Higiene das mãos: mais do que tempo pode escapar por entre seus dedos | Carmela Mascio | TEDxWaltham
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0:10 - 0:16Gostaria de pedir a todos que parem
por um momento e observem suas mãos. -
0:16 - 0:18Olhem para elas.
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0:18 - 0:20O que veem?
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0:21 - 0:24O que pensam quando olham para elas?
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0:24 - 0:25Será que vocês pensam:
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0:25 - 0:28"Nossa, minhas mãos são fantásticas!
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0:28 - 0:29(Risos)
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0:29 - 0:33Elas me ajudam no dia a dia
de formas que nem dá para contar"? -
0:33 - 0:37Ou vocês pensam em segurar a mão
de alguém que amam? -
0:37 - 0:41Eu penso nessas coisas,
mas quando olho para as mãos, -
0:41 - 0:43também vejo 15 milhões de germes.
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0:43 - 0:47E penso: "Que superfícies
estas mãos tocaram? -
0:47 - 0:50
E o que havia nessas superfícies?" -
0:50 - 0:52E penso em como as mãos,
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0:52 - 0:58as minhas, as suas, de qualquer um,
sob certas circunstâncias, -
0:58 - 1:02podem ser assassinas silenciosas
com um simples toque. -
1:03 - 1:04Todo dia, quando vou para o trabalho
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1:04 - 1:07como microbiologista
de doenças infecciosas, -
1:07 - 1:10manipulo bactérias que poderiam nos matar.
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1:10 - 1:13Sendo assim, as pessoas muitas vezes
perguntam se sou "germofóbica". -
1:13 - 1:15É uma boa pergunta.
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1:15 - 1:18No trabalho, sim; eu tenho que ser.
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1:19 - 1:23Tenho a responsabilidade de garantir que
organismos resistentes com que trabalho -
1:23 - 1:25não escapem do laboratório.
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1:25 - 1:30Mas no dia a dia, será que me preocupo
com germes constantemente? -
1:30 - 1:32Bom, depende.
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1:32 - 1:35Em casa, se um alimento cai no chão,
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1:35 - 1:37acredito firmemente
na regra dos três segundos. -
1:37 - 1:40Principalmente quando envolve sobremesa.
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1:40 - 1:41(Risos)
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1:41 - 1:46No entanto, sou rigorosa
quando se trata da higiene das mãos, -
1:46 - 1:52porque o simples ato de higienizá-las
é nossa primeira linha de defesa -
1:52 - 1:56para prevenir infecções
em nós mesmos e nos outros. -
1:57 - 2:00A noção de que germes
em nossas mãos causam infecções -
2:01 - 2:05geralmente é compreendida hoje,
mas nem sempre foi assim. -
2:05 - 2:06Era uma vez,
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2:06 - 2:10acreditava-se que doenças
eram causadas por "espíritos malignos" -
2:10 - 2:13e ar malcheiroso chamado "miasma".
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2:13 - 2:16Foi só em meados do século 19
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2:16 - 2:21que a medicina se tornou mais científica.
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2:21 - 2:25Um médico húngaro
chamado Ignaz Semmelweis -
2:25 - 2:29estava tão incomodado
com as taxas de mortalidade -
2:29 - 2:33de mulheres que morriam
na enfermaria dos estudantes de medicina, -
2:33 - 2:35em comparação
com a enfermaria das parteiras, -
2:35 - 2:37devido à febre puerperal,
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2:37 - 2:43que ele decidiu entender por que elas
estavam morrendo naquele ritmo assustador. -
2:44 - 2:48Depois de muitas tentativas frustradas,
ele finalmente fez uma conexão: -
2:48 - 2:54a causa da febre e das mortes prematuras
eram as "partículas cadavéricas". -
2:55 - 3:00Ele não sabia que essas partículas
cadavéricas, como ele as chamava, -
3:00 - 3:02na verdade, eram bactérias.
