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Os três A de espetacular

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    A história do Espetacular
    começa há cerca de 40 anos
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    quando a minha mãe e o meu pai
    vieram para o Canadá.
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    A minha mãe partiu de Nairóbi, no Quénia.
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    O meu pai partiu de uma pequena aldeia
    nos arredores de Amritsar, na Índia.
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    E chegaram aqui no final dos anos 60.
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    Instalaram-se num subúrbio obscuro
    a uma hora a leste de Toronto.
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    Estabeleceram uma nova vida.
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    Foram pela primeira vez ao dentista,
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    comeram o primeiro hambúrguer
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    e tiveram os primeiros filhos.
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    A minha irmã e eu
    crescemos aqui,
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    e tivemos uma infância calma e feliz.
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    Tínhamos família próxima,
    bons amigos, uma rua sossegada.
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    Crescemos, considerando normais
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    muitas coisas que os meus pais
    não tinham quando cresceram
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    coisas como eletricidade
    sempre ligada, lá em casa,
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    coisas como escolas
    do outro lado da estrada
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    e hospitais ao fundo da rua
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    e sorvetes no quintal.
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    Crescemos e envelhecemos.
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    Fui para o secundário.
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    Acabei o secundário.
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    Saí de casa dos meus pais,
    arranjei um emprego,
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    encontrei uma rapariga, assentei
  • 1:04 - 1:08
    — eu sei que isto parece uma série de TV
    ou uma música do Cat Stevens.
  • 1:08 - 1:09
    (Risos)
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    Mas a vida corria-me bem.
  • 1:11 - 1:13
    A vida corria-me bem.
  • 1:13 - 1:16
    O ano de 2006 foi excelente.
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    Casei sob o céu azul de julho,
    na região vinícola de Ontário,
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    rodeado de 150 familiares e amigos.
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    O ano de 2007 foi excelente.
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    Acabei o curso,
  • 1:30 - 1:34
    e embarquei numa viagem de carro
    com dois dos meus amigos mais próximos.
  • 1:34 - 1:36
    Esta é uma fotografia minha
    e do meu amigo Chris,
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    na costa do Oceano Pacífico.
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    Vimos focas pela janela do carro,
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    encostámos para tirar
    uma fotografia com elas
  • 1:43 - 1:46
    e depois bloqueámos a vista
    com as nossas cabeças gigantes.
  • 1:46 - 1:47
    (Risos)
  • 1:47 - 1:49
    Por isso, não as podem ver,
  • 1:49 - 1:53
    mas foi de tirar a respiração,
    acreditem.
  • 1:53 - 1:55
    (Risos)
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    Os anos de 2008 e 2009
    foram um bocadinho mais difíceis.
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    Eu sei que foram mais difíceis
    para muitas pessoas, não só para mim.
  • 2:02 - 2:05
    Primeiro, as notícias eram tão negativas.
  • 2:05 - 2:08
    Ainda são negativas
    e tinham sido negativas antes disso,
  • 2:08 - 2:11
    mas quando se abria o jornal,
    ou se ligava a televisão,
  • 2:11 - 2:13
    eram as calotas de gelo a derreter,
  • 2:13 - 2:15
    guerras a acontecer por todo o mundo,
  • 2:15 - 2:17
    tremores de terra, furacões,
  • 2:17 - 2:21
    e uma economia a cambalear,
    à beira do colapso,
  • 2:21 - 2:23
    e que, por fim, colapsou mesmo.
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    Muitos de nós perdemos as nossas casas,
  • 2:26 - 2:29
    os nossos empregos,
    as nossas reformas,
  • 2:29 - 2:31
    o nosso sustento.
  • 2:31 - 2:35
    Os anos de 2008 e 2009 também foram
    negativos para mim, por outra razão
  • 2:35 - 2:38
    Nessa altura, eu estava a passar
    por muitos problemas pessoais.
