Por que ainda existem tantos empregos?
-
0:01 - 0:03Aqui vai um fato impressionante:
-
0:03 - 0:07nos 45 anos desde a introdução
do caixa eletrônico, -
0:07 - 0:10aquela máquina em que se saca dinheiro,
-
0:10 - 0:13o número de caixas bancários humanos
empregados nos Estados Unidos -
0:13 - 0:18praticamente dobrou
de 250 mil para 500 mil. -
0:18 - 0:21De 250 mil, em 1970,
para cerca de 500 mil hoje, -
0:21 - 0:25sendo que 100 mil deles foram
contratados a partir do ano 2000. -
0:25 - 0:27Esses fatos, revelados num livro recente
-
0:27 - 0:30do economista James Bessen,
da Universidade de Boston, -
0:30 - 0:33levantam uma questão intrigante:
-
0:33 - 0:35o que todos esses caixas estão fazendo,
-
0:35 - 0:38e por que a automação não eliminou
o emprego deles até agora? -
0:39 - 0:40Se pensarmos sobre isso,
-
0:40 - 0:43muitas das grandes invenções
dos últimos 200 anos -
0:43 - 0:46foram projetadas para substituir
o trabalho humano. -
0:47 - 0:49Tratores foram desenvolvidos
-
0:49 - 0:53para substituir o trabalho físico
humano por força mecânica. -
0:53 - 0:55Linhas de montagem foram projetadas
-
0:55 - 0:59para substituir o inconsistente
trabalho braçal humano -
0:59 - 1:01pela perfeição das máquinas.
-
1:01 - 1:04Computadores foram programados para trocar
-
1:04 - 1:07a propensão a erros
e a inconsistência do cálculo humano, -
1:07 - 1:08pela perfeição digital.
-
1:09 - 1:11Essas invenções funcionaram.
-
1:11 - 1:13Não mais escavamos valas manualmente,
-
1:13 - 1:15não usamos pesadas ferramentas de ferro,
-
1:15 - 1:17nem fazemos a contabilidade
em livros de verdade. -
1:18 - 1:23Mesmo assim, a proporção de adultos
americanos no mercado de trabalho -
1:23 - 1:29é maior agora, em 2016,
do que há 125 anos, em 1890, -
1:29 - 1:34e aumentou a cada década,
no intervalo de 125 anos. -
1:35 - 1:36Isso indica um paradoxo.
-
1:37 - 1:40As máquinas, cada vez mais,
fazem o trabalho por nós. -
1:40 - 1:44Por que isso não torna nosso trabalho
redundante e nossas habilidades obsoletas? -
1:44 - 1:48Por que ainda há tantos empregos?
-
1:48 - 1:49(Risos)
-
1:49 - 1:52Vou tentar responder essa questão hoje
-
1:52 - 1:55e, em seguida, vou falar o que isso
significa para o futuro do trabalho -
1:56 - 2:01e quais desafios a automação
coloca ou não para nossa sociedade. -
2:03 - 2:04Por que há tantos empregos?
-
2:06 - 2:09Existem dois princípios econômicos
fundamentais em jogo. -
2:09 - 2:13Um tem a ver com a genialidade
e a criatividade humana. -
2:13 - 2:18O outro, com a insatisfação humana,
ou ganância, se preferirem. -
2:18 - 2:20Vou chamar o primeiro
de "princípio do O-ring", -
2:20 - 2:22que determina o tipo
de trabalho que fazemos. -
2:23 - 2:25O segundo é o princípio
de nunca ser o bastante, -
2:25 - 2:29que determina quantos empregos
realmente existem. -
2:29 - 2:32Vamos começar com o "O-ring".