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3:02 - 3:08Mas ao implementar um rigoroso processo
de limpeza de mãos e instrumentos, -
3:08 - 3:11ele conseguiu reduzir
as taxas de mortalidade -
3:11 - 3:16de 18% para menos de 2% em apenas 2 meses.
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3:17 - 3:21Depois de uma descoberta incrível
como essa, era de se esperar -
3:21 - 3:25que Semmelweis fosse reverenciado
como salvador das mulheres, -
3:25 - 3:28recebendo honras e reconhecimento
de seus colegas. -
3:28 - 3:31Não foi bem assim.
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3:31 - 3:35Apesar de Semmelwais ter identificado
o problema corretamente, -
3:35 - 3:39ele tratou de mobilizar mudanças
da forma errada. -
3:40 - 3:46Em vez de apresentar seu entendimento
aos colegas gentilmente, ele os puniu. -
3:46 - 3:49Chamou-os de "assassinos irresponsáveis".
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3:50 - 3:52Assim, eles se voltaram contra ele.
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3:52 - 3:55E, com o tempo,
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3:55 - 4:00ele os irritou tão profundamente
que eles o internaram em um hospício, -
4:00 - 4:07onde ele apanhou violentamente e morreu
14 dias depois de febre infecciosa. -
4:08 - 4:11Apesar de não ter sido
valorizada na época, -
4:11 - 4:16a descoberta feita por Semmelweis
continua importante e poderosa até hoje. -
4:16 - 4:19Todos sabemos quando
devemos lavar as mãos, certo? -
4:19 - 4:21Aprendemos isso quando somos crianças.
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4:21 - 4:24Devemos lavá-las antes de tocar em comida,
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4:24 - 4:27após limpar a sujeira
de uma criança ou animal, -
4:27 - 4:29após tocar superfícies sujas
em locais públicos, -
4:29 - 4:32como maçanetas e botões de elevador,
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4:32 - 4:35e, claro, após usar o banheiro.
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4:35 - 4:37Isso não é uma tremenda novidade.
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4:37 - 4:40O que pode ser novidade
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4:40 - 4:44é que estamos em meio
a uma crise infecciosa novamente, -
4:44 - 4:48na qual 1 em cada 25 pacientes
internados em um hospital -
4:48 - 4:52acabam com uma infecção
que não tinham ao chegar. -
4:52 - 5:00Em 2011, o CDC registrou 750 mil casos
de infecção hospitalar só em hospitais -
5:00 - 5:03de cuidados agudos nos EUA.
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5:03 - 5:08Desses pacientes, 75 mil morreram.
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5:10 - 5:16São mais mortes do que por câncer
de próstata, mama, cólon -
5:16 - 5:19ou por diabetes.
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5:19 - 5:25A cada ano, essas infecções custam
entre US$ 28 e US$ 45 bilhões, -
5:25 - 5:32mas não há preço que pague o sofrimento
desses pacientes e a família deles. -
5:33 - 5:38E, infelizmente, conheci famílias demais
que, assim como a minha, -
5:38 - 5:41foram afetadas por esse tipo de infecção.
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5:41 - 5:44Anos atrás, quando o foco
da minha pesquisa -
5:44 - 5:48passou da descoberta de antibióticos
para a prevenção de infecções, -
5:48 - 5:52eu queria ajudar a garantir
que futuros pacientes -
5:52 - 5:54não se tornassem estatística.
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5:55 - 5:57Isso ficou especialmente evidente para mim
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5:57 - 6:01durante a recuperação de meu pai
de uma cirurgia cardíaca recente. -
6:02 - 6:05Pode ser surpreendente
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6:05 - 6:09descobrir que o que Semmelweis
identificou corretamente, -
6:09 - 6:11a questão da higiene das mãos,
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6:11 - 6:13há 170 anos,
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6:14 - 6:19ainda está no centro da crise
infecciosa que temos hoje. -
6:19 - 6:22Como isso é possível?