  • 2:39 - 2:41
    O meu casamento não estava a correr bem,
  • 2:41 - 2:45
    e estávamos a afastar-nos cada vez mais.
  • 2:45 - 2:47
    Um dia, a minha mulher
    chegou a casa do trabalho,
  • 2:47 - 2:50
    ganhou coragem, depois de muitas lágrimas,
  • 2:50 - 2:53
    para ter uma conversa muito honesta
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    e disse-me: "Eu já não te amo."
  • 2:57 - 3:00
    Foi uma das coisas mais dolorosas
    que alguma vez ouvi
  • 3:00 - 3:04
    e certamente a coisa mais desoladora
    que alguma vez ouvi
  • 3:04 - 3:06
    até um mês mais tarde,
  • 3:06 - 3:08
    quando ouvi algo ainda mais desolador.
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    O meu amigo Chris, que
    vos mostrei na fotografia,
  • 3:11 - 3:14
    vinha a debater-se com uma doença mental
    há já algum tempo.
  • 3:14 - 3:17
    Aqueles cujas vidas foram tocadas
    por doenças mentais,
  • 3:17 - 3:20
    sabem como pode ser difícil.
  • 3:20 - 3:23
    Falei com ele pelo telefone às 22h30
    num domingo à noite.
  • 3:23 - 3:26
    Falámos sobre a série de televisão
    que tínhamos visto nessa noite.
  • 3:26 - 3:30
    E na segunda-feira de manhã
    descobri que ele tinha desaparecido.
  • 3:30 - 3:33
    Infelizmente, tinha-se suicidado.
  • 3:35 - 3:37
    Foi um tempo muito negativo.
  • 3:37 - 3:40
    À medida que estas nuvens negras
    pairavam sobre a minha cabeça,
  • 3:40 - 3:42
    eu estava a ter muita dificuldade
  • 3:42 - 3:44
    em pensar em qualquer coisa boa.
  • 3:44 - 3:46
    Disse para mim mesmo
    que precisava de uma forma
  • 3:46 - 3:49
    de me concentrar em coisas positivas,
    de alguma forma.
  • 3:49 - 3:52
    Por isso cheguei a casa do trabalho,
    uma noite,
  • 3:52 - 3:55
    liguei o computador
    e comecei um pequeno website
  • 3:55 - 3:59
    chamado 1000awesomethings.com
    [1000 coisas espetaculares].
  • 3:59 - 4:01
    Estava a tentar lembrar-me
  • 4:01 - 4:04
    dos pequenos prazeres simples
    e universais que todos adoramos,
  • 4:04 - 4:06
    mas dos quais não falamos o suficiente,
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    coisas como empregados de mesa
  • 4:08 - 4:10
    que nos trazem mais café grátis
    sem termos pedido,
  • 4:10 - 4:12
    ser a primeira mesa a ser chamada
  • 4:12 - 4:14
    para o bufete do jantar de um casamento,
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    roupa interior ainda quente
    da máquina de secar,
  • 4:16 - 4:18
    ou quando no supermercado
    abrem uma nova caixa
  • 4:18 - 4:20
    e somos os primeiros da fila.
  • 4:20 - 4:23
    Mesmo que fôssemos os últimos
    na outra fila, chegamos mesmo a tempo.
  • 4:23 - 4:25
    (Risos)
  • 4:25 - 4:27
    E, lentamente,
  • 4:27 - 4:30
    comecei a ficar mais bem humorado.
  • 4:31 - 4:36
    Quero dizer, há 50 mil blogues
    iniciados todos os dias.
  • 4:36 - 4:39
    E o meu blogue era apenas
    um desses 50 mil.
  • 4:40 - 4:42
    Ninguém o lia, exceto a minha mãe.
  • 4:43 - 4:46
    Embora deva dizer que o tráfego disparou
    e aumentou 100%
  • 4:47 - 4:49
    quando ela o reencaminhou para o meu pai.
