A política torna-nos irracionais? — Jay Van Bavel
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0:07 - 0:12Em 2013, uma equipa de investigadores
realizou um teste de matemática. -
0:12 - 0:16O teste foi administrado
a mais de 1100 americanos adultos -
0:16 - 0:18e concebido, em parte,
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0:18 - 0:22para testar a capacidade deles
em avaliar conjuntos de dados. -
0:22 - 0:24Ocultas entre esses problemas
de matemática -
0:24 - 0:27havia duas perguntas quase idênticas.
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0:27 - 0:30Os dois problemas utilizavam
o mesmo conjunto de dados complexos, -
0:30 - 0:34e cada um deles tinha
uma resposta objetivamente correta. -
0:34 - 0:36O primeiro pedia a correlação
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0:36 - 0:39entre assaduras
e um novo creme para a pele. -
0:39 - 0:43O segundo pedia a correlação
entre as taxas de criminalidade -
0:43 - 0:45e a legislação sobre o controlo
de armas de fogo. -
0:45 - 0:48Os participantes com profundas
aptidões matemáticas -
0:48 - 0:52tinham mais hipótese de responder
corretamente à primeira questão. -
0:52 - 0:55Mas, apesar de serem
matematicamente idênticas, -
0:55 - 0:59os resultados para a segunda pergunta
foram completamente diferentes. -
0:59 - 1:02As aptidões matemáticas
não foram o melhor indicador -
1:02 - 1:05para quais os participantes
que tinham respondido corretamente. -
1:05 - 1:10Entrou em jogo outra variável
que os investigadores procuravam: -
1:10 - 1:12a identidade política.
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1:13 - 1:15Os participantes cujas ideias políticas
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1:15 - 1:18estavam alinhadas
com uma interpretação correta dos dados -
1:18 - 1:21tinham mais hipóteses de responder
ao problema corretamente. -
1:21 - 1:24Mesmo os melhores matemáticos do estudo
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1:24 - 1:26tiveram 45% de hipóteses
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1:26 - 1:28de responder à segunda pergunta
incorretamente, -
1:28 - 1:32quando a resposta correta
contrariava as suas ideias políticas. -
1:32 - 1:38O que há na política que inspira
este tipo de erro ilógico? -
1:38 - 1:42Será que a identidade política
duma pessoa afeta a sua capacidade -
1:42 - 1:44de processar as informações?
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1:44 - 1:47A resposta reside num fenómeno cognitivo
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1:47 - 1:52que se tornou cada vez mais visível
na vida pública: o partidarismo. -
1:52 - 1:55Embora seja frequentemente
invocado no contexto da política, -
1:55 - 2:00o partidarismo define-se mais amplamente
como uma forte preferência ou preconceito -
2:00 - 2:04para com um determinado grupo ou ideia.
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2:04 - 2:07As nossas identidades política,
étnica, religiosa e nacional, -
2:08 - 2:11são formas diferentes de partidarismo.
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2:11 - 2:13Claro que a identificação
com grupos sociais -
2:13 - 2:17é uma parte essencial e saudável
da vida humana. -
2:17 - 2:21O nosso sentido do ser define-se
por quem somos, enquanto indivíduos, -
2:21 - 2:24e também pelos grupos a que pertencemos.
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2:24 - 2:29Em consequência, inclinamo-nos fortemente
para defender a identidade de grupo, -
2:29 - 2:33protegendo a nossa imagem
e as nossas comunidades sociais. -
2:33 - 2:35Mas isso torna-se um problema
quando as ideias do grupo -
2:35 - 2:38não estão de acordo com a realidade.