-
2:32 - 2:35Os caixas eletrônicos dos bancos
-
2:35 - 2:38têm dois efeitos que se compensam
no trabalho dos caixas humanos. -
2:38 - 2:41Eles substituíram muitas
das tarefas dos caixas humanos. -
2:41 - 2:43O número de caixas por agência
caiu cerca de um terço. -
2:44 - 2:48Mas os bancos logo perceberam que também
ficava mais barato abrir novas agências, -
2:48 - 2:53e o número de agências aumentou
cerca de 40% no mesmo período. -
2:53 - 2:57O resultado líquido foi
mais agências e mais caixas. -
2:57 - 3:01Mas esses caixas estavam fazendo
um trabalho um pouco diferente. -
3:01 - 3:05Como suas tarefas rotineiras
de caixa diminuíram, -
3:05 - 3:07eles passaram a ter menos funções de caixa
-
3:07 - 3:09e mais funções de pessoal de vendas,
-
3:09 - 3:12forjando relacionamentos
com os clientes, resolvendo problemas -
3:12 - 3:16e apresentando novos produtos como cartões
de crédito, empréstimos e investimentos; -
3:16 - 3:20mais caixas fazendo trabalhos
que exigem mais conhecimento. -
3:21 - 3:22Há um princípio geral aqui.
-
3:23 - 3:25A maior parte do trabalho que fazemos
-
3:25 - 3:28requer uma variedade de habilidades,
-
3:29 - 3:32cérebros e músculos,
-
3:32 - 3:36especialidade técnica e domínio intuitivo,
-
3:36 - 3:39transpiração e inspiração,
nas palavras de Thomas Edison. -
3:39 - 3:43Em geral, automatizar
um subconjunto dessas tarefas -
3:43 - 3:45não torna as outras desnecessárias.
-
3:45 - 3:48Na verdade, torna-as mais importantes.
-
3:49 - 3:51Aumenta seu valor econômico.
-
3:51 - 3:53Deixe-me dar um exemplo cruel.
-
3:53 - 3:57Em 1986, a nave espacial Challenger
-
3:57 - 3:59explodiu e caiu na Terra
-
3:59 - 4:01menos de dois minutos após o lançamento.
-
4:02 - 4:08A causa foi um anel de borracha barato,
um "O-ring", do lançador de foguetes, -
4:08 - 4:11que congelou na plataforma
do lançador na noite anterior -
4:11 - 4:15e falhou catastroficamente,
momentos antes do lançamento. -
4:15 - 4:18Nesse empreendimento
de bilhões de dólares, -
4:18 - 4:19aquele simples anel de borracha
-
4:19 - 4:22fez a diferença entre o sucesso da missão
-
4:22 - 4:25e a catastrófica morte
de sete astronautas. -
4:26 - 4:29Uma engenhosa metáfora
para esse trágico acidente -
4:29 - 4:32é a função de produção
do anel de borracha, -
4:32 - 4:34como chamou o economista
de Harvard, Michael Kremer, -
4:34 - 4:36após o desastre da Challenger.
-
4:36 - 4:39A função de produção
daquele anel exprime o trabalho -
4:39 - 4:42como uma série de passos
integrados, elos de uma corrente. -
4:42 - 4:46Cada um dos elos deve se garantir
a fim de que a missão tenha sucesso. -
4:46 - 4:52Se algo falha, a missão,
o produto ou o serviço, -
4:52 - 4:53vai por água abaixo.
-
4:54 - 4:58Essa situação precária tem
uma implicação positiva surpreendente, -
4:59 - 5:03qual seja, a melhoria na confiabilidade
de qualquer um dos elos da corrente -
5:03 - 5:07aumenta o valor da melhoria
de cada um dos outros elos. -
5:07 - 5:12Concretamente, se a maioria dos elos
são fracos e propensos a falhas, -
5:12 - 5:16o fato de seu elo não ser tão confiável
não é tão importante. -
5:16 - 5:18Provavelmente algo mais irá quebrar.
-
5:18 - 5:22Mas, conforme os outros elos
se tornam robustos e confiáveis, -
5:22 - 5:26a importância do seu elo
se torna mais fundamental. -
5:26 - 5:28No limite, tudo depende dele.
-
5:29 - 5:32O anel de borracha foi crítico
para a espaçonave Challenger -
5:32 - 5:35porque tudo mais funcionou perfeitamente.
