
    Nenhumzinho.
  • 9:29 - 9:32
    E se você for a uma loja Disney
    e procurar uma fantasia de Viúva Negra,
  • 9:32 - 9:35
    você vai encontrar fantasias
    do Capitão América, do Incrível Hulk,
  • 9:35 - 9:37
    do Homem de Ferro e do Thor.
  • 9:37 - 9:42
    Até do Máquina de Combate,
    e ele nem aparece tanto assim no filme.
  • 9:42 - 9:44
    Só não vai achar a da Viúva Negra.
  • 9:44 - 9:48
    E eu podia, como muita gente foi,
    ter ido pro Twitter, com a hashtag
  • 9:48 - 9:49
    #WheresNatasha.
  • 9:49 - 9:52
    Mas eu já cansei de fazer isso.
  • 9:52 - 9:54
    Eu cansei de ter que fazer isso.
  • 9:54 - 9:55
    Agora mesmo, por todo o país,
  • 9:55 - 9:59
    há crianças brincando
    com o conjunto Cycle Blast Quinjet,
  • 9:59 - 10:03
    em que o Capitão América
    sai de moto de um jato em movimento,
  • 10:03 - 10:04
    que é realmente incrível.
  • 10:04 - 10:05
    Sabe o quão incrível é?
  • 10:06 - 10:08
    Tão incrível que,
    quando isso aconteceu no filme,
  • 10:08 - 10:10
    era a Viúva Negra na moto.
  • 10:10 - 10:14
    Ela não só foi apagada,
  • 10:14 - 10:18
    como foi substituída
    por um personagem masculino.
  • 10:20 - 10:23
    E o que isso está nos ensinando?
  • 10:23 - 10:25
    Quer dizer, pelos próximos cinco anos,
  • 10:25 - 10:28
    a Disney, a Warner Bros
    e um monte de outros estúdios
  • 10:28 - 10:32
    vão lançar mais de 30 longas-metragens
  • 10:32 - 10:33
    de personagens de quadrinhos,
  • 10:33 - 10:36
    e, desses 30 longa-metragens,
  • 10:36 - 10:41
    precisamente dois deles
    terão protagonistas mulheres.
  • 10:41 - 10:42
    Dois.
  • 10:42 - 10:45
    Claro, haverá mulheres nos outros filmes,
  • 10:45 - 10:48
    mas elas serão companheiras,
    parceiras românticas, membros da equipe.
  • 10:48 - 10:51
    Elas não serão as personagens principais.
  • 10:51 - 10:55
    E se o que aprendemos, o que sabemos
    sobre as outras pessoas e sobre o mundo
  • 10:55 - 10:56
    aprendemos através da mídia,
  • 10:56 - 10:58
    então essas empresas
    estão ensinando à minha filha
  • 10:58 - 11:03
    que mesmo que ela seja forte, esperta,
    rápida e lute como uma ninja,
  • 11:03 - 11:06
    e tudo que citei acima é verdade,
  • 11:06 - 11:08
    não importa.
  • 11:08 - 11:10
    Ou ela será ignorada, como a Gamora,
  • 11:10 - 11:14
    ou será apagada e substituída
    por um menino, como a Viúva Negra.
  • 11:15 - 11:17
    E isso não é justo.
  • 11:17 - 11:21
    Não é justo com ela e não é justo
    com seus filhos e filhas também.
  • 11:21 - 11:22
    Mas esta é a questão:
  • 11:22 - 11:25
    estou criando uma garotinha,
    e ela tem um pouco de molequice nela,
  • 11:25 - 11:28
    o que é algo terrível
    de se dizer sobre uma garota.
  • 11:28 - 11:31
    Isso significa que essas
    características que a definem
  • 11:31 - 11:32
    não são na verdade suas,
  • 11:32 - 11:35
    elas só foram emprestadas
    temporariamente dos garotos.
  • 11:36 - 11:39
    Mas sabem quanto desgosto
    ela vai enfrentar na vida
  • 11:39 - 11:41
    por ter um pouco dessa molequice?