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2:38 - 2:42Imaginem que assistem a vossa equipa
desportiva preferida a praticar uma falta. -
2:42 - 2:44Vocês sabem que é contra as regras
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2:44 - 2:47mas os outros fãs pensam
que é perfeitamente aceitável. -
2:47 - 2:50A tensão entre estas duas
ideias incompatíveis -
2:50 - 2:53chama-se dissonância cognitiva
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2:53 - 2:57e a maioria das pessoas é obrigada
a resolver este estado incómodo de limbo. -
2:57 - 3:00Podem começar a culpar o árbitro,
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3:00 - 3:02queixar-se de que foi
a outra equipa que começou -
3:02 - 3:06ou até convencerem-se de que
nem sequer houve falta. -
3:06 - 3:08Num caso destes,
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3:08 - 3:12as pessoas são mais motivadas
para manterem uma relação positiva -
3:12 - 3:16com o seu grupo do que
avaliar corretamente o mundo. -
3:16 - 3:19Este comportamento
é especialmente perigoso em política. -
3:19 - 3:21A uma escala individual,
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3:21 - 3:23a fidelidade para com um partido
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3:23 - 3:25faz com que as pessoas
criem uma identidade política -
3:26 - 3:28e apoiem políticas com que concordam.
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3:28 - 3:31Mas a dissonância cognitiva
com base no partidarismo -
3:31 - 3:33pode levar as pessoas a rejeitar indícios
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3:33 - 3:37inconsistentes com a linha do partido
ou que desmentem os líderes do partido. -
3:37 - 3:41Quando grupos inteiros de pessoas
adaptam os factos -
3:41 - 3:43ao serviço das ideias partidárias,
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3:43 - 3:48isso pode levar a políticas
que não se baseiam na verdade ou na razão. -
3:48 - 3:50Este problema não é novo
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3:50 - 3:53— as identidades políticas
existem há séculos. -
3:53 - 3:55Mas os estudos mostram
que a polarização partidária -
3:55 - 3:58tem aumentado drasticamente
nas últimas décadas. -
3:58 - 4:01Uma teoria que explica este aumento
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4:01 - 4:04é a tendência para agrupar geograficamente
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4:04 - 4:06as comunidades
com a mesma mentalidade. -
4:06 - 4:10Outra teoria é a tendência crescente
para confiar nas notícias partidárias -
4:10 - 4:12ou nas bolhas das redes sociais.
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4:12 - 4:15Estas atuam sobretudo
como câmaras de ressonância, -
4:15 - 4:19espalhando notícias e ideias
de pessoas com as mesmas opiniões. -
4:19 - 4:23Felizmente, os cientistas cognitivos
têm encontrado algumas estratégias -
4:23 - 4:26para resistirem
a este filtro de distorção. -
4:26 - 4:30Uma é lembrarmo-nos que, provavelmente,
somos mais preconceituosos do que achamos. -
4:30 - 4:33Assim, quando encontrarmos
novas informações, -
4:33 - 4:36devemos fazer um esforço deliberado
para analisar a nossa intuição inicial -
4:36 - 4:39e avaliá-la analiticamente.
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4:39 - 4:43Nos nossos grupos, tentemos que
a verificação de factos e pressupostos -
4:43 - 4:46sejam uma parte importante da cultura.
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4:46 - 4:49Alertar as pessoas de que podem
estar a enfrentar informações deturpadas -
4:49 - 4:51também pode ajudar.
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4:51 - 4:53Quando tentamos convencer outras pessoas,
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4:53 - 4:57afirmar os valores delas e enquadrando
o problema na linguagem delas -
4:58 - 5:01pode ajudar a tornar
as pessoas mais recetivas. -
5:01 - 5:03Ainda temos um longo caminho a percorrer
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5:03 - 5:05antes de resolver
o problema do partidarismo. -
5:05 - 5:07Mas esperemos que estas ferramentas
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5:07 - 5:09nos ajudem a manter-nos
mais bem informados -
5:09 - 5:11e capazes de tomar decisões
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5:11 - 5:15com base em provas
sobre a nossa realidade comum.
- Title:
- A política torna-nos irracionais? — Jay Van Bavel
- Speaker:
- Jay Van Bavel
- Description:
-
Vejam a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/do-politics-make-us-irrational-jay-van-bavel
Poderá a identidade política de uma pessoa afetar a sua capacidade de processar informações? A resposta reside num fenómeno cognitivo conhecido por partidarismo. Embora a identificação com grupos sociais seja uma parte da vida essencial e saudável, pode tornar-se um problema quando as crenças desse grupo não correspondam à realidade. Então, como podemos reconhecer e combater o partidarismo? Jay Van Bavel revela-nos estratégias úteis.
Lição de Jay Van Bavel, realização de Patrick Smith.
- Video Language:
- English
- Team:
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- Project:
- TED-Ed
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