-
5:35 - 5:41Se a Challenger fosse o equivalente
ao Microsoft Windows 2000 da era espacial, -
5:41 - 5:43(Risos)
-
5:43 - 5:45a confiabilidade daquele anel
não seria significativa, -
5:45 - 5:47porque a máquina teria quebrado.
-
5:47 - 5:49(Risos)
-
5:50 - 5:52Aqui um ponto mais abrangente.
-
5:52 - 5:55Em muitos trabalhos que fazemos,
nós somos os anéis de borracha. -
5:55 - 5:59Caixas eletrônicos podem fazer
certas tarefas manuais -
5:59 - 6:02mais rápido e melhor
que os caixas humanos, -
6:02 - 6:04mas isso não os torna inúteis,
-
6:04 - 6:07isso aumenta o valor de suas habilidades
de resolução de problemas -
6:07 - 6:10e de seus relacionamentos com os clientes.
-
6:10 - 6:13O mesmo princípio se aplica
se estivermos construindo um edifício, -
6:13 - 6:16diagnosticando e cuidando de um paciente
-
6:16 - 6:21ou dando aulas para uma turma
cheia de estudantes. -
6:22 - 6:24Conforme nossas ferramentas melhoram,
-
6:24 - 6:26a tecnologia engrandece nossa influência
-
6:26 - 6:30e aumenta a importância
das nossas especialidades, -
6:30 - 6:32do nosso julgamento
e da nossa criatividade. -
6:33 - 6:35Isso me leva ao segundo princípio:
-
6:36 - 6:37nunca ser o bastante.
-
6:38 - 6:41Você pode pensar:
"Certo, O-ring, entendi". -
6:41 - 6:44Ele diz que o trabalho que as pessoas
fazem será importante. -
6:44 - 6:47Não podem ser feitos por máquinas,
mas ainda são necessários. -
6:47 - 6:49Mas isso não diz quantos empregos
serão necessários. -
6:49 - 6:52Se você pensar nisso, não é óbvio
-
6:52 - 6:54que, se conseguirmos
produtividade suficiente em algo, -
6:54 - 6:56basicamente construímos
nossa saída do emprego? -
6:56 - 7:01Em 1900, 40% dos empregos
americanos eram nas fazendas. -
7:01 - 7:03Hoje, são menos de 2%.
-
7:03 - 7:05Por que existem tão poucos
fazendeiros hoje? -
7:05 - 7:07Não é porque estamos comendo menos.
-
7:07 - 7:10(Risos)
-
7:10 - 7:13Um século de crescimento
da produtividade nas fazendas, -
7:13 - 7:15e agora alguns milhões de fazendeiros
-
7:15 - 7:18podem alimentar uma nação de 320 milhões.
-
7:18 - 7:19É um progresso incrível,
-
7:19 - 7:24mas também significa que só restam
empregos "O-ring" nas fazendas. -
7:24 - 7:27Então, claramente, a tecnologia
pode eliminar empregos. -
7:27 - 7:28A agricultura é apenas um exemplo.
-
7:28 - 7:30Existem muitos outros como esse.
-
7:31 - 7:35Mas o que é verdade sobre um simples
produto, serviço ou indústria -
7:35 - 7:38nunca foi verdade
para a economia como um todo. -
7:38 - 7:41Muitas indústrias
nas quais trabalhamos hoje: -
7:41 - 7:43saúde e medicina,
-
7:43 - 7:45finanças e seguros,
-
7:45 - 7:47eletrônica e computação,
-
7:48 - 7:50eram pequenas ou mal existiam
um século atrás. -
7:50 - 7:53Muitos dos produtos
nos quais gastamos muito dinheiro, -
7:53 - 7:55como condicionadores de ar, SUVs
-
7:55 - 7:59computadores e dispositivos
portáteis, eram muito caros -
7:59 - 8:01ou nem haviam sido inventados
um século atrás. -
8:02 - 8:07À medida que a automação libera
nosso tempo e aumenta as possibilidades, -
8:07 - 8:10inventamos novos produtos,
novas ideias, novos serviços -
8:10 - 8:12que chamam a nossa atenção,
-
8:12 - 8:13ocupam nosso tempo
-
8:13 - 8:15e estimulam o consumo.