  • 11:41 - 11:43
    Zero. Nenhum.
  • 11:43 - 11:45
    As pessoas vão achá-la engraçadinha.
  • 11:45 - 11:47
    Vão chamá-la de determinada,
    porque, em nossa sociedade,
  • 11:47 - 11:50
    dar atributos masculinos a meninas
  • 11:50 - 11:53
    é visto como um upgrade, um bônus.
  • 11:53 - 11:56
    Eu não estou criando
    um garotinho, como o Mike.
  • 11:56 - 11:58
    Mike é um garotinho da Flórida.
  • 11:58 - 12:01
    Ele tem 11 anos,
    e o que ele mais ama no mundo
  • 12:01 - 12:04
    é um programa chamado:
    "Meu Pequeno Pônei: a Amizade é Mágica",
  • 12:04 - 12:08
    como milhares de outras crianças
    nos Estados Unidos.
  • 12:08 - 12:11
    Bom, este programa é direcionado
    para garotas entre cinco e nove anos,
  • 12:11 - 12:13
    mas há milhares de garotos
  • 12:13 - 12:15
    e homens adultos
  • 12:15 - 12:18
    que gostam do "Meu Pequeno Pônei:
    a Amizade é Mágica".
  • 12:18 - 12:19
    Eles têm um clube.
  • 12:19 - 12:21
    Eles se chamam de "Bronies",
  • 12:21 - 12:24
    garotos pôneis,
    caras que gostam de pôneis.
  • 12:24 - 12:26
    E eu sou um deles.
  • 12:26 - 12:31
    E o que o Mike, eu e milhares de outros
    garotos e homens estamos aprendendo
  • 12:31 - 12:35
    neste mundo afeminado de garotas
    do "Meu Pequeno Pônei"?
  • 12:35 - 12:40
    Bem, estamos aprendendo a estudar bastante
    e a trabalhar e a se divertir bastante,
  • 12:40 - 12:42
    a termos uma boa aparência
    e a nos sentirmos bem,
  • 12:42 - 12:44
    e a fazer o bem.
  • 12:44 - 12:49
    E que Deus nos guarde de ensinar
    esses conceitos afeminados aos meninos.
  • 12:49 - 12:53
    Então os outros garotos da vizinhança
    pegam no pé do Mike, espancam-no
  • 12:53 - 12:54
    e gozam dele,
  • 12:54 - 12:57
    e aos 11 anos de idade,
    Mike volta pra casa,
  • 12:57 - 12:59
    encontra um cinto, amarra no pescoço,
  • 12:59 - 13:02
    e se enforca no beliche do quarto.
  • 13:02 - 13:04
    Porque nós criamos uma sociedade
  • 13:04 - 13:10
    na qual você prefere ser o garoto morto
    a gostar de coisas de menina.
  • 13:10 - 13:13
    E a culpa não é do Mike. A culpa é nossa.
  • 13:13 - 13:16
    Nós falhamos com ele.
  • 13:16 - 13:18
    Nós falhamos com nossas crianças.
  • 13:18 - 13:20
    E temos que fazer melhor por eles.
  • 13:20 - 13:23
    Temos que parar com essa questão
    que as únicas super-heroínas
  • 13:23 - 13:26
    aparecem em camisetas
    cor de rosa e feitas para garotas.
  • 13:27 - 13:28
    Temos que parar com isso.
  • 13:28 - 13:31
    E quando eu estava preparando
    este material, as pessoas me diziam:
  • 13:31 - 13:34
    "Isso nunca vai acontecer".
    E eu disse: "É mesmo?"
  • 13:34 - 13:35
    Porque este ano a Target anunciou
  • 13:35 - 13:39
    que eles vão parar de separar
    os corredores de brinquedos por sexo.
  • 13:39 - 13:41
    Eles vão misturar tudo.
