Lições de prisioneiros no corredor da morte
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0:01 - 0:03Há duas semanas,
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0:03 - 0:08estava sentado à mesa da cozinha
com a minha esposa Katya, -
0:08 - 0:12e estávamos a falar
sobre o que eu ia falar hoje. -
0:13 - 0:16Temos um filho de 11 anos;
chama-se Lincoln. -
0:17 - 0:20Ele estava sentado à mesma mesa,
a fazer os trabalhos de casa. -
0:20 - 0:24Durante uma pausa
na minha conversa com a Katya, -
0:25 - 0:26olhei para o Lincoln
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0:26 - 0:29e, de repente, fui assaltado
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0:30 - 0:33pela lembrança de um cliente meu.
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0:33 - 0:36O meu cliente era um tipo chamado Will.
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0:36 - 0:39Era do norte do Texas.
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0:39 - 0:41Nunca chegou a conhecer bem o pai,
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0:41 - 0:46porque este abandonara a mãe dele
quando ela estava grávida. -
0:47 - 0:51Assim, ficou destinado
a ser criado por uma mãe solteira, -
0:51 - 0:52o que poderia ter sido normal
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0:52 - 0:57excepto que esta mãe em particular
era uma esquizofrénica paranóica. -
0:59 - 1:01Quando o Will tinha cinco anos,
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1:01 - 1:03ela tentou matá-lo
com uma faca de talhante. -
1:04 - 1:09Foi levada pelas autoridades
e metida num hospital psiquiátrico. -
1:09 - 1:13Nos anos seguintes, o Will
viveu com o irmão mais velho -
1:13 - 1:16até que ele se suicidou
com um tiro no coração. -
1:17 - 1:22Depois disso, o Will saltou
de um membro da família para outro, -
1:22 - 1:26até que, aos nove anos, estava
essencialmente a viver sozinho. -
1:27 - 1:30Nessa manhã em que estava
sentado com a Katya e o Lincoln, -
1:30 - 1:37olhei para o meu filho, e percebi que,
quando o Will tinha a idade dele, -
1:37 - 1:40ele já vivia sozinho há dois anos.
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1:42 - 1:45O Will acabou por se juntar a um gangue
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1:44 - 1:49e cometeu um número
de crimes bastante graves, -
1:48 - 1:51incluindo o mais grave de todos,
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1:52 - 1:54uma assassínio horrível e trágico.
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1:55 - 2:01O Will acabou por ser executado
como castigo por aquele crime. -
2:03 - 2:08Mas hoje não quero falar sobre
a moral da pena de morte. -
2:09 - 2:13Claro que penso que o meu cliente
não devia ter sido executado, -
2:13 - 2:16mas o que eu gostava de fazer hoje
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2:16 - 2:20é falar sobre a pena de morte
de uma forma que nunca fiz, -
2:20 - 2:25de uma forma que não é nada controversa.
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2:26 - 2:27Penso que isso é possível,
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2:27 - 2:32porque existe um aspeto
no debate sobre a pena de morte -
2:32 - 2:34— talvez o aspeto mais importante —
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2:34 - 2:37com que toda a gente concorda,
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2:37 - 2:41em que os mais ferozes
defensores da pena de morte -
2:41 - 2:46e os mais veementes abolicionistas
estão na mesma página. -
2:48 - 2:51Este é o aspeto que eu quero explorar.
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2:51 - 2:54No entanto, antes de fazer isso,
quero despender alguns minutos -
2:54 - 2:58a contar como se desenrola
um processo de pena de morte, -
2:58 - 3:00e depois quero contar-vos duas lições
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3:00 - 3:03que aprendi ao longo dos últimos 20 anos
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3:03 - 3:05como advogado em processos
de pena de morte, -
3:05 - 3:09ao ver mais de cem casos
desenrolarem-se desta forma. -
3:11 - 3:15Podem pensar num processo destes
como uma história com quatro capítulos. -
3:16 - 3:20O primeiro capítulo de cada processo
é exactamente igual, e isto é trágico. -
3:21 - 3:25Começa com o assassínio
de um ser humano inocente -
3:25 - 3:27e é seguido por um julgamento
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3:27 - 3:31em que o assassino é condenado
e enviado para o corredor da morte, -
3:30 - 3:34e essa sentença de morte é confirmada
pelo tribunal estatal de apelação. -
3:35 - 3:38O segundo capítulo consiste
num procedimento legal complicado, -
3:38 - 3:40conhecido por apelo estatal
habeas corpus. -
3:41 - 3:44O terceiro capítulo é um procedimento
legal ainda mais complicado -
3:44 - 3:47conhecido por procedimento
federal habeas corpus. -
3:47 - 3:50E o quarto capítulo é um em que
pode acontecer uma série de coisas. -
3:51 - 3:53Os advogados podem apresentar
uma petição de clemência, -
3:53 - 3:56podem iniciar um litígio
ainda mais complexo, -
3:56 - 3:58ou podem simplesmente não fazer nada.