-
8:16 - 8:19Você deve achar que algumas
dessas coisas são banais: -
8:19 - 8:22yoga extrema, turismo de aventura,
-
8:22 - 8:23Pokémon GO;
-
8:23 - 8:24e tenho que concordar.
-
8:25 - 8:28Mas as pessoas querem essas coisas,
e querem trabalhar duro para tê-las. -
8:28 - 8:31O trabalhador médio, em 2015,
-
8:31 - 8:35que desejasse alcançar
o padrão de vida médio de 1915 -
8:35 - 8:38poderia fazer isso trabalhando
apenas 17 semanas por ano, -
8:38 - 8:40um terço do tempo.
-
8:40 - 8:42Mas a maioria das pessoas
escolhe não fazer isso. -
8:42 - 8:44Elas querem trabalhar mais
-
8:44 - 8:48para colher os frutos da tecnologia
que estão disponíveis para elas. -
8:48 - 8:53A abundância material nunca
eliminou a percepção de escassez. -
8:53 - 8:55Nas palavras do economista
Thorstein Veblen, -
8:55 - 8:58a invenção é a mãe da necessidade.
-
9:00 - 9:01Agora...
-
9:01 - 9:03Se você aceita esses dois princípios,
-
9:03 - 9:06o princípio "O-ring"
e o de nunca estar satisfeito, -
9:06 - 9:08então você concorda comigo.
-
9:08 - 9:09Haverá empregos.
-
9:10 - 9:12Significa que não temos que nos preocupar?
-
9:12 - 9:15Automação, emprego, robôs e trabalhos.
-
9:15 - 9:16Eles cuidarão de si próprios?
-
9:17 - 9:18Não.
-
9:18 - 9:20Não é esse o meu argumento.
-
9:20 - 9:23A automação cria riqueza,
-
9:23 - 9:26nos permitindo mais trabalho
em menos tempo. -
9:26 - 9:27Não existe uma lei econômica
-
9:27 - 9:30que diga que vamos usar bem essa riqueza,
-
9:30 - 9:32e devemos nos preocupar com isso.
-
9:33 - 9:35Considerem dois países:
-
9:35 - 9:37Noruega e Arábia Saudita.
-
9:37 - 9:38Ambos ricos em petróleo,
-
9:38 - 9:42é como se tivessem
dinheiro jorrando do chão. -
9:42 - 9:44(Risos)
-
9:44 - 9:49Mas eles não usaram essa riqueza
igualmente bem para criar prosperidade, -
9:49 - 9:50prosperidade humana.
-
9:50 - 9:53A Noruega é uma democracia próspera.
-
9:53 - 9:57Normalmente, seus cidadãos
trabalham e convivem bem juntos. -
9:57 - 10:00Geralmente é classificada
entre o primeiro e o quarto lugar -
10:00 - 10:03no ranking de felicidade nacional.
-
10:03 - 10:05A Arábia Saudita é uma monarquia absoluta
-
10:05 - 10:09na qual, para muitos cidadãos, faltam
possibilidades de desenvolvimento pessoal. -
10:09 - 10:12Geralmente está classificada em 35º lugar
entre as nações mais felizes, -
10:13 - 10:15o que é baixo para uma nação tão rica.
-
10:15 - 10:16Apenas para comparação,
-
10:16 - 10:19os EUA geralmente estão
por volta do 12º ou 13º lugares. -
10:19 - 10:21A diferença entre esses dois países
-
10:22 - 10:25não é a riqueza e não é sua tecnologia.
-
10:25 - 10:26São suas instituições.
-
10:27 - 10:30A Noruega investiu
na construção de uma sociedade -
10:30 - 10:33com oportunidades e mobilidade econômica.
-
10:33 - 10:35A Arábia Saudita elevou o padrão de vida,
-
10:35 - 10:39enquanto frustrava
muitas outras reivindicações. -
10:39 - 10:41Dois países, ambos ricos,
-
10:41 - 10:43não da mesma forma.