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6:22 - 6:26Acontece que lavar as mãos
não é tão simples quanto se pensa. -
6:26 - 6:31Mas em vez de só falar do assunto,
agora é hora da participação da plateia. -
6:31 - 6:37Enquanto entravam aqui,
vocês receberam higienizador de mãos. -
6:38 - 6:44Juntos vamos aprender como higienizar
as mãos como profissionais de saúde, -
6:45 - 6:48de acordo com a Organização
Mundial de Saúde. -
6:48 - 6:54É importante entender que quando
falamos sobre o nível de limpeza, -
6:54 - 6:56ou eficácia, que é como chamamos,
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6:56 - 7:01isso irá depender de um volume específico
depositado de forma específica -
7:01 - 7:04durante um tempo muito específico.
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7:04 - 7:09Preciso que se lembrem
que é necessário usar produto suficiente -
7:09 - 7:11para cobrir a superfície de ambas as mãos,
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7:11 - 7:15pois o higienizador não mata
aquilo que não toca. -
7:15 - 7:18Então vamos colocar uma boa quantidade.
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7:18 - 7:19(Risos)
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7:19 - 7:22Não vou dizer para encher a mão,
porque demoraria uma eternidade, -
7:22 - 7:25mas uma boa quantidade
para cobrir toda a superfície. -
7:25 - 7:29Tentem não espirar produto nos olhos,
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7:29 - 7:33e agora vamos esfregar palma com palma,
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7:33 - 7:37e esfregar uma palma
no dorso da outra mão. -
7:37 - 7:38Muito bem.
-
7:38 - 7:41E troquem, isso.
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7:41 - 7:46Agora voltamos a colocar palma com palma,
dedos entrelaçados, afastados. -
7:46 - 7:47Ainda não terminamos.
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7:47 - 7:51Agora é preciso esfregar a parte de trás
dos dedos e a superfície das unhas, -
7:51 - 7:53troquem de mão.
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7:53 - 7:55Muito importante: não esqueçam o polegar.
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7:55 - 7:59Essa é a parte mais frequentemente
esquecida na higiene das mãos. -
8:00 - 8:03E não esqueçam a ponta dos dedos.
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8:03 - 8:04Certo.
-
8:04 - 8:09E agora esperamos,
porque elas estão muito molhadas. -
8:09 - 8:11Isso é importante:
-
8:11 - 8:17suas mãos não são consideradas limpas
ou seguras até que estejam secas. -
8:17 - 8:22Os ingredientes ativos ainda estão agindo
para matar os germes. -
8:22 - 8:25Agora que terminamos, o que acharam?
-
8:25 - 8:27Levantando a mão agora limpa,
-
8:27 - 8:31quantos já fizeram esse tipo
de higienização antes? -
8:31 - 8:34Isso é bom! Mantenham a mão levantada.
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8:34 - 8:38Quantos fazem esse nível
de higienização todas as vezes? -
8:39 - 8:40É o que pensei.
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8:40 - 8:43Quem tem tempo para isso, certo?
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8:45 - 8:48Dados sugerem que não conseguimos sequer
-
8:48 - 8:51fazer com que pessoas limpem as mãos
mesmo quando sabem que precisam fazê-lo. -
8:51 - 8:54Por exemplo, uma em cada cinco pessoas
-
8:54 - 8:58opta por não lavar as mãos
após usar o banheiro. -
8:58 - 9:01Esperem, quero que pensem
nisso por um momento. -
9:01 - 9:05Olhem para sua fileira,
a fileira em frente e a de trás. -
9:05 - 9:06(Risos)
-
9:06 - 9:11Vinte pessoas não lavaram as mãos
depois de usar o banheiro hoje. -
9:11 - 9:13Quantas mãos vocês já apertaram até agora?
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9:13 - 9:14(Risos)
-
9:14 - 9:16Estão felizes que acabamos
de limpar as mãos? -
9:16 - 9:18Eu estou!