  • 4:49 - 4:50
    (Risos)
  • 4:51 - 4:52
    Depois, comecei a ficar entusiasmado
  • 4:52 - 4:55
    quando comecei a ter dezenas de visitas.
  • 4:55 - 4:58
    Depois fiquei entusiasmado
    quando comecei a ter dúzias
  • 4:58 - 5:00
    e depois centenas e depois milhares
  • 5:00 - 5:02
    e depois milhões.
  • 5:03 - 5:04
    Começou a crescer e a crescer.
  • 5:04 - 5:07
    Um dia recebi uma chamada telefónica,
  • 5:07 - 5:09
    e a voz do outro lado disse:
  • 5:09 - 5:12
    "Acabaste de ganhar o prémio
    de melhor blogue do mundo."
  • 5:13 - 5:15
    E eu fiquei tipo:
    isso parece totalmente uma partida.
  • 5:15 - 5:17
    (Risos)
  • 5:17 - 5:20
    (Aplausos)
  • 5:23 - 5:26
    "Para que país africano é que querem
    que eu transfira o meu dinheiro todo?"
  • 5:26 - 5:28
    (Risos)
  • 5:28 - 5:32
    Mas acontece que meti-me num avião
    e acabei na passadeira vermelho
  • 5:33 - 5:35
    entre a Sarah Silverman, o Jimmy Fallon
    e a Martha Stewart.
  • 5:35 - 5:38
    Subi ao palco para aceitar o prémio Webby
    para o Melhor Blogue.
  • 5:38 - 5:43
    E a surpresa e o espanto
    desse acontecimento
  • 5:43 - 5:46
    só foi ofuscado
    pelo meu regresso a Toronto,
  • 5:46 - 5:47
    quando, na minha caixa de email,
  • 5:47 - 5:50
    tinha 10 agentes literários à minha espera
  • 5:50 - 5:52
    para falar sobre
    como adaptar isto a livro.
  • 5:52 - 5:54
    Passou-se um ano,
  • 5:54 - 5:57
    Hoje, o "The Book of Awesome"
    tem sido número um
  • 5:57 - 5:59
    na lista de mais vendidos
    durante 20 semanas seguidas.
  • 5:59 - 6:02
    (Aplausos)
  • 6:07 - 6:09
    Mas eu disse que hoje
    queria falar de três coisas,
  • 6:09 - 6:11
    queria contar-vos a história Espetacular,
  • 6:11 - 6:13
    queria falar dos três A de Espetacular.
  • 6:13 - 6:15
    e queria deixar-vos
    uma reflexão final.
  • 6:15 - 6:17
    Falemos então dos três A.
  • 6:17 - 6:20
    Durante os últimos anos,
    não tenho tido muito tempo para pensar.
  • 6:20 - 6:24
    Mas ultimamente tenho conseguido
    parar um pouco e interrogar-me:
  • 6:24 - 6:26
    "O que foi que, ao longo dos últimos anos,
  • 6:26 - 6:29
    "me tem ajudado a fazer crescer
    o meu website,
  • 6:29 - 6:30
    "mas também a crescer pessoalmente?"
  • 6:30 - 6:34
    E resumi essas coisas, na minha opinião,
    aos três A.
  • 6:34 - 6:37
    São Atitude, Atenção
  • 6:37 - 6:39
    e Autenticidade.
  • 6:40 - 6:42
    Gostava de falar brevemente
    sobre cada uma.
  • 6:43 - 6:45
    Comecemos pela Atitude.
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    Rparem, todos nós vamos ter mossas
  • 6:47 - 6:50
    e todos nós vamos ter choques
  • 6:50 - 6:52
    Ninguém pode prever o futuro,
    mas sabemos uma coisa,
  • 6:52 - 6:55
    nunca nada acontece
    de acordo com um plano.