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3:58 - 4:02Mas esse quarto capítulo
acaba sempre com uma execução. -
4:03 - 4:07Quando comecei a representar reclusos
condenados à morte há mais de 20 anos, -
4:07 - 4:10as pessoas no corredor da morte
não tinham direito a um advogado -
4:10 - 4:13no segundo ou no quarto capítulo
desta história. -
4:13 - 4:15Estavam por conta própria.
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4:15 - 4:18De facto, só a partir do fim dos anos 80,
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4:18 - 4:22é que tiveram o direito a um advogado
durante o terceiro capítulo da história. -
4:22 - 4:28Estes reclusos tinham de depender
de advogados voluntários -
4:28 - 4:30para assegurar os procedimentos legais.
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4:30 - 4:34O problema é que havia mais reclusos
no corredor da morte -
4:34 - 4:35do que advogados
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4:35 - 4:39que tivessem interesse ou experiência
para trabalhar nestes processos. -
4:40 - 4:41Inevitavelmente,
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4:41 - 4:44os advogados direccionavam-se para
os casos que já estavam no capítulo quatro -
4:44 - 4:46— isso faz sentido, claro.
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4:47 - 4:48Esses são os processos mais urgentes,
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4:48 - 4:51são os indivíduos mais próximo
de serem executados. -
4:51 - 4:52Alguns destes advogados tinham sucesso,
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4:52 - 4:55conseguiam um novo julgamento
para os seus clientes. -
4:55 - 4:58Outros conseguiam prolongar
a vida dos seus clientes, -
4:58 - 5:00às vezes por uns anos,
às vezes por uns meses. -
5:00 - 5:03Mas a única coisa que não acontecia
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5:03 - 5:07era um sério e sustentado declínio
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5:07 - 5:10no número de execuções anuais no Texas.
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5:10 - 5:11De facto, como podem ver neste gráfico,
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5:11 - 5:15a partir do momento em que o aparelho
de execução do Texas se tornou eficaz. -
5:15 - 5:17nos meados e finais dos anos 90,
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5:17 - 5:19só houve alguns anos
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5:19 - 5:23em que o número de execuções
anuais diminuiu abaixo dos 20. -
5:23 - 5:25Num ano típico no Texas,
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5:26 - 5:29a média é cerca de duas pessoas por mês.
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5:29 - 5:33Nalguns anos no Texas, foram
executadas cerca de 40 pessoas, -
5:33 - 5:38e este número nunca desceu muito
ao longo dos últimos 15 anos. -
5:38 - 5:42Mas, à medida que continuamos a executar
-
5:42 - 5:44cerca do mesmo número
de pessoas todos os anos, -
5:44 - 5:48o número de pessoas que são
condenadas à morte anualmente -
5:48 - 5:50tem descido a pique.
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5:50 - 5:52Portanto, temos um paradoxo,
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5:53 - 5:56ou seja, o número de execuções anuais
tem-se mantido alto -
5:56 - 6:00mas o número de novas condenações
tem diminuído. -
6:00 - 6:02Como se justifica isto?
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6:02 - 6:05Não se pode atribuir à diminuição
no número de assassínios, -
6:05 - 6:08porque o número de assassínios
não tem diminuído -
6:08 - 6:11como mostra a linha vermelha no gráfico.
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6:11 - 6:13O que tem acontecido é que
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6:13 - 6:18os jurados têm começado a sentenciar
cada vez mais pessoas à prisão perpétua -
6:18 - 6:21sem a possibilidade
de liberdade condicional, -
6:21 - 6:24em vez de os enviar
para a sala de execução. -
6:25 - 6:27Como se justifica isso?