-
10:44 - 10:48E isso me traz ao desafio
que enfrentamos hoje, -
10:48 - 10:50o desafio que a automação nos coloca.
-
10:50 - 10:53O desafio não é que estejamos
ficando sem trabalho. -
10:53 - 10:55Os EUA criaram 14 milhões de empregos
-
10:55 - 10:57desde o auge da Grande Depressão.
-
10:57 - 11:01O desafio é que muitos desses
empregos não são bons, -
11:01 - 11:03e muitos cidadãos não podem se qualificar
-
11:03 - 11:05para os bons empregos
que estão sendo criados. -
11:06 - 11:09O crescimento do emprego nos EUA,
e em muitos países desenvolvidos, -
11:09 - 11:14se parece com uma barra, com o peso
aumentando nas duas extremidades. -
11:14 - 11:18Por um lado, temos educação excelente,
empregos com bons salários, -
11:18 - 11:22como médicos e enfermeiras,
programadores e engenheiros, -
11:22 - 11:24gerentes de marketing e de vendas.
-
11:24 - 11:27O emprego é robusto nessas áreas,
há crescimento do emprego. -
11:27 - 11:31Analogamente, o crescimento do emprego
é forte em áreas de baixa especialização, -
11:31 - 11:34empregos de baixa escolaridade,
como serviços de alimentação, -
11:34 - 11:37limpeza, segurança e saúde domiciliar.
-
11:38 - 11:41Simultaneamente, o emprego está encolhendo
-
11:41 - 11:45em trabalhos da classe média,
com escolaridade e salários médios, -
11:45 - 11:49como postos operacionais e de produção,
-
11:49 - 11:52e serviços administrativos e vendas.
-
11:52 - 11:56As razões para essa redução
intermediária não são misteriosas. -
11:56 - 11:58Muitos desses trabalhos médios
-
11:58 - 12:00usam regras e procedimentos
bem conhecidos, -
12:00 - 12:03o que aumenta a possibilidade
de serem codificados em programas -
12:03 - 12:06e executados por computadores.
-
12:06 - 12:10O desafio que esse fenômeno cria,
-
12:10 - 12:12que os economistas chamam
de polarização de emprego, -
12:12 - 12:15é que ele tropeça nos degraus
da escada econômica, -
12:15 - 12:17encolhe o tamanho da classe média
-
12:17 - 12:20e ameaça nos tornar
uma sociedade mais estratificada. -
12:20 - 12:24Por um lado, uma série de empregos
bem pagos, profissionais de alta educação, -
12:24 - 12:25com trabalhos interessantes
-
12:25 - 12:29e, do outro, grande número de cidadãos
em empregos de salário baixo -
12:29 - 12:34cuja responsabilidade primária
é o conforto e a saúde dos ricos. -
12:34 - 12:37Essa não é a minha visão de progresso,
-
12:37 - 12:39e duvido que seja a sua.
-
12:39 - 12:41Mas há notícias encorajadoras.
-
12:41 - 12:46Já enfrentamos momentos similares
de transformações econômicas no passado, -
12:46 - 12:49e passamos por eles com sucesso.
-
12:49 - 12:54No final dos anos 1800
e início dos anos 1900, -
12:54 - 12:59quando a automação eliminou
um grande número de empregos agrícolas, -
12:59 - 13:01aquele trator lá atrás,
-
13:01 - 13:04os estados agrícolas viram a ameaça
de desemprego em massa, -
13:04 - 13:07de uma geração de jovens não
mais necessária nas fazendas, -
13:08 - 13:10mas que não estava apta para a indústria.
-
13:10 - 13:12Com o aumento desse desafio,
-
13:12 - 13:13eles deram um passo radical
-
13:13 - 13:16de chamar toda aquela população jovem
-
13:16 - 13:19para ficar na escola
e continuar sua educação -
13:19 - 13:21para esperar pela idade de 16 anos.
-
13:22 - 13:24Foi chamado de "High School Movement"
-
13:24 - 13:26e foi tremendamente caro fazer isso.