  • 6:55 - 6:58
    Todos teremos alegrias intensas
  • 6:58 - 7:00
    e grandes dias e momentos de orgulho,
  • 7:00 - 7:01
    de sorrisos nos palcos de formatura,
  • 7:01 - 7:04
    danças de pai e filha em casamentos
  • 7:04 - 7:07
    e bebés saudáveis
    a gritar na sala de partos.
  • 7:07 - 7:09
    Mas, entre essas alegrias intensas,
  • 7:09 - 7:11
    também podemos ter
    alguns choques e mossas.
  • 7:12 - 7:15
    É triste e não é agradável falar nisso
  • 7:15 - 7:18
    mas o vosso marido pode deixar-vos,
  • 7:18 - 7:20
    a vossa namorada pode trair-vos,
  • 7:20 - 7:23
    as dores de cabeça podem ser
    mais graves do que pensavam,
  • 7:23 - 7:26
    ou o vosso cão pode ser
    atropelado por um carro.
  • 7:27 - 7:29
    Não são pensamentos felizes,
  • 7:29 - 7:31
    mas os nossos filhos podem
    envolver-se em gangues
  • 7:31 - 7:33
    ou em cenas más.
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    A nossa mãe pode contraír cancro,
    o nosso pai pode tornar-se velhaco.
  • 7:38 - 7:41
    Há alturas na vida em que seremos
    lançados ao poço
  • 7:41 - 7:44
    com voltas ao estômago
    e buracos no coração.
  • 7:44 - 7:46
    Quando essas más notícias vos inundarem
  • 7:46 - 7:49
    e quando essa dor se entranhar na pele
  • 7:49 - 7:52
    eu, sinceramente, espero que sintam
    que têm sempre duas opções.
  • 7:52 - 7:55
    Na primeira podem andar
    às voltas e voltas
  • 7:55 - 7:57
    na melancolia e na desgraça, para sempre,
  • 7:57 - 7:59
    na segunda, podem afligir-se
  • 7:59 - 8:02
    e depois encarar o futuro
    com outros olhos, mais calmos.
  • 8:03 - 8:06
    Ter uma boa atitude
    é escolher a opção número dois,
  • 8:06 - 8:08
    e escolher, por mais difícil que seja,
  • 8:08 - 8:10
    por mais que isso magoe.
  • 8:10 - 8:12
    escolher seguir em frente e continuar
  • 8:12 - 8:14
    e dar pequenos passos para o futuro.
  • 8:16 - 8:19
    O segundo A é a Atenção.
  • 8:20 - 8:23
    Eu adoro brincar
    com crianças de três anos.
  • 8:24 - 8:26
    Adoro a forma como eles veem o mundo,
  • 8:26 - 8:28
    porque estão a ver o mundo
    pela primeira vez.
  • 8:28 - 8:31
    Adoro como olham fixamente
    para um inseto no passeio.
  • 8:31 - 8:33
    Adoro a forma como assistem
    de queixo caído
  • 8:33 - 8:35
    ao primeiro jogo de basebol
  • 8:35 - 8:37
    com os olhos muito abertos
    e a luva na mão,
  • 8:37 - 8:39
    a absorver o estalido do bastão,
    o trincar dos amendoins
  • 8:39 - 8:41
    e o cheiro dos cachorros quentes.
  • 8:41 - 8:44
    Adoro a forma como eles passam horas
    a apanhar dentes-de-leão no quintal
  • 8:44 - 8:46
    para os pôr num centro de mesa
  • 8:46 - 8:48
    para o jantar do dia de Ação de Graças.
  • 8:48 - 8:50
    Adoro a forma como veem o mundo,
  • 8:50 - 8:53
    porque eles estão a ver o mundo
    pela primeira vez.
  • 8:55 - 8:59
    Ter atenção é recordar essa criança
    de três anos, dentro de nós.
  • 8:59 - 9:01
    Porque todos já tivemos três anos.