-
9:21 - 9:23Quando pensamos nisso,
-
9:23 - 9:28como indivíduos, não há tanto problema
em fazer escolhas ruins -
9:28 - 9:32sobre higiene das mãos,
principalmente se estamos saudáveis. -
9:32 - 9:35A realidade é que nosso
sistema imune robusto -
9:35 - 9:40cuidará dos germes que deixarmos
passar inadvertidamente. -
9:40 - 9:45Porém, quais são os desdobramentos
quando um profissional de saúde -
9:45 - 9:47em um hospital, casa de repouso,
-
9:48 - 9:51centro de hemodiálise ou pronto-socorro
-
9:51 - 9:57não pode higienizar as mãos
do jeito certo a cada vez? -
9:59 - 10:03Toda interação entre paciente
e profissional de saúde -
10:03 - 10:07é uma oportunidade para prevenir
ou transmitir uma infecção, -
10:08 - 10:11o que faz sentido, pois médicos
estão cercados de germes, -
10:11 - 10:14infecções e doentes o dia todo.
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10:15 - 10:17Vamos falar um pouco sobre tempo.
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10:18 - 10:22Se um médico tivesse
que lavar as mãos com água e sabão -
10:22 - 10:27toda vez que trocasse de tarefa,
conforme o recomendado pela OMS, -
10:27 - 10:31eles passariam metade do turno
lavando as mãos. -
10:31 - 10:37Metade do seu dia não estaria focado
no cuidado direto do paciente. -
10:37 - 10:40Ao usar higienizadores comuns,
como acabamos de fazer, -
10:40 - 10:45ainda gastariam um quarto do dia
na limpeza das mãos. -
10:45 - 10:50Os médicos com que falei mal têm tempo
de ir ao banheiro durante o dia, -
10:50 - 10:54que dirá para dedicar tanto tempo
assim à higiene das mãos, -
10:54 - 10:56então eles são forçados a queimar etapas.
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10:56 - 11:00Só dá para limpar as mãos ao entrar
e sair dos quartos dos pacientes, -
11:00 - 11:04e isso deixa inúmeras oportunidades
para que germes se espalhem. -
11:05 - 11:07Há 170 anos,
-
11:08 - 11:14Semmelweis tentou salvar vidas fazendo
com que as pessoas lavassem as mãos. -
11:14 - 11:19Hoje, administradores de hospitais
estão pedindo exatamente a mesma coisa. -
11:19 - 11:22Mas no sistema atual,
as coisas são diferentes. -
11:22 - 11:25O que é pedido do profissional de saúde
-
11:25 - 11:29é inviável e possivelmente
nem mesmo resolveria o problema. -
11:30 - 11:33Por um momento, vamos agitar
nossa varinha de condão -
11:33 - 11:35e fingir que vivemos em um mundo
-
11:35 - 11:38onde tudo é viável
em um estabelecimento de saúde. -
11:38 - 11:42Os produtos para higiene
de mãos que temos hoje -
11:42 - 11:47podem não ser eficientes
para prevenir a propagação de infecções. -
11:48 - 11:50Como isso é possível?
-
11:51 - 11:52Vamos dar uma olhada.
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11:53 - 11:58Se uma gotícula invisível eliminada
num espirro contém 200 milhões de germes -
11:58 - 12:04e nossos higienizadores matam 99% deles,
façam uma pausa para o cálculo mental: -
12:04 - 12:07movam a vírgula decimal quatro casas...
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12:07 - 12:09Eca!
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12:09 - 12:14Sobram 20 mil germes.
-
12:14 - 12:18É mais que o suficiente
para transmitir uma infecção -
12:18 - 12:21para um de nossos amigos
bonecos de palito, -
12:21 - 12:25principalmente se ele
estiver num hospital. -
12:25 - 12:27E para complicar as coisas,
-
12:27 - 12:30higienizadores de mão nem mesmo
conseguem matar -
12:30 - 12:35todos os principais patógenos e germes
que encontramos nos hospitais atualmente, -
12:35 - 12:37como o altamente contagioso norovírus
-
12:37 - 12:42ou o debilitante Clostridium difficile,
também chamado de C. difficile, -
12:42 - 12:46que pode sobreviver em superfícies
por até oito meses. -
12:47 - 12:51O que temos em mãos é um monte de germes
-
12:51 - 12:54e um problema que não pode ser resolvido
-
12:54 - 12:58só com mudança
de comportamento individual. -
12:58 - 13:01Precisamos de inovação.