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6:27 - 6:33Não acontece por haver diminuição
do apoio popular à pena de morte. -
6:32 - 6:36Os que estão contra a pena de morte
consolam-se com o facto -
6:35 - 6:39de que o apoio a favor da pena de morte
está no mais baixo de sempre. -
6:39 - 6:42Sabem o que significa no Texas
o mais baixo de sempre? -
6:42 - 6:44Significa que está pouco abaixo dos 60%.
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6:44 - 6:47Isto é muito bom quando comparado
com os meados dos anos 80, -
6:47 - 6:49quando estava acima dos 80%.
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6:49 - 6:52Mas não podemos explicar a diminuição
das condenações à morte -
6:52 - 6:56e a afinidade com a prisão perpétua
sem hipótese de liberdade condicional -
6:56 - 6:58pela erosão do apoio à pena de morte,
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6:58 - 7:00porque as pessoas continuam
a apoiar a pena de morte. -
7:00 - 7:03O que tem acontecido
para causar este fenómeno? -
7:03 - 7:08O que aconteceu é que os advogados
que representam os condenados à morte -
7:08 - 7:12mudaram o foco
para os capítulos mais iniciais -
7:12 - 7:14da história da pena de morte.
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7:14 - 7:17Há 25 anos, focavam-se no capítulo quatro.
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7:17 - 7:19Passaram do capítulo quatro,
há 25 anos, -
7:19 - 7:22para o capítulo três, no fim dos anos 80.
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7:22 - 7:26E passaram do capítulo três,
no fim dos anos 80, -
7:25 - 7:27para o capítulo dois,
nos meados dos anos 90. -
7:27 - 7:30E começando nos meados e finais
dos anos 90, -
7:30 - 7:32começaram a focar-se
no capítulo um da história. -
7:32 - 7:35Podem pensar que esta diminuição
nas sentenças de morte -
7:35 - 7:38e o aumento no número
de sentenças de pena perpétua -
7:38 - 7:39é algo bom ou algo mau.
-
7:39 - 7:42Mas hoje não quero falar sobre isso.
-
7:42 - 7:45Tudo o que quero dizer é que a razão
pela qual isto tem acontecido -
7:45 - 7:48é que os advogados perceberam
-
7:48 - 7:51que, quanto mais cedo
intervêm num processo, -
7:51 - 7:54maior é a probabilidade
de salvarem a vida do seu cliente. -
7:55 - 7:56Esta foi a primeira coisa que aprendi.
-
7:57 - 7:59Esta é a segunda coisa que aprendi:
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7:59 - 8:03O meu cliente, o Will,
não foi uma excepção à regra; -
8:03 - 8:05foi a regra.
-
8:06 - 8:10Às vezes digo, se me disserem o nome
de um prisioneiro condenado à morte -
8:10 - 8:12— não interessa de que Estado,
-
8:12 - 8:14não interessa se alguma vez o conheci —
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8:14 - 8:16eu escrevo-vos a biografia dele.
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8:16 - 8:18E oito em dez vezes,
-
8:18 - 8:22os detalhes dessa biografia
estarão mais ou menos certos. -
8:23 - 8:27A razão para isso é que
80% dos condenados -
8:27 - 8:31são pessoas que vieram do mesmo tipo
de família disfuncional de que veio o Will. -
8:31 - 8:3380% das pessoas no corredor da morte
-
8:33 - 8:37são pessoas que estiveram expostas
ao sistema de justiça juvenil. -
8:38 - 8:41Esta foi a segunda lição que aprendi.
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8:41 - 8:46Agora estamos mesmo
no meio daquele aspeto -
8:45 - 8:47em que todos vão concordar.
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8:48 - 8:50As pessoas nesta sala podem discordar
-
8:50 - 8:53se o Will devia ter sido executado,
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8:53 - 8:55mas penso que todos concordarão
-
8:55 - 8:58que a melhor versão possível
da sua história -
8:59 - 9:03seria uma história em que
não ocorre nenhum assassinato. -
9:04 - 9:06Como é que fazemos isso?
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9:07 - 9:09Quando o meu filho Lincoln
estava a trabalhar -
9:09 - 9:11naquele problema de matemática,
há duas semanas, -
9:11 - 9:14era um grande e complicado problema.