  • 9:01 - 9:04
    Aquele menino de três anos
    ainda faz parte de nós.
  • 9:04 - 9:06
    Aquela menina de três anos
    ainda faz parte de nós.
  • 9:06 - 9:08
    Eles estão aí.
  • 9:08 - 9:10
    Ter atenção é lembrarmo-nos
    que, em tempos,
  • 9:10 - 9:13
    também vimos tudo
    o que vimos pela primeira vez.
  • 9:14 - 9:17
    Já houve uma altura
    em foi a primeira vez
  • 9:17 - 9:20
    em que apanhámos os semáforos todos verdes
    no caminho de casa para o trabalho.
  • 9:20 - 9:23
    Houve a primeira vez
    em que entrámos numa pastelaria
  • 9:23 - 9:25
    e cheirámos o aroma do pão.
  • 9:25 - 9:27
    Ou a primeira vez que encontrámos
  • 9:27 - 9:29
    uma nota de 20 dólares
    no bolso do casaco velho
  • 9:29 - 9:31
    e dissemos: "Encontrei dinheiro!"
  • 9:31 - 9:34
    O último A é Autenticidade.
  • 9:34 - 9:37
    Para explicar este, vou contra
    uma pequena história.
  • 9:38 - 9:41
    Vamos viajar até 1932
  • 9:41 - 9:44
    quando, numa fábrica de amendoins,
    na Geórgia,
  • 9:44 - 9:46
    nasceu um bebé chamado Roosevelt Grier.
  • 9:48 - 9:51
    Rosevelt Grier ou Rosey Grier
    como as pessoas o tratavam
  • 9:51 - 9:57
    cresceu e tornou-se num defesa da NFL
    com 1,96 m e 140 kg.
  • 9:57 - 9:59
    É o número 76 na fotografia.
  • 9:59 - 10:02
    Está aqui acompanhado
    do "quarteto terrível".
  • 10:02 - 10:05
    Eram quatro tipos da equipa L.A. Rams,
    nos anos 60,
  • 10:05 - 10:07
    que ninguém queria enfrentar.
  • 10:07 - 10:10
    Eram jogadores de futebol americano rijos,
    a fazer o que gostavam,
  • 10:10 - 10:13
    que era partir crânios e deslocar ombros
    no campo de futebol.
  • 10:13 - 10:17
    Mas o Rosey Grier também tinha
    uma outra paixão.
  • 10:18 - 10:23
    No fundo do seu autêntico eu,
    ele também adorava ponto-de-cruz.
  • 10:23 - 10:24
    (Risos)
  • 10:25 - 10:26
    Adorava tricotar.
  • 10:26 - 10:29
    Dizia que o acalmava, que o relaxava,
  • 10:29 - 10:32
    que lhe retirava o seu medo de voar
    e que o ajudava a conhecer miúdas.
  • 10:32 - 10:34
    Era o que ele dizia.
  • 10:34 - 10:37
    Ele adorava tanto tricotar que,
    depois de se reformar da NFL,
  • 10:37 - 10:39
    começou a juntar-se a clubes.
  • 10:39 - 10:42
    E até editou um livro chamado
    "Costura para Homens com o Rosey Grier".
  • 10:43 - 10:44
    (Risos)
  • 10:44 - 10:47
    (Aplausos)
  • 10:47 - 10:49
    É uma capa excelente.
  • 10:49 - 10:52
    Se repararem ele está a bordar
    a própria cara.
  • 10:52 - 10:54
    (Risos)
  • 10:54 - 10:57
    O que eu adoro nesta história
  • 10:57 - 11:01
    é que o Rosey Grier
    é uma pessoa tão autêntica.
  • 11:01 - 11:03
    É isto que a autenticidade significa.
  • 11:03 - 11:07
    É apenas sermos quem somos
    e não termos problemas com isso.