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13:01 - 13:03Parece tentador pensar:
-
13:03 - 13:06"Claro, temos uma solução para o problema.
-
13:06 - 13:08Só precisamos que as pessoas
a coloquem em prática. -
13:08 - 13:11Temos acesso fácil a água limpa e sabão.
-
13:11 - 13:14Temos higienizadores
em cada parede e batente de porta. -
13:14 - 13:19Higienizadores de bolso de toda cor,
forma, tamanho, fragrância, -
13:19 - 13:23lenços desinfetantes, toalhas umedecidas,
sprays, espumas, géis". -
13:24 - 13:29Ainda assim, a propagação
de infecções persiste. -
13:30 - 13:32Como é possível?
-
13:32 - 13:38Acontece que, apesar de haver
higienizadores de diferentes formas, -
13:38 - 13:45todos usam os mesmos ingredientes ativos
formulados há mais de 40 anos. -
13:47 - 13:52Se a tecnologia do telefone celular
tivesse parado nos anos de 1980, -
13:52 - 13:55isto estaria na sua pochete agora.
-
13:55 - 13:59Sim, eu disse "pochete",
porque isso não caberia no bolso. -
14:00 - 14:02Então eu pergunto:
-
14:02 - 14:05como podemos pedir
que profissionais de saúde -
14:05 - 14:09usem o equivalente a uma tecnologia
dos anos de 1980 -
14:10 - 14:12para depois serem responsabilizados
-
14:12 - 14:16por não atenderem às expectativas
do século 21 em seu trabalho? -
14:21 - 14:23Como chegamos até aqui?
-
14:26 - 14:31Acredito que a inovação ficou estagnada
em termos de higiene das mãos -
14:31 - 14:33por causa dos antibióticos.
-
14:34 - 14:38Durante a Segunda Guerra Mundial,
o desenvolvimento da penicilina -
14:38 - 14:42salvou a vida de incontáveis
soldados nas trincheiras. -
14:42 - 14:46Na verdade, a penicilina
é tão boa para tratar infecções -
14:46 - 14:48que nos anos de 1950 e 1960
-
14:48 - 14:52ela inaugurou a era dourada
das descobertas de antibióticos. -
14:52 - 14:56Não há dúvidas de que os antibióticos
continuam a desempenhar -
14:56 - 15:00o papel de herói não celebrado,
salvando milhões de vidas atualmente. -
15:01 - 15:05Entretanto, o desenvolvimento
e comercialização de antibióticos -
15:05 - 15:10tiveram efeitos negativos que exacerbam
o problema nos hospitais hoje. -
15:11 - 15:15Com a cura para infecções
bacterianas em mãos, -
15:15 - 15:20paramos de inovar formas
de prevenir o início das infecções. -
15:20 - 15:24E porque não tínhamos
ideia das consequências, -
15:24 - 15:29nosso uso indevido e abusivo
de antibióticos levou à formação -
15:29 - 15:32de organismos resistentes,
como as superbactérias, -
15:32 - 15:35que são cada vez mais difíceis de tratar.
-
15:35 - 15:38A presença dessas superbactérias
-
15:38 - 15:41significa que a prevenção
é mais importante do que nunca, -
15:41 - 15:44tendo em conta nossos métodos
atuais inadequados. -
15:47 - 15:50Há medidas que podemos tomar?
-
15:50 - 15:51Sim.
-
15:51 - 15:54Uma delas é não fazer
uso indevido de antibióticos. -
15:54 - 15:58Só devemos tomar antibióticos
para infecções bacterianas confirmadas, -
15:58 - 16:00eles não funcionam contra vírus.
-
16:00 - 16:05Devemos tomá-lo como foi prescrito
e sempre terminar o ciclo de tratamento, -
16:05 - 16:07mesmo se já nos sentimos melhor.