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9:14 - 9:17Ele estava a aprender como, quando se
tem um grande e complicado problema, -
9:17 - 9:21às vezes a solução é dividi-lo
em problemas mais pequenos. -
9:21 - 9:23É o que fazemos para a maioria
dos problemas -
9:23 - 9:25— em matemática, em física,
nas políticas sociais — -
9:25 - 9:28dividimo-los em problemas
mais pequenos e mais manobráveis. -
9:28 - 9:32Mas, de vez em quando,
como Dwight Eisenhower disse, -
9:32 - 9:36a forma como se resolve um problema
é torná-lo maior. -
9:38 - 9:40A forma como resolvemos este problema
-
9:41 - 9:43é tornar ainda maior
a questão da pena de morte. -
9:44 - 9:46Temos que dizer, 'tudo bem'.
-
9:46 - 9:50Temos estes quatro capítulos
de uma história da pena de morte, -
9:51 - 9:55mas o que é que acontece
antes de a história começar? -
9:56 - 9:59Como é que podemos intervir
na vida de um assassino -
9:59 - 10:03antes de ele se tornar num assassino?
-
10:02 - 10:08Que opções temos para desviar
essa pessoa do caminho -
10:08 - 10:11que vai levar ao resultado
que toda a gente -
10:11 - 10:14— os que estão a favor
ou contra a pena de morte — -
10:14 - 10:17ainda pensa que é um mau resultado,
-
10:18 - 10:20o assassínio de um ser humano inocente?
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10:22 - 10:27Às vezes, as pessoas dizem:
"Isto não é ciência de foguetões". -
10:28 - 10:31Querem dizer com isso que
a ciência de foguetões é muito complicada -
10:31 - 10:35e que este problema de que falamos
agora é bastante simples. -
10:35 - 10:37Ora bem, ciência de foguetões
-
10:37 - 10:41é a expressão matemática para
o impulso criado por um foguetão. -
10:42 - 10:47Aquilo que hoje estamos a analisar
é igualmente complicado. -
10:46 - 10:52Aquilo que hoje estamos a analisar
é também uma coisa transcendente. -
10:52 - 10:56O meu cliente Will e 80% das pessoas
no corredor da morte -
10:57 - 11:00tiveram cinco capítulos na sua vida
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11:00 - 11:04que vieram antes dos quatro capítulos
da história da pena de morte. -
11:04 - 11:08Considero estes cinco capítulos
como pontos de intervenção, -
11:08 - 11:10momentos na vida deles
-
11:10 - 11:13em que a nossa sociedade
poderia ter feito algo -
11:13 - 11:16para os desviar do caminho
em que estavam -
11:16 - 11:19que criou uma consequência
que todos nós -
11:19 - 11:22— apoiantes ou opositores
da pena de morte — -
11:22 - 11:24dizem que é um mau resultado.
-
11:24 - 11:26Ora, durante cada um
destes cinco capítulos: -
11:27 - 11:28quando a mãe estava grávida dele;
-
11:28 - 11:31nos seus anos de criança;
-
11:31 - 11:32quando estava no ensino básico;
-
11:32 - 11:35quando estava no terceiro ciclo
e no secundário; -
11:35 - 11:37e quando estava no sistema
de justiça juvenil -
11:37 - 11:39— em cada um desses cinco capítulos,
-
11:39 - 11:42havia muitas coisas
que a sociedade poderia ter feito. -
11:42 - 11:43De facto, se imaginarmos
-
11:43 - 11:46que existem cinco modos
diferentes de intervenção, -
11:46 - 11:48a forma como a sociedade
podia ter intervindo -
11:48 - 11:50em cada um desses cinco capítulos,
-
11:50 - 11:53e pudéssemos misturá-los
da forma que quiséssemos, -
11:53 - 11:56existem 3000 — mais de 3000 —
estratégias possíveis -
11:56 - 11:58que poderíamos adotar,
-
11:58 - 12:02de forma a desviar crianças como o Will
do caminho em que estavam. -
12:03 - 12:07Portanto, não estou aqui
hoje, com a solução. -
12:07 - 12:11Mas o facto de que ainda
temos muito para aprender, -
12:12 - 12:15não significa que não saibamos já muito.
-
12:15 - 12:18Sabemos pela experiência noutros estados
-
12:18 - 12:22que houve uma grande variedade
de formas de intervenção -
12:22 - 12:23que poderíamos estar a usar no Texas
-
12:24 - 12:26e em qualquer Estado
que não as esteja a usar, -
12:26 - 12:30de forma a evitar uma consequência
que todos concordamos que é má. -
12:30 - 12:32Vou mencionar apenas algumas.