  • 11:07 - 11:09
    E penso que quando somos autênticos,
  • 11:09 - 11:11
    acabamos por seguir o nosso coração,
  • 11:11 - 11:12
    e acabamos por nos colocar
  • 11:12 - 11:16
    em situações e em conversas
    que adoramos e que apreciamos.
  • 11:16 - 11:19
    Conhecemos pessoas
    com quem gostamos de falar.
  • 11:19 - 11:21
    Vamos a locais com que sonhámos.
  • 11:21 - 11:24
    Acabamos por seguir o nosso curacao
    e sentimo-nos muito preenchidos.
  • 11:26 - 11:28
    São estes os três A.
  • 11:28 - 11:31
    Para o pensamento final,
    quero transportá-los
  • 11:31 - 11:34
    para a vinda dos meus pais para o Canadá.
  • 11:34 - 11:38
    Não sei como seria vir para um país novo
    aos vinte e poucos anos.
  • 11:38 - 11:41
    Não sei porque nunca o fiz.
  • 11:41 - 11:43
    Mas imagino que requeresse
    uma boa atitude.
  • 11:43 - 11:47
    Imagino que teriam de ter
    muita atenção ao que os rodeava
  • 11:47 - 11:49
    e apreciar as pequenas maravilhas
  • 11:49 - 11:51
    que começavam a ver nesse novo mundo.
  • 11:51 - 11:54
    E acho que teriam de ser muito autênticos,
  • 11:54 - 11:56
    teriam de ser muito fiéis a si mesmos
  • 11:56 - 11:58
    para conseguir passar
    por essa experiência.
  • 11:59 - 12:03
    Gostava de fazer uma pausa na palestra
    de cerca de 10 segundos,
  • 12:03 - 12:06
    porque não temos
    muitas oportunidades destas na vida,
  • 12:06 - 12:08
    e os meus pais estão sentados
    na primeira fila.
  • 12:08 - 12:10
    Por isso, peço-lhes que se levantem.
  • 12:10 - 12:12
    Só queria dizer-lhes: Obrigado.
  • 12:12 - 12:15
    (Aplausos)
  • 12:30 - 12:33
    Quando eu era miúdo,
    o meu pai adorava contar a história
  • 12:33 - 12:35
    do seu primeiro dia no Canadá.
  • 12:35 - 12:38
    É uma história excelente.
  • 12:38 - 12:41
    Ele saiu do avião no aeroporto de Toronto
  • 12:41 - 12:44
    e foi recebido por um grupo
    sem fins lucrativos
  • 12:44 - 12:46
    que, tenho a certeza, é gerido
    por alguém nesta sala.
  • 12:46 - 12:47
    (Risos)
  • 12:47 - 12:51
    Esse grupo sem fins lucrativos ofereceu
    um grande almoço de boas-vindas
  • 12:51 - 12:53
    para todos os novos imigrantes no Canadá.
  • 12:53 - 12:56
    O meu pai diz que saiu do avião
    e foi a esse almoço.
  • 12:56 - 12:58
    Havia uma mesa enorme.
  • 12:58 - 13:01
    Havia pão, havia aqueles pequenos picles,
  • 13:01 - 13:04
    havia azeitonas,
    cebolas brancas pequeninas.
  • 13:04 - 13:06
    Havia fiambre de peru enrolado,
  • 13:06 - 13:08
    havia fiambre de porco enrolado,
    rolos de carne assada
  • 13:08 - 13:10
    e pequenos cubos de queijo.
  • 13:10 - 13:13
    Havia sandes de salada de atum
    e sandes de salada de ovo
  • 13:13 - 13:14
    e sandes de salada de salmão.
  • 13:14 - 13:16
    Havia lasanha e gratinados,
  • 13:16 - 13:19
    havia bolo de chocolate
    e tartes de manteiga,
  • 13:19 - 13:22
    e havia tartes, muitas e muitas tartes.