-
16:07 - 16:10E no dia a dia, façamos
escolhas mais inteligentes -
16:10 - 16:14sobre quando e quão minuciosamente
higienizar as mãos, -
16:14 - 16:18como durante a temporada de gripe
ou ao manusear frango cru. -
16:18 - 16:23E lavemos as mãos após usar o banheiro,
-
16:23 - 16:25todas as vezes.
-
16:25 - 16:27É nojento não fazê-lo.
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16:28 - 16:34E ao visitar hospitais, estejamos cientes
de que toda superfície que tocamos -
16:34 - 16:37pode conter germes perigosos
-
16:37 - 16:41que podem ser transmitidos
para vítimas desprevenidas. -
16:41 - 16:44E ao visitarmos entes queridos,
-
16:44 - 16:47devemos nos lembrar de que eles
são mais vulneráveis a infecções. -
16:47 - 16:51Então devemos lavar as mãos
frequentemente e evitar tocá-los. -
16:51 - 16:53Sei que é difícil.
-
16:53 - 16:54Depois da cirurgia do meu pai,
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16:54 - 16:58todos que vieram visitá-lo
queriam demonstrar sua preocupação -
16:58 - 17:01e dirigir-lhe um toque amigo
e de solidariedade. -
17:01 - 17:08Mas eu fiquei atenta para garantir
que cada um que entrasse no quarto -
17:08 - 17:13limpasse as mãos e limitasse
o contato desnecessário. -
17:13 - 17:15Sei que ofendi algumas pessoas,
-
17:15 - 17:19mas sou grata que meu pai
não se tornou estatística. -
17:19 - 17:22Há algo que possamos
fazer como indivíduos? -
17:22 - 17:23Sim.
-
17:23 - 17:26Mas também precisamos
ver além dos indivíduos. -
17:26 - 17:29Devemos observar o problema por inteiro.
-
17:29 - 17:32Precisamos que empresas, pesquisadores,
administradores de hospitais -
17:32 - 17:37priorizem a inovação em termos
de prevenção de infecções. -
17:38 - 17:41Passaram-se 170 anos
-
17:41 - 17:46desde que descobrimos
que mãos limpas salvam vidas. -
17:46 - 17:48Nosso amigo Semmelweis
-
17:48 - 17:54foi mandado injustamente para um hospício
por mobilizar mudanças da forma errada. -
17:54 - 18:00Contudo, continuar a fazer
as mesmas coisas que temos feito -
18:00 - 18:05esperando resultados diferentes
é uma forma de insanidade. -
18:05 - 18:10Eu os desafio a se juntarem a mim,
a pensar fora da caixa -
18:11 - 18:14para desenvolver formas melhores
de prevenir a propagação -
18:14 - 18:18de infecção hospitalar que funcionem
no contexto atual dos hospitais. -
18:19 - 18:24Juntos precisamos ter coragem
de rejeitar o status quo -
18:24 - 18:29e inaugurar uma revolução transformadora
na higiene das mãos. -
18:29 - 18:31Obrigada pela atenção.
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18:31 - 18:33(Aplausos)
- Title:
- Higiene das mãos: mais do que tempo pode escapar por entre seus dedos | Carmela Mascio | TEDxWaltham
- Description:
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Com que frequência você pensa nas suas mãos e nos germes que estão nelas? Carmela Mascio pensa nisso o tempo todo. Sua entusiasmada palestra inclui uma demonstração participativa da técnica adequada para higiene das mãos, revela as significativas limitações dos atuais métodos de higienização, mostra o panorama das infecções hospitalares e inclui um apelo para que rejeitemos o status quo e priorizemos a inovação em termos de higiene das mãos.
Carmela Mascio é uma microbiologista de doenças infecciosas com verdadeira paixão por resolver problemas insolúveis e talento para trabalhar com inovação em "espaço em branco", espaços-problema que não possuem modelo predefinido para sucesso e exigem formas radicalmente novas de pensar.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:40