-
12:33 - 12:37Hoje não vou falar
da reforma do sistema legal. -
12:37 - 12:38Isso é provavelmente um tópico
-
12:39 - 12:42que é melhor reservar
para uma sala de advogados e juízes. -
12:42 - 12:46Em vez disso, vou falar
de alguns modos de intervenção -
12:46 - 12:48que todos podemos ajudar a realizar,
-
12:48 - 12:50porque são modos de intervenção
-
12:51 - 12:55que virão, quando legisladores, políticos,
contribuintes e cidadãos, -
12:55 - 12:57concordarem que é isso que devemos fazer
-
12:57 - 12:59e que é assim que devemos
gastar o nosso dinheiro. -
12:59 - 13:02Poderíamos estar a prestar cuidados
na primeira infância -
13:02 - 13:07a crianças desfavorecidas
e crianças problemáticas, -
13:07 - 13:10e poderíamos estar a fazer isto de graça.
-
13:10 - 13:14Poderíamos estar a desviar crianças
como Will do caminho em que estão. -
13:14 - 13:17Há outros Estados que fazem isto,
mas nós não fazemos. -
13:18 - 13:20Poderíamos estar a proporcionar
escolas especiais, -
13:20 - 13:23tanto a nível do secundário
como a nível da escola básica, -
13:23 - 13:25e até no pré-escolar,
-
13:25 - 13:28que visam crianças economicamente
desfavorecidas, -
13:28 - 13:33e, em particular, crianças que estiveram
expostas ao sistema de justiça juvenil. -
13:33 - 13:35Há uma mão cheia de Estados
que fazem isso; -
13:35 - 13:37o Texas não o faz.
-
13:37 - 13:41Há uma coisa que podíamos estar a fazer
— bem, há várias outras coisas — -
13:41 - 13:44há uma coisa que vou mencionar,
-
13:44 - 13:46e isto vai ser a única coisa controversa
que vou dizer hoje. -
13:47 - 13:50Podíamos estar a intervir
de uma forma muito mais agressiva -
13:50 - 13:53nos lares perigosamente disfuncionais,
-
13:53 - 13:55e a tirar as crianças de lá
-
13:55 - 13:59antes que as mães delas peguem
em facas e ameacem matá-las. -
14:01 - 14:05Se formos fazer isto, precisamos
de um sítio para as meter. -
14:05 - 14:06Mesmo se fizermos todas estas coisas,
-
14:06 - 14:09algumas crianças vão cair
através das fendas -
14:09 - 14:10e vão acabar no último capítulo
-
14:10 - 14:12antes de começar
a história de homicídios, -
14:12 - 14:15vão acabar no sistema de justiça juvenil.
-
14:15 - 14:18Mas, mesmo que isto aconteça,
ainda não é demasiado tarde. -
14:19 - 14:21Ainda há tempo para os ajudar,
-
14:21 - 14:25se pensarmos em ajudá-los
em vez de os punir. -
14:25 - 14:27Há dois professores em Northeast
-
14:28 - 14:29— um em Yale e um em Maryland —
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14:29 - 14:33que criaram uma escola
que está ligada a uma prisão juvenil. -
14:34 - 14:36As crianças estão na prisão
mas vão à escola -
14:36 - 14:39das oito da manhã
até às quatro da tarde. -
14:39 - 14:40Foi logisticamente difícil.
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14:40 - 14:44Tiveram de recrutar professores que
queriam trabalhar dentro de uma prisão, -
14:44 - 14:46tiveram de estabelecer a separação
-
14:46 - 14:49entre as pessoas que trabalham
na escola e as autoridades da prisão -
14:49 - 14:50e, o mais difícil de tudo,
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14:50 - 14:54tiveram de inventar um novo programa,
sabem porquê? -
14:54 - 14:56As pessoas não entram e saem
da cadeia numa base semestral. -
14:56 - 14:58(Risos)
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14:58 - 15:01Mas eles fizeram isso tudo.
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15:01 - 15:04Agora, o que é que tudo isto
tem em comum? -
15:04 - 15:09Isto tudo tem em comum
o facto de custar dinheiro. -
15:10 - 15:13Algumas pessoas nesta sala
podem ter idade -
15:13 - 15:17para se lembrarem
de um antigo anúncio do filtro de óleo. -
15:17 - 15:23Dizia assim: "Podem pagar-me agora
ou podem pagar depois". -
15:24 - 15:28O que estamos a fazer
no sistema da pena de morte -
15:29 - 15:31é estarmos a pagar depois.