  • 13:22 - 13:25
    Quando o meu pai conta a história, diz:
  • 13:25 - 13:28
    "O mais incrível é que eu nunca tinha visto
    nada daquilo, exceto o pão."
  • 13:28 - 13:30
    (Risos)
  • 13:31 - 13:33
    "Não sabia o que era carne,
    o que era um vegetariano;
  • 13:33 - 13:35
    "eu estava a comer azeitonas com tarte."
  • 13:35 - 13:37
    (Risos)
  • 13:37 - 13:40
    "Eu nem queria acreditar
    quantas coisas podia haver aqui."
  • 13:40 - 13:42
    (Risos)
  • 13:42 - 13:44
    Quando eu tinha cinco anos,
  • 13:44 - 13:46
    o meu pai levava-me
    às compras à mercearia.
  • 13:47 - 13:49
    Olhava com admiração
  • 13:49 - 13:52
    para os pequenos autocolantes
    que estão nas frutas e nos vegetais
  • 13:52 - 13:55
    e dizia: "Acreditas que eles têm aqui
    mangas do México?
  • 13:55 - 13:57
    "Têm aqui maçãs da África do Sul?
  • 13:57 - 14:00
    "Acreditas que eles têm
    tâmaras de Marrocos?"
  • 14:00 - 14:03
    E dizia: "Por acaso,
    sabes onde fica Marrocos?"
  • 14:03 - 14:06
    E eu: "Eu tenho cinco anos.
    Nem sequer sei onde estou agora.
  • 14:07 - 14:09
    "Isto é o supermercado A&P?"
  • 14:09 - 14:13
    E ele: "Também não sei onde fica Marrocos,
    mas vamos descobrir".
  • 14:13 - 14:15
    Então comprávamos as tâmaras
    e íamos para casa.
  • 14:15 - 14:17
    Tirávamos o atlas da prateleira
  • 14:17 - 14:19
    e folheávamos até descobrir
    esse misterioso país.
  • 14:19 - 14:21
    Quando o encontrávamos, o meu pai dizia:
  • 14:21 - 14:23
    "Acreditas que alguém
    subiu ali a uma árvore,
  • 14:23 - 14:26
    "colheu este fruto, pô-lo num camião,
  • 14:26 - 14:28
    "levou-o até às docas,
  • 14:28 - 14:32
    "depois veio de barco
    através do Oceano Atlântico.
  • 14:32 - 14:34
    "Depois, pô-lo noutro camião
  • 14:34 - 14:38
    "e levou-o até uma pequena mercearia
    mesmo ao pé da nossa casa,
  • 14:38 - 14:40
    "onde nos foi vendido por 25 cêntimos?"
  • 14:40 - 14:42
    E eu dizia: "Não acredito."
  • 14:42 - 14:44
    E ele: "Eu também não acredito.
  • 14:44 - 14:47
    "Estas coisas são espantosas.
    Há tantas coisas que nos fazem felizes."
  • 14:47 - 14:50
    Quando paro para pensar,
    ele tem toda a razão;
  • 14:50 - 14:52
    há tantas coisas que nos fazem felizes.
  • 14:52 - 14:54
    Somos a única espécie
    na única rocha com vida
  • 14:58 - 15:00
    no universo inteiro, que já vimos,
  • 15:00 - 15:02
    capaz de sentir todas estas coisas.
  • 15:04 - 15:07
    Somos os únicos
    com arquitetura e agricultura.
  • 15:08 - 15:10
    Somos os únicos
    com joalharia e democracia.
  • 15:10 - 15:13
    Temos aviões, autoestradas,
  • 15:13 - 15:16
    "design" de interiores
    e signos do horóscopo.
  • 15:16 - 15:18
    Temos revistas de moda, e festas em casa.
  • 15:18 - 15:21
    Podemos assistir
    a um filme de terror com monstros.