-
13:26 - 13:29Não apenas eles tiveram
de investir em escolas, -
13:29 - 13:31mas aqueles jovens não puderam
trabalhar em seus empregos. -
13:31 - 13:35Isso também acabou sendo
um dos melhores investimentos -
13:35 - 13:37dos Estados Unidos no século 20.
-
13:37 - 13:39Isso nos deu a força de trabalho
-
13:39 - 13:42mais qualificada, flexível
e produtiva do mundo. -
13:42 - 13:47Para entender como isso funcionou bem,
imaginem pegar a força de trabalho de 1899 -
13:47 - 13:49e trazê-la para o presente.
-
13:49 - 13:52Apesar de serem fortes
e com boas características físicas, -
13:52 - 13:56muitos deles não teriam a educação
e habilidade com números básicos -
13:56 - 13:59para fazer qualquer coisa,
exceto os trabalhos mais simples. -
13:59 - 14:01Muitos deles ficariam desempregados.
-
14:02 - 14:06Esse exemplo ressalta
a prioridade das nossas instituições, -
14:06 - 14:07especialmente das nossas escolas,
-
14:07 - 14:12em permitir a colheita
da nossa prosperidade tecnológica. -
14:12 - 14:15É besteira dizer que não há
com o que se preocupar. -
14:15 - 14:17Claramente, podemos entender mal.
-
14:18 - 14:21Se os Estados Unidos não tivessem
investido em escolas e em habilidades -
14:21 - 14:23há um século com o "High School Movement",
-
14:23 - 14:25seríamos menos prósperos,
-
14:25 - 14:29menos móveis e, provavelmente,
uma sociedade muito menos feliz. -
14:29 - 14:32Mas também é besteira dizer
que nosso destino está traçado. -
14:32 - 14:35Isso não é decidido pelas máquinas,
nem mesmo pelo mercado. -
14:35 - 14:38É decidido por nós
e pelas nossas instituições. -
14:38 - 14:41Eu comecei essa conversa com um paradoxo.
-
14:41 - 14:44Nossas máquinas cada vez mais
fazem o trabalho por nós. -
14:44 - 14:47Por que isso não torna nosso trabalho
e nossas habilidades desnecessários? -
14:47 - 14:51Não está claro que o caminho
para o nosso inferno econômico e social -
14:51 - 14:53está calçado nas nossas grandes invenções?
-
14:54 - 14:58A história, repetidamente, ofereceu
uma saída para esse paradoxo. -
14:58 - 15:02A primeira parte da resposta é
que a tecnologia amplia nossa influência, -
15:02 - 15:04aumenta a importância, agrega valor
-
15:05 - 15:08à nossa especialização,
nosso julgamento e nossa criatividade. -
15:08 - 15:09Isso é o "O-ring".
-
15:10 - 15:13A segunda parte da resposta
é que nossa infinita inventividade -
15:13 - 15:14e os desejos insondáveis
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15:14 - 15:16indicam que nunca estamos
satisfeitos o bastante. -
15:16 - 15:19Sempre há um novo trabalho a ser feito.
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15:20 - 15:23Ajustar-se ao ritmo
da mudança tecnológica -
15:23 - 15:25cria desafios reais,
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15:25 - 15:28vistos muito claramente no nosso
mercado de trabalho polarizado -
15:28 - 15:30e na ameaça que isso coloca
à mobilidade econômica. -
15:31 - 15:34Acordar para esse desafio
não é automático. -
15:34 - 15:36Não é de graça.
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15:36 - 15:37Não é fácil.
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15:37 - 15:39Mas é factível.
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15:39 - 15:41E aqui vão as notícias encorajadoras.
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15:41 - 15:43Por conta da nossa incrível produtividade,
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15:43 - 15:44somos ricos.