-
15:32 - 15:36Mas por cada 15 000 dólares
-
15:36 - 15:39que gastamos a intervir
na vida das crianças -
15:39 - 15:42economicamente desfavorecidas
-
15:42 - 15:43naqueles primeiros capítulos,
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15:43 - 15:47economizamos 80 000 dólares
em custos relacionados com o crime. -
15:48 - 15:54Mesmo que não concordem que há
um imperativo moral para o fazermos, -
15:54 - 15:58faz sentido económico.
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15:58 - 16:01Quero-vos falar da última conversa
que tive com o Will. -
16:02 - 16:07Foi no dia da sua execução,
-
16:08 - 16:10e nós estávamos apenas a falar.
-
16:10 - 16:13Não havia mais nada a fazer no seu caso.
-
16:13 - 16:15Estávamos a falar sobre a vida dele.
-
16:16 - 16:20E ele estava a falar sobre o pai,
que ele mal conhecia, que tinha morrido, -
16:20 - 16:25e depois sobre a mãe, que ele
conhecia, que ainda estava viva. -
16:26 - 16:27E eu disse-lhe:
-
16:29 - 16:30"Eu conheço a história.
-
16:31 - 16:32"Li os registos.
-
16:33 - 16:35"Sei que ela tentou matar-te.
-
16:35 - 16:37"Mas eu sempre quis saber
-
16:37 - 16:40"se tu te lembras realmente disso.
-
16:40 - 16:44"Eu não me lembro de nada
quando tinha cinco anos. -
16:44 - 16:46"Talvez só te lembres
do que alguém te contou". -
16:46 - 16:49Ele olhou para mim, inclinou-se
-
16:49 - 16:50e disse; "Professor,"
-
16:50 - 16:53— ele conhecia-me há 12 anos,
ainda me chamava Professor. -
16:54 - 16:56"Professor, eu não quero
faltar-lhe ao respeito, -
16:56 - 16:59"mas quando a nossa mãe pega numa faca
-
16:59 - 17:01"que parece ser maior que nós,
-
17:01 - 17:05"e persegue-nos pela casa
a gritar que nos vai matar, -
17:05 - 17:07"e temos de nos trancar na casa de banho
-
17:07 - 17:09"e encostarmo-nos na porta
-
17:09 - 17:11"e berrar por ajuda
até que a polícia chegue..." -
17:12 - 17:14ele olhou para mim e disse:
-
17:14 - 17:17"É algo que nunca se esquece".
-
17:17 - 17:20Espero que haja uma coisa
que não vão esquecer. -
17:20 - 17:23Entre o tempo que chegaram
aqui esta manhã -
17:23 - 17:24e o intervalo para o almoço,
-
17:24 - 17:28houve quatro homicídios nos EUA.
-
17:28 - 17:31Vamos dedicar enormes recursos sociais
-
17:31 - 17:33para punir as pessoas
que cometem esses crimes, -
17:33 - 17:36e tem que ser porque temos que castigar
as pessoas que fazem coisas más. -
17:37 - 17:40Mas três desses crimes
podiam ter sido evitados. -
17:40 - 17:43Se aumentarmos a fotografia
-
17:43 - 17:47e dermos atenção aos primeiros capítulos,
-
17:47 - 17:51então nunca vamos escrever
a primeira frase -
17:51 - 17:53que começa a história da pena de morte.
-
17:54 - 17:55Obrigado.
-
17:55 - 17:56(Aplausos)
- Title:
- Lições de prisioneiros no corredor da morte
- Speaker:
- David R. Dow
- Description:
-
O que acontece antes de um homicídio? Em busca de maneiras para reduzir os casos de pena de morte, David R. Dow percebeu que um número surpreendente de prisioneiros no corredor da morte tinham biografias semelhantes. Nesta palestra, ele propõe um plano audacioso, que evita os homicídios.
(Filmado no TEDxAustin.) - Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:16
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Lessons from death row inmates | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Lessons from death row inmates | ||
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Catarina Mendes edited Portuguese subtitles for Lessons from death row inmates | ||
Catarina Mendes edited Portuguese subtitles for Lessons from death row inmates |