  • 15:21 - 15:23
    Podemos ir a um concerto, ouvir guitarras.
  • 15:23 - 15:26
    Temos livros, bufetes e ondas de rádio,
  • 15:26 - 15:28
    noivas e viagens de montanha russa.
  • 15:28 - 15:30
    Podemos dormir em lençóis lavados,
  • 15:30 - 15:32
    ir ao cinema
    e conseguir os melhores lugares,
  • 15:32 - 15:35
    cheirar o aroma de uma padaria
    e andar com o cabelo molhado,
  • 15:35 - 15:37
    rebentar as bolhas do plástico
    ou dormir um sesta.
  • 15:37 - 15:39
    Temos isso tudo,
  • 15:40 - 15:42
    mas temos apenas 100 anos
    para o aproveitar.
  • 15:43 - 15:45
    Essa é a parte triste.
  • 15:47 - 15:50
    Os caixas da nossa mercearia,
  • 15:51 - 15:53
    o capataz da nossa fábrica,
  • 15:54 - 15:56
    o tipo que nos chateia na autoestrada,
  • 15:57 - 15:59
    o tipo do telemarketing
    que telefona durante o jantar,
  • 15:59 - 16:02
    todos os professores que já tivemos,
  • 16:02 - 16:04
    todas as pessoas
    que já acordaram ao vosso lado,
  • 16:05 - 16:07
    todos os políticos de todos os países,
  • 16:07 - 16:09
    todos os atores de todos os filmes,
  • 16:09 - 16:11
    todas as pessoas da nossa família,
    toda a gente que amamos,
  • 16:11 - 16:14
    toda a gente nesta sala, todos nós,
  • 16:14 - 16:17
    estaremos mortos daqui a cem anos.
  • 16:18 - 16:20
    A vida é tão espantosa
    que só temos este pequeno período
  • 16:20 - 16:23
    para sentir e aproveitar
    todos esse pequenos momentos
  • 16:23 - 16:25
    que a tornam tão especial.
  • 16:25 - 16:27
    Esse momento é agora mesmo,
  • 16:27 - 16:29
    esses momentos estão a desaparecer,
  • 16:29 - 16:33
    esses momentos são sempre fugazes.
  • 16:35 - 16:38
    Nunca mais seremos tão novos como agora.
  • 16:40 - 16:43
    É por isso que eu acredito
    que se vivermos a nossa vida
  • 16:43 - 16:44
    com uma boa atitude,
  • 16:44 - 16:47
    escolhendo seguir em frente e continuar
  • 16:47 - 16:49
    quando a vida nos der um golpe,
  • 16:49 - 16:51
    vivendo com atenção
    ao mundo à nossa volta,
  • 16:51 - 16:54
    e recordando a criança
    de três anos dentro de nós
  • 16:54 - 16:56
    e vendo as pequenas alegrias
    que tornam a vida tão doce
  • 16:56 - 16:59
    e sendo autênticos connosco mesmos,
  • 16:59 - 17:00
    sendo quem somos, sem complexos,
  • 17:00 - 17:04
    deixando o coração conduzir-nos
    a experiências que nos satisfazem,
  • 17:04 - 17:07
    acho que vamos viver
    uma vida rica e satisfatória,
  • 17:07 - 17:10
    e acho que viveremos uma vida espetacular.
  • 17:10 - 17:11
    Obrigado.
  • 17:11 - 17:13
    (Aplausos)
Title:
Os três A de espetacular
Speaker:
Neil Pasricha
Description:

O blogue de Neil Parischa, 1000 Coisas Espetaculares aprecia os simples prazeres da vida, desde recargas de café grátis a lençóis lavados. Nesta sentida palestra, no TEDxToronto, ele revela três segredos (todos começados por A) para viver uma vida verdadeiramente espetacular.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:12
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 3 A's of awesome
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The 3 A's of awesome
Inês Pereira added a translation

Portuguese subtitles

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