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15:44 - 15:48Claro, podemos investir
em nós mesmos e em nossas crianças, -
15:48 - 15:51como os EUA fizeram há centenas de anos
com o "High School Movement". -
15:51 - 15:53Não podemos nos dar
ao luxo de não fazermos. -
15:54 - 15:56Agora você pode estar pensando:
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15:56 - 15:59o professor Autor nos trouxe
um conto animador -
15:59 - 16:01sobre um passado distante,
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16:01 - 16:02um passado recente,
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16:02 - 16:05talvez do presente,
mas provavelmente não do futuro. -
16:05 - 16:09Porque todos sabem
que estes tempos são diferentes. -
16:09 - 16:12Correto? Este tempo é diferente?
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16:12 - 16:14Claro que este tempo é diferente.
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16:14 - 16:16Cada tempo é diferente.
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16:16 - 16:19Em várias ocasiões nos últimos 200 anos,
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16:19 - 16:22estudiosos e ativistas ligaram o alarme
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16:22 - 16:26avisando que estávamos saindo
do trabalho e nos tornando obsoletos: -
16:26 - 16:30por exemplo, os ludistas,
no início dos anos de 1800; -
16:30 - 16:33o secretário do trabalho
dos EUA, James Davis, -
16:33 - 16:36em meados da década de 1920;
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16:36 - 16:41o ganhador do Prêmio Nobel de Economia
Wassily Leontief, em 1982; -
16:41 - 16:44e, claro, muitos estudiosos,
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16:44 - 16:46especialistas, tecnólogos
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16:46 - 16:48e figuras da mídia, hoje.
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16:50 - 16:53Essas previsões me colocam como arrogante.
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16:54 - 16:56Essas profecias autoproclamadas dizem:
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16:57 - 17:00"Se não posso pensar o que as pessoas
farão com o trabalho no futuro, -
17:00 - 17:03então vocês, eu e nossas crianças
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17:03 - 17:05não pensaremos sobre isso também".
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17:06 - 17:08Eu não tenho coragem
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17:08 - 17:11de apostar contra a inventividade humana.
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17:11 - 17:14Posso dizer o que as pessoas
farão em relação ao trabalho -
17:14 - 17:16daqui a centenas de anos.
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17:16 - 17:18Mas o futuro não se dobra
à minha imaginação. -
17:19 - 17:23Se eu fosse um fazendeiro
em Iowa, no ano de 1900, -
17:23 - 17:27e um economista do século 21
se teletransportasse para a minha fazenda -
17:27 - 17:29e me dissesse: "Ei, adivinha,
fazendeiro Autor, -
17:30 - 17:32nos próximos 100 anos,
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17:32 - 17:37o trabalho na agricultura irá cair
de 40% dos empregos para 2%, -
17:37 - 17:39devido ao aumento da produtividade.
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17:39 - 17:43O que você acha que os outros 38%
dos trabalhadores farão?" -
17:43 - 17:46Eu não teria dito: "Oh, entendo.
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17:46 - 17:49Seremos desenvolvedores
de aplicativos, radiologistas, -
17:49 - 17:52instrutores de yoga, Bitmoji".
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17:52 - 17:54(Risos)
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17:54 - 17:55Eu não teria a menor ideia.
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17:56 - 17:58Mas gostaria de ter sabedoria para dizer:
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17:58 - 18:02"Poxa, 95% de redução
do emprego na agricultura -
18:02 - 18:05sem escassez de alimentos.
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18:05 - 18:07Isso é um progresso imenso.
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18:07 - 18:10Espero que a humanidade encontre
algo marcante para fazer -
18:10 - 18:12com toda essa prosperidade."
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18:13 - 18:16E eu diria que tem sido assim.
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18:18 - 18:19Muito obrigado.
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18:19 - 18:22(Aplausos)
- Title:
- Por que ainda existem tantos empregos?
- Speaker:
- David Autor
- Description:
-
Este é um paradoxo sobre o qual não se ouve muito: apesar de um século criando máquinas para executarem o trabalho humano, a proporção de adultos americanos com emprego tem crescido consistentemente nos últimos 125 anos. Por que então o trabalho humano não se tornou redundante e nossas habilidades obsoletas? Nesta palestra sobre o futuro do trabalho, o economista David Autor aborda a razão de ainda existirem tantos empregos, e nos traz uma resposta surpreendentemente otimista.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:37
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