  • 13:41 - 13:44
    Bom, antes de aplaudir a Target,
  • 13:44 - 13:46
    esta semana eles lançaram uma camiseta
  • 13:46 - 13:49
    com uma das cenas mais emblemáticas
    de "Star Wars: Uma Nova Esperança",
  • 13:49 - 13:53
    na qual a Princesa Leia enfrenta
    Darth Vader, o Lorde Negro do Sith.
  • 13:53 - 13:56
    Mas na camiseta que foi lançada, ela
    foi misteriosamente substituída por Luke.
  • 13:56 - 13:59
    Então não vamos achando que está tudo bem.
  • 13:59 - 14:00
    E também só nesta semana,
  • 14:01 - 14:05
    a Disney anunciou que não vai mais
    separar as fantasias de Halloween por sexo
  • 14:05 - 14:07
    ao que eu digo: "Obrigado, Disney,
  • 14:07 - 14:10
    mas se as únicas fantasias que vocês fazem
    são de super-heróis masculinos,
  • 14:10 - 14:12
    então importa quem vai usá-las?"
  • 14:13 - 14:15
    Nesta semana, a Mattel,
    que fabrica a Barbie,
  • 14:15 - 14:19
    anunciou que irão lançar uma linha
    de super-heroínas do universo DC.
  • 14:19 - 14:22
    E o mais engraçado é que eles
    se encontraram com meninas
  • 14:22 - 14:24
    e perguntaram o que elas
    queriam ver nas bonecas,
  • 14:24 - 14:28
    e você pode ver que elas têm
    joelhos e cotovelos que dobram
  • 14:28 - 14:30
    para poderem fazer coisas de super-herói.
  • 14:30 - 14:32
    Então por favor comprem essas bonecas.
  • 14:32 - 14:35
    E não comprem apenas para suas filhas,
    comprem para seus filhos também.
  • 14:35 - 14:40
    Porque é importante que garotos
    brinquem com e como super-heroínas,
  • 14:40 - 14:44
    da mesma forma que minha filha
    brinca com e como um super-herói.
  • 14:44 - 14:48
    E por falar nisso, eu adoraria um mundo
    no qual toda pessoa que fosse a uma loja,
  • 14:48 - 14:51
    fosse com um pequeno
    passo a passo em sua cabeça
  • 14:51 - 14:55
    que diria se deveria ou não comprar
    tal brinquedo para um garoto ou uma garota
  • 14:55 - 14:58
    e seria um passo a passo bem simples,
    pois teria apenas uma questão.
  • 14:58 - 15:01
    Ele diria: "Para usar este brinquedo
    eu preciso das minhas genitais?"
  • 15:01 - 15:03
    (Risos)
  • 15:03 - 15:05
    Se a resposta for "sim",
  • 15:06 - 15:08
    então não é um brinquedo para crianças.
  • 15:08 - 15:09
    (Risos)
  • 15:11 - 15:14
    E se a resposta for "não",
  • 15:14 - 15:16
    então é para meninos e meninas.
  • 15:16 - 15:18
    É muito simples.
  • 15:18 - 15:22
    Porque aqui estamos falando
    sobre o futuro do futuro, e no meu futuro,
  • 15:22 - 15:25
    meninos e meninas
    são igualmente respeitados,
  • 15:25 - 15:28
    igualmente valorizados,
    e o mais importante,
  • 15:28 - 15:30
    igualmente representados.
  • 15:31 - 15:32
    Obrigado.
  • 15:32 - 15:35
    (Aplausos)
Title:
Promovam as super-heroínas!
Speaker:
Christopher Bell
Description:

Por que é tão difícil encontrar produtos de super-heroínas? Nesta conversa impetuosa e fascinante, o estudioso de mídia (e pai de uma filha obcecada por Star Wars) Christopher Bell, fala sobre a alarmante ausência de super-heroínas nos brinquedos e produtos para crianças, e como isso impacta na forma como ensinamos a elas sobre o mundo.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:48

Portuguese, Brazilian subtitles

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